Ter ou não ter? Os viadutos da Agamenon Magalhães terão decisão em março

Por

Tânia Passos

Em março, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, vai bater o martelo sobre o destino da Avenida Agamenon Magalhães. Ele decidirá se a via receberá os quatro viadutos previstos no projeto do governo do estado para implantação do trecho do Corredor Norte/Sul. A decisão vai coincidir com o resultado dos três estudos solicitados à Secretaria das Cidades pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), de impacto sobre a vizinhança, de meio ambiente e de circulção.

Junto com essas análises, o prefeito também terá em mãos os projetos executivos dos quatro viadutos e os novos cálculos sobre o solo mole da Agamenon, que tiveram que ser refeitos. “Em março conheceremos a solução de mobilidade para a Agamenon, que pode ser ou não com os viadutos”, reforçou Geraldo Julio.

Enquanto o prefeito recebia a incumbência de decidir sobre os viadutos, a Secretaria das Cidades manteve o cronomograma dos trabalhos. Segundo o secretário Danilo Cabral, os dois primeiros estudos de impacto de vizinhaça e de meio ambiente foram concluídos. “Não apontaram nenhum fator de impedimento para a construção dos viadutos na Agamenon Magalhães. Estamos aguardando a última análise de circulação, que está sendo feita junto com o projeto executivo”, revelou o secretário.

O atraso na definição sobre o destino dos viadutos da Agamenon exigiu uma mudança na lógica dos trabalhos. Por conta dos viadutos, a perimetral não foi incluída nos recursos do PAC Copa, então, tecnicamente, o ramal da Agamenon não terá que ficar pronto até 2014. O secretário, porém, crê na possibilidade de que os trabalhos sejam acelerados após a decisão do prefeito.

A única certeza, por enquanto, é o ramal da Avenida Cruz Cabugá até o Terminal Integrado da Estação Central do metrô, que será concluído em dezembro deste ano. O corredor Norte/Sul, que liga o município de Igarassu ao Recife, com 33 km, e que numa segunda etapa irá até Jaboatão, com mais 45 km, terá 10 km liberados nesta semana para o tráfego entre Abreu e Lima e Igarassu.

“Só com esse trecho a gente já espera mais agilidade no corredor, mesmo com os ônibus convencionais”, afirmou o secretário. Até o meio do ano, mais uma etapa será liberada nas imediações dos Bultrins. “Também abrimos um trecho do viaduto dos Bultrins para melhorar o tráfego no sentido Recife/Paulista”, afirmou Danilo Cabral.

O Corredor Norte/Sul não terá apenas ônibus no modelo do Transporte Rápido por Ônibus (TRO), também conhecido na sigla inglesa como BRT. Segundo a Secretaria das Cidades algumas linhas convencionais vão usar o corredor e por conta disso, certas paradas convencionais serão mantidas. Só não se sabe se esses ônibus comuns vão atrasar o percurso do BRT.

Corredor Leste/Oeste só em março de 2014

As obras do corredor Leste/Oeste seguem em ritmo acelerado, com conclusão prevista para março de 2014. O Viaduto do Bom Pastor ficará pronto em novembro deste ano e a abertura do túnel nas imediações do Museu da Abolição terá as escavações iniciadas em março. O corredor será bastante beneficiado com os dois terminais de integração a serem construídos na Caxangá para atender a 3ª e a 4ª perimetrais.

A ordem de serviço foi assinada ontem pelo governador Eduardo Campos. “São obras importantes porque priorizam o transporte público. Os terminais serão preparados para receber ônibus mais modernos, que farão um deslocamento mais rápido”, afirmou o governador. O TI da 4ª perimetral tem previsão de receber 53 mil passageiros e vai operar com 11 linhas. Vai atender a Cidade Universitária, Brasilit, Jardim Primavera, Tabatinga, UT-7, Loteamento Cosme e Damião e Timbi. O custo é de R$ 53 milhões.

