Por Fred Figueiroa*
O barulho do primeiro tamborim. Depois, dos cavaquinhos. 13h em ponto. O samba começou em mais uma prévia de carnaval no bairro das Graças: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças…é a vida, é bonita e é bonita” – o vocalista teve tempo de cantar apenas o primeiro verso. De repente, ouve-se o som de uma pequena multidão. Não, ele não tocaria para tanta gente nesta tarde. E o seu sambinha que acabara de começar logo foi silenciado.
“…E o Santa não pára de descer, da A pra B, da B pra C, da C pra D” entoava a multidão amarela que descia a rua das Crioulas. Bandeiras à frente. Carro de polícia escoltando. Do alto dos edifícios, as pessoas olhavam o “bloco passar” das janelas e varandas. Sim, parecia um bloco de carnaval. Uniformizado. Em êxtase.
Parecia. Mas só de longe.
Aquela era a Torcida Jovem do Sport indo em direção ao Arruda. Numa semana em que as torcidas organizadas voltaram às manchetes dos jornais pelos seus comportamentos de violência e barbárie, é uma sensação estranha assistir aquele inusitado desfile que lembra os blocos de carnaval de rua.
À distância, a beleza e a alegria contagiam. Avisam ao inconsciente das pessoas que está chegando a hora de ir ao estádio. O jogo jajá começa. Mas, se estivesse 13 andares abaixo, a única sensação que teria era a de medo. Medo que, certamente, estava nos olhos dos motoristas dos carros que ficaram presos no inevitável engarrafamento criado.
Enfim, alguns minutos depois, a marcha seguiu pela Rosa e Silva – deixando o silêncio na rua por alguns segundos.
E então, tamborins e cavaquinhos voltaram a tocar na tal prévia de carnaval. O cantor, depois do susto, emendou: “Vamos lá que a nossa torcida é mais organizada”. E recomeçou o seu samba: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças…é a vida, é bonita e é bonita”.
É, a vida é bonita mesmo. Depende apenas do ângulo em que se olha.
* Fred Figueiroa é editor-assistente do Diario de Pernambuco, colaborador do blog e “fotógrafo” de plantão
Caro Luiz…
Realmente não tinha mais o que fazer na redação, até porque estava em casa de folga. Aí você me perguntaria: “Não tem mais o que fazer em casa numa folga?”…a resposta seria: “Não, estava me arrumando para ir ao jogo”. =)
Mas pediria apenas para que você lesse o texto uma segunda vez. Por outro ângulo – como diz o final do post.
E você verá que nossas opiniões não divergem. Pelo contrário.
Um abraço.
ESSES BANDIDOS CHAMADOS DE TORCIDA JOVEM, OU INFERNO CORAL OU FANÁUTICO NÃO MERECEM UMA CRÕNICA DE NINGUÉM. VOCÊ FOI MUITO INFELIZ FIGUEROA. NÃO TEM COISA MELHOR PARA VOCÊ FAZER NA REDAÇÃO ???
Minha chegou aqui em casa contando a mesma história. Que tinha tomado um baita susto.
Se não tiver policia pra ´escoltar´ eles vão fazendo arruaça até lá, se encontrarem torcedores do outro time… ele apanha.