Fim da greve não acaba com rotina de sufoco dos passageiros no Grande Recife

Passageiros ônibus/Recife - Foto - Roberto Ramos /DP/D.A. Press

A greve dos rodoviários acabou, mas o sufoco e a falta de respeito com o usuário continuam. Andar de ônibus na Região Metropolitana do Recife é um desafio que faz parte da rotina de dois milhões de usuários do sistema. O Diario esteve ontem nos terminais de Integração da Macaxeira e da Joana Bezerra para conferir os problemas enfrentados.

O primeiro dia útil após o fim da greve foi de atrasos, calor, longas filas e insatisfação. Mas, segundo os passageiros, esse cenário é diário. E eles não acreditam em mudança a curto prazo. Os usuários entrevistados deram a nota média de 3,2 ao sistema. Alguns deram zero. A maior nota foi oito. Para os especialistas em mobilidade, é preciso priorizar o uso do transporte coletivo de qualidade e subsidiá-lo para dividir os custos da passagem que não pesem tanto no bolso apenas do usuário.

Pelo Terminal da Macaxeira passam 60 mil usuários todos os dias. É o maior do Recife. São 1,5 mil viagens diariamente. Ontem, por conta da superlotação, a passageira Valeriana Vieira, 30, só conseguiu embarcar no terceiro ônibus. Os outros dois estavam cheios. A bartender, que seguia para a casa da mãe, em Sucupira, em Olinda, viajou a pé. “Os ônibus estavam lotados, as pessoas furaram fila e eu não consegui subir. Sofremos todos os dias”, disse.

Atualmente, pouco mais de 80% dos usuários usam o Anel A, que custa R$ 2,15. O Anel B é usado por outros 14%. Nos últimos oito anos, o preço da tarifa subiu 34,4%. O secretário do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Diógenes da Silva, avalia o atual sistema como precário. “Prova disso é que mesmo antes da greve os usuários já demonstravam insatisfação”.

Para o consultor em mobilidade, César Cavalcanti, o atual sistema tropeça numa “fórmula paradoxal”. Não é possível reduzir o preço das passagens e aumentar a qualidade ao mesmo tempo. “Essa é uma conta que não fecha”, disse. Estimular o uso dos ônibus e subsidiar o transporte público seriam soluções. “Quem paga a conta é o usuário.O passageiro não tem condições de arcar com tudo”, contou. Na Europa, cerca de 50% das receitas do transporte vêm de fontes extratarifárias.

Por nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte disse que o Terminal da Joana Bezerra, terá um “novo equipamento, orçado em R$ 9,4 milhões, que será entregue em outubro”. Sobre o Terminal da Macaxeira, a nota afirmou que “existe um projeto de construção de um novo equipamento”.

Periferia longe dos olhos da CTTU

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Tânia Passos

Quando se pensa em ordenamento do trânsito, o Centro do Recife e os grandes corredores viários surgem como os principais alvos de ações da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Se muitos acham que o esforço concentrado ainda não surtiu os efeitos esperados nesses pontos, imagine a situação nos bairros da periferia, onde a presença de um agente de trânsito ainda é artigo de luxo. Essa ausência, há muito sentida, começa a mudar em alguns pontos, onde o órgão de controle urbano está desenvolvendo ações no entorno dos mercados públicos. Um alento, mas quase nada para a demanda existente nos bairros com frota de veículos crescente. São carros demais em ruas estreitas e ocupadas pelo comércio informal.

Na Bomba do Hemetério, Zona Norte, a via principal é o retrato de muitas outras da periferia da cidade. O comércio informal avança sobre os passeios e, às vezes, sobre a faixa de rolamento. Soma-se a isso motoristas que estacionam onde acham conveniente. O comerciante José Carlos da Silva tem um estabelecimento na via há mais de duas décadas e diz que o trânsito está pior. “Aqui nunca tivemos a presença de agentes de trânsito, mas antes eles não faziam falta”, revelou. Dono de uma farmácia, Euzébio Félix, 69 anos, é mais enfático. “Não é que a gente precise que a fiscalização seja intensificada. A questão é que não temos fiscalização nenhuma. Fomos esquecidos”, afirmou.

