Estava previsto para maio deste ano, a entrega do Plano de Mobilidade do Recife na Câmara de Vereadores. Em 2011, foi enviado o primeiro plano que chegou a receber 59 emendas. Em 2014, sem ter sido votado, ele foi retirado pelo executivo para modificações. O novo prazo de entrega é até o fim deste ano. O atraso se deu, segundo o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, para construir uma nova base de dados e fazer um realinhamento das diversas leis que tratam do uso e ocupação do solo na cidade. A ideia é consolidar a legislação no mesmo direcionamento. Essa, aliás, era uma das grandes queixas do mercado da Construção Civil em relação aos diferentes textos das leis. Na construção da nova base de dados, uma das promessas do futuro plano é apresentar dados da contagem volumétrica de pedestres, bicicletas e veículos e, a partir daí, apresentar alternativas de mobilidade para a cidade.
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Sem informação nos pontos de ônibus
Quando os aplicativos ainda não eram moda surgiu em Porto Alegre, em 2010, teve início um movimento para tentar reduzir o impacto nos usuários da falta de informações sobre as linhas de ônibus nas paradas. Adesivos colados nos pontos de ônibus convidam os usuários a escrever as linhas daquele determinado ponto de ônibus.
Mesmo hoje com tantos aplicativosm a ideia não está desatualizada. Há ainda um universo de passageiros que não utiliza smartphones. Para ele, a sinalização é fundamental. O movimento de Porto Alegre ganhou repercussão e chegou a pelo menos 30 cidades, inclusive no Recife. Foi a partir dessa campanha, que nasceu a ideia da ferramenta esperômetro, dentro do aplicativo Coletivo, que já funciona em São Paulo e espera alcançar outras cidades brasileiras.
“A gente colhe informações dos usuários tanto das linhas como do tempo de espera dos ônibus, ou problemas na cidade para alertar os usuários, revelou Roberto Cardoso da empresa Scipopulis, especializada em aplicativos de mobilidade. A empresa trabalha também com o painel do ônibus, que ajuda no monitoramento do transporte público para os gestores com informações em tempo real e históricas que auxiliam a gestão, o planejamento e a operação do sistema de transporte coletivo.
Uma pergunta: Que ônibus passa aqui?
As barreiras para acessar o transporte público vão além do conforto do ar-condicionado. Muitas vezes, a informação correta é a ferramenta que falta para um usuário não convencional decidir apostar no sistema. E as perguntas básicas são: qual o ônibus, onde subir e descer e o horário que ele passa? O tempo do boca a boca ou até mesmo das sinalizações quase sempre ausentes nas paradas de ônibus estão sendo superados pelos aplicativos. Não que a sinalização não seja importante, mas o passageiro não quer perder tempo e os aplicativos estão ajudando a cobrir a lacuna da informação.
O professor Caio Maciel, 50 anos, mora em Casa Forte e ensina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele usa o transporte público diariamente, mas antes se programa pelo CittaMob. “Eu sei que o meu ônibus vai passar aqui daqui a quatro minutos”, contou. Tempo suficiente para produzirmos as fotos e ele embarcar. Na mesma parada, na Avenida Marquês de Olinda, no Bairro do Recife, encontramos a professora Maria dos Anjos, 54, que não usa aplicativo, tentando encontrar a linha no que restava da sinalização na parada. “Está bem ruim. Quando não dá para ler, a gente pergunta”, contou.
Ainda não será dessa vez, que a sinalização nas paradas será resolvida. O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, responsável pelo gerenciamento de todo o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP), vai apostar também nas informações via aplicativo que deve ser lançado neste segundo semestre com as informações das linhas em tempo real para os usuários. “Os passageiros terão acesso gratuito a todas as informações das viagens dos ônibus e o tempo de espera”, revelou Fernando Guedes, diretor de Tecnologia do Grande Recife.
