Decisão do STJ sobre crime de direção alcoolizada abre precedente na esfera administrativa

A decisão do Superior Tribunal de Justiça, desta quarta-feira, 28 de março, em limitar ao teste do bafômetro e ao exame de sangue, como únicas provas de caracterização do crime de direção alcoolizada, previsto no Artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), ainda que tal entendimento valha tão somente para o caso específico julgado, influenciará, sem sombra de dúvidas futuras decisões em casos semelhantes.

A prova testemunhal e o exame clínico pericial, outros meios de comprovação previstos no CTB, foram descartados porque, pela redação imprópria da lei, acabam conflitando com a descrição do crime que prevê, para sua configuração, a quantidade de álcool ingerida pelo motorista.

Sai fortalecido, com tal entendimento, o pressuposto constitucional de que ninguém é obrigado a produzir provar contra si mesmo, nem na Lei Seca. O que é pior, se o argumento vencedor é de que o tipo penal é fechado, onde se exige para configuração do delito quantidade de álcool na corrente sanguínea (concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue), abre-se também agora um precedente na esfera administrativa, onde a infração também se configura pela quantidade de álcool (dosagem superior a 2 decigramas), conforme o estabelecido no Decreto Federal 6488/08, que regulamentou o limite de tolerância para a infringência ao Artigo 165 do CTB.

Membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, o médico Fernando Moreira, teme que a decisão sirva de proteção a motoristas que insistem em misturar álcool e direção. “Essa decisão nos coloca num cenário muito preocupante, porque os motoristas poderão se proteger atrás de uma simples recusa de fazer o teste de alcoolemia ou bafômetro. Fico preocupado com as consequências que essa decisão pode ter”, ressaltou.

Derrotado na discussão, o ministro Marco Aurélio Belizze, defendeu a importância de testemunhas e do exame, principalmente em casos “evidentes” de embriaguez. “Não pode ser tolerado que o infrator, com garrafa de bebida alcoólica no carro, bafo e cambaleando, não possa ser preso porque recusou o bafômetro”.

Favoráveis à decisão membros do STJ justificaram seus votos. Para o desembargador Adilson Macabu, não se pode admitir o uso de critérios subjetivos para determinar a aplicação de punições. “Mais de 150 milhões de pessoas não podem ser simplesmente processados por causa de uma mera suspeita”, alegou o desembargador Macabu que foi o relator da discussão no STF. O ministro Og Fernandes, por sua vez, foi incisivo ao afirmar que “não é crime dirigir sob efeito de álcool”. “É crime dirigir sob efeito de mais de um mínimo de seis decigramas de álcool por litro de sangue. É extremamente temeroso deparar-se com essa falha legislativa, mas o juiz está sujeito à Lei”, completou Og.

Pelo sim e pelo não tal decisão, ao descartar a prova testemunhal e o exame clínico pericial, mecanismos de comprovação para caracterização do crime de embriaguez ao volante previstos no CTB, favorece ainda mais o permanente cenário de violência e de imprudência no trânsito brasileiro. Muitos, como sempre fazem, continuarão agora, mais do que nunca, bebendo, dirigindo e se recusando ao teste do bafômetro e enfraquecendo a Lei Seca, norma legal que tropeça em suas próprias pernas pela impropriedade de sua redação, ficando clara a urgente necessidade de alteração de seu texto.

Ressalte-se que a recente proposição da comissão mista do Congresso, instituída para estudar alterações no CTB, de propor inclusive a utilização de vídeos que evidenciem a embriaguez do motorista no momento da abordagem policial, fica em xeque com a presente decisão do STJ. Resta por enquanto a vigência do Artigo 277, parágrafo terceiro do CTB, que, na área administrativa, pune condutores que se recusam ao teste de alcoolemia com as mesmas penalidades previstas no Artigo 165 (multa de R$ 957, 70; suspensão por dozes meses do direito de dirigir e curso de reciclagem).

