Homero Lacerda, 62 anos, carioca.
O ex-presidente do Sport é, possivelmente, o protagonista de toda essa batalha jurídica de 1987.
Depois de tanto tempo, de tantos debates e entrevistas, Homero já tem o dicurso mais do que decorado. Ele tem um verdadeiro “doutorado” no assunto. Em sua casa, todos os documentos possíveis.
De liminares até a carta da Fifa. Com tanto conteúdo assim, pensa em escrever um livro narrando a odisseia.
Nunca baixou a guarda sobre a polêmica. Enfrentou a todos de forma contundente.
Durante a apuração para o texto sobre o parecer da CBF em relação à Taças da Bolinhas (veja AQUI), telefonei para presidente leonino em 87. Frases de impacto…
Algumas delas muito bem ensaiadas. “O Flamengo não merece isso. Aquela diretoria só fez expor o Flamengo com essa mentira” é uma de suas preferidas. Essa eu já ouvi pelo menos 3 vezes desde que entrei no DP e o entrevistei sobre o assunto.
No fim da conversa, Homero – que não escondia a satisfação em ver a confirmação do título (ratificação, segundo ele) – trouxe à tona um detalhe que foi, simplesmente, a força motriz de todo esse processo sobre a posse da taça.
Esquecido desde 1992 num cofre da Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro, por causa do imbróglio jurídico, o troféu foi pleiteado pelo São Paulo em 2007, após a 5ª conquista tricolor no Nacional. O time paulista tornava-se o primeiro pentacampeão.
O Sport chegou a bancar outdoors no Recife com uma mensagem de parabéns ao Tricolor Paulista pelo feito inédito.
Na época, Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, entrou em contato com Homero para se informar sobre a “veracidade” do título. Quis saber se o desejo do Morumbi de buscar a taça havia fundamento.
Homero não só disse que havia como revelou que prestou uma “assessoria”.
“Depois do penta do São Paulo, o Juvenal me telefonou para saber mais sobre o assunto. Expliquei tudo. Enviei todos os documentos. Até a carta da Fifa. Também conversei com o advogado do Tricolor, para orientá-lo. E aí está a resposta”.
Ao incutir no São Paulo parte da missão, Homero fez, naquele momento, o movimento para um xeque-mate no tabuleiro. O valor legal da causa era imbatível, mas faltava o peso político. O ponto final foi dado pela CBF em 14 de abril de 2010. Ele já sabia…
Se o livro sair, a assinatura do autor: LACERDA, Homero.
Cassio, perder tempo pra falar da legalidade de 1987? Isso, a justiça já decidiu desde 1994 (salvo engano).
O que o Brasil todo viu foi o Flamengo ser Campeão Brasileiro de fato, dentro de campo.
A legitimidade do título do time pernambucano é a mesma de uma cédula de 3 reais.
Um abraço, Fernando Arruda.
Que piada, hein Aquiles?! Copiar e colar texto do site do Flamengo!!!
http://www.flamengo.com.br/flapedia/Campeonato_Brasileiro_1987
Muita falácia! O orgão máximo do futebol brasileiro, atento à sentença do Egrégio SupremoTribunal Federal, em última instância, quando determina a inclusão do SPORT na primeira divisão de 1987, contra a virada de mesa do clube dos 13, inclui 16 clubes a mais na 1ª divisão. Logo, o módulo amarelo nunca foi considerado pela CBF como 2ª divisão, como queria o clube dos 13. A sentença do STF tem força de Lei e nenhum arrumadinho pode contra ela.
Campeonato Brasileiro 1987
Contexto da Competição
Desde sua primeira edição em 1971, o Campeonato Brasileiro de Futebol já havia sido chamado de Taça de Ouro e Copa Brasil. O Campeonato Brasileiro de 1987 ficou conhecido como Copa União e tinha o nome oficial de “João Havelange”. “União” foi apenas um nome simbólico aproveitado posteriormente para ser usado em homenagem a um dos patrocinadores ao mesmo tempo em que representava aquele histórico momento de superação no qual se agrupavam os principais clubes de futebol do país em torno de um único objetivo, apesar de toda rivalidade que sempre existiu.
O campeonato foi organizado pelos mais consagrados clubes de futebol do País, algo semelhante ao que acontece hoje com as famosas Ligas Européias que organizam a primeira divisão dos principais campeonatos nacionais deste continente como na Inglaterra, Alemanha, Itália, etc. 87 foi o ano da revolução no futebol brasileiro. Revoltados com o imenso prejuízo nos últimos anos, os treze maiores clubes do país bateram o pé, enfrentaram a CBF.
