Plano de Mobilidade do Recife vai finalmente priorizar o pedestre

Pedestres aubda não são prioridade no trânsito do Recife Foto: Peu Ricardo Especial D.A/Press
Pedestres aubda não são prioridade no trânsito do Recife Foto: Peu Ricardo Especial D.A/Press

Integrante do Sistema Nacional de Trânsito, o pedestre sempre foi um corpo estranho nas vias dominadas pelos veículos motorizados. A travessia nas ruas é quase sempre um pedido de licença para passar nos trechos onde não há semáforo que obrigue o veículo a dar a vez. No ano passado, 249 pessoas foram atropeladas no Recife e este ano até maio já são 77 atropelamentos. O futuro Plano de Mobilidade da cidade terá um olhar especial para o pedestre desde a redução da velocidade das vias para até 50km/h, onde hoje o limite é de 60km/h, até a logística da circulação onde a preferência até então tem sido do carro.

A padronização dos passeios e opções de modelos de negócios com a iniciativa privada para a viabilização da requalificação das calçadas, não só é possível como é o ponto de partida para uma cidade sustentável e inclusiva. Para ter ideia do tamanho do desafio, o Recife tem 2.733 quilômetros de ruas. Se levarmos em conta que há calçada nos dois sentidos, com uma largura (ideal) de dois metros, teríamos quase 11 km² de calçadas para serem padronizadas. O estudo vai aprofundar o que já temos e o que ainda precisamos fazer a curto e longo prazos.

Um manual de padronização da calçada também será entregue junto com o plano. “Desconto no IPTU é uma das alternativas estudadas, mas nada impede que surjam outras possibilidades, que possam ser previstas dentro do plano”, explicou o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas da Silveira (ICPS), o arquiteto e urbanista João Domingos.

Melhorar a qualidade dos passeios é um passo que fundamental, que não pode ser encarado apenas para determinados corredores. O Plano de Mobilidade tem a missão de cobrir toda a cidade e não é preciso ir muito longe para se deparar com as dificuldades. Na Rua da Hora, no bairro do Espinheiro, além das árvores frondosas que ocupam parte das calçadas, há passeios com menos de meio metro de largura. A dona de casa Dagmar Vilela, 54 anos, tenta se equilibrar. “Se vier duas pessoas, uma tem que ir para a pista”, explicou.

Na mesma calçada, dois postes ocupam toda a área do passeio e para o pedestre sobra apenas a faixa de rolamento. Mesmo quando há espaço, o desnível do piso impede a acessibilidade. “Com essas calçadas é impossível passear com o bebê de carinho”, revelou a nutricionista Cíntia Vila, 29 anos.

A falta de qualidade no pavimento é um dos aspectos físicos que não oferecem o mínimo conforto, mas há ainda a questão da circulação onde a sinalização privilegia o carro. “A gente está correndo atrás do mínimo, que é oferecer a melhor travessia para o pedestre, incluindo o tempo do semáforo e a redução na velocidade das vias para 50 km/h”, explicou o secretário executivo do ICPS, Sideney Schreiner.

A ciência já comprova que a redução da velocidade aumenta as chances de sobrevivência da vítima. “Nós vamos seguir uma tendência mundial. Em alguns lugares, como na França, essa redução é de 30 km/h”, ressaltou João Domingos, presidente do ICPS.

A experiência da Zona 30 já vem sendo adotada pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). “Também já é comprovado que a velocidade menor ajuda na fluidez. É um erro achar que aumentando a velocidade chegará mais rápido por uma razão simples: todos querem ao mesmo tempo passar por um funil e acaba travando”, comparou Sideney Schreiner.

No plano, uma das expectativas é que ajude a mudar a descontinuidade da linha natural de percurso no sistema de circulação da cidade. Hoje, o pedestre precisa fazer um verdadeiro malabarismo se quiser atravessar na faixa. “O esforço tem que ser do carro e não do pedestre”, ressaltou João Domingos.