A Justiça se manifestou agora tão somente quanto ao aspecto penal. Até quando, na esfera administrativa, a punição continuará sobrepujando o argumento legal e ninguém é obrigado a produzir contra si mesmo? Certamente quando todos tiverem plena consciência de que os direitos e garantias individuais não podem sobrepujar o interesse maior da coletividade, a segurança de trânsito, a incolumidade dos demais usuários da via pública e, sobretudo a defesa da vida. Com o devido respeito (data vênia) ao notável saber jurídico que ora prevalece, crime (abominável) é matar embriagado ao volante.

A prevenção e a repressão ao uso nefasto do álcool no trânsito sofrem, portanto, um duro golpe pela brecha da própria lei. Os alcoolizados do volante aplaudiram. Os que cumprem as normas de trânsito lamentaram e estão agora mais ameaçados em vias públicas. Na guerra do trânsito, mais do que nunca, salve-se agora quem puder.

* Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro (Via Portal do Trânsito)

Corredor Norte-Sul na Agamenon Magalhães tem edital lançado

 

O governador Eduardo Campos e o secretário das Cidades, Danilo Cabral, lançaram o edital de licitação para a obra do corredor Norte/Sul, que sairá de Igarassu até o Recife, na primeira etapa. O corredor exclusivo de ônibus passará pela PE-15 e ao chegar na Agamenon Magalhães, na altura do shopping Tacaruna irá se dividir em dois ramais: um pela Avenida cruz Cabugá e outro pela Avenida Agamenon Magalhães. O primeiro irá até a Estação Central do metrô Recife e o segundo a Estação Joana Bezerra.

A meta é beneficiar os quase 350 mil passageiros que diariamente fazem o trajeto norte-sul. A etapa prevê obras em 4,7 km da Avenida Agamenon Magalhães, da antiga fábrica do Tacaruna até o Terminal Joana Bezerra. Os trabalhos, orçados em R$ 110 milhões, incluem a construção de um corredor exclusivo de ônibus, a pavimentação de toda a via, cinco passarelas para pedestres e nove estações climatizadas e informatizadas, com painéis fornecendo os horários das linhas.

As estações, com capacidade de até 1.200 passageiros, serão erguidas no canteiro central da Avenida Agamenon Magalhães, sobre o canal, a uma distância média de 400 metros umas das outras. Os dois viadutos da Avenida João de Barros e o pontilhão de cruzamento das ruas Doutor Leopoldo Lins e Buenos Aires serão alargados.

Serão construídas cinco passarelas, quatro delas interligadas aos viadutos da Paissandu, Bandeira Filho, Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, e uma outra ao Shopping Tacaruna, em Santo Amaro e às estações do sistema TRO (Transporte Rápido de Ônibus) que ficarão localizadas ao longo do canteiro central da Avenida Agamenon Magalhães.

Google usa motorista cego para testar automóvel com piloto automático

Nova tecnologia pode ajudar a reduzir os acidentes de trânsito

A Google usou um motorista cego para testar o funcionamento de seu automóvel com piloto automático, informou nesta quarta-feira (28) a companhia, que publicou um vídeo no YouTube com a experiência.

A gravação intitulada “Self-Driving Car Teste: Steve Mahan” mostra a viagem de Steve Mahan, um homem com incapacidade visual de 95%, em um percurso por sua cidade a bordo de um Toyota Prius equipado com a tecnologia do Google para autocondução.

“Estou muito acima do que se considera estar legalmente cego”, comenta Mahan nas imagens, nas quais explica como a perda da visão lhe impede de fazer coisas que antes podia realizar e o papel que poderia representar um automóvel como o da Google em seu dia a dia. “Isto me daria a independência e a flexibilidade para ir a lugares onde tenho que ir e quero ir quando eu necessitar fazer coisas”, avaliou Mahan.

Em seu deslocamento, Mahan fez duas paradas: uma na pista de acesso para veículos de um estabelecimento de fast-food e outra no estacionamento de uma lavanderia para buscar roupas.

No vídeo é possível observar que o volante viaja só e que o carro circula seguindo as normas de trânsito, enquanto Mahan come tranquilamente o que encomendara. “Sem mãos, sem pés”, comenta o cego com os braços para o alto enquanto o veículo avança.

O automóvel é equipado com um sistema de radares e lasers para conhecer sua localização, e durante o teste o copiloto de Mahan usava um computador portátil que estava conectado ao veículo.

