Qual foi o custo total da construção da Arena Pernambuco? A pergunta é direta, objetiva. Só não tem resposta (verdadeira), mesmo dois anos após a sua inauguração. A situação chegou a tal ponto que a vice-governadoria e a Odebrecht, empresa vencedora da licitação, tiveram que detalhar os contratos da obra ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). No limite do prazo estipulado, vários CDs de difícil compreensão foram entregues pela empreiteira.
Após somar todos os números – pois é, o “custo” não foi repassado de forma absoluta -, se chegou ao seguinte dado: R$ 479 milhões, desconsiderando projeto executivo e operação. Achou estranho? Eu também. Afinal de contas, depois de tanta celeuma sobre o valor, a construtora repassou apenas o dado original, a preço de maio de 2009, sem os aditivos.
Vamos então ao bastidores de mais um capítulo nessa busca por um número necessário para o entendimento da parceria público-privada. Já era noite na sexta-feira quando Julia Schiaffarino, repórter da editoria de Política do Diario de Pernambuco, recebeu a informação sobre o valor. Ela estava de folga e a notícia havia sido dado por uma fonte, sem anúncio oficial do TCE. Coube à editoria Superesportes questionar o consórcio, uma vez que os aditivos para antecipar a obra em oito meses, visando a Copa das Confederações de 2013, foram completamente ignorados.
Em 2014, o então secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, deu uma pista, revelando que o gasto final, incluindo os aditivos, já considerava uma “ordem de grandeza de R$ 650 milhões”. Por sinal, o próprio número de 479 milhões de reais já não caberia na prática, pois o reajuste acumulado de 22,95% no Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) elevaria o valor para R$ 569 milhões. Mas aí faz parte da engenharia financeira regulamentada, ok.
Para a assessoria de imprensa – a Odebrecht só se posiciona oficialmente desta forma -, o jornal enviou os seguintes questionamentos, por e-mail. Abaixo.
A gente recebeu a informação de que o TCE chegou ao dado final sobre o custo da Arena Pernambuco, a partir dos relatórios enviados pela Odebrecht. E o valor seria de R$ 479 milhões, justamente o original do contrato. Por que, mesmo com a exigência do TCE, a Odebrecht não informou os valores dos aditivos? Apenas com esses valores, ainda não informados (dois anos após a inauguração), se chegaria ao real custo do estádio.
Considerando a pressão da sociedade sobre o custo do estádio somada à exigência do Tribunal de Contas do Estado, a empresa não vê falha ao insistir em divulgar um valor que não condiz com a realidade? Qual é a dificuldade de se fechar esse número?
Qual foi o custo do aditivo (para antecipar a obra em oito meses), além do valor do contrato original?
De fato, houve um posicionamento, também via e-mail. Eis a íntegra.
Nota oficial
Esclarecimentos a respeito do contrato de PPP devem ser encaminhados ao Poder Concedente (Governo do Estado de Pernambuco) responsável pelo contrato.
O governo do estado cobra a Odebrecht, que repassa a responsabilidade ao governo e ambos informam o mesmo número (anterior à obra) ao TCE. Que o grupo técnico do tribunal se faça realmente independente e siga investigando. Tudo para responder uma pergunta teoricamente simples