A saída é andar a pé

 

Calçadas - Foto - Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press

“O pedestre é o elemento mais fraco da cadeia alimentar da mobilidade”. Com essa frase, o consultor em gestão empresarial Francisco Cunha iniciou sua palestra, na última quarta-feira (7), durante a assembleia geral do Observatório do Recife.

Ancorado no tema “Caminhar é preciso – Considerações gerais em homenagem ao Dia Nacional do Pedestre”, o encontro também contou com a apresentação do engenheiro e ex-vereador, Luiz Helvécio.

“Por que é imprescindível andar?”, questionou Francisco Cunha. Para responder, o consultor fez uma explanação sobre a trajetória do homem no planeta, mostrando o mapa da expansão humana. Originados dos primatas, há duas grandes características que diferenciam os humanos das suas origens: a capacidade de pegar um instrumento com precisão, por exemplo, e a capacidade de andar na posição ereta, explicou.

Em seguida, Cunha apresentou as diversas razões por que caminhar é preciso. “Andar é o exercício mais natural que existe, é a melhor forma de manter contato com a natureza. Ajuda a pensar e facilita o raciocínio. É um modo eficaz de espantar a tristeza e, o principal, é o que nos faz humanos”, completou.

A mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo, ressaltou: “Já tivemos a ilusão que resolveríamos nossos problemas de carro, mas isso não ocorre mais. A saída é andar”, disse.

Calçadas do Recife

Atualmente, no Recife, 70% das pessoas usam as calçadas e 30% utilizam o carro para se locomover. Segundo estudos realizados em São Paulo, a frota no Recife em 2020 vai duplicar.

“Andar a pé é um modal, que deve vir combinado a outros, e a calçada é a via principal da cidade. É vital que haja mais opções para as pessoas se deslocarem de um lugar para o outro”, acentuou Cunha. “Se a gente quiser salvar a cidade e sair dos engarrafamentos temos que voltar a andar. É, inclusive, uma forma de não morrermos de raiva”, declarou.

Para o engenheiro Luiz Helvécio, a situação das calçadas na capital pernambucana está caótica e os pedestres correm riscos diariamente. “Há uma estatística feita em São Paulo afirmando que a segunda causa de problemas ortopédicos são as calçadas. Então, é um assunto que tem que ser resolvido. O uso inadequado, como o estacionamento de um automóvel impossibilitando a passagem do pedestre é outra questão que faz com que quem esteja passando nessas áreas corra perigo”, declarou.

Fonte: Portal Mobilize

Recife: 500 anos e 100% de calçadas

Pedras mineiras no Recife - Foto - Bruna Monteiro Esp.DP/D.A Press

Meta
24 anos é o tempo que falta para chegarmos aos 500 anos do Recife. Em 2037, a expectativa é de termos todas as calçadas em condições de trafegabilidade.

Tamanho do desafio

5.000 km de vias ou

10 milhões de metros de calçadas na cidade (em números absolutos)

1.042.000 metros quadrados é o que cada gestão precisaria fazer por ano para construir em uma calçadasde 2,5 metros de largura

Custo do material da calçada tipo pedra mineira

R$ 120,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada tipo pedra mineira

R$ 125.040.000,00 é o que o município gastaria para construir 1.042.000 metros
quadrados com o melhor tipo de calçada em um ano

Representa

2,98% do orçamento anual da Prefeitura do Recife ( R$ 4,2 bilhões)
0,2% do Pib do Recife de 2010 ( R$ 61,443 bilhões)
86% do investimento da obra completa do Corredor Leste/Oeste
32,6% do invest imento total da Via Mangue (orçada em R$ 383,45 milhões)
23,5% do custo da Arena Pernambuco (orçada em R$ 532 milhões)

Custo do material da calçada tipo concreto

R$ 35,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada em concreto

R$ 36.470.000,00 é o que o município gastaria para fazer 1.042.000,00 metros
quadrados de calçadas de cimento concreto em um ano

Representa

0,87% do orçamento anual do Recife (R$ 4,2 bilhões)
0,06% do PIB de 2010 da Prefeitura do Recife
50 vezes menos do o custo da folha de pagamento da PCR
6 vezes mais do que o município gasta por ano na operação tapa-buraco
Os cálculos em números absolutos não levam em conta as calçadas existentes.
Os dados são feitos tendo como base 5 milhões de metros de ruas no Recife. O
que significa 10 milhões de metros de calçadas x 2,5 m de largura = 25km2.
Dividindo 25km2 em 24 anos = 1,042 km2 ou 1.042.000 metros quadrados de calçadas.