Em 1987, a CBF passava por uma grave crise financeira e confusão administrativa devido a disputas políticas internas divididas entre os dois presidentes. A falta de crédito da CBF era tamanha que alguns clubes tradicionais até já ameaçavam não disputar o campeonato nacional caso a CBF ficasse novamente como “organizadora” da competição. Então em junho de 1987, Octávio Pinto Guimarães, presidente da entidade, anunciou publicamente via imprensa que a CBF não tinha condições de organizar o Campeonato Brasileiro daquele ano. Notícia que em seguida foi confirmada também pelo seu vice-presidente Nabi Abi Chedid que além de confirmar a situação deu todo o aval para que o presidente do São Paulo F.C., na época Carlos Miguel Aidar, tomasse a iniciativa de convencer os principais clubes do Brasil a fundarem uma associação que os representassem e teria como primeiro objetivo a organização do Campeonato Brasileiro de 1987.
Na manhã de sábado do dia 4 de julho de 1987 no Morumbi foi fundado a “União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro – Clube dos Treze” que reunia os representantes dos 12 principais clubes de futebol do país na época mais a inclusão do Bahia que também estava presente. Os membros fundadores da associação foram os quatro grandes de São Paulo: Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos; os quatro grandes do Rio de Janeiro: Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo; os dois grandes de Minas Gerais: Atlético-MG e Cruzeiro e os dois maiores do Rio Grande do Sul: Internacional-RS e Grêmio, incluindo o Bahia que de acordo com um levantamento feito pelo Jornal do Brasil representavam juntos na época 95% de todas as torcidas do futebol brasileiro. O idealizador do evento, Carlos Miguel Aidar, foi eleito também o presidente da nova entidade, permanecendo no cargo até abril de 1990.
Reunidos na nova associação, apesar das ameaças de desfiliação por parte da CBF, com o respaldo da FIFA, agregaram um novo elemento ao mundo do futebol brasileiro, ou pelo menos inédito: o projeto de marketing. Patrocinados pela Varig (para os custos com as viagens), Rede Globo de Televisão (para venda dos direitos de transmissão), e a Coca-Cola que estampou seu logotipo na camisa de todos os clubes com exceção de Flamengo (Petrobrás), Corinthians (Kalunga) e Palmeiras (Agip), São Paulo (Bic) e Internacional-RS (Aplub), pois estes já tinham patrocínio próprio e deveriam cumprir contrato. Assim, o Clube dos 13 acabou com a dependência que o nosso futebol tinha do paternalismo governamental e da CBF, e organizou a Copa União, que representaria o Campeonato Brasileiro daquele ano com o apoio da própria CBF.
Apesar das divergências e a inegável insatisfação histórica dos clubes com a Confederação. A criação da Copa União só surgiu após uma conciliação entre a CBF e o Clube dos 13, já que uma desobediência à entidade poderia provocar reações da FIFA.
A única exigência da CBF para a realização da Copa União pelo Clube dos 13 era que se incluísse pelo menos mais três clubes de Estados diferentes. Cumprindo a exigência da CBF o Clube dos 13 pediu as Federações dos estados de Goiás, Paraná e Pernambuco, que cada uma indicasse um representante para entrar como convidado no torneio. Os outros tês clubes indicados pelas Federações Goianiense, Paranaense e Pernambucana foram respectivamente: Coritiba, Santa Cruz e Goiás que na época em suas respectivas regiões tinham melhor desempenho em campeonatos nacionais e também eram os mais populares formando assim um total de 16 participantes no torneio.
Não houve critérios técnicos para a escolha dos outros três participantes e em contrapartida, deixaram de fora o Guarani-SP, e o América-RJ, respectivamente vice-campeão e 4ª colocado do ano anterior, ainda assim a CBF não fez qualquer objeção quanto a isso, pois excluir da disputa da competição do Campeonato Brasileiro os clubes com colocações regulares no campeonato anterior não seria uma prática exclusiva do Clube dos 13. Por diversas vezes, a própria CBF promoveu novamente clubes rebaixados, rebaixou clubes que não tinham caído para a segunda divisão e já havia usado até a melhor média de público como critério de classificação (sempre com o mesmo intuito de beneficiar os grandes clubes). Em outras oportunidades também a CBF não promoveu clubes que venciam a segunda divisão (como no caso do Villa Nova em 1971 não ter ido para a elite do futebol em 1972).
A idéia da Copa União era de diminuir os prejuízos obtidos nos jogos sem importância contra clubes menores, pois como a CBF havia desistido de organizar o campeonato alegando falta de recursos para arcar com as despesas, então “quem pagaria a conta desses jogos menores seriam os grandes clubes”, por isso, a solução alegada pelos maiores clubes do país foi de selecionar os competidores conforme a tradição e popularidade que esses clubes tinham a nível nacional.