A espera do aplicativo desde 2014, acabou dando espaço para outros como é o caso do CittaMob, que já superou a marca de um milhão de usuários, metade da demanda diária de passageiros da RMR. “Pelo menos 95% dos que baixaram o aplicativo usam diariamente as informações das paradas e horários dos ônibus”, explicou Carlos Sampaio, gerente comercial da Cittati. O CittaMob tem informações georeferenciadas de 5,8 mil paradas e de 2,8 mil ônibus com base de dados fornecida pelas empresas. “Somente as empresas Globo e Vera Cruz não quiseram compartilhar informação e ficaram de fora”, explicou Sampaio.
A aposta do aplicativo do Grande Recife é que o órgão detém toda a base de dados de todas as empresas e fará o monitoramente pela sua Central de Operações. Segundo o diretor de tecnologia do Grande Recife, Fernando Guedes, as 6.2 mil paradas e os três mil ônibus serão monitorados do início ao fim das viagens.
O que vai fazer a diferença entre os aplicativos são as ferramentas que serão disponibilizadas. A interação com o usuário, por exemplo, é um ponto importante. “Nós temos a ferramenta megafone onde as pessoas podem compartilhar informações. Se for alguma reclamação dos motoristas repassamos para as empresas e se for do terminal, repassamos para o órgão gestor”, revelou Carlos Sampaio.
No caso do aplicativo a ser lançado pelo Grande Recife, ainda sem nome, ter um canal com o usuário pode significar mais agilidade na resolução de problemas, mas se não for dada a devida atenção, o interesse cessará. “Nós vamos ter um canal para o usuário dar sugestões ou fazer críticas”, revelou Fernando Guedes.
Outra ferramente importante dentro do aplicativo é da integração com outros modais. “Aqui no Recife não conseguimos fazer parceria com o metrô, que é gerido por um órgão federal. Fizemos em Salvador, mas assinamos contrato com o Itaú para integrar no aplicativo as estações da Bike-PE”, revelou Carlos Sampaio. Para quem ficou tanto tempo sem informação nenhuma, escolher o melhor serviço é uma prerrogativa dos dois milhões de passageiros da RMR.
Conheça alguns aplicativos
CittaMob
O Cittamobi, aplicativo para smartphones desenvolvido no Recife, é um grande aliado para quem anda de ônibus. Um milhão e oitenta e dois mil usuários baixaram o aplicativo na Região Metropolitana do Recife. O aplicativo é usado em 23 cidades brasileiras.
Moovit
O Moovit, aplicativo que traça rotas considerando apenas opções de transporte público e envia informações aos usuários informações em tempo real até sobre quando devem descer dos ônibus ou do metrô. Também informa a hora prevista de chegada. Também envia informações sobre o destino, como a quantidade de paradas até o destino final.
Coletivo
O Coletivo é um aplicativo para smartphones, que usa a colaboração como estratégia para fornecer informações em tempo real sobre os ônibus e a rede de transportes da cidade de São Paulo. Destinado aos passageiros que querem uma melhor experiência no deslocamento cotidiano, o Coletivo integra outras fontes de dados oferecendo informações sobre a cidade, acontecimentos culturais e alertas além das informações de transporte.
Cidades a pé! Quem compra essa ideia?
Certa vez ouvi do engenheiro e doutor em mobilidade urbana, Oswaldo Lima Neto, a seguinte frase: “O gestor que resolver o problema das calçadas, jamais será esquecido”. A frase não é exagero. Apostar na caminhada, nas condições ideais para o pedestre é a maneira mais democrática de melhorar a mobilidade, completou outro estudioso no assunto, Francisco Cunha, autor do livro “Calçada, o primeiro degrau da cidadania”.
Mesmo que os números “não atualizados” do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) indiquem que um terço da população da Regiáo Metropolitana do Recife (RMR) se desloque a pé, poucos são os esforços para melhorar as condições de deslocamento desse universo de pessoas. E outras mais podem ser atraídas para andar a pé, quando as calçadas forem mais convidativas.