* Ao custo deve ser acrescido o valor da mão de obra. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos do Recife, o valor chega a dobrar.

Fonte: Base de dados da Secretaria de Mobilidade e cálculos do professor de
engenharia civil da UFPE, Maurício Pina

As calçadas do Recife até 2037

 

Calçadas pedras portuguesas Foto - Inês Campelo DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

O primeiro modal na escala da mobilidade sempre ficou em último lugar. Historicamente o pedestre foi preterido pelo veículo motorizado. O futuro plano de mobilidade do Recife, que deve ser entregue à Câmara para votação, ainda neste semestre, promete inverter essa lógica. O desafio, aliás, vai mais além e a expectativa é que até 2037, quando o Recife completar 500 anos, as calçadas da cidade estejam todas em condições de trafegabilidade e dentro das normas de acessibilidade. Fácil não é, mas se a inversão das prioridades se traduzir também em investimento, muito pode ser feito nos próximos 24 anos em um total de seis gestões.

A Prefeitura do Recife ainda não dispõe de um diagnóstico da quantidade de calçadas existentes e que atendem ou não às normas de acessibilidade e muito menos onde há falta delas. O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira pretende atualizar as informações a partir de imagens de satélite. Mas há outros números que ajudam a dar uma dimensão do trabalho que se tem pela frente.

Segundo a Secretaria de Mobilidade do Recife, a cidade tem hoje cerca de 5 mil quilômetros de ruas. Em uma conta rápida e sem considerar o que já existe de calçada, chegaríamos a 25 milhões de metros quadrados de calçada, tendo como base a largura do passeio em 2,5 metros, que seria ideal. Na verdade, a maior parte delas tem entre 1,20m e 1,80m de largura. O custo para implantar calçadas dignas de um passeio varia de acordo com o tipo de material. Para se ter uma ideia, a pedra mineira é a mais cara e custa cerca de R$ 210, o metro quadrado. Já o piso em concreto sai em média por R$ 72, o metro.

Na prática, a matemática não é assim tão simples e a grande discussão é quem vai pagar a conta? O Recife completou 10 anos da Lei de Calçadas, onde o proprietário é responsável pela construção e manutenção. Mas nunca funcionou. O secretário de mobilidade, João Braga, é simpático à ideia do poder público assumir a conta. “O governo faz as rodovias, viadutos e pontes para os carros, mas não faz as calçadas. O pedestre faz parte do sistema viário”, diz.

A mudança na lei, segundo o secretário, dependeria de uma discussão mais ampla com a sociedade. “A gente não pode dizer que o município vai assumir uma dívida de 500 anos. É preciso que cada gestão cumpra com sua parte”.

Um dos mais entusiastas defendores das calçadas no Recife, o arquiteto Francisco Cunha, é contra a mudança na lei. “ Não há como o município assumir essa conta. O proprietário precisa fazer a parte dele. Mas concordo que se o município fizer os passeios públicos e cobrar dos proprietários, poderemos ter uma situação melhor em 2037”, disse. O secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre, também é contra a mudança da lei. “Não há como a prefeitura assumir uma responsabilidade que é do dono do lote. Ao município cabe cuidar dos passeios, como já faz”.

 

 

 

Rede de viadutos do corredor Norte/Sul no Grande Recife está completa

 

Viaduto Ouro Preto Foto Anna clarice Almeida

O quinto e último viaduto construído para fazer parte do Corredor Norte/Sul foi entregue ontem. O elevado terá duas faixas para o BRT (transporte rápido por ônibus), com sentido duplo, e as outras duas para o tráfego misto. A liberação promete desafogar o tráfego na PE-15, pelo menos no sentido Recife/Igarassu. Já o trânsito contrário continuará pelas vias locais. Com 360 metros de extensão e 15 de largura, o viaduto de Ouro Preto, que foi batizado de senador Nilvado Rodrigues Machado, custou R$ 10 milhões.