Em 1986 a CBF não realizou a segunda divisão, os clubes da Série B disputaram o mesmo campeonato com os clubes da Série A. O campeonato nacional de 1986 ficou marcado por ser um dos mais desorganizados de todos, contou com a participação de 80 clubes e ficou meio confuso distinguir quem estava na primeira divisão ou não no ano seguinte. O Conselho Nacional de Desportos e a CBF decidem que os 24 melhores colocados da Copa Brasil de 1986 disputariam a 1ª divisão do ano seguinte. O CND como maior instância esportiva na época, era também a maior autoridade no Futebol, não tinha apenas função normativa, mas disciplinadora e reguladora de todos os esportes. Tinha poderes plenos para fazer intervenções no Campeonato Brasileiro de Futebol, revogar determinações da CBF, contrariar a entidade e decidir questões controversas envolvendo o desporto nacional, conforme o art. 41 da Lei 6.251/75. Em 1986, o CND, desfavorecendo a CBF, deu o ganho dos pontos em favor do Joinville na partida em que seu adversário, o Sergipe, teria disputado com um jogador dopado no empate de 1×1, o que obrigou a CBF a procurar outra solução para o caso, que foi de incluir mais três clubes já eliminados, já que essa resolução deixaria o Vasco fora da competição. Clubes que historicamente tinham um retrospecto regular na competição como Botafogo e Coritiba (campeão nacional de 1985) ficariam de fora dessa lista para o ano seguinte, mas se sentido prejudicados com o “inchaço” do campeonato entraram com um processo na Justiça Comum.
Até 1986 ainda não existia o sistema de rebaixamento, esse critério só foi adotado, na Prática por imposição da FIFA, a partir da Copa União de 1988 (que foi vencida pelo Bahia), o único critério válido para se classificar para o campeonato nacional da primeira divisão, até então, era obtendo as primeiras colocações nos campeonatos estaduais (portanto, era possível que o vice-campeão ou o 4ª colocado não disputasse o campeonato da 1ª divisão no ano seguinte). Critério que a CBF várias vezes descumpriu (como fez com a promoção do Santos no ano de 1983, pois as vagas destinadas aos clubes paulistas eram até a 8ª colocação do Paulistão e o time da Vila ficou em 9ª. O Vasco também não teria atingido o índice em 83, mesmo assim permaneceu na Série A). Em 1993, já adotado o novo sistema de rebaixamento, a CBF teria descumprido mais uma vez com uma “virada de mesa” em favor do Grêmio. Em 2000 seria novamente o Clube dos 13 mais uma vez a descumprir o critério técnico recolocando o Fluminense na primeira divisão quando organizou a Copa João Havelange.
Para prestigiar seus compromissos políticos com as demais federações nacionais em 1987, a CBF organizaria dois campeonatos que foram nomeados por módulos: “Amarelo“, que representaria a Segunda Divisão e os Módulos “Azul” e “Branco” que representariam a Terceira Divisão. Nos módulos “Azul” e “Branco” classificariam 12 equipes para a Segunda Divisão de 1988. Porém, esta edição da Série C não passou a ser reconhecida pela própria CBF como a Terceira Divisão do Brasileirão.
A Segunda Divisão que desde 1971 já havia se chamado de “Taça de Prata” e de “Taça CBF“, dessa vez foi batizada da “Roberto Gomes Pedrosa“. Quando a CBF decidiu criar o chamado “Módulo Amarelo” em 87 (Segunda Divisão), a Confederação usou como critério a participação dos clubes de menor expressão que se classificaram entre os 28 da Copa Brasil de 1986 que não estavam disputando a Copa União, mas na hora de fazer a seleção faltou com o critério quando deixou de incluir a Ponte Preta em favor do Sport e do Vitória que participaram apenas como convidados.
Mais adiante a Confederação passou a temer que os clubes de repente passassem a acreditar que ela não fosse mais útil. O que na prática ficou comprovado. Quando tudo parecia resolvido, apareceu outro grave problema. A CBF que já estava pressionada politicamente ficou ambicionada pelo enorme sucesso comercial da competição organizada pelo Clube dos 13 e se arrependeu de ter renunciada a responsabilidade de organizar a competição. Quando o campeonato já estava acontecendo, a CBF voltou atrás e quis mudar o regulamento em vigor da Copa União que já estava em disputa. Para isso, a entidade decidiu incluir de alguma forma na competição os 16 clubes do qual ela chamou de “Módulo Amarelo”.
