Córdoba – Muito se falou do rebaixamento do River Plate no campeonato argentino, fato que deixou “metade” de Buenos Aires em tristeza profunda, ainda mais com o desempenho frustrante da seleçao nacional até aqui.
Mas chegou a hora de falar do outro lado da moeda, na segunda maior cidade do país…
Glória do Belgrano, de Córdoba, presente no álbum elaborado pelo blog, acima, do centro ao estádio Mario Kempes. Após cinco anos, o clube conseguiu subir para a primeira divisao, e de maneira histórica. Haja felicidade.
Em uma “promoción” contra o River, o time venceu por 2 x 0 em casa e segurou o empate em 1 x 1 no estádio Monumental de Nuñez. O blog entrevistou alguns torcedores do clube em Cabildo Historico e todos falaram com orgulho da festa com 50 mil pessoas no Patio Olmos, após a classificaçao.
Para completar, o maior rival do clube, o Talleres, campeao da Copa Conmebol de 1999, está na 3ª divisao. Abaixo, Luciano Moya, que considerou como um título de 1ª divisao…
Só mesmo o cantor Carlos Gardel, em seus melhores dias, conseguiria enraizar tanto drama em uma história quanto o rebaixamento inédito do River Plate.
Sim, o gigante River, arquirrival do Boca Juniors e dono do maior estádio da Argentina, o Monumental de Nuñez, palco da final da Copa América, que começa na próxima sexta.
O torneio continental começará ainda com um país atônito diante de algo tão marcante e surpreendente quanto a queda no domingo do Milionario, como é conhecida a tradicional agremiação de 110 anos de história, sempre na elite do futebol portenho, onde é o maior campeão, com 33 títulos.
No capítulo final de uma tragédia jamais anunciada, era preciso vencer o modesto Belgrano, de Córdoda, por dois gols de diferença. Em casa. Em mais um dia frio em Buenos Aires, o calor da hinchada do River, com quase 50 mil pessoas presentes.
O drama começou com um gol do adversário com apenas quatro minutos. Um silêncio daqueles cortado apenas pelo apito do árbitro Sergio Pezzotta, assinalando impedimento. Corretamente.
Do calafrio à emoção irracional 60 segundos depois, com o gol de Pavone, de fora da ára, na raça. Com a derrota por 2 a 0 no jogo de ida, restava devolver a diferença. A um gol da salvação, o River Plate pressionou. Dessa vez, a “camisa” não jogou.
Desarrumado, como nas últimas três temporadas – cuja média de pontos, no complicado sistema argentino, o deixou nessa repescagem -, o time deu espaço ao rival de ocasião. O gol incrivelmente perdido por Pereyra foi o primeiro aviso. Aos 17 minutos do segundo tempo, dois zagueiros do River trombaram e Farré, que não tinha nada a ver com aquele papelão fora de hora, empatou.
O fim de uma tradição – cuja faixa diagonal, para se ter uma ideia, é a fonte de inspiração do padrão do Vasco – estava a poucos minutos. O River, presidido pelo ídolo e ex-capitão Daniel Passarella – campeão do mundo com a seleção em 1978 -, ainda perdeu um pênalti com Pavone.
Pois é. A mística estava encerrada, sob a revolta da torcida, ensandecida com a situação, entre quebra-quebra e lágrimas intermináveis, sem deixar o estádio, a casa dos clássicos, fadado a receber jogos da “B”.
O domingo que jamais será esquecido na Argentina marcou, ainda, o aniversário de 15 anos da última Taça Libertadores conquistada pelo River Plate. Foi o verso final de um tango digno de Gardel. Hasta la vista, River.