Os dois primeiros elevados do corredor, no sentido Recife/Igarassu, são os elevados da Pan Nordestina, nas imediações do Complexo Salgadinho, inaugurados em 2011 pela Secretaria de Transportes. Há mais dois viadutos nos Bultrins, entregues em fevereiro deste ano. Em cada um deles, o uso do espaço para o ônibus do BRT será distinto. Nos viadutos do Complexo Salgadinho, que ainda não dispõem de faixa exclusiva para o ônibus, a previsão é de uma pista por sentido. Nos Bultrins, o viaduto Oeste será exclusivo para o BRT nos dois sentidos.

A obra completa do Norte/Sul está orçada em R$ 151 milhões e atenderá uma demanda de cerca de 300 mil passageiros, entre Recife, Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima. O corredor terá 33 estações e quatro terminais de integração.

PE15 urbanização e ciclovias Foto Anna clarice Almeida
De acordo com secretário das Cidades, Danilo Cabral, o projeto do corredor Norte/Sul entra agora em uma nova fase. “Vamos executar agora a fase da urbanização das vias locais e nas áreas sob os viadutos que receberão tratamento urbanístico e equipamentos de lazer”, explicou. A urbanização também prevê a recuperação das calçadas ao longo da PE-15 e requalificação da ciclovia. “Também será construída uma passarela para os pedestres. As intervenções já começam no início de setembro. E Até janeiro do próximo ano, entregaremos os corredores e as demais intervenções para a urbanização”, destacou Danilo Cabral.

Saiba mais

Corredor Norte/Sul

33,2 km de extensão
33 estações de BRT
5 viadutos:
2 viadutos na Pan Nordestina (entregues em 2011 pelo DER)
2 viadutos nos Bultrins (entregues em fevereiro de 2013)
1 viaduto em Ouro Preto (entregue em agosto de 2013)
R$ 151 milhões é o custo do corredor (não inclui viadutos da Pan Nordestina)
4 terminais de integração:
Igarassu
Abreu e Lima
Pelópidas da Silveira
PE-15
300 mil passageiros é a estimativa da demanda diária
30 minutos será o tempo de redução de percurso no corredorpor sentido

Fonte: Secretarias das Cidades e de Transportes

Estacionar carro nas calçadas do Recife terá multa pesada, a partir de agosto

Carro na calçada - Marcelo Soares/Esp. DP/ D. A Press
Estacionar o carro nas calçadas do Recife pode fazer muito mal ao bolso depois que entrar em vigor a nova lei de multas em agosto. De acordo com o secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, a futura lei vai ser severa para quem estacionar em passeio público. O secretário não quis adiantar o valor da multa, mas diz que ela terá um caráter educativo. “Não existe melhor educador do que o bolso e acredito que as pessoas vão pensar duas vezes antes de parar o carro em cima de uma calçada”, revelou.

A aplicação da multa em passeio urbana não será considerada uma multa de trânsito. Segundo o secretário não há como o município alterar os valores estipulados pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A manobra será fazer a cobrança como uma multa urbana, por se tratar de um passeio público. “A multa será aplicada pelo Controle Urbano e não pelos agentes de trânsito da CTTU”, explicou.

Ainda segundo o secretário, a nova lei de multas será encaminhada à Câmara de Vereados do Recife logo que terminar o recesso parlamentar no próximo dia 1 de agosto.”Queremo que essa nova lei seja votada o quanto antes. Os novos valores das multas serão bastante pesados”, anunciou o secretário.

Flagrantes das não calçadas do Recife

O internauta Rivail Chaves fez um verdadeiro ensaio de um problema que vem se tornando uma epidemia na cidade do Recife: o desrespeito ao pedestre com a ausência dos passeios, tanto nos bairros centrais como periféricos. .

As moradias avançam nas calçadas sem nenhuma cerimônia e fica por isso mesmo. A ausência do poder público vem colaborando para a impunidade. A seguir, o ensaio fotográfico feito pelo internauta Rivail Chaves dos descasos que ele vem se deparando em vários pontos da cidade. E você também pode colaborar. É só enviar o seu e-mail para taniapassos.pe@dabrb.com.br

Caso1 –

Rivail Chaves/DivulgaçãoCaso 2

Rivail Chaves/Divulgação

Caso 3 –

Rivail Chaves/Divulgação

Caso 4

Rivail Chaves/Divulgação

Caso 5 –

Rivail Chaves/Divulgação

Caso 6 –

Rivail Chaves/Divulgação

Caso 7

Rivail Chaves/Divulgação

Um novo olhar para as calçadas

Calçadas - Foto - Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

Mudar a concepção de calçadas estreitas e ocupadas com árvores, como a maioria dos passeios do Recife, sempre pareceu uma missão impossível. A discussão normalmente paira na impossibilidade de remover árvores ou ainda em desapropriar imóveis para alargar as calçadas. Até então, não havia se pensado em fazer um caminho bem mais curto. E por que não avançar o passeio para a faixa de rolamento dos carros?

