Após 8 edições, o Central volta a ser o campeão do interior. Na história, a 37ª vez

Pernambucano 2018, semifinal: Central 1 x 0 Sport. Foto: Central/facebook (@centralsportclub)

Após a classificação inédita à final do Estadual, o Central viu o Náutico eliminar o Salgueiro e formar a decisão de 2018. Com o resultado das semifinais, o alvinegro também obteve outra garantia. Independentemente da colocação final, campeão ou vice, o clube terá a melhor campanha do interior nesta edição, o que não acontecia desde 2010 – foi o maior ‘jejum’ desde que o clube tornou-se um participante regular, igualando o hiato entre 1993 e 2001. Com uma campanha excelente na competição (7V, 4E e 1D), a patativa terminou o turno classificatório na vice-liderança e em seguida eliminou América (quartas) e Sport (semi). Portanto, o status é pra lá de justo.

Na história, 28 clubes do interior já participaram do Pernambucano, a partir do próprio Central, pioneiro em 1937. Após aquela breve passagem, a patativa voltou em 1961, com a presença fora do Grande Recife se mantendo até hoje. Dominante neste contexto nos anos 60, 70 e 80, o alvinegro caruaruense já foi o melhor do interior em 62% das 59 edições com ao menos um representante – ao todo, nove clubes diferentes conseguiram. O Central chegou a cravar uma série impressionante de 17 anos seguidos, de 1961 a 1977. Ainda que o título simbólico não seja tão celebrado no futebol local como em outros centros, gaúcho e paulista por exemplo, o blog detalhou os ‘campeões do interior’. O critério é simples: a melhor colocação do clube interiorano no ano.

Sobre a tabela final, nenhum título. No máximo, cinco vices.

A campanha do Central segue aberta em 2018…

Central (37 vezes) – 1937 (5º), 61 (4º), 62 (4º), 63 (4º), 64 (3º), 65 (5º), 66 (4º), 67 (4º), 68 (4º) 69 (4º), 70 (4º), 71 (4º), 72 (4º), 73 (6º), 74 (6º), 75 (4º), 76 (4º), 77 (4º), 79 (4º), 80 (4º), 81 (4º), 82 (4º), 83 (4º) 84 (4º), 85 (4º), 86 (3º), 87 (4º), 88 (5º), 89 (4º), 90 (4º), 93 (4º), 2001 (4º), 02 (4º), 07 (vice), 08 (3º), 10 (4º) e 18 (a definir)

Porto (6 vezes) – 1994 (4º), 95 (4º), 97 (vice), 98 (vice), 2000 (4º) e 11 (4º)

Salgueiro (6 vezes) – 2009 (4º), 12 (3º), 14 (3º), 15 (vice), 16 (4º) e 17 (vice)

Vitória (4 vezes) – 1991 (3º), 1992 (4º), 1996 (4º) e 1999 (4º)

Ypiranga (2 vezes) – 2006 (3º) e 2013 (4º)

Serrano (1 vez) – 2005 (4º)

Itacuruba (1 vez) – 2004 (4º)

AGA (1 vez) – 2003 (4º)

Atlético Caruaru ( 1 vez) – 1978 (6º)

Pernambucano 2018, semifinal: Central 1 x 0 Sport. Foto: Central/facebook (@centralsportclub)

O histórico de G4 no Pernambucano, com 412 campanhas entre 1915 e 2017

O ranking de G4 no Campeonato Pernambucano, entre 1915 e 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O Campeonato Pernambucano já teve inúmeros formatos, como pontos corridos, disputa de turnos e até supercampeonatos, com três times envolvidos na decisão. No entanto, em 2010 a competição passou a adotar uma fórmula fixa sobre a fase decisiva, com semifinal e final – embora a etapa classificatória tenha seguido com mudanças contínuas. Daí, a a cultura do ‘G4’, apelido dado à zona de classificação. Em 2018, a FPF ampliou o mata-mata, agora iniciado a partir das quartas de final (‘G8’). Aqui, portanto, um levantamento sobre todos os clubes que já terminaram entre os quatro melhores colocados – independentemente do regulamento. Em 103 edições contabilizadas, de 1915 a 2017, o trio de ferro aparece neste contexto em 283 oportunidades, o que corresponde a 68% do G4 – em termos de títulos a fatia dos grandes clubes é ainda maior, com as 91 taças, ou 88%.