A Google explicou no YouTube que a condução com Steve Mahan foi realizada em “uma rota cuidadosamente programada” e que a experiência foi “um experimento técnico” que ofereceu “um olhar promissor sobre o que a tecnologia autônoma pode um dia conseguir se for obtida uma tecnologia rigorosa e com os padrões de segurança”.

Novas possibilidades
A empresa anunciou seu projeto de automóvel com condução automática em 2010 e criou um protótipo capaz de ser guiado com o uso de seus mapas que foi testado com sucesso esse ano na Califórnia.

O automóvel percorreu o estado americano de ponta a ponta e rodou mais de 225 mil quilômetros sem motorista ao volante, embora sempre sob supervisão e em situações de circulação propícias, segundo informou a empresa, que não deu detalhes sobre quando aconteceu o experimento com Steve Mahan.

A Google acredita que os veículos não tripulados podem ajudar a reduzir os acidentes de trânsito e a realizar uma condução mais eficiente do ponto de vista energético.

Fonte: R7 (via Portal do Trânsito)

Maioria dos veículos circula sem seguro no país. O seu tem?

 

Quanto maior o tempo de uso do veículo, mais caro se torna o seguro opcional. Essa fórmula perversa tem levado os consumidores com carros mais antigos a abdicarem dessa proteção ao patrimônio. Apenas 28,3% dos 48 milhões de veículos que circulam no país – aqueles com a documentação em dia – possuem seguro. O percentual chega a 59% dos veículos novos, mas cai para 37% da frota com até três anos de uso. Só 20% dos 13,5 milhões de veículos segurados têm mais de seis anos de idade. O que poderia ser feito, então, para tornar esse produto mais acessível?

Para Neival Freitas, diretor executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o alto custo do seguro opcional no país está relacionado ao preço das peças na reparação de sinistros que, segundo o Código de Defesa do Consumidor (artigo 21), têm que ser novas e originais. “Infelizmente o preço do seguro vai encarecendo na medida em que o tempo passa e se torna fora do alcance do consumidor. O Código admite que, se o consumidor concordar, podem ser utilizadas peças usadas ou não originais, o que poderia baratear o preço, mas isso nunca foi regulamentado”, diz Freitas.

Como exemplo, ele cita um Volkswagen Golf com 12 anos de uso, com preço atual de mercado em torno de R$ 20 mil. “Se houver uma colisão e uma porta precisar ser trocada, esse conserto vai custar 17,5% do valor do carro, considerando que uma porta nova custa em torno de R$ 3,5 mil. Proporcionalmente, é (um custo) muito alto”, ilustra. A solução, garante o executivo, seria o uso de peças usadas, que custam entre 20% e 30% de uma nova.

O problema é que, atualmente, o comércio de peças usadas dá margem a práticas criminosas como o roubo de veículos para desmanche. O Congresso Nacional aprovou um projeto de lei (nª 345/07, do Senado) que regulamenta o desmanche, mas a matéria foi vetada pela presidente Dilma Rousseff em janeiro de 2011. “Estamos na expectativa de que esse projeto volte à pauta, pois se você cria uma rastreabilidade para as peças abre a possibilidade de sua utilização pelas seguradoras”, comenta Neival Freitas.

O preço do seguro pode variar entre 5% e 20% do valor do veículo. Proprietária de um Fiat Uno Mille ano 2000, a servidora pública Fabiane de Oliveira Batista, 32 anos, está há cinco anos sem contratar o seguro opcional. “Nas vezes em que fui tentar fazer o seguro, achei muito caro, não valia a pena”, depõe. Ela acha injusto desembolsar uma quantia tão alta – em 2011 cotaram o dela por cerca de R$ 1,6 mil – e ter que pagar a franquia sempre que precisar.

“É uma despesa a mais que a gente acaba excluindo. Valeria a pena no caso de perda total ou roubo. Mesmo assim, se o carro for roubado e depois encontrado, ainda que todo depenado, o seguro não cobre”, argumenta. Para completar, ela diz que o tipo de veículo que possui é muito visado por ladrões, o que encarece o valor do seguro. “Tenho uma amiga que tem um Ford Ka e o seguro é bem mais barato.”

