O governador Eduardo Campos (PSB) e o prefeito Geraldo Julio (PSB) estão em Brasília para conversar com os ministros das cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do Planejamento, Miriam Belchior. A reunião tem o objetivo de adquirir investimentos para a área depois que a presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de R$ 50 bilhões para a mobilidade em todo Brasil. Os gestores terão que provar aos ministros que as propostas estão em sintonia com a política defendida pela presidente.
Alguns estados já se anteciparam a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Ontem, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), pediu R$ 2,9 bilhões para investimentos estaduais e municipais em metrô, implantação de novas linhas de ônibus e criação de vias exclusivas para os sistemas de Bus Rapid Service (BRS) e Bus Rapid Transit (BRT). A proposta agradou à ministra Miriam Belchior, que a avaliou como “pé no chão, objetiva e articulada”.
Agora, Eduardo e Geraldo têm a tarefa de convencê-la do mesmo em relação aos projetos locais. O governo do estado está executando projetos com recursos do Pac Copa e Pac Mobilidade a exemplo dos dois corredores de BRT cortando a cidade nos eixos Norte/Sul e Leste/Oeste. Somente nessa empreitada, o estado prevê investir cerca de R$ 390 milhões. Há ainda o projeto de navegabilidade do Capibaribe ao custo estimado de R$ 290 milhões.
Por parte da prefeitura, há propostas de recuperar 140 km de calçadas (custo de R$ 20 milhões), e de implantar 40 km de corredores exclusivos de ônibus (sem valores definidos). Faltam, no entanto, propostas que incluam o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o metrô, o que pode ser a surpresa da reunião. O Metrorec chegou a desenhar mais 10 possibilidades de linhas para o metrô e o VLT, mas não dispõe de projetos por enquanto.
Um olhar de fora sobre o esquema de mobilidade nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) enviou equipes para as sedes e fez um estudo das alternativas de transporte de torcedores durante os jogos.
O Recife teve um desempenho considerado satisfatório, em escala entre péssimo, ruim, regular, satisfatório, bom e ótimo. A capital só não perdeu para Salvador, que foi regular. Empatou com Brasília e ficou atrás do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza, que tiveram desempenho bom. Essas três cidades conseguiram desocupar os estádios em pouco menos de uma hora, mesmo enfrentando uma onda de protestos nos dias dos jogos.
No Recife, o jogo avaliado foi entre Itália e Japão, em 19 de junho, justamente a partida para a qual foram feitas alterações pela Secretaria da Copa, incluindo o uso do estacionamento na UFPE, com transporte por ônibus à Arena, e a instalação de uma rampa para desafogar a estação Cosme e Damião, maior gargalo nos dois jogos anteriores: a estreia da Arena Pernambuco, entre Náutico e Sporting de Portugal, e o primeiro jogo das Confederações em Pernambuco, entre Espanha e Uruguai.
O jogo Itália x Japão foi menos traumático que os outros dois. O técnico da NTU, André Dantas, que apresentou o resultado do estudo durante o Seminário de Mobilidade Sustentável, em São Paulo, não explicou o critério da escolha da partida. “Nós observamos as alternativas futuras que também estão sendo trabalhadas e não um jogo em si”, disse.
A secretária-executiva das Cidades, Ana Suassuna, não concorda com a avaliação. “Fizemos as alterações e o transporte ocorreu sem grandes transtornos. Só fomos informados que sediaríamos a Copa das Conferedações em novembro de 2012 e alguns projetos previstos para a Copa de 2014 não estavam concluídos”, ressaltou.
Exemplos
O planejamento de Belo Horizonte para situações de emergência foi fundamental para o esquema. Houve cinco simulações e no dia do jogo tudo teve que ser modificado no intervalo, por causa das manifestações. Fortaleza apostou nos bolsões de estacionamento e o Rio de Janeiro no metrô, mas lá não houve os mesmos problemas de gargalos como ocorreu no Recife.