Para conciliar os interesses da CBF com o Clube dos 13, a Copa União passaria a se chamar “Módulo Verde” e, a princípio, esses clubes do chamado “Módulo Amarelo” que disputavam um campeonato paralelo à Copa União seriam apenas a segunda divisão do Brasileirão daquele ano, porém, no final deveria haver um cruzamento entre os campeões e vices de ambos os campeonatos para decidir quem seriam os dois representantes do Brasil que disputariam a Taça Libertadores da América no ano seguinte. Ainda que aparentemente fosse algo absurdo, não houve qualquer relutância quanto a essa proposta e o impasse se deu como resolvido. Curiosamente uma vaga na Libertadores não interessava tanto aos clubes nacionais quanto hoje (possivelmente, isso explica o motivo dos argentinos serem os maiores vencedores da competição). Mas em seguida a CBF muda seu discurso e a partir da quinta rodada deixa de considerar a Copa União como o Brasileirão, passando a considerar também o “Módulo Amarelo” como primeira divisão juntamente com a Copa União (chamada pela CBF de “Módulo Verde“). A mudança do regulamento proposta pela CBF seria de que nesse cruzamento entre os campeões e vices dessas duas divisões também fosse decidido quem era o Campeão Brasileiro de 1987. Porém, não houve o acordo e obviamente isso acabou gerando uma grande polêmica.
O Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco (na época) teria dado motivo para a confusão assinando em nome da associação um documento que previa o cruzamento proposto pela CBF quando ficou como interlocutor do Clube dos 13, mas representava apenas como delegado, não estava autorizado a tomar uma decisão que contrariasse os interesses da entidade, no entanto, o Clube dos 13 só tomaria conhecimento da notícia via imprensa no dia seguinte. Ainda assim, nunca houvera o entendimento entre as duas partes, o regulamento original foi mantido e o Clube dos 13 com os demais representantes dos clubes em disputa da Copa União jamais reconheceram ou assinaram qualquer documento aceitando a alteração do regulamento que foi proposto pela confederação do qual obrigava o cruzamento entre os participantes dos dois módulos. Tal hipótese sequer foi cogitada.
O “Módulo Amarelo” era composto pelos seguintes clubes : América-RJ, Atlético-PR, Atlético-GO, Bangu-RJ, Ceará-Ce, Criciúma-SC, CSA-AL, Guarani-SP, Internacional-SP, Joinville-SC, Náutico-PE, Portuguesa-SP, Rio Branco-ES, Sport-PE, Treze-PB e Vitória-BA. Como forma de protesto América decidiu boicotar o campeonato organizado pela CBF, deixando de comparecer aos jogos e perdendo todos por WO, pois estava ciente de que os participantes da Copa União nunca iriam reconhecer o “Módulo Amarelo” como primeira divisão, e por isso, jamais iriam ceder ao cruzamento entre os dois módulos.
Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo F. C. e do Clube dos 13 fretou um jatinho particular com dinheiro do próprio bolso para assistir a grande final no Maracanã, pois os aeroportos estavam em greve naquele dia. Achava que ele como representante maior da entidade não poderia deixar de presenciar o título pessoalmente.
O Flamengo venceu o Campeonato Brasileiro e conquistou o seu Tetracampeonato derrotando o Internacional por 1×0 no Maracanã, com um gol de Bebeto o Rubro-Negro da Gávea levou a taça. O Inter tinha um grande time com Tafarell e cia, mas o elenco do Flamengo era constituído de Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo, Andrade, Ailton, Zico, Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Dos onze titulares apenas o meia Aílton jamais fora convocado para a Seleção Brasileira.
Foi uma época em que a grande maioria de nossos craques ainda estavam jogando no Brasil, mas só haviam casas lotadas em dias de clássico ou em jogos decisivos. Até então os grandes clubes do futebol brasileiro tinham as emissoras como inimigas Nº 1, pois a renda era sua maior arrecadação e eles temiam que as transmissões ao vivo fossem capazes de provocar a evasão dos torcedores nos estádios. Pela primeira vez, haveria um Campeonato Brasileiro com a tabela pronta e organizada de tal maneira que todos os clubes se confrontassem antes da próxima fase com os jogos começando pontualmente com dia e horário determinado.
O Campeonato Brasileiro de 1987, (também intitulado de Copa União) organizado pelo Clube dos 13 foi sucesso de público, recorde de audiência e exemplo de organização. Derrubou o mito de que a TV afastaria os torcedores dos estádios. O que ocorreu foi justamente o inesperado: de forma surpreendente, mais torcedores passaram a frequentar os estádios. Sendo exibido em horário nobre teve recorde de audiência média de 43 milhões de telespectadores e teve público médio de 20.877 pagantes nos estádios, o segundo maior da história do campeonato nacional.