Até hoje, sete clubes já levaram o título do futebol local, com 12 chegando ao menos ao vice-campeonato e 22 terminando pelo menos em 4º lugar. Ah, para este levantamento sobre a semifinal, foram somados os 3º e 4º lugares. E isso não significa exatamente a medalha de bronze, até porque em 2013 a federação criou a disputa oficial pelo 3º lugar, com o objetivo de definir as últimas vagas na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste – já asseguradas aos finalistas, claro. Em 2018, com a mudança no critério de classificação ao regional, o ‘bronze’ passou a valer apenas a vaga na copa nacional.

As quartas de final do Estadual de 2018
14/03 (20h00) – Central (2º lugar) x América (7º lugar)
14/03 (20h00) – Salgueiro (4º lugar) x Vitória (5º lugar)
14/03 (21h45) – Sport (3º lugar) x Santa Cruz (6º lugar)
18/03 (16h00) – Náutico (1º lugar) x Afogados (8º lugar)

Pitaco nas semifinais: Náutico x Vitória e Central x Sport. E na sua opinião?

Os sete clubes campeões pernambucanos entre 1915 e 2017:

Sport (101 participações)
41 títulos (40,5% sobre as participações)
23 vices
32 semifinais
Entre os 2 melhores – 64 (63,3%)
Entre os 4 melhores – 96 (95,0%)

Santa Cruz (103 participações)
29 títulos (28,1% sobre as participações)
30 vices
37 semifinais
Entre os 2 melhores – 59 (57,2%)
Entre os 4 melhores – 96 (93,2%)

Náutico (102 participações)
21 títulos (20,5% sobre as participações)
30 vices
40 semifinais
Entre os 2 melhores – 51 (50,0%)
Entre os 4 melhores – 91 (89,2%)

América (83 participações)
6 títulos (7,1% sobre as participações)
9 vices
20 semifinais
Entre os 2 melhores – 15 (18,0%)
Entre os 4 melhores – 35 (42,1%)

Torre (23 participações)
3 títulos (13,0% sobre as participações)
3 vices
9 semifinais
Entre os 2 melhores – 6 (26,0%)
Entre os 4 melhores – 15 (65,2%)

Tramways (8 participações)
2 títulos (25,0%)
1 vice
2 semifinais
Entre os 2 melhores – 3 (37,5%)
Entre os 4 melhores – 5 (62,5%)

Flamengo do Recife (32 participações)
1 título (3,1%)
0 vice
8 semifinais
Entre os 2 melhores – 1 (3,1%)
Entre os 4 melhores – 9 (28,1%)

Clubes que alcançaram no máximo o vice-campeonato:

Salgueiro (11 participações)
2 vices
5 semifinais
Entre os 2 melhores – 2 (18,1%)
Entre os 4 melhores – 7 (63,6%)

Porto (22 participações)
2 vices
5 semifinais
Entre os 2 melhores – 2 (9,0%)
Entre os 4 melhores – 7 (31,8%)

Central (56 participações)
1 vice
31 semifinais
Entre os 2 melhores – 1 (1,7%)
Entre os 4 melhores – 32 (57,1%)

Varzeano (4 participações)
1 vice
0 semifinal
Entre os 2 melhores – 1 (25,0%)
Entre os 4 melhores – 1 (25,0%)

Íris (9 participações)
1 vice
0 semifinal
Entre os 2 melhores – 1 (11,1%)
Entre os 4 melhores – 1 (11,1%)

Clubes que alcançaram no máximo a semifinal (3º/4º):

Vitória – 4 em 19 campanhas (21,0%)
Ferroviário do Recife – 3 em 55 campanhas (5,4%)
Ypiranga – 2 em 14 campanhas (14,2%)
Manchete – 2 em 36 campanhas (5,5%)
Itacuruba – 1 em 3 campanhas (33,3%)
AGA – 1 em 4 campanhas (25,0%)
Serrano – 1 em 6 campanhas (16,6%)
Encruzilhada – 1 em 7 campanhas (14,2%)
Auto Esporte – 1 em 8 campanhas (12,5%)
Peres – 1 em 9 campanhas (11,1%)

Aprovação na Série A reabre o caminho para campos sintéticos em Pernambuco. Devido ao custo, só um alvo: o Lacerdão