Quando se pensa em ordenamento do trânsito, o Centro do Recife e os grandes corredores viários surgem como os principais alvos de ações da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Se muitos acham que o esforço concentrado ainda não surtiu os efeitos esperados nesses pontos, imagine a situação nos bairros da periferia, onde a presença de um agente de trânsito ainda é artigo de luxo. Essa ausência, há muito sentida, começa a mudar em alguns pontos, onde o órgão de controle urbano está desenvolvendo ações no entorno dos mercados públicos. Um alento, mas quase nada para a demanda existente nos bairros com frota de veículos crescente. São carros demais em ruas estreitas e ocupadas pelo comércio informal.
Na Bomba do Hemetério, Zona Norte, a via principal é o retrato de muitas outras da periferia da cidade. O comércio informal avança sobre os passeios e, às vezes, sobre a faixa de rolamento. Soma-se a isso motoristas que estacionam onde acham conveniente. O comerciante José Carlos da Silva tem um estabelecimento na via há mais de duas décadas e diz que o trânsito está pior. “Aqui nunca tivemos a presença de agentes de trânsito, mas antes eles não faziam falta”, revelou. Dono de uma farmácia, Euzébio Félix, 69 anos, é mais enfático. “Não é que a gente precise que a fiscalização seja intensificada. A questão é que não temos fiscalização nenhuma. Fomos esquecidos”, afirmou.
O Diario visitou outros bairros da Zona Norte. No entorno do Mercado de Beberibe, onde antes o comércio informal ocupava calçadas e ruas, a situação melhorou. Os comerciantes locais informaram que um agente de trânsito trabalha no local. No dia em que a nossa equipe esteve no bairro, no último dia 2, não encontramos nenhum agente e havia carros estacionados em local proibido.
Já no Terminal do Vasco da Gama, uma área que sempre foi crítica, encontramos um orientador de tráfego terceirizado pelo município, que tentava impedir que os motoristas estacionassem na via. “Eles podem parar só um instante para colocar as compras no carro, mas a ordem é não deixar estacionar”, afirmou o orientador Alcir Arouxa.
De acordo com a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, a fiscalização na periferia é comprometida pelo quadro de agentes. “Fiscalizamos áreas que contaram com ações do controle urbano, mas a prioridade ainda é o Centro e os grandes corredores. Não temos efetivo suficiente. São 100 agentes por dia”, disse a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife informou que 20 agentes de trânsito estão distribuídos em pontos estratégicos dos bairros de Beberibe, Água Fria, Casa Amarela, Nova Descoberta, Afogados Prado e Ibura. O Diario não encontrou agentes de trânsito nos bairros de Beberibe, Água Fria e Nova Descoberta, no último dia 2, entre as 10h e as 13h.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) realiza o Seminário Nacional 2013 “Mobilidade Sustentável para um Brasil competitivo”.
O evento tem o propósito de discutir novas técnicas, produtos e soluções para a gestão eficiente da mobilidade nas cidades, promover a sustentabilidade e garantir maior qualidade de vida aos cidadãos.
Especialistas da Europa, das Américas e do Brasil vão debater exemplos internacionais sobre como a mobilidade urbana sustentável tornou-se um forte fator de competitividade e inovação para as cidades. A NTU também traz cases do exterior sobre como operar sistemas BRT com qualidade.
Além dessa temática, a NTU vai promover o painel “Observatório da Copa das Confederações” em que será debatida a mobilidade urbana nas cidades-sede do evento durante os dias de jogos.
Programação
03/07 (quarta-feira)
12h00 – Credenciamento 14h30 – Abertura da Feira Transpúblico 2013 22h00 – Fechamento da Feira
10h30 – Palestra “Saúde urbana e mobilidade sustentável” Palestrante • Doutor Carlos Dora – Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS.
11h30 – Debates
12h30 – Almoço
14h00 – Painel “Observatório da Copa das Confederações 2013”
Apresentação de relatório técnico da NTU durante os Jogos e, posteriormente, debate com especialistas sobre o desempenho da mobilidade nas cidades-sede da Copa das Confederações.
15h30 – Debates
16h00 – Painel “Mobilidade urbana sustentável como fator de competitividade e produtividade”
Apresentação de cases e estudos internacionais, com especialistas dos Estados Unidos e da França, sobre as soluções adotadas pelas cidades em prol do desenvolvimento. Palestrantes • Glen Weisbrod – especialista em desenvolvimento econômico. • Jerome Pourbaix – diretor de Política e Promoção da Associação Internacional do Transporte Público (UITP).