Não por acaso, no mesmo dia acontecia a final do “Módulo Amarelo” organizado pela CBF entre Sport e Guarani-SP que após um empate na prorrogação e outro empate em 11 x 11 nos pênaltis os dirigentes dos dois clubes decidem dividir o título através de um acordo. Ironicamente, o regulamento imposto pela CBF que previa o quadrangular se tornou irrealizável já que não ficou definido quem era o vice-campeão deste módulo.
Após o fim do campeonato a CBF volta a falar em mudança do regulamento. Alegando que o regulamento foi alterado à revelia do Clube dos 13, Flamengo e Internacional-RS se recusaram a disputar o cruzamento imposto pela CBF com o apoio do Clube dos 13 e de Carlos Miguel Aidar, na época presidente do São Paulo F.C. e também do Clube dos 13, que tinha como cúmplice e comparsa o atual presidente do time do Morumbi Juvenal Juvêncio. Jogar um quadrangular decisivo não foi uma simples escolha de Flamengo e Internacional, mas o cumprimento de uma determinação do Clube dos 13 e do regulamento da Copa União que fora criado pela mesma entidade. Logo, quaisquer dos clubes que chegassem à finalíssima deveriam fazer o mesmo
O Internacional que se sagrou vice-campeão poderia se aproveitar da situação disputando outra final só para ter uma nova chance de ser reconhecido como campeão nacional daquele ano pela CBF, porém preferiu manter o acordo que já havia firmado com os demais clubes, reconhecendo o título em favor do Flamengo e demonstrando extremo exemplo de compromisso e dignidade com a entidade da qual fazia parte.
No ano seguinte, o Conselho Arbitral é convocado e julga o caso em favor do Flamengo. Dos 15 participantes do próprio “Módulo Amarelo”, todos reconheceram o título do Flamengo como legítimo, com exceção apenas de Náutico, Sport e Guarani. As federações não tinham autonomia para dar a última palavra em questões jurídicas, em 1988 ainda vigorava a Lei 6251/1985 que firmava o CND (Conselho Nacional dos Desportos) como máxima instância esportiva da época (portanto, superior à CBF). O CND (atual STJD) votou em reunião extraordinária através de seu relator Álvaro Melo Filho e sobre a presidência do vascaíno Profº Manoel Tubino (já falecido) com decisão unânime, que o Flamengo era campeão, legitimando assim o Flamengo como campeão do Campeonato Brasileiro de 87.
Apesar da Justiça Desportiva oficializar o título do Flamengo. A CBF descumpriu o feito desacatando a deliberação do seu órgão supremo, sobretudo através de seu vice-presidente Nabi Abi Chedid (inimigo político de Márcio Braga que era presidente do Flamengo na época) e insistiu na imposição de mudar o regulamento anunciando a tabela do tal quadrangular para janeiro de 1988. Sabendo que não haveria jogo algum, a CBF mantém o tal cruzamento, mas inverte os mandos de campo definindo que as partidas sejam realizadas simultaneamente em Recife e Campinas. Ao mesmo tempo as Federações pediam o “Impeachment” de Octávio e Nabi sob a acusação de negligência e de usar indevidamente o dinheiro da CBF, configurando-se a malversação de verbas.
A CBF de forma desonesta e equivocada considerou o Sport como vencedor do campeonato após o Sport derrotar o Guarani em Recife e se tornar vencedor do suposto cruzamento sem vices que ocorreu sem a participação de Flamengo e Internacional, gerando dessa forma uma polêmica que persiste até hoje. Em seguida o Sport leva o caso a Justiça Comum, o Flamengo não dá a menor importância ao processo, pois, todavia (ainda que a diretoria da CBF tenha caído em contradição), tanto a própria CBF quanto a FIFA condenam os clubes que recorrem a Justiça Comum. A FIFA não interfere julgando ou determinando os títulos de qualquer clube de qualquer país que seja, mas ela também não considera que a Justiça Comum seja um órgão competente em julgar causas esportivas e costuma punir os clubes que acionam a ela.
Apesar do desmando da CBF ao órgão do qual ela era subordinada, o título já havia sido legitimado em última instância esportiva em favor do Flamengo, dessa forma, sendo o Flamengo campeão de fato e de direito do Campeonato Brasileiro de 1987.
No ano seguinte, a CBF entra em acordo com o Clube dos 13 e retoma a responsabilidade de organizar a competição. O Campeonato Brasileiro novamente viria a ser chamando de Copa União, mantendo assim, o mesmo nome do campeonato que foi realizado pelo Clube dos 13.