Pois, é exatamente isso que está sendo estudado pelo Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, a apartir de um estudo da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). A ideia de estreitar as vias para o carro em benefício do pedestre e do ciclista é uma medida politicamente correta, mas vai fazer muito barulho.

O alargamento dos passeios não ocorrerá em todas as vias. Cada rua, segundo a presidente do Instituto, Evelyne Labanca, terá uma solução diferenciada. O estudo da CTTU já aponta, inclusive, quais as vias poderão ter os estacionamentos públicos eliminados. Na verdade, a medida servirá para o aproveitamento eficiente do espaço, que hoje serve de estacionamento.

Então, na prática, não reduzirá as faixas que hoje sobram para os carros. Na maioria das ruas do Recife, as vias com até quatro faixas, só funcionam duas. Nesse caso, os motoristas nem teriam motivos para reclamar. Então, quando começa?

O Recife que se quer até 2037

Por

Tiago Cisneiros

Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.

A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.

Mobilidade urbana

A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.

Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.

Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.

Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.

Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.

Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a  4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.

Controle urbano

Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.

Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.

Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco

 

As calçadas de Geraldo

 

Por

Tânia Passos

Numa conversa com o prefeito do Recife, Geraldo Julio, um tema não poderia deixar de vir à tona. Qual o tratamento que a atual gestão dará ao pedestre e, por conseguinte, às calçadas ? Segundo o prefeito, a missão da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano é atuar em três frentes:  priorizar o pedestre, os ciclistas e o transporte público.

A prioridade ao pedestre, que até então vem sendo ignorada, já valeria a criação da secretaria. Mas há muito o que se fazer a começar por mudanças na atual Lei de Calçadas. Deixar a responsabilidade da manutenção dos passeios com os proprietários dos imóveis não é só o caminho mais fácil, mas também uma forma de ignorar que o pedestre é integrante do sistema de circulação do trânsito. Alguém já ouviu falar em dono de carro construindo ruas?

Quando o poder público entender que o passeio é um item essencial e obrigatório à circulação, talvez entenda também que a lógica da circulação inclui a acessibilidade e o sentido de continuidade dos percursos. Já estamos tão acostumados com pedestres no meio da rua por falta de passeios adequados ou atravessando vias sem nenhum tipo de segurança, que esquecemos que essa é uma parte essencial da mobilidade. Afinal, o pedestre é prioridade no sistema de circulação, pelo menos em tese.
Na confiança de quem está no início do mandato e com todo gás para transformar a cidade, o prefeito já admite que poderá haver mudanças na legislação de calçadas e concorda que deve haver um sentido lógico de circulação para o pedestre. E isso inclui calçadas livres e acessíveis, faixas, semáforos ou passarelas quando preciso for.

O que não podemos conceber é a existência de vias com quase dois quilômetros sem nenhuma faixa de travessia. Ou intervenções como a que foi feita, no ano passado, pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) na Avenida Domingos Ferreira, onde o canteiro central, que serve de refúgio para o pedestre, foi reduzido para melhorar a opção de escolha dos motoristas entre as pistas Leste ou Oeste.

Com a visão de que o pedestre é prioridade e faz parte do sistema do trânsito, o olhar da CTTU também terá que mudar. E o a gente de trânsito vai se sentir também responsável em desobstruir o espaço do pedestre e não só do carro e assim teremos as calçadas que o prefeito quer, mas ainda falta fazer.

Transporte ativo e planejamento urbano

A vida urbana é a organização humana padrão dos nossos tempos. Não é novidade morarmos em cidades, a novidade é morarmos tantos em cidades. Da pressão por espaço urbano, surge uma cidade que deverá buscar novas e melhores maneiras de se adequar a necessidade de seus moradores. E é sobre o planejamento urbano para essa nova cidade que fala o vídeo abaixo. E não é coincidência que o autor do vídeo menciona os transportes ativos, onde todos dependem do próprio esforço para se locomover.O vídeo é legendado, mas bem explicativo. Confira.

Fonte: Via Transporte Ativo