10h00 – Painel “Operando sistemas BRT com qualidade”
Apresentação de cases sobre a operação de sistemas BRT com exemplos de sucesso na América Latina e no Brasil. Palestrantes • Luis Ricardo Gutiérrez – secretário-geral da Associação Latino Americana de Sistemas Integrados e BRT (SIBRT). • Mario Valbuena – consultor internacional. • Richele Cabral – diretora da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
11h30 – Debates
12h30 – Almoço
14h00 – Painel “Reflexos da mobilidade urbana no custo Brasil”
Mesa redonda com a participação de representantes dos setores da indústria, transportes, comércio e serviços e do Governo Federal. Palestrantes • Otávio Vieira da Cunha Filho – presidente da NTU. • José Antônio Martins – vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). • Antonio José Domigues de Oliveira Santos – presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC). • Luigi Nesse – presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS). • Humberto Luiz Ribeiro – secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No momento em que o país abre a discussão da melhoria do transporte público e até a possível mudança da matriz do transporte rodoviário para o ferroviário, outra discussão coloca os empresários de ônibus em mais uma saia justa. Em São Paulo já se cogita a ideia da estatização do sistema de transporte público.
Na Região Metropolitana do Recife, o sistema de transporte público de passageiros terá sua primeira licitação. O edital chegou a ser lançado em janeiro deste ano, mas teve que ser cancelado porque nenhuma empresa se habilitou.O estado se prepara para faze o relançamento do edital ainda este mês. Mas, na verdade seria uma ótima oportunidade do governador Eduardo Campos dar as cartas ou, até mesmo, cogitar a estatização do sistema no estado.
Muitas variáveis precisam ser analisadas, claro. Mas o que se viu, até agora, foi uma dependência total do modelo que temos hoje, E que só interessa aos empresários do setor. Isso, inclusive justifica o fato de nenhuma empresa ter participado do primeiro edital lançado este ano. Mudar para que?
O que ninguém contava era com o tamanho das manifestações em todo o país por melhorias.Ter dado as costas para o primeiro edital pode não ter sido um bom negócio para os empresários. O cenário mudou e as exigências agora são muito maiores. Resta saber até onde o estado está disposto a mudar o que está posto hoje e que há muito não representa o interesse da maioria.
Logo abaixo a matéria do Portal Mobilize sobre a possível estatização em São Paulo:
Imagine a cidade de São Paulo com o serviço público de ônibus estatizado. Embora soe improvável para muitos, essa proposta já chegou à mesa do secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, assim como outra, que prevê uma mescla entre o sistema atual, de concessão à iniciativa privada, e a estatização total dos coletivos.
Tatto defende o modelo em vigência, mas diz “estar aberto” para ouvir outros cenários. “Temos vários modelos que poderiam ser analisados”, disse ontem, em seminário sobre a integração dos transportes na Universidade de São Paulo (USP).
“A cidade está no momento propício para debater tudo, todo o sistema de transporte. Eu tenho convicção de que, da maneira como está organizado em cima da lei existente, é possível melhorar o sistema (em vigor).”
A Prefeitura já foi responsável por grande parte do sistema de ônibus de São Paulo. Em 1947, criou a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) como forma de impedir que o controle da área ficasse só sobre controle privado. Mas a gestão era complexa: quando foi extinta, em 1993, o custo do passageiro transportado pela CMTC era de US$ 1,33, enquanto que nas empresas privadas era de US$ 0,30. Dez anos depois, quando Marta Suplicy era prefeita e Tatto era secretário de Transportes, também se cogitou a volta da CMTC. Os estudos não avançaram.
Atualmente, a gestão Fernando Haddad (PT) está novamente em processo de renovar os contratos com as empresas e cooperativas de ônibus da capital – assinadas na gestão Marta. O custo da nova licitação, que vale por até 15 anos, é de R$ 46,3 bilhões – o maior da história.
Segundo Tatto, o modelo da estatização transformaria motoristas e cobradores em funcionários públicos. “Tem um outro (cenário) em que a garagem e os funcionários ficam com os operadores (empresários).” Por sua vez, a Prefeitura compraria e seria dona dos ônibus – uma frota de cerca de 15 mil veículos.