O pedestre no Plano de Mobilidade:
– Ruas das pessoas
– Zonas sem carros
– Padronização das calçadas
– Instrumentos de incentivos à manutenção dos passeios
– Punição à falta de manutenção
– Avanço de calçada sobre a área de estacionamento
– Avanço da calçada sobre a via nas esquinas
– Redução na largura da faixa ao mínimo (3,50 a 3,00) para readequação de calçadas
– Estudo e requalificação das escadarias nos morros, conexão com o transporte público

Instrumentos de incentivo à consevação dos passeios:
– Desconto do IPTU
– Alternativas a serem estudadas
– Multas para quem descumprir
– PCR assumi custos e cobra do responsável

Problemas dos passeios:
– Calçadas inexistentes
– Calçadas estreitas
– Falta de acessibilidade
– Rebaixamento inadequado do meio fio
– Falta de arborização
– Falta de iluminação
– Falta de sinalização

Travessia de pedestre:
– Facilitar a travessia para as pessoas
– O esforço é do carro
– Padronização dos elementos em nível
– Plano de implantação de passarelas

Prioridade dos investimentos:
– Calçadas que atendem equipamentos públicos
– Polos geradores de viagens
– Grande investimentos
– Centralidades
– Corredores de Transporte Público[]
– Acesso das estações de metrô/VLT/BRT e paradas de ônibus
– Amarrar investimentos à via e não ao asfalto

Fonte: Plano de Mobilidade do Recife (em contrução)

Pedestres sem vez na Avenida Cruz Cabugá, corredor do BRT no Recife

Ser pedestre na Avenida Cruz Cabugá não exige apenas disposição para superar a ausência de passeios seguros, mas também um pouco de sorte. Até mesmo para quem não vai atravessar a via de um lado para outro, mas deseja apenas caminhar no sentido do fluxo.

Falta calçada na Avenida Cruz Cabugá ao lado de uma das estações de BRT. Foto: Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
Falta calçada na Avenida Cruz Cabugá ao lado de uma das estações de BRT. Foto: Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

Um trecho complicado para quem anda a pé fica entre a Avenida Norte e a Rua Araripina, entre três quarteirões e quase um quilômetro de extensão. A opção de acessibilidade é zero e os pedestres enfrentam riscos por serem obrigados a caminhar na pista em um dos principais corredores de tráfego da Zona Norte e por onde passa o corredor Norte/Sul.

Há pelo menos duas situações que são emblemáticas e que tiveram ações diretas do poder público para resolver questões pontuais sem levar em conta as necessidades de deslocamento do pedestre. Em um dos pontos, nas imediações faixa de pedestre da estação do BRT na esquina da Rua Araripina, em um dos lados não existe calçada e o percurso é feito entre um trecho de areia da obra inacabada da Secretaria das Cidades, ou pela pista mesmo.

De acordo com o secretário executivo da pasta, Gustavo Gurgel , a calçada que falta será feita entre o fim de maio e começo de junho. “Teremos a calçada pronta quando a estação começar a funcionar”, afirmou. Até lá, fica como está.Para quem continua o percurso no sentido da Avenida Norte, ou faz o caminho inverso, irá se deparar também com outra situação. Dessa vez, entre a Rua 24 de agosto e a Avenida Norte, cujo quarteirão teve toda a calçada interditada em razão de risco de desabamento de uma marquise.

A ação foi feita por recomendação da Defesa Civil do município. Em nota, a Secretaria de Controle Urbano e Mobilidade justifica a interdição para evitar risco para pedestre. Só não oferece alternativa de separar parte da pista para quem faz a caminhada seguindo a sua linha de desejo.“É bastante complicado andar por aqui. A gente tem que olhar se vem carro e dar uma carreira para não ser atropelado”, Berenice Pereira, 30 anos, operadora de telemarketing

Pedestres se arriscam pela pista na Avenida Cruz Cabugá. Um quarteirão foi interditado por causa da ameaça de desabamento de uma marquise. E as pessoas não tem por onde passar. Foto: Guilherme Veríssmo DP/D.A.Press
Pedestres se arriscam pela pista na Avenida Cruz Cabugá. Um quarteirão foi interditado por causa da ameaça de desabamento de uma marquise. Foto: Guilherme Veríssmo DP/D.A.Press

Sem opção, o pedestre se arrisca entre os veículos. E para piorar o trecho interditado da marquise é uma parada de ônibus e os usuários são obrigados a seguir pela pista. “A gente pode se livrar da marquise, mas pode ser atropelado por um ônibus”, criticou a supervisora Michele Silva, 24 anos. Ainda segundo a assessoria, o pedestre tem a opção de atravessar para o outro lado da pista e seguir pela calçada oposta. Simples assim.