Depois de criar uma associação de pedestres, São Paulo inova mais uma vez com a realização de um seminário para discutir o tema. A proposta bem que poderia servir de inspiração para as capitais brasileiras. O assunto é muito bem-vindo e, todos nós, pedestres, agradecemos.
Abaixo a matéria do Portal Mobilize sobre o seminário promovido pela Associação Nacional de Transporte Público (ANTP): Cidades a pé!
Será realizado em São Paulo, entre os dias 25 e 28 de novembro, um evento imperdível para todos aqueles que, como nós, defendem a caminhabilidade como uma prioridade no meio urbano. Trata-se do Seminário Internacional Cidades a Pé, organizado pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), um encontro pioneiro e inédito.
O Seminário reunirá, num mesmo espaço do Instituto Tomie Ohtake, na zona oeste de São Paulo, especialistas brasileiros e internacionais para debater um tema que vem se revelando urgente no mundo contemporâneo, porque aponta para a humanização de nossas cidades. Afinal, as pessoas mais próximas das cidades são, sem dúvida, aquelas que a percorrem a pé.
Por isso, o Seminário Cidades a Pé irá discutir e refletir sobre a importância do caminhar nas cidades. Serão mostrados tanto os bons exemplos – iniciativas, políticas públicas e estudos que já vêm invertendo a lógica dos espaços urbanos, promovendo ambientes mais caminháveis – como a situação de cidades onde o modelo de desenvolvimento dificulta o andar a pé, e traz efeitos negativos à vida das pessoas.
Programação
O primeiro dia do Seminário (25) será voltado a oficinas técnicas para o público especializado e gestores. Nos dias 26 e 27, painéis com palestras sobre temas como mobilidade a pé e saúde, cidades caminháveis no mundo, desenho urbano, segurança viária, entre outros. Para fechar a programação, no sábado (28) o dia será dedicado a eventos de rua: shows, oficinas e exposições, tudo gratuito.
Diversos nomes ligados à mobilidade ativa do país participam do “Cidades a Pé”, além de profissionais e pesquisadores de outros países, como Espanha, México, Estados Unidos, Colômbia e Reino Unido.
O Mobilize também se faz presente neste evento, e em peso: participam o editor do portal, Marcos de Sousa, e nossos blogueiros Irene Quintáns (Passos e Espaços), Meli Malatesta (Pé de Igualdade), Letícia Sabino (SampaPé) e Luís Carlos Mantovani Néspoli (Palavra do Especialista) – eles quatro também integrantes da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessiblidade da ANTP – e ainda a Sílvia Cruz (Mobilize Europa) e a equipe do Cidade Ativa (Gabi Callejas).
Inscrição de projetos
Organizações ou pessoas que queiram levar algum projeto e/ou iniciativa voltados à melhoria do deslocamento a pé nas cidades devem fazer inscrição pelo “Pontapé”, espaço de apresentação de trabalhos no Seminário. Basta acessar o link: http://cidadesape.com.br/pontapes/
Serviço
Seminário Cidades a Pé
Data: 25 a 28 de novembro de 2015
Local: Instituto Tomie Ohtake, Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo
Organizador: ANTP
Inscrições e informações: http://cidadesape.com.br/
Fonte: Portal Mobilize
Não atropelarás o próximo
Por
Marcos de Sousa (trad. e edição)/ Mobilize
Poderia ser no Brasil, mas se trata da Cidade do México. Lá, como cá, as leis de trânsito parecem ser impostas pelos veículos motorizados. Dados do governo local indicam que cerca de 650 pedestres morrem atropelados a cada ano na cidade. Como comparação, a cidade de Nova York, que tem uma população equivalente (cerca de 9 milhões), teve 132 mortes de pedestres em 2014. Em São Paulo, que tem 11 milhões de habitantes, foram 555 mortes.
Numa pesquisa realizada entre moradores da capital mexicana, 60% dos entrevistados disseram que se sentem inseguros ou muito inseguros. Diante dessa situação, o governo municipal elaborou um novo regulamento de trânsito que deve entrar em vigor em dezembro próximo.