Já o TI da 3ª perimetral será construído na esquina da Avenida Caxangá com a General San Martin. Atenderá cerca de 40 mil usuários por dia, com 11 linhas, beneficiando San Martin, Av. do Forte, Sítio das Palmeiras, Roda de Fogo, Torrões, Monsenhor Fabrício, Engenho do Meio, Barbalho e Torre.

Mudanças
O projeto do corredor sofreu alterações. O viaduto longitudinal previsto nas imediações do Hospital Getúlio Vargas será substituído por um transversal. Segundo o secretário das Cidades, Danilo Cabral, a ideia é fazer uma passagem de continuidade à 3ª perimetral. Com a mudança, o novo viaduto não foi incluído no Pac Copa e o elevado receberá recursos do Pac Mob captados pelo município. “Foi um pedido dos técnicos da prefeitura e nós tivemos que atender”, revelou o secretário. Outra mudança, que não vai alterar o cronograma, será a construção de um viaduto na entrada de Aldeia. “Vai facilitar a circulação na entrada de Camaragibe”, afirmou

Viadutos da Agamenon em novo debate

 

O governador Eduardo Campos falou pela primeira vez sobre a polêmica dos viadutos da Avenida Agamenon Magalhães. De acordo com o governador a prioridade do projeto  é garantir velocidade no corredor exclusivo do ônibus. Ele admitiu, no entanto, que os viadutos podem ser substituídos, desde que seja apresentado um projeto melhor,  capaz de garantir velocidade no corredor. “Vamos buscar o consenso, ouvir especialistas e ficar abertos a outros projetos que garantam a fuidez do corredor”, afirmou.

Pelo projeto do governo do estado,   a velocidade média atual (Olinda / Boa Viagem), que é de 20,9 km/hora vai passar para 30,3 km após a construção dos viadutos, sendo o maior ganho no trecho entre a Avenida Rui Barbosa e o cruzamento com a Rua Buenos Aires, cuja velocidade atual em horário de pico é de 5 km por hora e subirá para 18km/h – velocidade quase quatro vezes maior. No trecho Boa Viagem / Olinda, a velocidade média que hoje é de 18,2 km/hora passará para 33,7 km/hora, o que significa um ganho de 54% na velocidade média do trecho. Nesse sentido, no entanto, o ganho maior será no cruzamento com a Rua Paissandu, cujos carros passarão de 7km/h para 40 km/hora – 175% de ganho na velocidade do trecho.

O governador disse ainda que irá aguardar o resultado do estudo de circulação que será elaborado pela empresa que venceu a licitação. Em setembro será concluído o projeto executivo do ramal do Norte/Sul que passará pela Agamenon Magalhães.

Os caminhos da Agamenon Magalhães

Há quarenta anos nascia a principal via urbana do Recife. São sete mil metros estratégicos para ligar os diversos pontos da cidade. Ao inaugurar a primeira perimetral da capital pernambucana, o então prefeito Geraldo Magalhães queria deixar um marco de modernidade para a cidade. E deixou. A avenida se prepara para passar pela maior transformação desde que foi criada e passará a integrar o principal corredor de transporte urbano da Região Metropolitana:o Norte/Sul.

O Diario conta a história da avenida e mostra as intervenções pensadas para ela na década de 1970. Uma séria de reportagens revelará os caminhos que fazem da Agamenon o que ela é hoje e a sua importância dentro do corredor de tráfego. A avenida está prestes a receber quatro viadutos que irão mudar a concepção da circulação.

A intervenção está longe de ser uma unanimidade, mas em um ponto todos concordam: a velocidade na via irá aumentar até que a frota de veículos permita e a qualidade do serviço do transporte público seja capaz de atrair usuários do carro. As reportagens irão também abordar o olhar do motorista, do pedestre, do ciclista e do morador.