Saiba Mais

Perfil da Avenida Cruz Cabugá
– 22 mil veiculos circulam pela via
– 240 mil pessoas transportadas
– 58 linhas passam pela via
– 6 estações de BRT do corredor Norte/Sul
– 4  estações de BRT estão em operação

Fonte: CTTU e Grande Recife

Faixa, o solo sagrado do pedestre

 

Faixa de pedestre no Centro do Recife. Foto - Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
Faixa de pedestre no Centro do Recife. Foto – Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

Em dez anos de atuação, o departamento de educação para o trânsito da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), que conta com seis pessoas para pensar as estratégias das campanhas educacionais para uma cidade com 1,5 milhão de pessoas, não conseguiu avançar em um ponto crucial: convencer o pedestre de que ele é a parte mais frágil do trânsito e de que a faixa é o lugar mais seguro.

Das seis mil faixas do Recife, quase metade dispõe de semáforo. A outra metade depende de uma combinação de prudência e respeito entre motoristas e pedestres. À frente do departamento, desde que a CTTU foi fundada, o pedagogo Francisco Irineu costuma dizer que o maior inimigo do pedestre é ele mesmo. Há cinco anos, o departamento ganhou a colaboração da trupe de arte-educadores. Eles são  chamados para eventos como semana do trânsito e volta às aulas.

O personagem faixa amiga é um dos trunfos para fazer o pedestre aprender a ter outros olhos para a faixa. Mas a educação tem que ser permanente. “A educação tem que fazer parte do dia a dia. As pessoas precisam ficar cientes da responsabilidade com a vida delas”, ressaltou Francisco Irineu.

Mesmo com as dificuldades, ele diz que já houve alguns avanços como a faixa de pedestre do Shopping Plaza e a do Marco Zero. “A faixa de pedestre do Marco Zero, nem sempre tem um orientador e já presenciei os motoristas parando para dar a vez ao pedestre, mas ainda não são todos”, admitiu.

Na faixa de pedestre do Marzo Zero, o orientador de tráfego ajudou na travessia, mas houve pedestre que  não teve paciência de esperar. Nem todos são imprudentes. A técnica em segurança Elilde dos Santos, 35 anos, só atravessa quando se sente segura. “ Os motoristas param quando tem um grupo grande, mas quando tem pouca gente é melhor aguardar ajuda do agente de trânsito ou esperar não vir carro”, disse.

Nos últimos dois anos, a CTTU renovou a pintura de 300 faixas em frente às escolas. Segundo a assessoria de imprensa não planos, por enquanto, de implantar novas faixas na cidade. A meta é cuidar da manutenção e sinalização viária das faixas existentes.

Saiba Mais

O caminho e os desafios do pedestre
1,5 milhão é a população do Recife
664 mil é a frota da capital
1 milhão de veículos circulam pela cidade
6 mil faixas de pedestre existem no Recife
2,6 mil faixas em média dispõem de semáforos
653 semáforos estão distribuídos nos cruzamentos da cidade
1 semáforo tem de duas a quatro faixas
3,4 mil faixas em média não têm sinalização eletrônica

Fonte: CTTU e Detran

Descuidos de pedestres que podem ser fatais

Aumenta o risco de acidentes para pedestre que fazem travessia falando ao celular Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Aumenta o risco de acidentes para pedestre que fazem travessia falando ao celular Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Os pedestres estão morrendo mais. No Recife, pelo menos uma pessoa é atropelada por dia no trânsito. Um levantamento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) registrou 398 atropelamenos no ano passado, uma média de 33 acidentes por mês. O percentual é quase 5% maior do que o registrado em 2012. Em todo o estado, o número de mortes por atropelamento aumentou 13,3% no mesmo período.

Pedestre digita mensagem no celular em plena travessia Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Pedestre digita mensagem no celular em plena travessia Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press

As estatísticas oficiais não revelam as causas dos atropelamentos, mas além da culpa de motoristas que não respeitam as normas, outro viés começa a despertar preocupação de analistas: o comportamento pouco cuidadoso do pedestre com a própria vida.

Atravessar fora da faixa, usar fones de ouvido, falar ao celular e digitar mensagens enquanto caminha são algumas das ações que potencializam o risco de mortes. O Diario flagrou esse tipo de cena em dois pontos do Centro do Recife: Rua do Hospício e Avenida Guararapes.