Em entrevista ao “El País Internacional”, o especialista Jesús Sánchez explica oito das novas regras que constam na nova legislação. Mas, reconhece que vai ser um trabalho difícil construir um consciência cívica em uma cidade na qual “até os policiais acham totalmente normal que as pessoas estacionem seus carros sobre as calçadas”.
1. Não atropelarás o próximo mesmo que o sinal esteja vermelho para ele (sic)
“Desde criança ouço dizer que nos Estados Unidos as pessoas são muito ordeiras e que os pedestres somente atravessam as ruas pelas faixas, e que se por acaso se alguém está atravessando com o sinal vermelho ou fora da faixa os veículos param”, diz Sánchez. Agora, também na Cidade do México o motorista terá que diminuir a velocidade ou parar mesmo ao ver um pedestre cruzando a rua, explica o especialista, lembrando que até então não havia qualquer norma a esse respeito. “Em geral, quando acontecia um acidente, a conclusão era que houve imprudência do pedestre”, completa.
2. Não passar com teu carro, caminhão ou ônibus muito perto de um ciclista
“Pelo novo regulamento, fica claro que os ciclistas têm o direito de usar o meio da faixa de rolamento, e caso o motorista queira ultrapassá-lo terá que guardar a distância mínima de um metro”, disse Sanches. No Brasil, é bom lembrar, a norma prevê ao menos 1,5 metro de distância do ciclista.
3. Ciclistas podem cruzar o sinal vermelho sempre que as condições o permitam
Sánchez conta que a iniciativa surgiu em Utah (Estados Unidos) há 30 anos e de lá se espalhou para muitas cidades.
4. Missão impossível: por favor, não toque tanto a buzina
O uso da buzina na Cidade do México é frenético. O novo regulamento proíbe tocá-la salvo se for para evitar um choque, um acidente. A multa por tocar a buzina sem motivo vai ser de 350 pesos, cerca de 70 reais. Sanchez reconhece que demorará algum tempo até que os condutores se acostumem com a norma.
5. Amigo motorista estrondoso, nós odiamos o seu escapamento barulhento
A nova norma proíbe modificações para que as motocicletas façam mais barulho. A multa é de 1.400 pesos, ou, cerca de 300 reais.
6. Não transportar crianças em motocicletas
Menores de 12 anos não poderão viajar em moto. Para o transporte em bicicletas será exigido uma cadeirinha especial de segurança.
7. Caminhões terão de adotar barras de proteção laterais
Comum no Brasil, a barra impede que pessoas ou bicicletas sejam “tragados” pelas rodas dos grandes veículos de transporte.
8. Velocidade máxima: 50 km/h
Esse vai ser o limite nas vias primárias, nas quais a velocidade atual é de 70 km/h. “Esse é o padrão internacionalmente aceito”, afirma Sanchez.
Fonte: El País Internacion
Mudança em turnos de trabalho para melhorar a mobilidade das cidades
A proposta de uma possível mudança nos horários de funcionamento dos órgãos públicos e do segmento privado em Manaus, para que não haja conflito no fluxo de veículos, principalmente, em horários de pico, foi unânime entre os participantes de uma audiência pública.
O autor da audiência, vereador Mário Frota (PSDB), garantiu que vai apresentar uma indicação da sugestão à Mesa Diretora da Casa Legislativa, e encaminhar ao prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), assim que seja aprovada no plenário. Mário Frota vê a necessidade que o tema seja discutido com todos os interessados em uma sessão comum na Casa, com a presença de todos os parlamentares. Ele garantiu que na próxima semana encaminhará ao prefeito uma indicação com a proposta de mudança dos horários de funcionamento dos órgãos públicos, setor privado, comércio e escolas, como forma de melhorar o fluxo dos veículos na cidade.
De acordo com Frota, a nova proposta de horários de funcionamento foi debatida entre os participantes da audiência. “Sou plenamente a favor da mudança. Nesse primeiro momento, essa seria a solução, mas independentemente disso, é preciso realizar outras reuniões com outros atores”, disse o vereador.