“E tem o modelo que fala da tarifa zero. Do ponto de vista de custo, você tira de imediato o cobrador e toda essa parafernália do validador, tira a catraca”, explica o secretário. Nesse contexto, o custo público seria de aproximadamente R$ 4,5 bilhões para manter o sistema.
Modelo das rodovias. O Estado apurou que o governo estuda ainda a possibilidade de firmar contratos do tipo oneroso, em que as empresas escolhidas para gerir a rede teriam de pagar uma outorga para explorar o serviço e arcar com o custo de melhorias. O modelo é utilizado nas concessões de rodovias estaduais e ajudaria a cobrir parte do prejuízo assumido por causa da revogação da alta da tarifa.
O sucesso do estacionamento da UFPE para a Copa das Confederações no Recife deverá ser ampliado para a Copa do Mundo de 2014. A Secopa pretende disponibilizar pelo menos cinco bolsões de estacionamento: Parqtel, UFPE, Ceasa, Parque de Exposições e ainda o estacionamento do prédio da Justiça Federal nas margens da BR-101. Juntos, os cinco bolsões disponibilizam até 12 mil vagas.
Além dos estacionamentos com ônibus direto para a Arena, o torcedor terá, em 2014, a opção dos corredores exclusivos de coletivos nos moldes do Bus Rapid Transit (BRT), ou transporte rápido por ônibus em vias segregadas e pagamento antecipado nas estações. Dos dois corredores, o Leste/Oeste terá um papel mais importante por fazer ligação com o centro do Recife e o terminal de Camaragibe. Na Copa do Mundo, o terminal de Camaragibe também poderá ser usado para acessar a Arena Pernambuco e não apenas o de Cosme e Damião.
A lição que fica da Copa das Confederações é que o metrô, mesmo sendo o modal de maior capacidade, não pode ser o único meio de acesso. Até porque o sistema não recebeu investimentos para a Copa. Fazer a complementação do acesso pelo modal rodoviário não é só uma opção, mas uma obrigação de uso, uma vez que os corredores receberam a maior fatia dos investimentos. “Nós precisamos apostar nos modais coletivos, principalmente ônibus e metrô”, ressaltou o secretário da Secopa, Ricardo Leitão.
A ideia é construir um estacionamento ao lado da Arena, com capacidade para 600 ônibus. O espaço servirá de desembarque e reembarque dos torcedores que usarem a estrutura dos bolsões. “Nós queremos oferecer várias opções para que o torcedor tenha um maior conforto, mas não significa que as 12 mil vagas serão ocupadas. No jogo do dia 19, das cinco mil vagas da UFPE só duas mil foram usadas”, disse.
Precaução nunca é demais, as imagens de um metrô superlotado e um gargalo na pequena estação Cosme e Damião não devem se repetir. Até porque na hipótese de 4 pessoas por carro, totalizariam 48 mil pessoas só dos bolsões. E se contabilizarmos o BRT, somente o corredor Leste/Oeste terá uma demanda estimada de 126 mil passageiros por dia, ou 12,6 mil por hora. Sem falar no metrô com 1,2 mil pessoas por viagem. Caso todas essas opções se confirmem, os torcedores poderão ir e voltar para a Arena como num passeio. Será? 2014 nos aguarda.
Saiba mais
Bolsões de estacionamento:
UFPE
5
mil vagas de estacionamento (estimativa de 4 pessoas por carro)
20
mil torcedores
Ceasa
2,5
mil vagas
10
mil torcedores
Parque de Exposições do Cordeiro
2
mil vagas
8
mil torcedores
Justiça Federal
500
vagas
2
mil torcedores
Parqtel
2
mil vagas
8
mil torcedores
– Os torcedores poderão deixar o carro nos
estacionamentos e seguir de ônibus
direto para a Arena pela BR-408
– Será construído um estacionamento ao lado
da Arena com capacidade para 600 ônibus
Ônibus
BRT
Leste/Oeste
obra prevista para março de 2014
126 mil pessoas é demanda estimada
Percurso:
De Camaragibe ao Derby
O torcedor poderá descer na estação Camaragibe e pegar um ônibus para a Arena
pelo ramal externo da Copa
Norte/Sul
obra prevista para dezembro de 2013
300 mil pessoas é a demanda estimada
Percurso:
De Igarassu ao terminal Joana Bezerra
O torcedor poderá pegar o BRT e integrar
com o metrô até a estação de
Camaragibe, onde pegará o ônibus circular
até a Arena
Metrô
Vai continuar a ser o principal modal de transporte. Os torcedores terão a
opção de descer na estação de Camaragibe
ou Cosme e Damião. Com os bolsões de estacionamento e o BRT, a estimativa é de desafogar o metrô.