Modelo de grama sintética em estudo na FPF. Foto: Fred Figueiroa/DP

A decisão unânime sobre a utilização do gramado sintético no Brasileirão é em caráter definitivo, segundo o presidente da FPF, Evandro Carvalho, presente no arbitral da competição. Com isso, reabre a possibilidade de campos artificiais em centros periféricos, à parte da Série A. Em Pernambuco, devido à histórica crise hídrica, agravada por uma das maiores secas do século, o problema no interior, somado à falta de receita, é recorrente – em 2017 resultou em vetos no hexagonal, com Belo Jardim e Central jogando fora. Ao blog, o mandatário afirmou que a decisão traz uma situação nova ao futebol local, baseada no custo. Originalmente, a ideia era promover a instalação em três mesorregiões, a Zona da Mata (Vitória), o Agreste (Caruaru) e o Sertão (Serra Talhada). Assim, haveria um raio de alcance a cidades próximas, em caso de campos de grama natural sem condições. Porém, pelo regulamento aprovado, um campo sintético só pode receber um jogo de futebol profissional caso seja do “nível 5” – o grau máximo escalonado pela Fifa.

Embora seja sintético, esse gramado contém uma mistura com material orgânico, para tirar a percepção ‘emborrachada’ das primeiras versões – acima, a amostra exposta na federação. Também demanda irrigação, devido à temperatura e à resistência, embora numa escala muito menor. Trata-se do piso instalado na Arena da Baixada, do Atlético-PR, o único palco da Série A 2018 neste contexto – Fonte Nova e Allianz Parque podem ser os próximos.

O custo deste modelo? Aí está o motivo do ‘refinamento’ da ideia…

R$ 2.783.000, somando a aquisição do campo e a instalação.

Para Evandro, num primeiro momento, só é possível projetar um campo no interior – com investimentos externos. No caso, o Lacerdão, em Caruaru. Pelo tamanho do estádio (19.478 lugares), pelo porte econômico da cidade (356 mil habitantes) e pela localização estratégica, com clubes num raio de 85 km (Belo Jardim, Chã Grande, Decisão, Pesqueira, Porto e Ypiranga).

Existem dois caminhos:

1) Via Ministério do Esporte
Através de projetos de fomento, mesmo num campo privado, poderia haver o repasse do governo federal. Em Pernambuco, a FPF vem firmando parcerias com prefeituras. Já foram aprovados dois projetos de modernização de estádios municipais: o Valdemar Viana, em Afogados (R$ 590 mil), e o Laura Bandeira, em Paudalho (R$ 585 mil). Os dois empreendimentos estão listados no Portal da Transparência. No caso do campo do Central, o local poderia ser utilizado – além de jogos profissionais – em ações de inclusão, numa lógica semelhante aos centros de treinamento financiados pelo ministério

2) Via Fifa
Pelo contrato de organização da Copa do Mundo de 2014, o Brasil teria direito, após o evento, a um aporte de US$ 100 milhões para obras de infraestrutura e capacitação. O tal ‘Legado da Copa’. Com a bronca da entidade na justiça, quase todo o dinheiro segue na Suíça. Apenas 8,7 mi foram liberados – segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a liberação pode ocorrer, finalmente, em 2018. Portanto, haveria, em disputa por projetos, cerca de 91,3 milhões de dólares (ou R$ 289 milhões). Em tese, bastaria a Pernambuco conseguir 1% disso para viabilizar o campo em Caruaru.

Explicação de Evandro Carvalho sobre a escolha prévia do Lacerdão
“Nunca deixamos de discutir ou ventilar a possibilidade. Mas agora, com a decisão definitiva, que ficará no Regulamento Geral de Competições da CBF, podemos seguir. Temos dois caminhos e hoje, na nossa visão, precisamos de um estádio no interior com regularidade. E seria muito bom para nós, e até para estados vizinhos, se um estádio como o do Central pudesse receber um gramado artificial. Porque haveria a garantia de 10 anos e a possibilidade de jogos seguidos, sem danificar o campo.”

Obviamente, o Trio de Ferro também poderia optar pela mudança no piso (no Arruda, na Ilha e nos Aflitos), mas, a princípio, através de outras parcerias.