O Diario visitou outros bairros da Zona Norte. No entorno do Mercado de Beberibe, onde antes o comércio informal ocupava calçadas e ruas, a situação melhorou. Os comerciantes locais informaram que um agente de trânsito trabalha no local. No dia em que a nossa equipe esteve no bairro, no último dia 2, não encontramos nenhum agente e havia carros estacionados em local proibido.

Já no Terminal do Vasco da Gama, uma área que sempre foi crítica, encontramos um orientador de tráfego terceirizado pelo município, que tentava impedir que os motoristas estacionassem na via. “Eles podem parar só um instante para colocar as compras no carro, mas a ordem é não deixar estacionar”, afirmou o orientador Alcir Arouxa.

De acordo com a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, a fiscalização na periferia é comprometida pelo quadro de agentes. “Fiscalizamos áreas que contaram com ações do controle urbano, mas a prioridade ainda é o Centro e os grandes corredores. Não temos efetivo suficiente. São 100 agentes por dia”, disse a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife informou que 20 agentes de trânsito estão distribuídos em pontos estratégicos dos bairros de Beberibe, Água Fria, Casa Amarela, Nova Descoberta, Afogados Prado e Ibura. O Diario não encontrou agentes de trânsito nos bairros de Beberibe, Água Fria e Nova Descoberta, no último dia 2, entre as 10h e as 13h.

 

Até quando o usuário terá que pagar a conta sozinho?

 

Fotos - Paulo Paica DP.D.A.Press

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Ana Cláudia Dolores

Um sistema caro, de má qualidade e que ainda é bancado pelo cidadão. No Brasil, o transporte público é quase todo financiado pelo usuário. Nos países que são comprometidos com a sustentabilidade e a qualidade dos centros urbanos, estado, iniciativa privada e sociedade civil formam um pacto e todos assumem sua parcela de responsabilidade. Aqui, os subsídios ainda encontram resistência, mas são necessários para encerrar o ciclo vicioso.

Um sistema caro, de má qualidade e que ainda é bancado pelo cidadão. No Brasil, o transporte público é quase todo financiado pelo usuário. Nos países que são comprometidos com a sustentabilidade e a qualidade dos centros urbanos, estado, iniciativa privada e sociedade civil formam um pacto e todos assumem sua parcela de responsabilidade. Aqui, os subsídios ainda encontram resistência, mas são necessários para encerrar o ciclo vicioso.

Não é à toa que essa proposta é estranha aos brasileiros. A política histórica do governo tem sido a de beneficiar o transporte privado em vez do público. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos de autopasseio, em vigor, é um exemplo de como esse modal é estimulado. Nesta semana, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nota técnica na qual mostra o quanto o transporte público foi desprezado no Brasil. Na última década, ficou relativamente mais barato andar de carro que de ônibus na média das cidades.

“Claro que vamos enfrentar resistência para derrubar essa lógica de privilegiar o privado. Mas quando a população começar a ver as melhorias, vai acabar se convencendo de que os subsídios são importantes”, assinalou o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho. Na Europa, cerca de 50% das receitas do transporte vêm de fontes extra tarifárias, principalmente dos orçamentos dos governos. “Existem outras possibilidades, como taxar estacionamentos em áreas públicas, gasolina ou o usuário do carro, que se beneficia com vias mais livres”, exemplificou.

Não se pode perder de vista o objetivo do subsídio. “São Paulo adotou o bilhete único para que as pessoas andassem por mais tempo pagando uma só passagem, mas não melhorou o serviço. Subsídio só vale a pena quando não é eleitoreiro e garante qualidade”, sacramentou Germano Travassos.