Clique aqui no Hot site – http://www.old.diariodepernambuco.com.br/hotsite/2012/agamenon/

 

Experiência americana de mobilidade em discussão no Brasil

 

 

Os Estados Unidos não são o maior exemplo de mobilidade urbana. Esse emaranhado de viadutos, por exemplo, fica em Los Angeles, mas eles estão tentando encontrar o caminho da mobilidade. Na reportagem abaixo, um seminário irá discutir as experiências norte-americana das estratégias de mobilidade para as regiões metropolitanas, inclusive Los Angeles. Espero que não sejam mais viadutos. Acompanhe a reportagem:

A Comissão de Desenvolvimento Urbano realizará nesta quarta-feira (13) o Seminário Internacional Brasil/Estados Unidos sobre o tema “Transporte Público nas Regiões Metropolitanas: Planejamento, Governança e Financiamento”.

A experiência norte-americana será apresentada pelo diretor-executivo de Ações Estratégicas da Autoridade Metropolitana de Transportes de Los Angeles, Robin Blair; pelo vice-presidente da empresa TranSystems Planejamento, Irving Taylor; pelo professor e pesquisador da Universidade Estadual de Portland (Oregon), Gil Kelley; pelo secretário-executivo da Autoridade de Transportes do estado de Maryland, Harold Bartlett; e pelo diretor de Programas Internacionais da Associação Americana de
Planejamento, Jeff Soule.

O governo brasileiro será representado pelo secretário nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Julio Eduardo dos Santos.

Pelo lado brasileiro, também participarão do seminário o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Aílton Brasiliense; e o secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre.

Durante o seminário, o deputado Walter Feldman (PSDB-SP) apresentará o Projeto de Lei 3460/04, de sua autoria, que cria o Estatuto da Metrópole. O relator da proposta, deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), participará da discussão.

O seminário será realizado às 9 horas, no Plenário 2.

Da Redação/WS (Via Agência Câmara)

Waldecy Pinto, um dos idealizadores da Agamenon do futuro

 

Ex-assessor da Secretaria de Planejamento do governo de Geraldo Magalhães, na década de 1970, o arquiteto e urbanista Waldecy Fernandes Pinto, assiste hoje as ideias cultivadas há quarenta anos, serem resgatadas para o presente. Nesta entrevista, ele fala que  teria dúvidas se os viadutos são, hoje, a melhor solução para a mobilidade do Recife. O arquiteto recebeu o Diario em seu escritório no bairro das Graças.

Por Tânia Passos

 

O senhor participou da administração municipal na década de 1970, quando teve início a construção da Avenida Agamenon Magalhães e foram projetados sete viadutos e uma ponte. Não era um exagero para a época?
Estávamos pensando a longo prazo. Era a primeira perimetral da cidade e os viadutos eram importantes para fazer as ligações com os bairros e resolver pontos de conflito nos cruzamentos. Fizemos um plano urbanístico para a avenida que é usado até hoje. Ela é a via mais bem pensada e projetada da cidade. A ideia era uma via de velocidade, mas hoje a gente percebe, que por conta dos congestionamentos e da quantidade de semáforos, a velocidade é cada vez mais baixa.

O que o senhor acha do projeto do governo do estado de implantar quatro viadutos, sendo dois nos mesmos locais apontados há quarenta anos?
Que os viadutos vão melhorar pontos de conflito nesses cruzamentos e melhorar a velocidade da via, por algum tempo, eu sei que sim. Mas não sei como irão se comportar as vias radiais, que estão muito congestionadas. Fico imaginando que a Rosa e Silva, por exemplo, não tem como comportar um fluxo grande.

Mas e se os viadutos tivessem sido construídos naquela época, como poderia ser a realidade atual?
Provalvemente estariam congestionados. Mas também acredito, que se eles tivessem sido construídos há mais tempo, hoje estaríamos pensando em outras soluções, inclusive de melhoria das vias radiais. Como isso não foi feito, o passo está sendo dado agora com bastante atraso.

O senhor acredita se tratar da melhor solução para o trânsito de hoje?
O trânsito hoje está muito diferente e as ruas do entorno estão com a capacidade esgotada. Aqui mesmo onde eu moro, os engarrafamentos são constantes. Mas acredito que para eles terem tomado essa decisão, eles devem ter se baseado em estudos de tráfego. Não há como tomar uma decisão dessa sem embasamento.