A audiência pública contou com a participação do diretor-presidente do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito, Paulo Henrique Martins, Ismael Bichara Filho da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Francisco Feitosa da Federação das Empresas do Comercio de Manaus (Fecomercio), do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE/AM), Josué Filho, do representante da Federação dos Trabalhadores do Comercio e Turismo do Amazonas e dos vereadores Rosivaldo Cordovil (PTN) e Joelson Silva (PHS) e demais convidados.
Para Josué Filho, ter horários alternativos nos setores privados e órgãos governamentais é a saída para desafogar o trânsito. “O problema é que Manaus habituou-se a uma consciência de província, e de repente a população foi chocada com uma metrópole. Para que isso (mudanças) ocorra, a população tem que mudar de hábito. Que horas eu acordo e que horas vou dormir. Temos que ver que horas o comércio quer abrir. É uma decisão dura, que no momento vai receber várias críticas, mas que poderá ser a saída”, completou o presidente do TCE.
Estudo
Na avaliação do diretor-presidente do Manaustrans, Paulo Henrique, a mudança no horário de funcionamento tanto do comércio quanto das demais áreas é uma alternativa viável. “Esse é um assunto que já estamos trabalhando com levantamentos de dados, e é importante que a população e os órgãos interessados discutam o assunto, visto que hoje se torna um debate público”, ressaltou o diretor.
Paulo Henrique afirmou, ainda, que o prefeito tem interesse que a Manaustrans faça um estudo técnico e demonstre a viabilidade e a inviabilidade dos diferentes setores. “Vamos aprofundar os nossos trabalhos para termos um diagnóstico do que vai acontecer com a modificação dos horários envolvendo todos os setores, e grande parte desse estudo já está dentro do Plano de Mobilidade Urbana”, completou Paulo Henrique, ao acrescentar que a provável mudança pode ocorrer, visto que, já é realidade em outras capitais.
Segmento comercial aprova
O representante da Associação Comercial do Amazonas, Ismael Bichara, disse que, além da proposta de mudança dos horários, outra alternativa para a melhoria da mobilidade urbana seria a abertura do Centro da cidade em horário alternativo de 9h às 19h. A alternância do horário do comércio já foi bastante discutida na entidade. Porém, para que isso aconteça, é preciso melhorar a segurança, iluminação e a mobilidade da população, como pontuou Ismael Bichara.
“Acreditamos que com isso a gente consiga desafogar substancialmente a área Central, porque o grande fluxo é em direção ao Centro da cidade”, disse Bichara, ao elogiar o empenho do prefeito Arthur Neto em criar alternativas para a mobilidade urbana. “Estamos agora com o Zona Azul, que possivelmente vai ser aprovado pelo prefeito, a revitalização das fachadas. Pretendemos melhorar o aspecto do Centro em questão de limpeza, inclusive com separação do lixo, para se transformar num local mais atrativo.”, observou.
Sem plano, Recife tem verbas de mobilidade ameaçadas
Rosália Vasconcelos
Termina em 30 de abril o prazo para que os municípios brasileiros entreguem ao governo federal o Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU). O Recife, apesar dos problemas neste setor, é uma das cidades que não produzirão o documento no prazo estabelecido pela Lei 12.587/2012.
Como consequência, ficará sem receber recursos federais para novos projetos de mobilidade urbana até que cumpra as exigências. E, por enquanto, ainda não há previsão para a elaboração do plano. O atraso na entrega não interfere na execução e repasse de recursos de projetos em andamento, como a Via Mangue, mas pode comprometer obras futuras.
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, a construção do documento depende da entrega de uma pesquisa de origem/destino, que está sob a responsabilidade do Grande Recife Consórcio. “Em todo o país, tem sido apontada a necessidade deste estudo, com base em pesquisa domiciliar, em particular nas regiões metropolitanas”, justificou o órgão.