Fonte: Trânsito Manaus (Via Portal do Trânsito)

Audiência pública vai discutir obras dos viadutos da Agamenon Magalhães

 

 

Falta pouco para a Secretaria das Cidades (Secid) divulgar o nome da empresa ou do consórcio que será responsável pela construção dos quatro viadutos sobre a Avenida Agamenon Magalhães. Na última terça-feira, foi publicado no Diário Oficial do estado o resultado da análise do currículo das participantes da licitação. Das sete concorrentes, quatro foram aprovadas. Se nenhuma delas interpor recurso, os envelopes com os preços deverão ser abertos na próxima quarta-feira. A expectativa é de que a ordem de serviço seja dada na segunda quinzena de maio. As negociações com os donos dos imóveis que serão desapropriados estão avançadas e alguns acordos já foram fechados. Amanhã, haverá uma audiência pública para debater o projeto no auditório do Banco Central, em Santo Amaro.

Os classificados para continuar no processo foram a empresa Heleno & Fonseca Construtécnica S/A e os consórcios Construbase – S.A Paulista, Emsa- Aterpa e Via-CR Almeida. Os consórcios não habilitados têm até 3 de abril para questionar. Segundo o secretário-executivo de Mobilidade, Flávio Figueiredo, as construtoras classificadas demonstraram que já executaram projetos de complexos de viadutos no Brasil ou no exterior. O próximo passo é verificar o menor custo para fazer as obras. A previsão é de que a licitação seja concluída em 15 de abril.

Enquanto o processo licitatório está em curso, a Secid tenta avançar nas negociações com os proprietários dos imóveis. Uma parte do terreno que era usado pelo grupo educacional Contato, na esquina da Rua Dom Bosco com a Rua Carlos Porto Carreiro, foi comprada pelo governo e deverá ser desocupada em abril. A área era alugada. O restante do espaço onde está o colégio é próprio. O diretor do grupo, Manoel Galdino, trata de valores com o governo. “Eles querem entrar 10 metros a partir do nosso muro. A perda para o negócio é muito grande”.

Os detalhes do projeto serão apresentados amanhã em uma audiência pública às 9h. A reunião foi convocada pela promotora de Defesa do Meio Ambiente Belize Câmara, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Prorrogado prazo de validade da Carteira de Estudante 2011

 

A carteira de estudante de 2011 dos alunos matriculados na rede de Educação Infantil; nos ensinos Fundamental, Médio, Profissionalizante e Pré-Vestibular de toda a Região Metropolitana do Recife terá validade até o dia 30 de junho de 2012. O prazo de validade, que deveria expirar no dia 31 de março, foi prorrogado por três meses pelo Grande Recife Consórcio de Transporte.

A medida foi tomada para atender ao aumento do número de escolas cadastradas e alunos aptos a solicitar o documento, um universo de aproximadamente 400 mil alunos. Com a expectativa de um incremento no número de solicitações devido à implantação do sistema Carteira Fácil, o número de documentos confeccionados pode chegar a 600 mil.

Até o momento, quase nove mil carteiras foram entregues às escolas. Um total de 26 mil documentos estão prontos aguardando o resgate e outras 77 mil em fase de confecção. De acordo com o consórcio, no mesmo período em 2011, apenas 32 mil carteiras estavam em fase de confecção e 1.700 documentos haviam sido entregues na segunda quinzena de março de 2011.

O prazo para a entrega da carteira de estudante 2012 também diminuiu. Agora, a partir do pagamento do boleto pelos estudantes, a carteira fica pronta em 30 dias seguidos, quando antes era confeccionada em um prazo de 50 dias úteis, quase três meses de espera.

O Grande Recife alerta, no entanto, que algumas instituições de ensino ainda têm demorado a se cadastrar e abastecer o banco de dados do sistema Carteira Fácil, o que impossibilita o processo de solicitação do documento por parte do aluno. Diante disso, os estudantes e familiares devem manter a cobrança às escolas.