O sistema viário na BR-104, rodovia urbana que corta Caruaru de Norte a Sul, divide o lado Oeste do Centro. Passar de um lado para outro exige atenção à pouca sinalização existente. A rodovia é acesso para o Terminal Rodoviário, polo de confecções e o Alto do Moura, um dos cartões postais da cidade e um dos polos juninos. Fazer a escolha errada na hora de decidir que direção tomar pode significar uma verdadeira volta ao “mundo”. As duas extremidades distam cerca de quatro quilômetros e uma vez na rodovia não há como seguir para as vias locais.
A barreira física na pista duplicada não vem trazendo transtornos apenas para os motoristas. Os pedestres também têm dificuldades na travessia. Um dos pontos críticos fica em frente ao Terminal Rodoviário. O Departamento Nacional de Infraestrutura e Trânsito (Dnit) instalou lombadas eletrônicas em seis contornos urbanos, reduzindo a velocidade dos veículos para 50km/h. Uma faixa de pedestre quase apagada e uma placa indicam a preferência do pedestre, mas nem sempre os motoristas atendem. “Não é fácil passar por aqui. Os motoristas não respeitam”, revelou a estudante Manuela Monteiro, 21 anos. O aposentado Miguel José do Nascimento dá a receita. “Se não olhar, morre logo. É muito movimento aqui”, afirmou.
Pela BR-104, no trecho urbano de Caruaru, passam por dia mais de 50 mil veículos. A pista é usada como ponto de passagem. A interação com a cidade deixou de existir. A única forma de interligar os lados é por baixo dos quatro viadutos existentes no trecho urbano. Para chegar às vias marginais é preciso, no entanto, fazer a opção logo que entrar na rodovia. No sentido Caruaru/Toritama, o acesso local é antes do primeiro viaduto. Já no sentido Toritama/Caruaru, o acesso à pista local é imediatamente após o polo de confecções. Quem seguir em frente achando que terá outra opção de migrar para a marginal não terá. A não ser o retorno no viaduto da BR-232, quase indo para o Recife.
Vizinho ao Terminal Rodoviário estão o Batalhão da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. De acordo com o capitão Cledjones Gomes, 36 anos, do Corpo de Bombeiros de Caruaru, o atendimento aos chamados ficou mais difícil. “Nós temos um tempo de resposta maior porque precisamo fazer um retorno pelo viaduto da BR-232. Era melhor se houvesse uma alternativa para os veículos de emergência”, ressaltou.
Rodovia sofrerá modificações
O projeto de duplicação da BR-104 é do Dnit, mas teve a execução do Departamento de Estrada e Rodagem de Pernambuco (DER). Segundo o superintendente do Dnit, Euclides Bandeira, os problemas de acesso no trecho urbano de Caruaru já foram detectados e algumas alterações estão previstas.
“Nós vamos acrescentar no projeto algumas agulhas (acessos viários) entre a rodovia principal e as marginais para evitar os retornos muito longos e também a instalação de passarelas nos trechos de maior fluxo de pedestre”, afirmou. A localização das passarelas, segundo ele, ainda estão sendo definidos em um estudo de contagem de fluxo. O único ponto que já definido é na frente do Terminal Rodoviário. “Há um fluxo muito intenso de pedestres naquele ponto e mesmo com o redutor de velocidade, entendemos que há necessidade de instalar uma passarela”, avaliou Bandeira.