Em 2000, o Clube dos 13 novamente realizaria o Campeonato Brasileiro de Futebol que foi chamado de Copa João Havelange, pois a CBF estava impedida pela Justiça. Ironicamente no mesmo campeonato havia um enunciado da tabela com um cruzamento entre clubes da primeira com a segunda divisão, porém seria uma situação bem contrária daquela que aconteceu em 1987, o cruzamento desta vez não seria imposto, já estava previsto no regulamento e plenamente acordado entre os clubes participantes desde o princípio.
Apesar de continuar com o mesmo nome, o Clube dos 13 conta atualmente com 20 membros associados. Estão hoje filiados pela entidade:
Campeonato Brasileiro 1987
Contexto da Competição
Desde sua primeira edição em 1971, o Campeonato Brasileiro de Futebol já havia sido chamado de Taça de Ouro e Copa Brasil. O Campeonato Brasileiro de 1987 ficou conhecido como Copa União e tinha o nome oficial de “João Havelange”. “União” foi apenas um nome simbólico aproveitado posteriormente para ser usado em homenagem a um dos patrocinadores ao mesmo tempo em que representava aquele histórico momento de superação no qual se agrupavam os principais clubes de futebol do país em torno de um único objetivo, apesar de toda rivalidade que sempre existiu.
O campeonato foi organizado pelos mais consagrados clubes de futebol do País, algo semelhante ao que acontece hoje com as famosas Ligas Européias que organizam a primeira divisão dos principais campeonatos nacionais deste continente como na Inglaterra, Alemanha, Itália, etc. 87 foi o ano da revolução no futebol brasileiro. Revoltados com o imenso prejuízo nos últimos anos, os treze maiores clubes do país bateram o pé, enfrentaram a CBF.
Em 1987, a CBF passava por uma grave crise financeira e confusão administrativa devido a disputas políticas internas divididas entre os dois presidentes. A falta de crédito da CBF era tamanha que alguns clubes tradicionais até já ameaçavam não disputar o campeonato nacional caso a CBF ficasse novamente como “organizadora” da competição. Então em junho de 1987, Octávio Pinto Guimarães, presidente da entidade, anunciou publicamente via imprensa que a CBF não tinha condições de organizar o Campeonato Brasileiro daquele ano. Notícia que em seguida foi confirmada também pelo seu vice-presidente Nabi Abi Chedid que além de confirmar a situação deu todo o aval para que o presidente do São Paulo F.C., na época Carlos Miguel Aidar, tomasse a iniciativa de convencer os principais clubes do Brasil a fundarem uma associação que os representassem e teria como primeiro objetivo a organização do Campeonato Brasileiro de 1987.
Na manhã de sábado do dia 4 de julho de 1987 no Morumbi foi fundado a “União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro – Clube dos Treze” que reunia os representantes dos 12 principais clubes de futebol do país na época mais a inclusão do Bahia que também estava presente. Os membros fundadores da associação foram os quatro grandes de São Paulo: Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos; os quatro grandes do Rio de Janeiro: Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo; os dois grandes de Minas Gerais: Atlético-MG e Cruzeiro e os dois maiores do Rio Grande do Sul: Internacional-RS e Grêmio, incluindo o Bahia que de acordo com um levantamento feito pelo Jornal do Brasil representavam juntos na época 95% de todas as torcidas do futebol brasileiro. O idealizador do evento, Carlos Miguel Aidar, foi eleito também o presidente da nova entidade, permanecendo no cargo até abril de 1990.
Reunidos na nova associação, apesar das ameaças de desfiliação por parte da CBF, com o respaldo da FIFA, agregaram um novo elemento ao mundo do futebol brasileiro, ou pelo menos inédito: o projeto de marketing. Patrocinados pela Varig (para os custos com as viagens), Rede Globo de Televisão (para venda dos direitos de transmissão), e a Coca-Cola que estampou seu logotipo na camisa de todos os clubes com exceção de Flamengo (Petrobrás), Corinthians (Kalunga) e Palmeiras (Agip), São Paulo (Bic) e Internacional-RS (Aplub), pois estes já tinham patrocínio próprio e deveriam cumprir contrato. Assim, o Clube dos 13 acabou com a dependência que o nosso futebol tinha do paternalismo governamental e da CBF, e organizou a Copa União, que representaria o Campeonato Brasileiro daquele ano com o apoio da própria CBF.
Apesar das divergências e a inegável insatisfação histórica dos clubes com a Confederação. A criação da Copa União só surgiu após uma conciliação entre a CBF e o Clube dos 13, já que uma desobediência à entidade poderia provocar reações da FIFA.