A travessia fora da faixa é quase uma regra para quem não quer “perder tempo”. O uso de equipamentos eletrônicos nas travessias é um fenômeno relativamente recente e pouco estudado, porém tão danoso para o pedestre quanto para o motorista.

“As novas tecnologias estão tirando as pessoas do real e o risco é gerar abstração que pode trazer complicações para a vida. É um comportamento social novo que precisa ser estudado”, avaliou o engenheiro e consultor em trânsito Carlos Guido. Segundo ele, da mesma forma que dirigir falando ao celular equivale a dirigir embriagado, caminhar conversando ao celular tem o mesmo perigo. “Do ponto de vista do cérebro, o risco é o mesmo”, afirmou.

Pedestre caminha com fone no ouvido pelas ruas do Recife Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Pedestre caminha com fone no ouvido pelas ruas do Recife Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

A professora Aglaé Costa, 35 anos, nunca larga o celular e na rua usa o fone de ouvido para ouvir música ou atender alguma ligação. “Mas eu costumo usar o fone só em um ouvido. O outro fica livre para ouvir alguma buzinada”, justificou.

Também consultor em trânsito, o sociólogo Eduardo Biavati faz outro alerta. “Não é só o pedestre que está no mundo da Lua e desconectado com o trânsito, o motorista também. E é o motorista quem atropela. Ou se toma alguma providência ou a gente não sabe onde isso vai parar”, criticou.

A calçada dos sonhos pretende resgatar espaço perdido para o pedestre sem mexer nas árvores

 

Calçada construída com recuo para plantio de árvores, em Poço da Panela, segundo a Lei dos 12 Bairros - Recife - Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Calçada construída com recuo para plantio de árvores, em Poço da Panela, segundo a Lei dos 12 Bairros – Recife – Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

Uma tentativa de resgatar espaço para os pedestres, após décadas de omissão da legislação de uso e ocupação do solo, começa a se desenhar a partir de um plano de incentivo ao aumento da área das calçadas. O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira está concluindo um estudo para viabilizar financeiramente uma espécie de troca de “favores”.

A ideia é que condomínios ou casas residenciais possam devolver espaços às calçadas fazendo um recuo no muro do imóvel e em troca o município poderá bancar a obra. Esse recuo pode ser em toda a extensão do imóvel ou apenas fazendo uma espécie de S para contornar obstáculos a exemplo das árvores.

A proposta que deverá constar na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2015, deve ser apresentada neste semestre. “Os condomínios vão poder pleitear fazer parte desse programa de incentivo. E nós vamos priorizar os bairros mais arborizados e de muros altos, que dificultam a acessibilidade do pedestre”, explicou a presidente do Instituto, Evelyne Labanca.

Calçcada toda ocupada por uma árvore. O proprietário que quiser fazer recuo no muro, a PCR bancará a obra - Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Calçcada toda ocupada por uma árvore. O proprietário que quiser fazer recuo no muro, a PCR bancará a obra – Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

O tamanho do incentivo será definido no estudo. “A gente quer propor uma alternativa que seja viável ao município, mas que também atraia os proprietários dos imóveis”, explicou. O resgate dos espaços para o pedestre é uma forma de reduzir uma dívida histórica do município. Segundo os urbanistas, a legislação de uso e ocupação do solo do Recife sempre esteve omissa em relação à área de passeio.

O dono do lote não era obrigado a fazer recuo para liberar o trecho de calçada e o sistema viário, por sua vez, definia a largura da via. “Rua para dois carros têm sete metros de largura, independentemente do que sobra para a calçada. Cuidar do pedestre é uma mudança de paradigma importante”, ressaltou a arquiteta Vitória Andrade, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-PE).

Um dos exemplos onde a lei funcionou positivamente é a chamda Lei dos 12 bairros, ou Área de Reestruração Urbana (ARU) de 2001, que ela estabelece recuo dos lotes. Um exemplo é o Edifício Sítio Donino, no bairro do Poço da Panela. O recuo possibilitou plantio de árvores e a calçada ficou livre. “Isso só foi feito porque existe uma legislação, do contrário o edifício tomaria a área da calçada”, afirmou a professora Fabiana Luna, 40

Conheça a cidade que limitou a presença dos carros nas ruas

A mudança de conceito de cidade uma das maiores metrópoles mundiais não ocorreu por acaso, mas de uma decisão. Nova Iorque fez a opção pelas pesoas. E não faz muito tempo. As cidades brasileiras também podem fazer essa escolha, desde que ofereçam um transporte público de qualidade. Lá eles têm um eficiente sistema de metrô, aqui ainda estamos patinando entre o modelo de VLT e BRT. Acompanhe esse vídeo e assista como é possível transformar uma cidade para as pessoas.