As obras de duplicação da BR-104 foram iniciadas em 2010 e devem se estender até 2014. Segundo o presidente do DER, Carlos Júnior, as alterações previstas no projeto serão feitas até dezembro deste ano, mas o restante da duplicação no trecho entre o distrito de Lajes, em Toritama até Santa Cruz do Capibaribe será iniciado no início do próximo ano. “Nós temos condições de fazer a finalização das obras das marginais no trecho urbano de Caruaru, incluindo as agulhas, a instalação das passarelas e a sianlização”, revelou Carlos Júnior.
Das seis lombadas eletrônicas instaladas pelo Dnit, cinco estão no contorno urbano de Caruaru e uma no distrito de Lajes, em Toritama. A velocidade permitida dos equipamentos varia de 50 e 60km/h dependendo do trecho. A velocidade na rodovia, no entanto, pode chegar a 80km/h. saibamais
Perfil da BR-104
– 672,3 km é a extensão de toda a
104 (incluindo trechos não
construídos)
– 7 cidades são cortadas pela
BR-104 em Pernambuco:
Taquaritinga do Norte, Toritama,
Agrestina, Caruaru, Cupira,
Panelas e Quipapá
– 51 km é o trecho de duplicação
da BR-104
– 12 km ainda faltam ser
concluídos da duplicação
– Os pontos das lombadas
eletrônicas
– 4 estados do Nordeste são
cortados: Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco e Alagoas
Contorno urbano de Caruaru:
– Km 62,5 (Boi e Brasa)
O dia em que a cidade parou para as pessoas. Não havia trânsito. As ruas ficaram para elas. Os carros saíram de cena, os ônibus mudaram as rotas. As avenidas, viadutos e pontes se tornaram passagens para um único destino: Praça do Derby, ponto de concentração. A maior parte dos manifestantes chegou a pé. Os pedestres nunca tiveram tanto espaço só para eles. Outros usaram bicicletas, skates e até cadeira de rodas. Mobilidade sustentável, acessibilidade plena e melhoria do transporte público eram algumas das bandeiras defendidas pelos manifestantes em um 20 de junho para ficar na história
.O dia em que a cidade parou para as pessoas. Não havia trânsito. As ruas ficaram para elas. Os carros saíram de cena, os ônibus mudaram as rotas. As avenidas, viadutos e pontes se tornaram passagens para um único destino: Praça do Derby, ponto de concentração. A maior parte dos manifestantes chegou a pé. Os pedestres nunca tiveram tanto espaço só para eles. Outros usaram bicicletas, skates e até cadeira de rodas. Mobilidade sustentável, acessibilidade plena e melhoria do transporte público eram algumas das bandeiras defendidas pelos manifestantes em um 20 de junho para ficar na história.
Numa Agamenon Magalhães livre de carros, o vendedor Erick Alves, 21 anos, deslizava no skate vestido para protestar. “Mais conforto nos ônibus, segurança e espaço para o pedestre, ciclista e skatista”, declarou. Confiante e determinada, a funcionária pública, Cínthia Lombardi, 40 anos, não se intimidou com o tamanho da multidão e foi ao protesto de cadeira de rodas. “Eu precisava vir para pedir melhoria na acessibilidade e o fim da corrupção. Também vim representando o meu marido, que também é cadeirante, mas não pôde participar”, revelou.
Multidão
Acompanhar a multidão de bicicleta não era para encurtar distância, mas principalmente para se fazer representante. “Defendo mais espaço para o transporte não motorizado e melhoria do transporte público. Do jeito que está ninguém aguenta mais”, revelou o ciclista Valdomiro Barbosa, 21. Na defesa do transporte público, a doutoranda Cínthya Pacheco, 27, trouxe para o protesto a realidade de todos os dias, fotos de ônibus lotado no Terminal Integrado do Barro. “Sofremos com as filas gigantes e o atraso dos ônibus, mas queremos melhoria em todas as integrações. Mais respeito e dignidade”, afirmou.