Ciclista: livres para infrigir

Ciclista na contramão e transportando duas crianças

Tânia Passos
taniapassos.pe@dabr.com.br

Na escala da mobilidade, o ciclista é o segundo mais importante. Só perde para o pedestre. A defesa pelas ciclovias é uma das principais bandeiras quando o assunto é integração dos modais e melhoria do tráfego. Mas há um aspecto que precisa ser visto com preocupação: as infrações dos ciclistas. Sempre ignorado nas políticas de mobilidade, o ciclista, em geral, não se sente integrante do sistema de mobilidade e ignora as leis de trânsito criando regras próprias. Como o transporte não é regulamentado pelo município, não há como aplicar multa e eles ficam livres para infrigir.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, os veiculos não motorizados devem se adequar às normas de circulação dos veículos motorizados, mas cada município deve fazer sua regulamentação. “Aqui em Pernambuco nenhum município regulamentou as normas de circulação dos veículos não motorizados. Sem o instrumento do licenciamento não há como aplicar a multa”, explicou a presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Simíramis Queiroz.

Seja por falta de punição, descuido ou conhecimento, o fato é que o trânsito das bicicletas na cidade é confuso e arriscado. E para piorar não há ciclovias ou ciclofaixas suficientes para pemitir uma melhor mobilidade por parte do ciclista. “No caso de não haver ciclovia, o ciclista tem que trafegar na via de acordo com as normas, mas muitos pedalam na contramão”, afirmou a presidente do Cetran. A estudante Jéssica Lima, 19 anos, conta que já foi atropelada por uma bicicleta em plena faixa de pedestre. “Alguns não param quando o sinal fecha e o pedestre acaba sendo vítima. Isso já aconteceu comigo”, revelou.

Ciclista ignora o sinal vermelho da ciclovia

Durante quase duas horas, o Diario acompanhou o tráfego na Avenida Boa Viagem e constatou que os ciclistas ignoram o sinal vermelho na ciclovia, sem nenhuma hesitação. “Se não tiver pedestre passando na faixa, eu não paro”, admitiu o ciclista Cleonildo da Silva, 34 anos, porteiro. Ele mora no Ibura e trabalha em Boa Viagem. A bicicleta é o seu meio de transporte. “Eu não vou dizer que cumpro todas as normas de trânsito de minha casa até o trabalho. Os carros não respeitam o ciclista e, em alguns casos, a gente tem que se defender, mesmo que seja errado”, justificou.

Pedalar na contramão, aliás, deixou de ser exceção há muito tempo. Flagrar esse tipo de irregularidade é fácil. Na Avenida Jaime da Fonte, no bairro de Santo Amaro, onde há duas vias largas nos dois sentidos, é comum encontrar ciclistas circulando pela contramão. Foi lá que encontramos a dona de casa, Sandra Maria Cabral Cavalcanti, 45 anos, transportando os dois netos em uma bicicleta pela contramão. Um neto no bagageiro e outro dentro de uma caixa no quadro da bicicleta, o que também não é permitido.  “É o único transporte que eu tenho, mas vou ter mais cuidado para não ir pela contramão”.  Apesar dos riscos, ela conta que nunca sofreu um acidente.

 

Desprovidos de segurança

Enquanto transporta um dos netos em uma caixa no quadro da bicicleta, a dona de casa Sandra Maria Cabral, que circulava na contramão, também ignora outras normas de segurança, inclusive para ela mesma. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), entre os equipamentos de segurança, a bicicleta deve dispor de campainha, sinalização noturna e espelho retrovisor do lado esquerdo. A bicicleta dela não dispõem de nenhum desses equipamentos e para piorar, ela também pedalava de chinelo. “Essa é a bicicleta que eu tenho e aqui eu consigo levar juntos os meus netos”, afirmou.

A incoerência é que os ciclistas, que mais usam a bicicleta como meio de transporte, são, talvez, os que dispõem de menos equipamentos de segurança. É o caso do ciclista Amaro Barbosa Farias, 53 anos, ambulante, que mora em Peixinhos e trabalha na Estação Central do Metrô Recife. “Eu venho para o trabalho todos os dias de bicicleta e gasto menos tempo do que se viesse de ônibus”, comemorou. A bicicleta dele, no entanto, é quase um atentado à segurança. Para começar não tem freio e nenhum tipo de sinalização, mesmo ele fazendo percurso noturno. “Eu circulo pela Agamenon e PE-15 para chegar em casa. É perigoso e já sofri um acidente uma vez, mas é o meu transporte”, afirmou.