Apesar de ser uma via larga, a Agamenon não tem faixa exclusiva para ônibus e muito menos ciclovia. Naquele época vocês não pensavam nisso?
Faixas exclusivas para ônibus sim. Ciclovias não. Quase ninguém andava de bicicleta naquela época. Mas em relação às faixas para os ônibus, a ideia era usar as vias locais para os ônibus. Não sei porque isso nunca aconteceu e hoje elas são ocupadas por veículos. Aliás, as vias locais são muito engarrafadas. Não era para ser assim.

De volta para o começo

 

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

 

Ou eles eram muito avançados no tempo quando projetaram sete viadutos para a Avenida Agamenon Magalhães, na década de 1970, ou estamos hoje bastante atrasados. Como explicar que projetos pensados há 40 anos podem se adequar à realidade atual?

Para o secretário-executivo de Mobilidade da Secretaria das Cidades, Flávio Figueiredo, os projetistas da década de 1970, que atuavam na administração do município e previam a construção de sete viadutos e uma ponte-viaduto na primeira perimetral, estavam antenados com a tendência da época. “A abertura de vias e a construção de elevados era muito comum. Além disso, havia facilidade para adquirir financiamentos”.

Ainda segundo o secretário, o planejamento está atrasado em pelo menos uma década. “Estamos programando uma intervenção que já deveria ter sido feita há pelo menos 10 anos. A construção dos viadutos vai melhorar a fluidez da principal perimetral da cidade e criar a opção de um corredor exclusivo de ônibus”, afirmou Flávio Figueiredo.

Segundo nota técnica da Secretaria das Cidades, cada novo viaduto da Agamenon Magalhães terá sete metros de pista, capacidade média para suportar 3.500 carros por hora – cerca de 40 mil carros por dia. Com a implantação deles, a velocidade média da via passará de 20 km/h para 30 km/h, no sentido Olinda – Boa Viagem; e de 18 km/h para 33 km/h no sentido inverso. O ganho mais significativo, explica o documento, será entre a Rui Barbosa e a Buenos Aires, cujos carros passarão de uma velocidade de 5km/h para 18km/h (Olinda-Boa Viagem) e na Paissandu, quando eles passarão de 7km/h para 40km/h (Boa Viagem-Olinda).

Mas com uma década de atraso, qual é a projeção de horizonte para os próximos anos? “A projeção será mais curta. Acredito que de 10 a 20 anos”, afirmou.  Da década de 1970 aos dias de hoje, o aumento na frota foi de pelo menos 10 vezes. Na opinião de especialistas, a projeção de capacidade de fluidez dos veículos com os viadutos projetados pelo estado, será muito menor.

De acordo com Flávio Figueiredo, o desafio do projeto estadual é de melhorar a fluidez da Agamenon Magalhães. Segundo ele, as vias do entorno, ou seja, as radiais, devem ser resolvidas em ações futuras pelo município ou pelo próprio governo do estado. “Os viadutos terão uma função específica de melhorar a fluidez da perimetral. Não irão resolver os problemas das radiais”, afirmou o secretário executivo. Ele disse ainda, que terão que ser elaboradas soluções, por exemplo, para o binário Rui Barbosa/Rosa e Silva.

Desde a década de 1970, os viadutos imaginados para a Agamenon estavam sendo protelados. Segundo o ex-presidente da Empresa de Urbanização do Recife (URB), César Barros, essa solução sempre era trazida à tona com a intenção de melhorar o tráfego, mas nas discussões os projetos eram preteridos. “A gente já tinha chegado à conclusão de que os viadutos não iriam resolver a questão do tráfego. Por isso os projetos não foram executados”, afirmou o arquiteto César Barros, que atuou na URB de 2001 a 2006. Para o arquiteto, os elevados não permitem a conexão da cidade com seus moradores.

O professor e engenheiro César Cavalcanti, especialista em mobilidade urbana, alerta para a necessidade de continuidade das obras no entorno.“Se não, após um ano já serão observadas retenções no próprio viaduto”.