A única exigência da CBF para a realização da Copa União pelo Clube dos 13 era que se incluísse pelo menos mais três clubes de Estados diferentes. Cumprindo a exigência da CBF o Clube dos 13 pediu as Federações dos estados de Goiás, Paraná e Pernambuco, que cada uma indicasse um representante para entrar como convidado no torneio. Os outros tês clubes indicados pelas Federações Goianiense, Paranaense e Pernambucana foram respectivamente: Coritiba, Santa Cruz e Goiás que na época em suas respectivas regiões tinham melhor desempenho em campeonatos nacionais e também eram os mais populares formando assim um total de 16 participantes no torneio.
Não houve critérios técnicos para a escolha dos outros três participantes e em contrapartida, deixaram de fora o Guarani-SP, e o América-RJ, respectivamente vice-campeão e 4ª colocado do ano anterior, ainda assim a CBF não fez qualquer objeção quanto a isso, pois excluir da disputa da competição do Campeonato Brasileiro os clubes com colocações regulares no campeonato anterior não seria uma prática exclusiva do Clube dos 13. Por diversas vezes, a própria CBF promoveu novamente clubes rebaixados, rebaixou clubes que não tinham caído para a segunda divisão e já havia usado até a melhor média de público como critério de classificação (sempre com o mesmo intuito de beneficiar os grandes clubes). Em outras oportunidades também a CBF não promoveu clubes que venciam a segunda divisão (como no caso do Villa Nova em 1971 não ter ido para a elite do futebol em 1972).
A idéia da Copa União era de diminuir os prejuízos obtidos nos jogos sem importância contra clubes menores, pois como a CBF havia desistido de organizar o campeonato alegando falta de recursos para arcar com as despesas, então “quem pagaria a conta desses jogos menores seriam os grandes clubes”, por isso, a solução alegada pelos maiores clubes do país foi de selecionar os competidores conforme a tradição e popularidade que esses clubes tinham a nível nacional.
Em 1986 a CBF não realizou a segunda divisão, os clubes da Série B disputaram o mesmo campeonato com os clubes da Série A. O campeonato nacional de 1986 ficou marcado por ser um dos mais desorganizados de todos, contou com a participação de 80 clubes e ficou meio confuso distinguir quem estava na primeira divisão ou não no ano seguinte. O Conselho Nacional de Desportos e a CBF decidem que os 24 melhores colocados da Copa Brasil de 1986 disputariam a 1ª divisão do ano seguinte. O CND como maior instância esportiva na época, era também a maior autoridade no Futebol, não tinha apenas função normativa, mas disciplinadora e reguladora de todos os esportes. Tinha poderes plenos para fazer intervenções no Campeonato Brasileiro de Futebol, revogar determinações da CBF, contrariar a entidade e decidir questões controversas envolvendo o desporto nacional, conforme o art. 41 da Lei 6.251/75. Em 1986, o CND, desfavorecendo a CBF, deu o ganho dos pontos em favor do Joinville na partida em que seu adversário, o Sergipe, teria disputado com um jogador dopado no empate de 1×1, o que obrigou a CBF a procurar outra solução para o caso, que foi de incluir mais três clubes já eliminados, já que essa resolução deixaria o Vasco fora da competição. Clubes que historicamente tinham um retrospecto regular na competição como Botafogo e Coritiba (campeão nacional de 1985) ficariam de fora dessa lista para o ano seguinte, mas se sentido prejudicados com o “inchaço” do campeonato entraram com um processo na Justiça Comum.
Até 1986 ainda não existia o sistema de rebaixamento, esse critério só foi adotado, na Prática por imposição da FIFA, a partir da Copa União de 1988 (que foi vencida pelo Bahia), o único critério válido para se classificar para o campeonato nacional da primeira divisão, até então, era obtendo as primeiras colocações nos campeonatos estaduais (portanto, era possível que o vice-campeão ou o 4ª colocado não disputasse o campeonato da 1ª divisão no ano seguinte). Critério que a CBF várias vezes descumpriu (como fez com a promoção do Santos no ano de 1983, pois as vagas destinadas aos clubes paulistas eram até a 8ª colocação do Paulistão e o time da Vila ficou em 9ª. O Vasco também não teria atingido o índice em 83, mesmo assim permaneceu na Série A). Em 1993, já adotado o novo sistema de rebaixamento, a CBF teria descumprido mais uma vez com uma “virada de mesa” em favor do Grêmio. Em 2000 seria novamente o Clube dos 13 mais uma vez a descumprir o critério técnico recolocando o Fluminense na primeira divisão quando organizou a Copa João Havelange.
