A leitura obrigatória da ata do Clube dos 13, para compreender o passado de 1987

LeituraRedação, tarde de quinta-feira.

A editora de Esportes do Diario de Pernambuco, Roberta Aureliano, atende ao telefone na mais barulhenta das bancadas.

“Cassioooo… Telefone! É um repórter de São Paulo.”

Atendi a ligação. Era um jornalista do Estado de S. Paulo. Ele queria uma ajuda. Um contato com o presidente do Sport, Silvio Guimarães.

Pude ajudá-lo, mas a minha curiosidade foi grande: “Isso tem algo a ver com 1987?”

O repórter riu, consciente de que trata-se de um assunto infindável, e confirmou.

“É sobre a Taça das Bolinhas sim. Ainda está rendendo por causa dessa ata que o Flamengo mostrou. Preciso repercutir com o Sport.”

Por via das dúvidas, perguntei novamente… “É válido repercutir sim, sempre. Mas você leu a ata? Leu toda a ata?”

“Não.”

Uma resposta incrível. Quase uma regra no país nesta quinta-feira durante a repercussão do famoso documento que havia sido especulado desde 1997.

A ata do Clube dos 13 que tem a “assinatura de todos os seus representantes concordando com a divisão do título brasileiro de 1987”. Inclusive com o rabisco de Luciano Bivar, mandatário leonino naquela reunião do C-13 (veja a ata aqui).

A conversa continuou. O repórter se mostrou interessado em ouvir o “outro lado”. Exatamente, pois é assim que a “versão pernambucana” é retratada em grande parte da imprensa. Se mostrou interessado em sair do eterno senso comum sobre o tema.

Eu disse ao repórter que antes de repercutir seria bom ler a ata completa. Não toma tempo algum. São apenas três páginas. Eu li… Duas vezes.

Para mim, a interpretação sobre a “assinatura do Sport” chega a ser inacreditável. Está expresso de forma claríssima no documento.

Um trecho da ata após a colocação do então presidente do Fla, Kléber Leite, que condicionou a entrada do Leão no Clube dos 13 à divisão do título: “o presidente do Sport manifestou surpresa com a colocação agora feita e que em nenhum momento teria sido condicionado o seu ingresso no Clube dos 13 ao reconhecimento do direito ora invocado pelo Flamengo. (…) e disse que não podia submeter-se à exigência”.

Em seguida, é dito que foi encaminhado um ofício à CBF com a opinião unânime do Clube dos 13. Daí, o entendimento de que o Sport teria concordado. No entanto, a 3ª folha da ata registra o último episódio da reunião, que foi a votação para a entrada de três novos membros. Novamente com a unanimidade dos votos do Clube dos 13.

Dos fundadores do Clube dos 13, diga-se. Alcunha que não cabe a Sport, Goiás e Coritiba, que entraram no bolo naquele 9 de junho de 1997.

O repórter paulista ouviu atentamente isso tudo e disse: “Interessante e coerente”. Agradeceu sobre o contato e pelas informações do Brasileirão de 1987. Não sei como ele vai pautar a sua reportagem para esta sexta no Estadao. Mas pelo menos teve a chance de se dar conta que ler a ata seria importante.

O post foi longo…? Foi. Mas você leu tudo? Caso a resposta seja “não”, fica difícil repercutir. Como sempre.

27 Replies to “A leitura obrigatória da ata do Clube dos 13, para compreender o passado de 1987”

  1. Pingback: O incompleto documentário sobre a Copa União de 1987Blog de Esportes | Blog de Esportes

  2. Pra você que entende de direito, um fato novo pode alterar o final de um processo mesmo ele estando transitado em julgado.

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