 

Presidente do Urbana fica numa saia justa e não explica a relação entre custo e lucro das empresas de ônibus do Grande Recife

A jornalista Ana Cláudia Dolores entrevistou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira, após uma dura semana para os recifenses numa greve dos motoristas de ônibus que durou cinco dias.Bandeira fica numa saia justa e não consegue explicar uma matemática simples: a relação entre custo e lucro. confira a entrevista.

Fernando Bandeira - reprodução internet

As operadoras concordam com o cálculo da tarifa pelo IPCA?
O IPCA é o menor índice de correção. Nem sempre a inflação do segmento é a devida e muitas vezes não demonstra a realidade do setor. Isso pode gerar distorções, tanto que hoje ela é a menor tarifa do Brasil.

O que vocês fizeram para não ficar no prejuízo? 
Fizemos muita luta, sacrifício e trabalho, economizando em tudo. A situação do sistema hoje é frágil. Não tenho os dados na minha mão, mas fizemos investimentos em renovação de frota. Logicamente, ficamos bastante endividados, mas foi uma forma de ter menos gastos com manutenção.

Que gastos tiveram no período e o lucro?
Não sei. Estou num movimento paredista. O órgão gestor tem tudo isso, essas planilhas, eles têm tudo. Há sete anos que não se dá aumento por planilha. Como é que eu vou ter as planilhas? Quem define as tarifas não são as empresas. Onde já se viu a gente ter planilhas de custo?

Vocês não sabem nem quanto lucraram?
Não tenho condições de responder a essa pergunta neste momento. Se você tivesse me dito antes a respeito dessa entrevista, teria me informado melhor. Não tenho dados do sistema e não estou preparado. Não tenho uma super memória.

Vocês gostariam de rever essa metodologia do cálculo pelo IPCA?
Não cabe a nós essa decisão, mas ao órgão gestor. Somos uma economia dirigida. Mas realmente isso causa enfraquecimento das empresas.

A entrevista foi feita por telefone dois dias depois de solicitada pelo Diario.

Segunda-feira com 100% da frota de ônibus na Região Metropolitana do Recife

Ônibus Recife - Foto - Toberto Ramos DP.D.A.Press

Encerrada a greve dos rodoviários no último sábado (6), nesta segunda-feira (8), a rotina de milhares de trabalhadores deve voltar ao normal. A promessa é de que os motoristas retomem as atividades com 100% da frota da Região Metropolitana do Recife. A categoria tem 24 mil profissionais em Pernambuco.

O acordo foi firmado após os rodoviários concordarem com o o reajuste de 7% determinado pela Justiça do Trabalho. “A gente decidiu junto com a categoria que, desde que fosse fechado o acordo, todos voltariam ao trabalho. Agora a nossa luta é para mudar a representação que está aí no sindicato se perpetuando há mais de 30 anos”, disse Aldo Santos, líder da oposição ao sindicato, sob o comando de Patrício Magalhães, no cargo há 33 anos.
Dentre as resoluções, os grevistas não terão os salários descontados em função dos dias parados e nem serão demitidos ou punidos, exceto os que participaram de atos de vandalismo. O sindicato patronal informou, ainda, que os cerca de 500 motoristas, cobradores e fiscais que tinham sido admitidos pelas empresas para suprir as atividades dos grevistas, estes permanecerão admitidos. O único ponto indefinido do acordo foi a multa imposta aos grevistas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de R$ 100 mil por dia parado.

Mobilidade Sustentável para um Brasil competitivo

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) realiza o Seminário Nacional 2013 “Mobilidade Sustentável para um Brasil competitivo”.

 O evento tem o propósito de discutir novas técnicas, produtos e soluções para a gestão eficiente da mobilidade nas cidades, promover a sustentabilidade e garantir maior qualidade de vida aos cidadãos.

Especialistas da Europa, das Américas e do Brasil vão debater exemplos internacionais sobre como a mobilidade urbana sustentável tornou-se um forte fator de competitividade e inovação para as cidades. A NTU também traz cases do exterior sobre como operar sistemas BRT com qualidade.