Para deixar a cidade vazia para a manifestação, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) chegou a bloquear seis corredores de tráfego e vias transversais. A operação contou com 50 agentes de trânsito. Os bloqueios foram definidos em conjunto com o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano que montou quatro pontos de retorno para os ônibus. Mas não houve tempo para informar aos usuários. “Faz mais de duas horas que estou aqui e nenhum ônibus passou”, contou o aposentado Amaro de Oliveira, 82 anos, que aguardava um ônibus na Avenida Joaquim Nabuco, no cruzamento com a Avenida Agamenon Magalhães, bem próximo ao perímetro da manifestação e bloqueado pela CTTU. “Não tínhamos como avisar. Era uma situação de emergência e não havia certeza do roteiro que eles iriam fazer”, revelou o coordenador de operações do Grande Recife, Mário Sérgio.
Saiba mais
Operação do protesto
6 corredores fechados
50 agentes de trânsito mobilizados
3 mil ônibus compõem a frota da RMR
100% dos ônibus circularam segundo o Grande Recife
60% da frota foi recolhida segundo o Sindicato da Oposição dos Rodoários
Fonte: CTTU e Grande Recife Consórcio de Transporte Metropoilitano e Sindicato da Oposição
Idealizada há pelo menos 30 anos, a Via Metropolitana Norte começa a sair do papel diferente do que havia sido planejada inicialmente, mas trazendo nova perspectiva de mobilidade para os bairros de Maria Farinha, Pau Amarelo e Janga, em Paulista, e de Rio Doce, Jardim Atlântico e Jardim Fragoso, em Olinda. Quem sair de Paulista para o Recife, por exemplo, não terá que passar por dentro de Olinda.
Já os moradores da Zona Norte de Olinda poderão ir ao Aeroporto Internacional dos Guararapes sem precisar passar pela Avenida Agamenon Magalhães. A nova via, prevista no Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), complementa-se à 2ª perimetral, totalizando 10,1 km. O processo de licitação das obras viárias foi iniciado em março, mas os serviços devem começar no segundo semestre, com prazo de 24 meses e custo de R$ 126 milhões pelo PAC Mobilidade.
O canal por onde passa o Rio Fragoso, em Olinda, será alargado em até 45 metros. As duas marginais terão 10,5 metros de largura com três faixas de rolamento cada, além de faixa exclusiva de ônibus, ciclovia e calçada. O sistema contará com quatro pontes e um viaduto que passará por cima do Terminal Integrado da PE-15 para se ligar à 2ª perimetral. “Essa via era um planejamento de longo prazo”, detalhou o presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), Flávio Figueiredo.
O órgão está responsável pelo alargamento e o revestimento do canal e a construção de habitacionais para famílias que terão casas desapropriadas. Até agora, 2,3 km do canal foram revestidos. “As obras serão feitas paralelamente ao revestimento do canal pela Secretaria das Cidades”.
“A via é importante para toda a região Norte. Permitirá a retirada do fluxo, que hoje passa pela Avenida Getúlio Vargas (Olinda) e poderá seguir pela PE-15 e a 2ª perimetral”, explicou o secretário de Trânsito de Olinda, Oswaldo Lima Neto.
A ideia original previa uma via paralela à PE-15 fazendo a ligação de Paulista a Abreu e Lima. A ligação passou a ser entre Paulista e Olinda. “As cidades mudam e esse projeto terá papel fundamental na urbanização e na passagem de tráfego”, destacou a engenheira Regilma Souza, que participou da elaboração do PDTU.
Perimetral
A 2ª perimetral terá o edital do projeto executivo e das obras lançado no fim de julho. De acordo com o secretário de Infraestrutura e Serviços do Recife, Nilton Mota, as obras deverão ser iniciadas no início de 2014. “A licitação será para as perimetrais 2 e 3 e ainda para a radial Sul”, afirmou.
Saiba mais
6,1 km de extensão de via
4 km da triplicação da 2ª perimetral
10,5 metros é a largura de cada uma das vias marginais
4 pontes
1 viaduto (sobre o Terminal da PE-15)
1 ciclofaixa
1 faixa exclusiva de ônibus 6 km de canal serão revestidos
2,3 km já foram revestidos
45 metros de extensão será o alargamento do canal
2 mil famílias serão desapropriadas ao longo do Rio Fragoso
6 bairros serão beneficiados diretamente pela via 2015 é a estimativa de entrega da obra
24 meses é o tempo de execução da obra (iniciada em maio de 2013)
R$ 126 milhões é o custo do sistema viário da Metropolitana