Pernambucano 2018, 5ª rodada: Central 1 x 1 Sport. Foto: Tetto Drone, via Caruaru no Face (cortesia)

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2017

O Campeonato Pernambucano de 2017 teve 95 partidas, com doze clubes envolvidos na disputa. Esses dados alimentaram o ranking histórico de pontos, num levantamento a partir da pesquisa de Carlos Celso Cordeiro. O seu legado se mantém e aqui o blog atualiza a tabela (abaixo), com o Sport na liderança absoluta, com 196 pontos a mais que o rival Santa. Em relação à edição de 2017, o destaque fica com o Salgueiro, apesar do vice. O carcará foi, disparado, o clube que mais pontuou no torneio, pois liderou tanto o hexagonal do título quanto a primeira fase, que não contou com os grandes clubes da capital. Ao todo, jogou 20 vezes, com 13 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Pulou do 14º para o 12º lugar. Está a 28 pontos do top ten.

Sobre o ranking de títulos do futebol local, clique aqui.

O blog tomou a liberdade de padronizar a pontuação e estabelecer algumas ressalvas entre os 64 clubes que já disputaram ao menos um certame local – o Afogados foi estreante nesta temporada, já aparecendo em 53º na lista.

1) Três pontos por vitória. Oficialmente, o critério só foi introduzido no Estadual de 1995. Porém, para um levantamento geral, isso acabava resultando numa distorção (para baixo) nos clubes com triunfos obtidos antes desse período.

2) Um ponto por empate. O critério pode até parecer lógico – já era assim na pioneira competição de 1915 -, porém, em alguns anos, como 1998, o empate com gols valeu dois pontos e o empate sem gols, um.

3) Clubes que mudaram de nome/escudo/uniforme, mas, oficialmente, mantiveram o registro de fundação, são considerados pela FPF como a mesma agremiação. Idem na lista. No ranking, valeu o último nome utilizado (no fim, como curiosidade, as campanhas de cada denominação).

Ferroviário do Recife: Great Western e Ferroviário (R)
Atlético Caruaru: Esporte Caruaru e Atlético Caruaru
Manchete: Santo Amaro, Casa Caiada, Recife e Manchete 

4) No caso de clubes de um mesmo município com características bem semelhantes (padrão, nome e/ou escudo), mas que foram inscritos (legalmente) como agremiações distintas, valeram as campanhas separadas.

Do Cabo de Santo Agostinho:
Destilaria (1992-1995)
Cabense (1996-2011) 

De Vitória de Santo Antão:
Desportiva Pitu (1974)
Desportiva Vitória (1991-2006)
Acadêmica Vitória (2009-2016).

5) Em 1915, a Colligação SR jogaria 5 vezes, mas só foi a campo 2, levando o W.O. em três oportunidades. Em ação, perdeu de Santa (1 x 0) e Flamengo do Recife (3 x 0). Por isso, tem menos gols sofridos (4) que derrotas (5)!

6) As fase preliminares e hexagonais da permanência foram contabilizados com o mesmo peso das fases principais. 

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Salgueiro, tetracampeão do interior de PE

Pernambucano 2017, 8ª rodada: Central 0 x 2 Salgueiro. Foto: Medson Magno/Central SC

A campanha do Carcará no campeonato estadual é impecável. No geral, são 11 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Foi o melhor time na primeira fase e o líder do hexagonal do título, com duas rodadas de antecipação. No Antonio Inácio, pela 8ª rodada, o Salgueiro venceu o Central por 2 x 0, assegurando o status de melhor time do interior nesta edição. Como o resultado definiu o G4, Central e Belo Jardim acabaram saindo da briga pela classificação. Trata-se de um feito simbólico, mas que alimenta o domínio recente dos sertanejos. Nos últimos dez anos, este foi o sexto “título do interior”, com tetra em sequência. Igualou-se ao Porto, com as melhores campanhas nos anos 90.

Na história, 28 clubes do interior já participaram do Pernambucano, a partir do pioneiro Central, em 1937. Após aquela breve passagem, a Patativa voltou em 1961, com a presença fora da região metropolitana se mantendo até hoje. Dominante neste contexto nos anos 60, 70 e 80, o alvinegro caruaruense já foi o melhor do interior em 62% das 58 edições com ao menos um time representando. Incluindo uma série de 17 anos seguidos, de 1961 a 1977.

Ainda que o título não seja tão celebrado no futebol local como em outros centros, gaúcho e paulista por exemplo, o blog detalhou os melhores do interior. O critério é simples: a melhor colocação do interiorano no ano.

Sobre a tabela final, aliás, nenhum título. No máximo, quatro vices.

