Uma avenida “espremida” entre a concepção de um modelo que pretende privilegiar o transporte público, mas que não conseguiu convencer e a forma de uso que a populaçao insiste em manter, sem as rédeas do controle urbano. O corredor central da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, onde estão inseridas oito paradas de ônibus, que dividem os dois lados da via com duas faixas, sendo uma para o ônibus e outra para o carro, ainda está longe de ser aceito.
Entre as reclamações: a dificuldade de travessia dos pedestres, a falta de opção dos motoristas de transitar de um lado para outro avenida e ainda a ausência de estacionamento para o comércio local e a falta de espaço para as operações de carga e descarga.
Das reclamações, a dos pedestres talvez seja a mais preocupante. A travessia de quatro faixas em um tráfego intenso sem faixa e sem semáforo não é fácil. Segundo os moradores, pelo menos três pessoas foram atropeladas este ano. De acordo com o secretário de Transportes de Olinda, Oswaldo Lima Neto, todas as oito paradas de ônibus terão faixa e semáforo de pedestre.
A licitação da empresa que fará a implantação e manutenção da rede semafórica está sendo concluída. “A travessia do pedestre ficará muito mais segura. Mas com o fechamento do canteiro central, que evita que os carros passem de um lado para outro, já melhorou muito a condição do pedestre”, ressaltou o secretário. A passagem dos carros de um lado para outro da avenida não será mesmo permitida. Haverá a opção de retornos que serão implantados juntos com a rede semafórica.
Um ponto inegociável é mesmo a questão dos estacionamentos e da operação de carga e descarga na via principal. E com apenas duas faixas não há como isso ser permitido. O problema é que a ocupação irregular da via pública e das calçadas, ocorria, há muito tempo, sem nenhuma ação do controle urbano.
“A gente não pode parar dois minutos que o guarda quer multar. Eles estão muito autoritários”, reclamou o motorista Lúcio Ferreira da Silva, 32 anos. No protesto, os comerciantes fecharam as portas em apoio ao movimento.”Nós estamos tendo prejuízo. Não há espaço para o carro estacionar e estamos perdendo cliente”, afirmou o comerciante Sérgio Pinto, 42 anos.
Se por um lado, a população estava acostumada a ausência do controle urbano, por outro o desenho da via traz insatisfações. Nas curvas, por exemplo, é impossível um veículo de grande porte fazer o contorno sem invadir a faixa do ônibus. Já o ônibus também é obrigado a invadir a faixa dos veículos nas laterais quando vai acessar as paradas.
O secretário de transportes de Olinda, Oswaldo Lima Neto, disse que houve problemas na coordenação da execução do projeto. Ele também acredita que a rejeição dos moradores se deu pela demora para implantação do corredor. “As obras que foram feitas do corredor acabaram sendo desgastadas pelo uso indevido e houve demora de muitos órgãos em concluir as intervenções, entre eles a Compesa”, alertou o secretário.
Mudanças no desenho do projeto que foi implantado não estão previstas. Segundo o secretário as intervenções que irão ocorrer são para melhoria do funcionamento do corredor, que é uma radial importante e faz parte do Sistema Estrutural Integrado (SEI).