Mudanças não acontecem por acaso e Nova York está aí para provar. No início dos anos 2000, o recém-eleito prefeito Michael Bloomberg e a Secretária de Transportes Janette Sadik-Khan começaram a planejar uma série de alterações no uso das ruas da cidade, tudo para reduzir a circulação de veículos automotores no espaço urbano.

As intervenções começaram timidamente, com a simples pintura de solo, a construção de pequenas praças, a proibição do estacionamento de carros nas ruas e a implantação de faixas exclusivas para ônibus e bicicletas. Os motoristas, é claro, reclamaram. Mas, aos poucos, todos foram entendendo que a mudança estava valorizando a vida na Big Apple. E o que era experimental foi se consolidando. A própria secretária falou sobre esse processo em sua visita a São Paulo, em 2013.

O vídeo “New York Streets Metamorphosis”, produzido pelo Departamento de Transporte de Nova York e editado por Clarence Eckerson Jr., mostra como essas alterações foram sendo realizadas desde 2005, em locais como Times Square, Kent Avenue, Madson Square, Sands Street, Herald Square, Queensboro Bridge, 9th Avenue e Clinton Street, entre outras ruas.

Fonte: Portal Mobilize

Revolução romana: saem os carros, entram os pedestres

 

Roma, Coliseu deixa de ser rotatória e abre espaço para o pedestre - Foto - reprodução internet
Roma, Coliseu deixa de ser rotatória e abre espaço para o pedestre – (reprodução internet)

Por

Luísa Zottis

Por décadas, parte da história de Roma foi tomada por carros e as icônicas vespas, circulando livremente pela avenida Fori Imperiali, que liga a Piazza di Venezia ao Coliseu. Mas, em agosto deste ano, esse cenário típico de um filme italiano mudou. O prefeito da cidade, Ignazio Marino, baniu de vez os automóveis do local.

O espaço, tomado pela memória da época imperial e pela névoa cinza da poluição, foi finalmente devolvido às pessoas, quebrando um paradigma de trinta anos – quando a discussão de restringir ou não os carros começou.

Alguns ainda acreditam que uma só para pedestres é ruim para a “mobilidade” e para o comércio local, numa cidade onde 970 em cada mil adultos têm carro e a velocidade média é de 15km/h. Enquanto isso, os apaixonados por cidades e mobilidade urbana já podem usufruir, e um local seguro, saudável e mais humano.

Se a cidade é o reflexo de seus governantes, tudo indica que os habitantes de Roma e, por que não, do mundo todo – já que a cidade é uma vitrine global – podem celebrar. Marino, eleito há apenas dois meses,chegou à posse pedalando. E assim continua fazendo.

E sua ambição não estaciona no Coliseu. Ele pretende banir os automóveis do entorno local e transformar a região no maior polo arqueológico do mundo. É bom lembrar que a Fori Imperiali (o foco da transformação), que era exclusiva aos pedestres somente nos domingos, ainda permite a passagem de ônibus e bicicletas.

“Temos que escolher se queremos carros ou valorizamos nossos monumentos”, ressaltou o prefeito à agência Reuters. E mais do que conservar a história, a medida preserva a segurança e a saúde das pessoas que circulam no local. Menos carros significa ar mais limpo, cidade mais segura e mais pessoas nas ruas.

É vontade de trabalhar, sem medo da rejeição e pensando no bem da cidade que o prefeito de Roma está deixando, sem dúvidas, um novo legado para o antigo império romano.

E sua ambição não estaciona no Coliseu. Ele pretende banir os automóveis do entorno local e transformar a região no maior polo arqueológico do mundo. É bom lembrar que a Fori Imperiali (o foco da transformação), que era exclusiva aos pedestres somente nos domingos, ainda permite a passagem de ônibus e bicicletas.

“Temos que escolher se queremos carros ou valorizamos nossos monumentos”, ressaltou o prefeito à agência Reuters. E mais do que conservar a história, a medida preserva a segurança e a saúde das pessoas que circulam no local. Menos carros significa ar mais limpo, cidade mais segura e mais pessoas nas ruas.