A campanha do Salgueiro segue aberta em 2017…

Central (36 vezes) – 1937 (5º), 61 (4º), 62 (4º), 63 (4º), 64 (3º), 65 (5º), 66 (4º), 67 (4º), 68 (4º) 69 (4º), 70 (4º), 71 (4º), 72 (4º), 73 (6º), 74 (6º), 75 (4º), 76 (4º), 77 (4º), 79 (4º), 80 (4º), 81 (4º), 82 (4º), 83 (4º) 84 (4º), 85 (4º), 86 (3º), 87 (4º), 88 (5º), 89 (4º), 90 (4º), 93 (4º), 2001 (4º), 02 (4º), 07 (vice), 08 (3º) e 10 (4º)

Porto (6 vezes) – 1994 (4º), 95 (4º), 97 (vice), 98 (vice), 2000 (4º) e 11 (4º)

Salgueiro (6 vezes) – 2009 (4º), 12 (3º), 14 (3º), 15 (vice), 16 (4º) e 17 (a definir)

Vitória (4 vezes) – 1991 (3º), 1992 (4º), 1996 (4º) e 1999 (4º)

Ypiranga (2 vezes) – 2006 (3º) e 2013 (4º)

Serrano (1 vez) – 2005 (4º)

Itacuruba (1 vez) – 2004 (4º)

AGA (1 vez) – 2003 (4º)

Atlético Caruaru ( 1 vez) – 1978 (6º)

Pernambucano 2017, 8ª rodada: Central 0 x 2 Salgueiro. Foto: Medson Magno/Central SC

Após 20 anos, Fla de Arcoverde ganha vaga no Brasileiro. E vai esperar mais 1

Pernambucano 2017, hexagonal da permanência: Flamengo de Arcoverde 2 x 2 Afogados. Foto: Flamengo/facebook (@Flamengodearcoverde)

Com o apoio de 672 torcedores no acanhado estádio Aureo Bradley, o Flamengo de Arcoverde empatou com o Afogados e terminou como líder do hexagonal da permanência do Estadual 2017. Precisou virar o jogo e depois viu a situação facilitada após a expulsão de dois adversários. No fim, 2 x 2 e muita festa no gramado, a 255 quilômetros da capital. A permanência na elite local já estava assegurada, mas o resultado recolocou o clube no Campeonato Brasileiro.

Veja a comemoração da vaga no perfil oficial do clube no facebook clicando aqui.

Há vinte anos, o Tigre disputou a terceirona, que era o último degrau. Acabou ficando na última colocação do grupo 5, que também contou com ASA, Juazeiro-BA e Centro Limoeirense. Desta vez, vai à Série D, sendo o 10º clube do estado a disputar a competição. No entanto, a vaga é para a próxima temporada, devido à reorganização do calendário da CBF, visando o “planejamento dos clubes”. De fato, o rubro-negro sertanejo terá tempo. Serão 15 meses até junho de 2018.

Antes disso, a Série D de 2017, com Belo Jardim, Central e Serra Talhada, que curiosamente acabou rebaixado no Pernambucano. Ficou a um ponto da permanência e da própria vaga ao Nacional de 2018. Desde já, a lição ao Fla.

Todos os times pernambucanos na Série D (entre parênteses, a colocação)
2009 – Central (12º) e Santa Cruz (28º)
2010 – Santa Cruz (14º) e Central (32º)
2011 – Santa Cruz* (2º) e Porto (38º)
2012 – Ypiranga (28º), Petrolina (39º)
2013 – Salgueiro* (4º), Central (14º) e Ypiranga (23º)
2014 – Central (16º) e Porto (18º)
2015 – Central (14º) e Serra Talhada (25º)
2016 – América (26º), Central (36º) e Serra Talhada (67º)
2017 – Central, América e Serra Talhada
2018 – Belo Jardim, Central e Flamengo
* Os clubes que conseguiram o acesso

Nº de participações na Série D (2009-2018)
8 – Central
3 – Santa Cruz e Serra Talhada
2 – Ypiranga, Porto e América
1 – Petrolina, Salgueiro, Belo Jardim e Flamengo

Pernambucano 2017, hexagonal da permanência: Flamengo de Arcoverde 2 x 2 Afogados. Foto: Afogados/site oficial (afogadosfc.com.br)

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2016

O pesquisador Carlos Celso Cordeiro foi o responsável pela recuperação de todos os dados estatísticos do futebol pernambucano. Jogos, resultados, escalações, públicos etc. Com um acervo completo desde 1915, foi possível construir um ranking de pontos do Campeonato Pernambucano. O legado de Carlos Celso se mantém e aqui o blog atualiza a tabela histórica (quadro completo abaixo) do Estadual. Para elencar as 102 edições já realizadas (com o Sport na liderança absoluta, com 194 pontos a mais que o rival Santa), o blog tomou a liberdade de padronizar a pontuação e estabelecer algumas ressalvas entre os 63 clubes que já disputaram ao menos um certame local. Vamos lá.