Passado, presente e futuro da Agamenon Magalhães

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Uma pesquisa nos arquivos do Diario trouxe-nos à tona o que se pensava sobre a Avenida Agamenon Magalhães na década de 1970. Há mais de 40 anos, a solução apontada por arquitetos e urbanistas para acabar com os pontos de conflitos na via eram os viadutos. Hoje, não há mais unanimidade. Até quem defendeu a construção de elevados tem dúvidas. Na edição de hoje, fazemos um resgate das ideias do passado e mostramos o que elas podem significar para o futuro da primeira perimetral da cidade.

No início da década de 1970, o Recife tinha uma frota de cerca de 50 mil veículos. Já naquela época, havia uma preocupação com pontos críticos da Avenida Agamenon Magalhães. No governo de Geraldo Magalhães foram projetadas soluções de tráfego nas imediações da antiga fábrica Tacaruna e nos cruzamentos da Rua Odorico Mendes, da Avenida Norte, da Avenida João de Barros, da Rua do Paissandu e do Parque Amorim. O então prefeito, que comandou a abertura da avenida, cujas obras tiveram continuidade nos governos seguintes, chegou a deixar uma maquete com a previsão de construção de sete viadutos e a ponte da Ilha Joana Bezerra. Em nossa pesquisa, encontramos registros jornalísticos e relatos como o do arquiteto e assessor de planejamento do governo Geraldo Magalhães, Waldecy Fernandes Pinto, que participou das soluções viárias para acabar com os engarrafamentos.

Hoje, a nossa frota é 10 vezes maior, mas as ideias do passado estão sendo resgatadas com o objetivo de resolver conflitos viários e aumentar a velocidade da via. No governo de Geraldo Magalhães estavam previstos sete viadutos e mais o viaduto-ponte da Ilha Joana Bezerra. Dos sete previstos, foram erguidos quatro: o viaduto-ponte da Ilha Joana Bezerra e os viadutos Capitão Temudo, Avenida Norte e João de Barros. Na época, já se desenhava a construção dos elevados da Paissandu, Parque Amorim e Odorico Mendes, além de outro na altura da fábrica Tacaruna. Quatro décadas depois, os viadutos ressurgem para acabar com os conflitos em quatro cruzamentos. O cruzamento da Odorico Mendes, que até hoje é problemático, ficou de fora. Dessa vez, foram incluídos os cruzamentos do Parque Amorim, Paissandu, Rui Barbosa e Bandeira Filho.

De acordo com o historiador Luís Manuel Domingues, que abordou as obras viárias da Agamenon na sua tese de doutorado, foi a partir de Geraldo Magalhães que se elaborou um plano urbanístico para a via, contendo jardins, áreas de parqueamento e outras destinadas à instalação de equipamentos urbanos como área de lazer, esportes e postos de combustíveis. “Todo o conjunto de obras estava previsto para ser executado ao longo da década de 1970, durante a gestão de três prefeitos”, relatou o historiador.

Uma avenida expressa com ares de modernidade. Era assim que o prefeito Geraldo Magalhães queria que seu legado fosse lembrado. A via, no entanto, tem hoje trechos com velocidade média de 5 km/h no rush, como o cruzamento da Rua do Paissandu.

Ao final da década de 1970, a Agamenon estava praticamente concluída, no governo do prefeito Antônio Farias (1975 a 1979), que construiu o elevado do Cabanga e a segunda ponte sobre o Rio Pina. Coube ao prefeito Augusto Lucena fazer a abertura, a pavimentação e alargamento até o Derby, além do viaduto da Avenida Norte.

De acordo com o historiador, o objetivo principal era dotar a cidade de um sistema viário capaz de viabilizar o fluxo nos diversos sentidos e evitar retenções. Hoje sabe-se que o alargamento de vias e construção de elevados, somente, não resolvem os deslocamentos a longo prazo.

O que o bicheiro Cachoeira tem a ver com os Viadutos da Agamenon?

