Diario de Pernambuco
Por Ana Cláudia Dolores
Os números provam que estamos lidando com uma epidemia. Em Pernambuco, 602 pessoas morreram, em 2010, vítimas de acidente com moto. Até julho deste ano, já são 302 óbitos.
Os feridos somam 19 mil. As ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) são o palco da maior parte dessa tragédia. Por dia, acontecem de 12 a 15 acidentes envolvendo esse tipo de veículo.
O sinal vermelho já foi aceso pelo governo do estado. O governador Eduardo Campos apresentou a Política Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto. Serão investidos R$ 18 milhões num conjunto de ações nas áreas de fiscalização e repressão, educação e saúde.
A meta é reduzir em 6,7% ao ano o número de mortes ocasionadas por motos. Com isso, o estado espera alcançar a meta colocada a todos os países pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de redução de 50% das mortes em dez anos.
Repressão e educação são os dois eixos principais da política lançada pelo governo. A partir de hoje, a fiscalização aos motociclistas será mais rigorosa. A intenção é aumentar em 30% o número de abordagens.
As blitze da Lei Seca serão intensificadas, a fim de flagrar quem está pilotando sob efeito de álcool. Quem estiver sem capacete e habilitação vai sentir o peso do descaso no bolso.
Até 2014, 544 novos policiais militares do BPTRAM, BPRV e BPM serão colocados na rua para ajudar a organizar o trânsito. Além disso, 125 equipamentos serão comprados para aumentar os autos de infração eletrônica.
A responsabilidade dos motociclistas também será cobrada por campanhas publicitárias divulgadas em outdoors e outbus e em propagandas veiculadas na televisão.
Num dos vídeos, o motoqueiro se despede da família em casa e segue para um dia de trabalho. Por causa da sua imprudência no trânsito, acaba atropelado e morto. “Queremos conscientizar mostrando casos reais. As cenas são fortes, mas campanhas de outros países mostraram que, se não for assim, não chamamos atenção e o debate que precisa ser feito não é travado”, declarou o governador.
Cerca de cinco mil alunos dos oitavo e nono anos do ensino fundamental da rede estadual terão aulas obrigatórias de educação no trânsito. O mesmo será feito em instituições de ensino superior.
Já na área de saúde, os hospitais regionais vão ganhar salas vermelhas, para priorizar os casos mais graves, e dois helipontos serão construídos nos hospitais de Serra Talhada e Caruaru.
Com o plano, o estado pretende, além de poupar vidas, diminuir a conta que é paga pelos cidadãos para bancar as vítimas de acidente com moto. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o acidentado de moto chega a custar R$ 954 mil ao estado.
Nesse bolo, estão os gastos sociais da vítima, como o que ela vai deixar de produzir para o país por estar incapacitada, e os hospitalares, que chegam a R$ 154 mil. Somente no Hospital da Restauração (HR), por exemplo, o tempo médio de internação de um paciente é de 45 dias.
José Ronaldo Alves dos Santos, 48 anos, deu entrada no HR no dia 1º de setembro e não tem previsão de alta. Ele teve fratura exposta na perna direita e ferimentos na cabeça depois que colidiu com a moto num carro. “Eu estava certo, mas o carro avançou o sinal e bateu em mim”, justificou.