1) Três pontos por vitória. Oficialmente, o critério só foi introduzido no Estadual de 1995. Porém, para um levantamento geral, isso acabava resultando numa distorção (para baixo) nos clubes com triunfos obtidos antes desse período. E vice-versa. Antes da conversão, o Salgueiro, com onze participações desde 2006, era o 10º. Agora, aparece em 14º lugar, a 71 pontos do top ten.

2) Um ponto por empate. O critério pode até parecer lógico – já era assim na pioneira competição de 1915 -, porém, em alguns anos, como 1998, o empate com gols valeu dois pontos e o empate sem gols, um.

3) Clubes que mudaram de nome/escudo/uniforme, mas, oficialmente, mantiveram o registro de fundação, são considerados pela FPF como a mesma agremiação. Idem na lista. No ranking, valeu o último nome utilizado (no fim, como curiosidade, as campanhas de cada denominação).

Ferroviário do Recife: Great Western (1932-1954) e Ferroviário (R) (1955-1994)
Atlético Caruaru: Esporte Caruaru (1977-1978) e Atlético Caruaru (1979-1990)
Manchete: Santo Amaro (1966-1993), Casa Caiada (1994), Recife (1996-2004) e Manchete (2005)

4) No caso de clubes de um mesmo município com características bem semelhantes (padrão, nome e/ou escudo), mas que foram inscritos (legalmente) como agremiações distintas, valeram as campanhas separadas.

Do Cabo de Santo Agostinho:
Destilaria (1992-1995)
Cabense (1996-2011) 

De Vitória de Santo Antão:
Desportiva Pitu (1974)
Desportiva Vitória (1991-2006)
Acadêmica Vitória (2009-2016).

5) Em 1915, a Colligação SR jogaria 5 vezes, mas só foi a campo 2, levando o W.O. em três oportunidades. Em ação, perdeu de Santa (1 x 0) e Flamengo do Recife (3 x 0). Por isso, tem menos gols sofridos (4) que derrotas (5)!

6) As fase preliminares e hexagonais da permanência foram contabilizados com o mesmo peso das fases principais. Por isso, o Atlético Pernambucano soma 59 pontos, em 2015 e 2016, sem jamais ter enfrentado o Trio de Ferro.

Ao longo dos 102 anos, com milhares de partidas disputadas, o Santa foi o único onipresente. Náutico e Sport disputaram 101 e 100, respectivamente. Em 1915, ambos não concordaram com o regulamento da Liga (a precursora da FPF). Já em 1978 o Leão ficou de fora em protesto à direção da FPF. No lado oposto, o Afogados da Ingazeira, que em 2017 torna-se o 64º participante na elite.

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Três clubes do Recife e dois de Caruaru na Copa São Paulo de Juniores de 2017

Copa São Paulo de Juniores de 2017. Crédito: federação paulista de futebol

Com a participação recorde de 120 clubes, a Copa São Paulo de Juniores de 2017 terá cinco representantes pernambucanos, igualando a marca local da edição passada. A novidade é o Central. Ao contrário do rival Porto, bastante experiente na Copinha, a Patativa jamais havia sido convidada pela federação paulista, nem mesmo quando conquistou o título pernambucano da categoria, em 1983. E o estreante caiu logo no grupo do Flamengo, o atual campeão.

A armada do estado será composta pelo Trio de Ferro (tendo o Sport como atual bicampeão no futebol local) e pela dupla caruaruense (grupos abaixo). Desde 2001 foram 41 participações pernambucanas no tradicional torneio e em apenas 8 os nossos representantes avançaram à fase eliminatória, chegando no máximo às quartas de final, uma vez. Por sinal, este é o melhor resultado alcançado na história, em 1992 (Santa Cruz), 1997 (Sport) e 2016 (Sport).

Espalhado em trinta cidades, o 48º torneio (de 3 a 25 de janeiro) classificará ao mata-mata apenas os vencedores dos trinta grupos. Uma novidade é o sistema de substituições, com até seis trocas, desde que efetuadas em até três atos.