Além dessa temática, a NTU vai promover o painel “Observatório da Copa das Confederações” em que será debatida a mobilidade urbana nas cidades-sede do evento durante os dias de jogos.

 Programação

03/07 (quarta-feira)

12h00 – Credenciamento
14h30 – Abertura da Feira Transpúblico 2013
22h00 – Fechamento da Feira

04/07 (quinta-feira)

FEIRA TRANSPÚBLICO
09h00 – Abertura
22h00 – Fechamento

SEMINÁRIO NACIONAL

10h00 – Abertura

10h30 – Palestra “Saúde urbana e mobilidade sustentável”
Palestrante
• Doutor Carlos Dora – Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS.

11h30 – Debates

12h30 – Almoço

14h00 – Painel “Observatório da Copa das Confederações 2013”
Apresentação de relatório técnico da NTU durante os Jogos e, posteriormente, debate com especialistas sobre o desempenho da mobilidade nas cidades-sede da Copa das Confederações.

15h30 – Debates

16h00 – Painel “Mobilidade urbana sustentável como fator de competitividade e produtividade”
Apresentação de cases e estudos internacionais, com especialistas dos Estados Unidos e da França, sobre as soluções adotadas pelas cidades em prol do desenvolvimento.
Palestrantes
• Glen Weisbrod – especialista em desenvolvimento econômico.
• Jerome Pourbaix – diretor de Política e Promoção da Associação Internacional do Transporte Público (UITP).

17h30 – Debates

18h00 – Encerramento

05/07 (sexta-feira)

FEIRA TRANSPÚBLICO
09h00 – Abertura
22h00 – Fechamento

SEMINÁRIO NACIONAL

10h00 – Painel “Operando sistemas BRT com qualidade” 
Apresentação de cases sobre a operação de sistemas BRT com exemplos de sucesso na América Latina e no Brasil.
Palestrantes
• Luis Ricardo Gutiérrez – secretário-geral da Associação Latino Americana de Sistemas Integrados e BRT (SIBRT).
• Mario Valbuena – consultor internacional.
• Richele Cabral – diretora da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).

11h30 – Debates

12h30 – Almoço

14h00 – Painel “Reflexos da mobilidade urbana no custo Brasil”
Mesa redonda com a participação de representantes dos setores da indústria, transportes, comércio e serviços e do Governo Federal.
Palestrantes
• Otávio Vieira da Cunha Filho – presidente da NTU.
• José Antônio Martins – vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
• Antonio José Domigues de Oliveira Santos – presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
• Luigi Nesse – presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS).
• Humberto Luiz Ribeiro – secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

15h30 – Debates

16h00 – Encerramento

Transtorno na volta para casa por causa da greve dos ônibus no Recife

 

Paradas recife - Foto - Anamaria Nascimento DP/D.A.Press

O metrô aumentou a quantidade de trens, mas a volta para casa ainda é incerta para os usuários. Algumas empresas estão contratando transporte para os funcionários. Mas a maioria fica nas paradas sem saber quando vão conseguir transporte.

Motoristas, cobradores e fiscais de ônibus entraram em greve a zero hora desta segunda-feira. Até agora não houve consenso nas negociações. Os usuários vão precisar de muita paciência. A maioria dos ônibus que partem de Olinda e Paulista com destino ao Centro do Recife pela Avenida Cruz Cabugá não está completando o trajeto.

Após o Shopping Tacaruna, em Santo Amaro, eles retornam deixando os passageiros perdidos. Muitos largaram mais cedo do trabalho para tentar voltar para casa e passaram duas horas na espera. Outros sentam na grama e compram pipoca para passar o tempo.

A equipe de reportagem do Diario de Pernambuco passou 30 minutos no local e somente um ônibus passou para atender a demanda.

Para solucionar o problema, muitas empresas fretaram ônibus particulares para levar os funcionários aos principais terminais de transporte coletivo. Na Rua da Aurora, por exemplo, os trabalhadores da Contax podem pegar ônibus para a Estação Recife, do metrô, Pelópidas Silveira, entre outras.

