Longe de Heysel

Apesar de contestada, a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol do Brasil vem sendo apontada como a força motriz para a redução de incidentes entre torcedores nos jogos. Esse foi um dos pontos apresentados na Procuradoria-Geral da Inglaterra pelo promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais, Aguinaldo Fenelon, responsável pelo Juizado Especial do Torcedor, que funciona em Pernambuco. A visita aconteceu em 16 de agosto, em Londres.

A colunista de Vida Urbana do Diario, Ana Braga, comentou na edição de hoje sobre a atuação do Juizado – que poderá ser implantado no restante do país em breve. Instalado nos três estádios do Recife e no Lacerdão, em Caruaru, o Juizado poderá ganhar mais espaço em outras cidades do interior no Campeonato Pernambucano de 2009. Segundo os dados de Fenelon, de maio até agosto deste ano, a redução de crimes já atinge a marca de 78%.

Como falamos acima, a bebida alcoólica está diretamente ligada à confusão nos estádios. Abaixo, um dos motivos de a reunião ter sido justamente na Inglaterra.

Hooligans

Uma palavra abominada na Inglaterra. É o que define aquele torcedor brigão, fanático ao extremo e quase sempre alcoolizado, e que poucas vezes quer mesmo ver o jogo. O caso mais emblemático (e triste) de confusões em um estádio ocorreu na decisão da Liga dos Campeões da Uefa de 1985, em Bruxelas, na Bélgica. A Juventus, da Itália, venceu os ingleses do Liverpool por 1 x 0, em 29 de maio. Infelizmente, naquele dia, a lembrança não se refere à comemoração de Michel Platini após marcar, de pênalti, o gol do título, mas sim à morte de 39 torcedores (grande maioria da Juve), agredidos por hooligans do Liverpool.

Um número de guerra civil. O episódio ficou conhecido como Tragédia de Heysel (nome no estádio).

Medidas adotadas pela organização belga naquele dia (comuns nos clássicos pernambucanos):

1) Suspensão da venda de bebidas alcoólicas no estádio
2) Revista de todos os torcedores na entrada
3) 1.500 policiais (o recorde no Recife foram os 900 oficiais na final da Copa do Brasil deste ano, entre Sport e Corinthians)

O que aconteceu então?

Todos os bares no entorno do estádio estavam abertos (assim como ainda acontece no Brasil). Os confrontos começaram bem antes da partida, ainda na entrada Heysel. Devido à superlotação do estádio (outro ponto que também preocupa), torcedores dos dois times ficaram em um mesmo setor. Barras de ferro do alambrado, pedras… Tudo isso virou arma naquela fatídica decisão.

Obs. NINGUÉM foi preso naquela noite em Heysel. Apenas o futebol, refém dos vândalos.

Você já presenciou algum incidente em um jogo de futebol? Tem alguma sugestão para ajudar no combate aos crimes nos estádios? OPINE!