A pesquisa demanda abertura de licitação. “A previsão é de que a pesquisa só comece a ser realizada no segundo semestre deste ano, quando devem acontecer o lançamento do edital e a abertura da licitação para a escolha da empresa”, informou o Grande Recife. O último trabalho feito nesse sentido foi realizado há 18 anos, pela extinta Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).
A Secretaria de Planejamento também informou que houve um pedido ao Ministério das Cidades para prorrogação da entrega do plano. “Outros municípios que não conseguiram entregar o documento fizeram esse pedido. Aguardamos a sinalização do Ministério das Cidades quanto ao adiamento do prazo”, informou a pasta.
O Ministério das Cidades adiantou ao Diario que não há estimativa para prorrogação. “O prazo estabelecido em lei, que é abril de 2015, marca na verdade o início da obrigatoriedade como requisito para contratação de novas operações que utilizem recursos orçamentários federais”, explicou o ministério.
A resolução, contudo, não interfere no repasse de recursos para contratos antigos. “A política não prevê a avaliação dos planos de mobilidade municipais, mas é esperado que durante a construção dos planos também sejam realizadas audiências públicas para a participação popular”, orienta a pasta federal. O Ministério das Cidades disse não dispor de um levantamento sobre quantas cidades já conseguiram elaborar o documento conforme a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Em 2011, ainda na gestão do ex-prefeito João da Costa (PT), foi apresentado um plano de mobilidade à Câmara de Vereadores, quando foi criada uma Comissão Especial de Mobilidade para promover audiências públicas e discutir os encaminhamentos. No primeiro semestre de 2013, o projeto foi retirado da casa para análise do prefeito Geraldo Julio (PSB), alegando que faltavam estudos técnicos que embasassem o plano. Um novo projeto seria elaborado pela atual gestão. Até agora, no entanto, o Recife segue sem definições das políticas públicas de mobilidade urbana.
Recife faz 5,4 km de ciclofaixas em dois anos. A meta é 76 km em 4
Depois do sucesso da ciclofaixa de lazer no Recife, que dispõe de 35,6km de rota e um batalhão de monitores para garantir a segurança dos ciclistas de fim de semana, ainda não se pode dizer o mesmo das ciclofaixas de todos os dias. O município dispõe atualmente de 33 km de rotas cicláveis. Dessas, 5,4 km foram implantadas pela atual gestão, que tem meta de chegar a 76 km. Na prática, foram implantados em dois anos menos de 10% do previsto.
Uma avaliação feita pela Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) ressalta não apenas a demora na instalação de mais rotas na cidade, mas também o problema de criar traçados que não obedecem o caminho natural do ciclista. Um relatório feito pela Ameciclo aponta que a ciclofaixa do bairro de Campo Grande, por exemplo, termina e recomeça em trechos interrompidos para evitar conflitos com as vagas de automóveis nas ruas. Por causa disso, há trechos em que a ciclofaixa acaba e o ciclista se depara com uma contramão.
A análise feita pela Ameciclo não chega a surpreender, mas apenas reforça o poder que o automóvel tem no espaço urbano, até mesmo quando está parado. O Plano de Mobilidade do Recife, que foi enviado para ser votado na Câmara, na gestão passada, voltou para o executivo e até hoje não foi votado. Nele, estavam previstos 400 km de rotas cicláveis na cidade em até duas décadas. No atual ritmo iremos precisar de 160 anos para chegar aos 400km.
Especialistas discutem prós e contras do transporte integrado na RMR
Conheça a opinião de especialistas sobre os 30 anos do Sistema Estrutural Integrado (SEI) na Região Metropolitana do Recife. Mesmo sendo referência no país, ele pode sofrer alterações.
Um novo olhar para o transporte integrado fora dos terminais
A estudante Thâmara Morais, 23 anos, nasceu no mesmo ano em que foram inaugurados os dois primeiros terminais integrados do Recife: PE-15 e Macaxeira. Sete anos anos antes dela nascer, o modelo do sistema integrado já havia sido idealizado.