Campanhas pernambucanas no século XXI
2001 – Santa Cruz (8as de final), Sport e Náutico (ambos na 1ª fase)
2002 – Santa Cruz (1ª fase)
2003 – Santa Cruz (8as de final) e Náutico (1ª fase)
2004 – Náutico, Santa Cruz (ambos na 1ª fase)
2005 – Santa Cruz, Sport e Porto (todos na 1ª fase)
2006 – Porto e Santa Cruz (ambos na 1ª fase)
2007 – Porto (8as de final)
2008 – Porto e Ypiranga (ambos na 1ª fase)
2009 – Porto e Ypiranga (ambos na 1ª fase)
2010 – Porto e Atlético Pernambucano (ambos na 1ª fase)
2011 – Porto e Vitória (ambos na 1ª fase)
2012 – Sport, Porto e Vitória (todos na 1ª fase)
2013 – Náutico e Santa Cruz (ambos nos 16 avos de final), e Sport (1ª fase)
2014 – Sport (16 avos de final), Náutico, Porto e Santa Cruz (todos na 1ª fase)
2015 – Sport (16 avos de final), Náutico, Porto e Santa Cruz (todos na 1ª fase)
2016 – Sport (quartas), América, Náutico, Porto e Santa Cruz (todos na 1ª fase)

Participações locais (1969-2017)
22 – Santa Cruz (primeira em 1981)
15 – Sport (1974)
12 – Porto (2005)
11 – Náutico (1990)
2 – Ypiranga (2008)
2 – Vitória (2011)
1 – Atlético (2010)
1 – América (2016)
1 – Central (2017)

Últimas revelações pernambucanas na Copinha (na visão do blog)
2012 – Érico Júnior (atacante), 4 gols pelo Vitória
2013 – Ruan (atacante), 5 gols pelo Sport
2013 – Renato (atacante), 3 gols pelo Náutico

2014 – Joelinton (atacante), 3 gols pelo Sport
2015 – Raniel (meia), 1 gol pelo Santa Cruz
2016 – Adryelson (zagueiro), Sport

Grupos dos times pernambucanos na Copinha 2017. Crédito: federação paulista de futebol

Todas as 304 campanhas nacionais do futebol pernambucano de 1959 a 2016

Pernambuco

Devido a um ajuste no calendário da CBF, todos os campeonatos estaduais de 2016 classificaram os clubes duas edições seguidas da Série D, 2016 e 2017. A partir do próximo ano, a classificação valerá somente para o ano seguinte, a partir de 2018, claro. Assim, melhor para Central e América, que garantiram duas tentativas de ascender à Terceirona. Enquanto a Patativa chegou a 33 participações nacionais, sendo a sexta na quarta divisão, o Mequinha chegou a 6, sendo a primeira em 25 anos! Não disputava o Brasileiro desde a Série B de 1991, quando foi 59º lugar num torneio com 64 equipes.

Classificados ao hexagonal do título do Campeonato Pernambucano de 2016, os dois times completaram o ciclo de participações nacionais do estado na temporada. Confira, então, a quantidade de campanhas de cada um nos torneios oficiais organizados pela CBD e pela CBF e as melhores colocações, respectivamente. Ao todo, os 20 times que já representaram o estado disputaram 304 edições de oito competições diferentes desde 1959, na criação da Taça Brasil.

Representantes em 2016
Série A – Sport e Santa
Série B – Náutico
Série C – Salgueiro
Série D – Central e América

Copa do Brasil – Santa, Salgueiro, Sport e Náutico

Náutico – 76 participações de 1961 a 2016
Brasileirão (34)
6 – Taça Brasil (vice em 1967)
1 – Robertão (17º em 1968)
27 – Série A (6º em 1984)

21 – Copa do Brasil (3º em 1990)
1 – Copa dos Campeões (12º em 2002)
19 – Série B (vice em 1988 e 2011)
1 – Série C (4º em 1999)

Sport – 73 participações de 1959 a 2016
Brasileirão (38)
3 – Taça Brasil (4º em 1962)
35 – Série A (campeão em 1987)

22 – Copa do Brasil (campeão em 2008)
2 – Copa dos Campeões (vice em 2000)
11 – Série B (campeão em 1990)

Santa Cruz – 71 participações de 1960 a 2016
Brasileirão (24)
1 – Taça Brasil (4º em 1960)
2 – Robertão (12º em 1970)
21 – Série A (4º em 1975)