É vontade de trabalhar, sem medo da rejeição e pensando no bem da cidade que o prefeito de Roma está deixando, sem dúvidas, um novo legado para o antigo império romano.

Fonte: The City Fix Brasil

Dnit vai lançar licitação para nova rodovia fora da área urbana de Abreu e Lima

 

Áre aurbana de Abreu e Lima - Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Os problemas na área urbana do município de Abreu e Lima, distante 20 km do Recife, já foram identificados há muito tempo pelo Dnit, mas a solução da construção de uma variável (contorno) por fora da cidade ainda não saiu do papel.

De acordo com o supervisor de operações do Dnit, Emerson Valgueiro, a rodovia que deverá fazer um contorno pelo município vai começar na altura do Hospital Miguel Arraes, onde um complexo de viadutos passará por cima da unidade médica. O trecho da variante terá 12 km de extensão. A via seguirá até a divisa com Igarassu. Por causa de uma área de preservação ambiental, o desenho da rodovia sofreu alteração.

Na altura do quilômetro 47, um outro viaduto fará a travessia para o lado esquerdo. A pista seguirá até o km 41, onde está a obra que já vem sendo feita pelo Exército na duplicação da BR-101 e mais outro viaduto deverá ser construído. “Este projeto está bem evoluído. Acreditamos que até março de 2014 a obra deverá ser licitada e a execução poderá ocorrer em dois anos”, revelou.

A BR-101 na área do Contorno Recife, que compreende o trecho entre Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, até o município de Paulista também será recuperado. “Nós vamos implantar um novo projeto de restauração do contorno e teremos um viaduto na Muribeca e ainda a restauração das placas de concreto”, afirmou.

O contorno da BR-101 receberá o corredor exclusivo de ônibus BRT (Bus Rapid Transit). O projeto do governo do estado teve a liberação do Dnit e a licitação já foi aberta pela Secretaria das Cidades. O trecho corresponde à 4ª perimetral do Recife. Já a pista central da BR-101, que passa por Abreu e Lima, irá abrigar um trecho do corredor Norte/Sul também nos moldes do BRT, mas não irá sofrer nenhuma interferência da futura variante que passará por fora da cidade.

O Recife que se quer até 2037

Por

Tiago Cisneiros

Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.

A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.

Mobilidade urbana

A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.

Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.

Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.

Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.

Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.

Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a  4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.

Controle urbano

Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.

Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.

Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco

 

Cai número de atropelamentos em São Paulo

 

O número de atropelamentos na capital paulista nos primeiros oito meses deste ano é o menor desde 2005 — foram 363 casos. Segundo balanço divulgado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), em relação a 2011, a queda foi de 13,3% entre janeiro e agosto (no ano passado, foram registrados 419 atropelamentos). Já em relação a 2005, a queda foi de 27,4% (há sete anos foram registrados 500 casos). No centro da cidade, a queda foi ainda maior — em relação ao ano passado, foi de 50% — foram 19 mortes em 2011 de janeiro a agosto contra 10 mortes este ano no mesmo período.

A redução, segundo a CET, foi causada pelas novas regras para proteção de pedestres, a chamada 1ª. ZMPP (Zona de Máxima Proteção ao Pedestre) Centro/Paulista. A CET mantém 1.255 orientadores de travessia espalhados pela cidade, cerca de 400 a mais do que no início do programa. O que também diminuiu foi a morte em acidentes de trânsito em geral — no mesmo período, houve queda de 12,8% — 935 no ano passado contra 815 neste ano.

Motociclistas

Mantendo a tendência de redução de mortes no trânsito, o número de motociclistas mortos também diminuiu. Em relação a 2011, a queda foi de 22,5% entre janeiro e agosto (foram 364 casos no ano passado e 282 este ano). Este ano, a CET já contabilizou 298.824 autuações por desrespeito à preferência do pedestre no trânsito. O número se refere ao período de 08 de agosto de 2011 a 19 de outubro de 2012. Entre as infrações estão avançar o semáforo vermelho; não indicar com gesto ou seta a mudança de direção; não dar preferência ao pedestre em via transversal ou na faixa a ele destinada; parar sobre a faixa de pedestre; e não esperar o pedestre concluir a travessia.

Fonte: Portal do Trânsito