É graças a esse sistema de integração que Thâmara e um universo de quase um milhão de usuários paga apenas uma passagem por dia para se deslocar para qualquer município da Região Metropolitana do Recife. O modelo do SEI, uma criação genuinamente pernambucana, se tornou referência no país. Trinta anos depois, no entanto, especialistas discutem a necessidade de modernizar o sistema com integrações fora dos muros dos terminais.
Para chegar de sua casa na Várzea para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde está concluindo o curso de Serviço Social, Thâmara faz duas integrações. Ao entrar no sistema pelo metrô, na estação Ipiranga, ela paga a tarifa de R$ 1,60. Na estação Barro, ela pega o ônibus até o terminal da Macaxeira e de lá a linha Barro/Macaxeira Várzea. “Às vezes demora mais de uma hora por causa do trânsito. Mas prefiro do que pagar duas passagens”, explicou.
A premissa básica do SEI de inclusão social permitindo uma única tarifa para o sistema é sua maior conquista. Mas outro fator começa a pesar e é determinante para atrair novos usuários: o tempo. Para o professor de engenharia da UFPE, Maurício Andrade, o SEI está falhando nesse quesito. “As pessoas estão perdendo muito tempo nas integrações e há um nível muito alto de desconforto”, afirmou.
A doméstica Maria do Carmo Queiroz, 51 anos, pega três ônibus por dia. Ela reconhece a vantagem de pagar só uma passagem, mas gostaria de encurtar as viagens. “Se pudesse ser pelo menos dois ônibus para chegar onde trabalho, seria melhor. Perco quase duas horas por dia para ir e voltar”, criticou.
O professor Maurício Andrade defende a criação de linhas diretas dentro do SEI com o objetivo de reduzir as integrações. “Para um determinado público, o tempo é mais relevante .Talvez esteja na hora de criar alternativas de linhas diretas, mesmo que o preço seja maior. A pesquisa de origem e destino que será feita poderá identificar se há demanda para esse tipo de serviço”, apontou.
Também defensor de modernizar o sistema, o diretor de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, sugere a integração fora dos terminais. “A essência do SEI deve ser mantida, mas devemos aproveitar o potencial tecnológico existente hoje e que não havia naquela época para que as integrações também possam ser feitas fora dos terminais”, afirmou.
Especialista em mobilidade o engenheiro Germano Travasso, que é um dos pais do modelo do SEI, explica que o sistema já previa a integração temporal. “o SEI previa integrações entre linhas convencionais. Para tal, era necessário consolidar primeiro a macro estrutura do sistema, os Corredores Estruturais, e só então promover integrações temporais entre as linhas remanescentes. Seria inadequado promover integrações generalizadas com a rede atual de linhas, cheia de irracionalidades. Caso venha a ser feito, aumentará as ineficiências e, consequentemente o valor das tarifas pagas pelos usuários”, afirmou.
Trinta anos e não ficou pronto
Os técnicos que idealizaram o SEI há 30 anos imaginaram uma metrópole cortada por sete radiais (vias verticalizadas) cruzando com quatro perimetrais (vias horizontais) e nas interseções os terminais integrados. Na década de 1990, foram construídos os sete primeiros terminais de integração dos 25 previstos. Na década seguinte, outros seis foram entregues, totalizando 13 em 20 anos.
Nos últimos dez anos, sete outros equipamentos foram inaugurados e outros cinco ainda estão em obras com previsão para este ano, depois de vários adiamentos. “Não se pode negar os investimentos que foram feitos nestes últimos anos para o transporte público depois de um longo período de abandono”, apontou Maurício Pina.
Mas há outras intervenções que também foram esquecidas. Das quatro perimetrais previstas até hoje há apenas a primeira. As perimetrais 2,3 estão com os projetos na prefeitura do Recife e a 4ª perimetral localizada na BR-101 está com o estado. A obra chegou a ser licitada, mas as obras não foram iniciadas.