* Por Lucas Fitipaldi
O dia 11 de maio de 2010 foi um marco na retomada do futebol brasileiro. Às 13h, o Brasil digeriu desconfiado os 23 nomes escolhidos para vestir o manto canarinho na África. Nada de Ganso, Neymar ou Ronaldinho Gaúcho. Fim da esperança.
A convocação da Seleção para a Copa de 2010 foi um claro recado do comandante Dunga, submerso em jargões prontos para justificar suas escolhas. Lemas como coerência, comprometimento e lealdade foram usados como escudo. Para proteger um grupo desprovido de talento, mas até então vencedor. Campeão da Copa América e da Copa das Confederações. Primeiro lugar nas eliminatórias, carrasco da Argentina. A Copa, no entanto, pedia mais…
Na África do Sul, o Mundial clamou pelo talento do futebol brasileiro. Em falta. Naquele trágico anúncio no hotel Windsor, Dunga escancarou seu alto apreço pelo tal comprometimento. E desapego à arte. A arte de improvisar.
Faltou a alma pura dos meninos Neymar e Ganso na África. O futebol bem jogado, a habilidade, a magia verde e amarela. Nossa principal matéria prima fez falta. Diferentemente de 94, quando Parreira se viu sem alternativa, a safra 2010 tinha talento a oferecer A derrota na África era assim uma morte anunciada. Era e foi. Uma lição aos pragmáticos, ferrenhos críticos da geração Telê Santana.
Ficou provado que futebol força sustentado na marcação não é condição de triunfo, como imaginavam alguns. A arte da Espanha sobrepôs o esquema previsível de Dunga nas oitavas-de-final. O Brasil voltou pra casa mais cedo. E a genuína arte, a brasileira, exigiu passagem no alto comando da Seleção.
No dia primeiro de julho de 2010, Dorival Júnior foi anunciado como novo comandante. Sua missão? Resgatar o verdadeiro futebol brasileiro. O projeto 2014 tinha um único objetivo: dar o troco na Argentina de Messi, campeã com beleza e justiça na África do Sul. De imediato, novas caras na primeira convocação. Com a chegada de Neymar, Ganso e Alexandre Pato, o apelo popular enfim foi atendido. Começava, na prática, a retomada. E como fez gosto acompanhá-la.
Pra encurtar a história neste chuvoso 11 de maio de 2054, o último ato, a redenção do nosso autêntico futebol havia mesmo de ser daquela maneira. Naquele exato palco, diante daquele exato adversário: 4 x 1 incontestável em cima da Argentina de Messi. Gols de Neymar e Ganso, dois pra cada. Era o adeus ao sonhado tetra hermano. Sonhado por eles, é claro. O gol de Messi logo no início foi o único consolo. Chegou a aterrorizar a massa com a possibilidade de outro Maracanazo.
Cutucou os fantasmas de 50 e incitou os pragmáticos de plantão. Mas era dia de fazer as pazes com a justiça. O ousado, paciente e educado Dorival Júnior fora enfim coroado. Ciente da responsabilidade, teve todo mérito naquela retomada. O mérito de saber escalar. Hoje, tenho certeza: a sexta taça foi um marco. A confirmação da nossa identidade. Sem ela, não teríamos chegado ao deca de maneira tão bela. Faz 40 anos. Mas parece que foi ontem.
* Lucas Fitipaldi é repórter do Diario e colaborador do blog
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Porque não tem nada sobre o sport?
É retaliação? Ou o time é ruim mesmo?
Sr. Givanildo, seu passado de glórias, irás estragar com estes jogadores de pelada, ou vai logo demitir uns 10 jogadores urgente.
Bruno almeida – rubro negro – recife-PE