Metrorec faz mapeamento de novas linhas no Recife

Metrô Recife - Arquivo/DPPor

Tânia Passos

Imagine sair de Boa Viagem de metrô até a Praça do Carmo, em Olinda. O percurso inimaginável hoje faz parte de uma das dez possibilidades de expansão do metrô do Recife, a partir de estudos internos do Metrorec. Também entre as possibilidades está uma linha entre Cajueiro Seco e a Cidade Universitária. Ao todo, 12 linhas passariam a atender o Recife e cidades metropolitanas. Seria metrô ou VLT para todo o lado. O corpo técnico do metrô estuda as linhas possíveis, mas que dificilmente sairão do papel. No caso de uma mudança na aposta da matriz de transporte, entretanto, o cenário de hoje pode ganhar um novo desenho.

Mapa metrô recife - CBTU/Divulgação
As duas linhas existentes estão inseridas no Sistema Estrutural Integrado (SEI), mas não conseguem resolver problemas de mobilidade. O metrô ficou praticamente de costas para a cidade. De acordo com o gerente de manutenção do Metrorec, Bartolomeu Carvalho, tanto a linha Centro quanto a Sul estiveram atreladas a vetores de crescimento. “A Linha Centro pretendia estimular o crescimento na área Oeste da cidade, com a implantação do Terminal Rodoviário e um centro administrativo, que não chegou a ser implantado. Isso poderá mudar com a cidade da Copa”, disse.

Já a linha Sul aproveitou a existente para atender o vetor de crescimento de Suape. “O momento agora é de olhar metrô e VLT como opções de mobilidade. Nós temos estudos internos, mas somos um órgão operador. Não elaboramos projetos. A iniciativa fica com os gestores públicos”, afirmou.

Mapa 12 linhas no metrô do Recife - Arte/DP
Um dos maiores defensores do modelo ferroviário, o engenheiro e professor da UFPE Fernando Jordão, acredita que para mudar a matriz de transporte é preciso troca de paradigma do gestor. “Se ele acreditar que o transporte ferroviário é a melhor opção a longo prazo, os investimentos que são considerados caros valerão a pena”, afirmou. Ele conta que o metrô do Recife foi inaugurado em 1985 com quatro trens e 25 composições, e até hoje esses veículos estão em operação. “A vida útil de um ônibus é de sete anos. Isso significa que em 28, a frota do Recife mudou quatro vezes”, observou Jordão.

Por partes
Na concepção da melhoria do transporte público, a especialista em mobilidade Regilma Souza acredita que é preciso começar pela defesa de corredores exclusivos para os ônibus. Esses espaços podem ser usados por BRT ou VLT, onde puderem ser feitas mudanças. “É preciso melhorar o transporte onde puder. Mas não teremos metrô ou VLT em tudo: os R$ 50 bilhões não dariam”.

Segundo Regilma, o VLT é mais compatível com a demanda hoje, mas quando não for possível, deve dar prioridade ao ônibus e manter o espaço preservado para o futuro. “No caso da Avenida Agamenon Magalhães, havia um projeto de VLT. Então, mesmo que seja ocupado pelo BRT, nada impede que no futuro mude para VLT”, afirmou. Bartolomeu Carvalho disse que o Metrorec apostava no VLT para os corredores do SEI, mas acabou não acontecendo. “Esperávamos VLT na Caxangá, Avenida Agamenon Magalhães e na BR-101, no contorno Recife, mas a opção rodoviária prevaleceu”.

Hora de investir no metrô do Recife

Metrô do Recife - Foto - Jjaqueline Maia DP.D.A.Press

Por

Tânia Passos

Há 30 anos, eram iniciadas as primeiras obras do metrô do Recife, inaugurado dois anos depois. Em três décadas, o sistema alcançou 39,5 quilômetros de extensão com apenas duas linhas: Centro e Sul. A última só começou a operar em 2005. Embora seja o principal modal de transporte de massa da cidade, está longe de ter sido prioridade, e ainda não conseguiu se inserir na dinâmica urbana do Recife.