22 – Copa do Brasil (11º em 1997)
19 – Série B (vice em 1999, 2005 e 2015)
3 – Série C (campeão em 2013)
3 – Série D (vice em 2011)

Central – 33 participações de 1972 a 2016
2 – Série A (36º em 1986)
2 – Copa do Brasil (26º em 2008)
17 – Série B (1º em 1986, não oficializado como título)
6 – Série C (8º em 2000)
6 – Série D (12º em 2009)

Salgueiro – 12 participações de 2008 a 2016
3 – Copa do Brasil (13º em 2013)
1 – Série B (19º em 2011)
7 – Série C (4º em 2010)
1 – Série D (4º em 2013)

Porto – 11 participações de 1994 a 2014
1 – Copa do Brasil (57º em 1999)
8 – Série C (4º em 1996)
2 – Série D (18º em 2014)

América – 6 participações de 1972 a 2016
4 – Série B (8º em 1972)
1 – Série C (26º em 1990)
1 – Série D (2016, a disputar)

Vitória – 5 participações de 1992 a 2005
5 – Série C (11º em 1992)

Ypiranga – 4 participações de 1995 a 2013
2 – Série C (64º m 2006)
2 – Série D (28º em 2012)

Estudantes – 2 participações de 1990 a 1991
1 – Série B (37º em 1991)
1 – Série C (11º em 1990)

Petrolina – 2 participações de 2008 a 2012
1 – Série C (58º em 2008)
1 – Série D (39º em 2012)

Santo Amaro – 1 participação em 1981
1 Série C (vice em 1981)

Paulistano – 1 participação em 1988
1 – Série C (19º em 1988)

Itacuruba – 1 participação em 2004
1 – Série C (23º em 2004)

Unibol – 1 participação em 1999
1 – Série C (28º em 1999)

Serrano – 1 participação em 2005
1 – Série C (43º em 2005)

Centro Limoeirense – 1 participação em 1997
1 – Série C (47º em 1997)

Flamengo de Arcoverde – 1 participação em 1997
1 – Série C (54º em 1997)

Vera Cruz – 1 participação em 2007
1 – Série C (58º em 2007)

Serra Talhada – 1 participação em 2015
1 – Série D (25º em 2015)

Um Campeonato Pernambucano sem subsídio estatal, a missão em 2016

Sport, Santa Cruz e Náutico. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O Campeonato Pernambucano de 2016 será a 27ª edição desde que a FPF começou a levantar os dados oficiais de público em 1990. De lá pra cá, mais de 17 milhões de torcedores assistiram aos 3,2 mil jogos disputados na primeira divisão local, segundo os dados publicados no borderô. Neste ano, a competição volta a acontecer sem o subsídio estatal nos ingressos após nove anos.

A lacuna em 2007 só ocorreu devido à transição dos governadores e dos respectivos programas, do Futebol Solidário (troca por alimentos não perecíveis) na gestão de Jarbas Vasconcelos para o Todos com a Nota (troca por notas fiscais) de Eduardo Campos, numa reedição da campanha criada pelo avô Miguel Arraes. Com o “vale lazer”, em 1998, foi estabelecida a maior média de público da história da competição, com 10.895 espectadores. Um marco, a ponto de manter durante esse tempo todo o apoio do estado.

Nas 17 edições subsidiadas o investimento nos clubes foi de aproximadamente R$ 64 milhões. A suspensão do TCN logo após o término do último campeonato, devido à crise econômica, de acordo com o próprio governo, atingiu 420 mil torcedores cadastrados somente na região metropolitana. Agora, para assistir in loco a algum dos 92 jogos agendados em 2016, só com ingresso pago. Historicamente, a média neste formato não chega sequer a quatro mil pessoas.

Confira as médias de público de Náutico, Santa e Sport de 2005 a 2015 aqui

Ingresso pago (1990-1997 e 2007)
Público: 4.331.057
Média: 3.695
Jogos: 1.172

Futebol Solidário (1999-2006)
Público: 4.752.561
Média: 5.487
Jogos: 866

Todos com a Nota (1998 e 2008-2015)
Público: 8.395.379
Média: 7.108
Jogos: 1.181

Total (1990-2015)
Público: 17.478.997
Média: 5.429
Jogos: 3.219

No gráfico abaixo, um comparativo entre as três “eras” do futebol local.