Existem mais de 30 blocos de carnaval inspirados nos três grandes clubes pernambucanos, com desfiles no Recife, em Olinda e no interior do estado. Do Sábado de Zé Pereira à Terça-feira Gorda. Três dessas agremiações contam com apoio direto e indireto de Náutico, Santa Cruz e Sport, que divulgam os arrastões do frevo e a venda de camisas oficiais dos blocos – esta receita, aliás, ajuda no custeio das orquestras, bonecos gigantes e fantasias.
A seguir, detalhes do “Bloco Timbu Coroado”, da “Troça Carnavalesca Futebolística e Cervejeira Eternamente Sport” e da “Troça Carnavalesca Mista, Ofídica, Etílica e Erótica Minha Cobra”. Em todas, sob um sol danado, clubismo liberado e muitos frevos inspirados no Trio de Ferro. Bom carnaval a todos!
Timbu Coroado (desde 1934) Camisa: R$ 20 (sócio) e R$ 25 (não sócio) Data: domingo de carnaval Desfile: das 9h às 16h Saída: Aflitos
Eternamente Sport (desde 2016) Camisa: R$ 25 (sócio) e R$ 35 (não sócio) Data: domingo de carnaval Desfile: das 9h às 15h Saída: Largo do Amparo, Olinda
Minha Cobra (desde 2006) Camisa: R$ 30 Data: segunda-feira de carnaval Desfile: das 9h às 15h Saída: Bonsucesso, Olinda
Os blocos Cobra Fumando, no Arruda, e Minha Cobra, em Olinda, arrastam milhares de tricolores, com características únicas no frevo. Em um século de história, o Santinha teve dois dos maiores compositores do envolvente ritmo pernambucano. Nelson Ferreira (1902-1976) e Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (1904-1997). O primeiro foi um gênio nos frevos-de-rua, extraindo a animação dos metai, mas sem perder a linha como autor. Em 1957, homenageou o primeiro supercampeonato, com um frevo-canção, gravado posteriormente pelo alvirrubro Claudionor Germano. “Vamos cantar com toda emoção / Um, dois, três, quatro, cinco, seis / Saudando a faixa de supercampeão / A que fez jus / O mais querido Santa Cruz / Foram três as vitórias colossais”.
Capiba, com 200 músicas no repertório, dos mais variados temas, não deixou por menos. Conselheiro coral, compôs em 1948 a marcha “O Mais Querido”. Como o clube não levantou a taça, guardou a letra. Hoje decorada em cada canto do Mundão, a canção só foi lançada em 1957. “Santa Cruz, Santa Cruz , junta mais essa vitória…”. O compositor só mexeu no último verso, adicionando o “super”. Irmão de Capiba, Marambá criou “Cobral Coral” em 1959, na voz de Rubens Cristino. “Quando aparece num gramado / O Santa Cruz dando xaxado / O adversário vai cair / Disso não pode fugir / Deixa a fumaça subir”.
Muito antes, Sebastião Rosendo compôs o mais famoso frevo-canção do clube, “Santa Cruz de Corpo e Alma” de 1942, atendendo um pedido de Aristófanes de Andrade, renomado tricolor. Ainda que não tenha uma letra específica para o clube, o carnaval foi revigorado mais recentemente com as inúmeras músicas do tricolor Chico Science, através do manguebeat, uma soma de ritmos com total imersão no carnaval. Não por acaso, Chico, que faria 50 anos em 2016, foi o homenageado no bloco a Minha Cobra, juntando todos os sons.
De corpo e alma ao papa-taças, as canções que apaixonam nas orquestras.
Santa Cruz de Corpo e Alma (Sebastião Rosendo, 1942) Eu sou Santa Cruz De corpo e alma E serei sempre de coração Pois a cobrinha quando entra no gramado Eu fico todo arrepiado e torço com satisfação (2x) Sai,sai Timbu Deixa de prosa, O seu Leão Periquito cuidado com lotação Que matou pássaro preto Tricolor é tradição
O mais querido (Capiba, 1957) Santa Cruz, Santa Cruz
Junta mais essa vitória
Santa Cruz, Santa Cruz
Ao te passado de glória
És o querido do povo
O terror do Nordeste
No gramado
Tuas vitórias de hoje
Nos lembram vitórias
Do passado
Clube querido da multidão
Tu és o supercampeão.
Papa-Taças (João Valença e Raul Valença (década 1970) Quem é que quando joga A poeira se levanta É o Santa, é o Santa Escreve pelo chão Faz miséria e não se dobra É a cobra, é a cobra É sem favor o maioral O tricolor, a cobrinha coral O mais querido timão das massas Por apelido o papa-taças
Se tu és tricolor (Capiba, 1990) Se tu és tricolor Que Deus te abençoe Se não és tricolor Que Deus te perdoe O Santa tem a fibra Dos Guararapes Por tradição É o mais querido E sempre será O clube da multidão
Santa Cruz de Corpo e Alma (1942, Sebastião Rosendo)
Vulcão Tricolor (2007, Maestro Forró). O último dos frevos-de-rua dos clubes.