A empresa JM Terraplanagem e Construções, que compõe o Consórcio JM-Cidade, vencedor da licitação para construção dos viadutos da Avenida Agamenon Magalhães,está sendo citada nas investigações sobre o esquema de corrupção comandado pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido por Carlinhos Cachoeira. O contraventor mantinha contatos com a JM Terraplanagem, que tem tradição na construção de rodovias em áreas da Região Norte do país, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Em nota, a Secretaria das Cidades informou que o processo licitatório não foi concluído apesare de ter sido publicado hoje no Diario Oficial do Estado, O consórcio vencedor JM-Cidade. Outras quatro empresas ainda concorrem à licitação. O prazo de recurso é de cinco dias úteis e a homologação do processo está prevista para o dia 30 de maio. O consórcio vencedor apresentou a menor propsota de preço no valor de R$ 87 milhões. A obra estava avaliada pelo estado em R$ 130 milhões.

Pelo cronograma que a Secretaria das Cidades pretende manter, mesmo no caso de mudança no nome do consórcio vencedor,  é que as as obras sejam  iniciadas no mês de agosto. A previsão é que após a homologação em maio, o consórcio realize nos meses de junho e julho, o plano de circulação para ser posto em prática durantes a execução das obras.

Divulgado vencedores da licitação dos Viadutos da Agamenon Magalhães

A Secretaria das Cidades divulgou o resultado da licitação para a construção dos viadutos Bandeira Filho, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Paissandu localizados ao longo da Avenida Agamenon Magalhães. O Consórcio JM-CIDADE foi o vencedor do certame, considerando a oferta do menor preço. Os nomes dos vencedores serão publicados no Diario Oficial do Estado.

O grupo ganhador da licitação apresentou uma proposta  no valor de R$ 87 milhões para a construção dos empreendimentos. O consórcio é formado pelas empresas JM TERRAPLANAGEM E CONSTRUÇÕES e CONSTRUTORA CIDADE, sendo a primeira com sede em Brasília e a segunda em Porto Alegre.

A licitação, iniciada em 06 de março, contou com sete participantes, sendo um grupo desclassificado e outro inabilitado. As cinco empresas habilitadas terão até cinco dias úteis a partir da publicação do resultado para entrar com recurso. A homologação com o resultado definitivo da empresa ganhadora será divulgado até 30 de Maio.

A obra prevê a construção de quatro viadutos na Avenida Agamenon Magalhães, que possibilitarão a implantação do corredor exclusivo de Transporte Rápido por Ônibus (TRO). Os elevados fazem parte da segunda etapa do Corredor Norte Sul, que tem início no Tacaruna e segue até o Terminal de Integração Joana Bezerra. “A proposta da intervenção é priorizar o transporte público”, diz o secretário das Cidades, Danilo Cabral, lembrando que “a via é uma das mais importantes da capital, por onde passam cerca de 100 mil veículos por dia, cuja velocidade média em horário de pico chega a 5 km/hora em alguns trechos”.

Todo o corredor terá 37,9 km de extensão. Os quatro viadutos estarão centradas entre a Ilha do Leite e o Parque Amorim – uma extensão de 2,2 km. Eles serão construídos em 18 meses a partir da ordem de serviço. De acordo com o secretário Danilo Cabral, o fato dos viadutos serem construídos simultaneamente ou não, vai depender do plano de circulação que será entregue ao Estado antes do início das obras. “O Plano irá nos guiar para que façamos todas as rotas alternativas para os motoristas. Com as informações em mãos, faremos um planejamento do tráfego junto à Prefeitura do Recife e um grande trabalho de divulgação para informar todas as mudanças à população”, ressaltou.

Em cada cruzamento, atualmente, são cerca de 3300 veículos por hora em horário de pico (7h às 8h da manhã). Com os viadutos, estima-se que esse número de automóveis aumente para 4200 – um ganho de cerca de 30% no aumento do fluxo de carros na via. Hoje são 15 semáforos em toda Agamenon, sendo 9 de automóveis e 6 de pedestre. Com as intervenções desaparecem os 4 semáforos de automóveis localizados nos pontos de intervenção. As passarelas de pedestres e Estações serão

construídas durante a segunda etapa do Corredor Norte-Sul.

