De hoje até o próximo sábado, vou postar diariamente os vídeos dos títulos pernambucanos desta década. Neste sábado, a histórica final de 2001, quando o Náutico venceu o Santa Cruz por 2 x 0, diante de 70 mil pagantes no Arruda. A vitória (com gols de Kuki e Thiago Tubarão) acabou com um jejum de 11 anos sem troféus em Rosa e Silva. E mais (principalmente…): foi o título do centenário do clube, e que ainda evitou o hexa do Sport. Sem dúvida alguma foi uma das maiores vitórias da história do Alvirrubro. Leia mais sobre o título AQUI.
Dia: 3 de janeiro de 2009
Superclássico argentino em Sergipe
As cidades sergipanas de Cristinápolis e Carmópolis têm uma rivalidade fortíssima no futebol. Os dois times que representam os municípios disputam jogos com o mesmo peso do superclássico argentino entre Boca Juniors e River Plate.
Literalmente! Apesar de serem bem genéricos… 😯
O Sociedade Boca Júnior de Futebol Clube está sediado em Cristinápolis, de apenas 16 mil habitantes, no sul do estado, já na divisa com a Bahia.
O nome é assim mesmo: “Boca Júnior”, ao invés do tradicional Boca Juniors, atual campeão argentino. O time sergipano abriu mão do popular azul e amarelo, trocando o amarelo pelo branco. As maiores conquista do clube – fundado em 1993 – são os 2 títulos estaduais da 2ª divisão (2004 e 2007). No ano passado, o Boca foi rebaixado como lanterna e poderá voltar a fazer o clássico contra o River.
Isso se o rival disputar a Segundona. Na última edição, o Sociedade Esportiva River Plate desistiu da competição. Em 2007, a equipe quase subiu, mas foi eliminada na semifinal pelo São Domingos, nos pênaltis.
Curiosamente, o artilheiro do Boca naquele ano foi Rivanílton, com 6 gols.
O River fica em Carmópolis, uma cidade ainda menos populosa que Cristinápolis (12 mil moradores), mas a apenas 30 quilômetros da capital Aracaju.
Ao contrário do “arqui-rival”, o River Plate não nega a sua origem, e já no escudo isso fica claro. Tudo no clube é inspirado no gigante de Buenos Aires. E olhe que o time foi fundado em 18 de agosto de 1967…
Obs. Boca Juniors e River Plate (os originais) já disputaram 320 clássicos desde o primeiro duelo, em 1913. O Boca ganhou 116 jogos, contra 104 vitórias do rival. Leia mais AQUI.
Pernambucano no gelo
Um casal canadense de missionários menonitas (evangélicos) chegou ao Recife no final da década de 70 com o objetivo de trabalhar em obras de assistência social. Em Pernambuco, eles tiveram um filho, Robyn Regehr, nascido em 19 de abril de 1980. Ainda criança (4 anos), ele foi levado pela família, que ainda morou na Indonésia antes de voltar ao Canadá (na Ásia nasceu o irmão mais novo de Robyn).
No Canadá, onde chegou em 1992, ele cresceu na cidade de Rosthern. E não aprendeu uma palavra sequer na língua portuguesa (por sinal, ele estaria lascado agora com a correção ortográfica 😯 ). A sua ligação com o Recife foi cortada há quase 25 anos. Mesmo assim, Robyn entrou para a história do esporte brasileiro. E logo na terra do gelo…
Ele é o único jogador nascido no país no tradicional campeonato norte-americano de hóquei sobre o gelo, a National Hockey League (NHL) – veja o site oficial de Regehr clicando AQUI. O pernambucano (que se naturalizou canadense) atua como defensor na NHL desde a temporada 1999/2000, após ter sido o 19° escolhido no Draft (recrutamento) da liga. Ele foi selecionado pelo tradicional Colorado Avalanche, que o negociou no mesmo dia.
Ou seja, desde o primeiro ano, Regehr vem jogando Calgary Flames, de Alberta, Canadá (pois é, na NHL um time canadense pode jogar contra equipes dos EUA). E ele é considerado um líder da equipe e um dos ídolos da torcida. Até mesmo porque já está em sua 9ª temporada no hóquei. Ao todo, disputou 667 jogos, marcando 141 pontos (veja as estatísticas completas do pernambucano clicando AQUI).
Bastante popular nos EUA, o hóquei reúne alguns dos maiores salários do esporte. Na temporada 2007/2008, por exemplo, Daniel Briere ganhou US$ 10 milhões para defender o Philadelphia Flyers. Mas o recifense está bem na fita. Ele assinou um contrato de 5 anos (que começou a valer na atual temporada), no valor de US$ 20 milhões (R$ 46 milhões). 😀 Bastante comum no futebol, as “luvas” para assinar um contrato também existem no hóquei. E somente por isso, R$ 2,3 milhões entraram na conta de Robyn. Tanto dinheiro é justificado pelas atuações de Regehr, que em 2004 venceu a Copa do Mundo de Hóquei. Pelo Canadá, naturalmente.
O começo de sua carreira, porém, foi trágico. Em 4 de julho de 1999, ele fraturou as duas tíbias em um acidente automobilístico perto de sua casa, que vitimou duas pessoas que estavam no outro carro. Por conta própria, Robyn entrou em uma clínica de reabilitação. Ainda assim, atuou 57 vezes no campeonato (acreditem, é um número baixo para os padrões da NHL). Mas em 2003/04 ele foi um dos destaques dos Flames, com 18 pontos em 82 jogos (eu avisei…), ajudando a equipe a conquistar a Conferência Oeste. Na final da Copa Stanley (o “Superbowl” da NFL), o Flames ficou com o vice.
Leia uma entrevista de Regehr (traduzida), clicando AQUI.
O time Robyn Regehr joga na Pengrowth Arena, que tem capacidade para 19.289 pessoas (veja abaixo). O Calgary Flames entrou na liga em 1972, e venceu a Copa Stanley uma vez, em 1988/89. A temporada 08/09 vem sendo excelente para a equipe, que ocupa o 3° lugar na Conferência (que tem 15 times), com 22 vitórias em 37 jogos, até o dia 2 de janeiro. Veja a classificação AQUI. Ainda faltam 45 jogos para acabar a temporada regular e dar início aos playoffs.
Antes do recifense, apenas outro brasileiro conseguiu ingressar na maior liga de hóquei sobre o gelo. O pioneiro foi o Mike Greenlay, nascido em Vitória/ES, em 1968. Ele atuou apenas 2 vezes, no campeonato de 89/90. Curiosamente, Greenlay cresceu em Alberta, sede do Calgary Flames. Depois de encerrar a carreira (ele ainda perambulou em clubes de ligas menores), Mike virou comentarista esportivo de uma rede de TV.
Robyn Regehr na NHL
9 temporadas
667 jogos
28 gols
113 assistências
141 pontos (soma dos gols e assistências)
Obs. A atual temporada só não foi a 10ª na carreira de Regehr por causa do Acordo Coletivo de Trabalho em 2004/2005, que resultou em uma greve que inviabilizou toda a temporada na NHL.
Veja abaixo um vídeo com os melhores momentos de Robyn Regehr na NHL. Como ele é um defensor, entenda isso como muita pancada…
Post com a colaboração de Rodrigo Lopes Barbosa