O estado acompanhou a opção nacional de priorizar o transporte rodoviário, inclusive nos investimentos para a Copa de 2014. Diante da insatisfação do atual modelo de transporte, com manifestações em todo o país, a presidente Dilma Rousseff fez uma autocrítica. Segundo ela, está na hora de mudar a matriz do transporte e priorizar o sistema ferroviário, seja metrô ou Veículo Leve sob Trilho (VLT). A presidente disponibilizou investimentos da ordem de R$ 50 bilhões. A oferta pegou o estado de calça curta. Pernambuco não tem nenhum projeto para ir em busca de uma fatia desses recursos para o transporte ferroviário. O que há são possibilidades de expansão baseadas em estudos internos do Metrorec.

A aposta pelos corredores exclusivos de ônibus no modelo BRT (Bus Rapid Transit), febre nas cidades-sede da Copa do Mundo, teve como base, na Região Metropolitana do Recife, o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU). De acordo com a engenheira e especialista em mobilidade urbana Regilma Souza, que participou da elaboração do PDTU, três fatores contribuíram para o estado decidir pelos corredores de ônibus: custo, prazo e demanda. “A médio prazo, a demanda será atendida pelos ônibus.

A longo prazo, o metrô é alternativa importante. Mas desde que o espaço do corredor seja preservado, o modal pode ser substituído no futuro, sem problemas”, afirmou. Sobre a mudança na matriz do transporte, a engenheira fala na necessidade de incluir a sociedade nessa discussão. “Isso irá envolver as questões urbanas. É bom que a sociedade seja inserida na discussão”.

Para a área urbana da cidade, o professor de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Jordão defende o uso do VLT. “Ele tem uma capacidade de transporte maior que o ônibus, polui menos e ocupa apenas quatro metros da via (o BRT ocupa sete). Tem mais flexibilidade de se inserir na malha existente. O metrô precisa de uma via segregada e deve ser alternativa a corredores de grande demanda”.

O corredor da Avenida Norte, que tem projeto pronto para o BRT mas ainda sem recursos liberados, talvez possa dispor do VLT, que poderia ser inserido no corredor da Avenida Norte. “Basta fazer uma mudança de modal”, lembrou Regilma Souza. A assessoria de imprensa da Secretaria das Cidades informou que o estado irá aguardar os critérios para o uso da verba federal. Mesmo sem projeto, há interesse em buscar recursos para as obras viárias.

Greve dos motoristas de ônibus do Recife paralisa o trânsito

ônibus greve Recife - Hoto - Toberto Ramos DP.D.A.Press

Quem depende do transporte público de passageiros enfrenta um dia de dificuldades na manhã desta segunda-feira. Desde a zero hora, os motoristas, cobradores e fiscais de ônibus cruzaram os braços por tempo indeterminado. No início da manhã, asituação ficou complicada no Terminal Integrado de Joana Bezerra, com uma multidão à espera dos coletivos. As pessoas estao aguardando em média uma hora para conseguir entrar em um coletiv, que estão saindo superlotados.

Apesar do transtornos, nenhum incidente foi registrado. Além da segurança interna do terminal, seis policiais militares estão no local, acompanhando a situação.

A situação mais tensa é vivida na PE-60, no Cabo de Santo Agostinho. Grevistas estacionaram um ônibus atravessado na rodovia, que está bloqueada nas imediações do Shopping Costa Dourada. O protesto causa um enorme congestionamento no sentido Recife – Cabo.

De acordo com determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT), oitenta por cento dos ônibus devem estar circulando nos horários de pico (das 5h às 7h30 e das 17h às 19h30). As empresas estão proibidas de contratar motoristas terceirizados e de demitir os grevistas. A categoria pede um reajuste de 33%, enquanto a classe patronal oferece 3%.

Com informações do repórter Glynner Brandão