Benefícios: Com as mudanças na Agamenon, a velocidade média atual (Olinda / Boa Viagem), que é de 20,9 km/hora vai passar para 30,3 km após a construção dos viadutos, sendo o maior ganho no trecho entre a Avenida Rui Barbosa e o cruzamento com a Rua Buenos Aires, cuja velocidade atual em horário de pico é de 5 km por hora e subirá para 18km/h – velocidade quase quatro vezes maior. No trecho Boa Viagem / Olinda, a velocidade média que hoje é de 18,2 km/hora passará para 33,7 km/hora, o que significa um ganho de 54% na velocidade média do trecho. Nesse sentido, no entanto, o ganho maior será no cruzamento com a Rua Paissandu, cujos carros passarão de 7km/h para 40 km/hora – 175% de ganho na velocidade do trecho.

Corredor Norte-Sul (1º etapa) – O investimento na obra da primeira etapa (Igarassu ao centro do Recife) é de R$ 151 milhões. A intervenção passa pelos municípios de Igarassu, Abreu e Lima, Paulista, Olinda e Recife e atenderá a uma demanda de 146 mil passageiros. O percurso de 33,2 km vai ter 33 estações interligadas a quatro terminais integrados: Igarassu, Abreu e Lima, Pelópidas Silveira e PE-15. As obras desta etapa foram iniciadas em 06 de janeiro, com a restauração, reforço e substituição das placas de concreto do canteiro central de um trecho da BR-101 e ainda a construção de dois viadutos nos Bultrins.

Corredor Norte-Sul (2º etapa) – Na segunda etapa que tem início no Tacaruna até o Terminal de Integração Joana Bezerra (4,7 km de extensão), o investimento previsto é R$ 110 milhões. Neste percurso, serão construídos, além do corredor de ônibus (pavimentação de toda a via, com implantação de uma faixa segregada para os ônibus articulados), cinco passarelas para a travessia dos pedestres, nove estações no canteiro central da via. Também está previsto o alargamento dos dois viadutos da Avenida João de Barros, e o alargamento do pontilhão de cruzamento das ruas Dr. Leopoldo Lins e Buenos.

 

Fonte: Secretaria das Cidades

Por que sofremos com a Agamenon?

 

 

Coluna Mobilidade Urbana – publicada no Diario de Pernabuco – 02.04.12

Por Tânia Passos
Qualquer ação que se faça na Avenida Agamenon Magalhães, de alguma forma, traz sofrimento para todos nós. E isso acontece porque ela tem uma posição extremamente estratégica para a circulação da cidade. A nossa primeira perimetral costura os diferentes deslocamentos da cidade nos diversos sentidos. A gente já sabe que ela é vulnerável diante de qualquer interferência. Agora multiplique isso por quatro viadutos. Não é por acaso, que muitos especialistas, moradores, motoristas e o cidadão de maneira geral, se preocupam com o que está desenhado para a avenida. O discurso do governo de que a obra tem como meta abrir caminhos para o corredor exclusivo de ônibus, se sustentaria se não existissem outras alternativas. Não é o caso. Embora criticado, em alguns aspectos, o projeto de Jaime Lerner já provava que isso era possível com apenas um único elevado sobre o canal.

A blindagem feita para defender um único ponto de vista, não se justifica quando está em jogo a dinâmica da mobilidade da cidade agora e no futuro. Independente dos interesses particulares de A ou B, o impacto que os equipamentos trarão à cidade não é uma probalidade ou chute de quem torce contra, mas uma certeza. O pior é que temos uma chance única de aproveitar o volume de recursos injetados na infraestrutura, em razão da Copa do Mundo, para termos o melhor. Não teremos, pelo menos não dessa vez. E pelo visto, não temos mais tempo para uma terceira alternativa. O edital está na rua e a Copa já bate a nossa porta. É por isso que sofremos.