Para prestigiar seus compromissos políticos com as demais federações nacionais em 1987, a CBF organizaria dois campeonatos que foram nomeados por módulos: “Amarelo“, que representaria a Segunda Divisão e os Módulos “Azul” e “Branco” que representariam a Terceira Divisão. Nos módulos “Azul” e “Branco” classificariam 12 equipes para a Segunda Divisão de 1988. Porém, esta edição da Série C não passou a ser reconhecida pela própria CBF como a Terceira Divisão do Brasileirão.
A Segunda Divisão que desde 1971 já havia se chamado de “Taça de Prata” e de “Taça CBF“, dessa vez foi batizada da “Roberto Gomes Pedrosa“. Quando a CBF decidiu criar o chamado “Módulo Amarelo” em 87 (Segunda Divisão), a Confederação usou como critério a participação dos clubes de menor expressão que se classificaram entre os 28 da Copa Brasil de 1986 que não estavam disputando a Copa União, mas na hora de fazer a seleção faltou com o critério quando deixou de incluir a Ponte Preta em favor do Sport e do Vitória que participaram apenas como convidados.
Mais adiante a Confederação passou a temer que os clubes de repente passassem a acreditar que ela não fosse mais útil. O que na prática ficou comprovado. Quando tudo parecia resolvido, apareceu outro grave problema. A CBF que já estava pressionada politicamente ficou ambicionada pelo enorme sucesso comercial da competição organizada pelo Clube dos 13 e se arrependeu de ter renunciada a responsabilidade de organizar a competição. Quando o campeonato já estava acontecendo, a CBF voltou atrás e quis mudar o regulamento em vigor da Copa União que já estava em disputa. Para isso, a entidade decidiu incluir de alguma forma na competição os 16 clubes do qual ela chamou de “Módulo Amarelo”.
Para conciliar os interesses da CBF com o Clube dos 13, a Copa União passaria a se chamar “Módulo Verde” e, a princípio, esses clubes do chamado “Módulo Amarelo” que disputavam um campeonato paralelo à Copa União seriam apenas a segunda divisão do Brasileirão daquele ano, porém, no final deveria haver um cruzamento entre os campeões e vices de ambos os campeonatos para decidir quem seriam os dois representantes do Brasil que disputariam a Taça Libertadores da América no ano seguinte. Ainda que aparentemente fosse algo absurdo, não houve qualquer relutância quanto a essa proposta e o impasse se deu como resolvido. Curiosamente uma vaga na Libertadores não interessava tanto aos clubes nacionais quanto hoje (possivelmente, isso explica o motivo dos argentinos serem os maiores vencedores da competição). Mas em seguida a CBF muda seu discurso e a partir da quinta rodada deixa de considerar a Copa União como o Brasileirão, passando a considerar também o “Módulo Amarelo” como primeira divisão juntamente com a Copa União (chamada pela CBF de “Módulo Verde“). A mudança do regulamento proposta pela CBF seria de que nesse cruzamento entre os campeões e vices dessas duas divisões também fosse decidido quem era o Campeão Brasileiro de 1987. Porém, não houve o acordo e obviamente isso acabou gerando uma grande polêmica.
O Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco (na época) teria dado motivo para a confusão assinando em nome da associação um documento que previa o cruzamento proposto pela CBF quando ficou como interlocutor do Clube dos 13, mas representava apenas como delegado, não estava autorizado a tomar uma decisão que contrariasse os interesses da entidade, no entanto, o Clube dos 13 só tomaria conhecimento da notícia via imprensa no dia seguinte. Ainda assim, nunca houvera o entendimento entre as duas partes, o regulamento original foi mantido e o Clube dos 13 com os demais representantes dos clubes em disputa da Copa União jamais reconheceram ou assinaram qualquer documento aceitando a alteração do regulamento que foi proposto pela confederação do qual obrigava o cruzamento entre os participantes dos dois módulos. Tal hipótese sequer foi cogitada.
O “Módulo Amarelo” era composto pelos seguintes clubes : América-RJ, Atlético-PR, Atlético-GO, Bangu-RJ, Ceará-Ce, Criciúma-SC, CSA-AL, Guarani-SP, Internacional-SP, Joinville-SC, Náutico-PE, Portuguesa-SP, Rio Branco-ES, Sport-PE, Treze-PB e Vitória-BA. Como forma de protesto América decidiu boicotar o campeonato organizado pela CBF, deixando de comparecer aos jogos e perdendo todos por WO, pois estava ciente de que os participantes da Copa União nunca iriam reconhecer o “Módulo Amarelo” como primeira divisão, e por isso, jamais iriam ceder ao cruzamento entre os dois módulos.
Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo F. C. e do Clube dos 13 fretou um jatinho particular com dinheiro do próprio bolso para assistir a grande final no Maracanã, pois os aeroportos estavam em greve naquele dia. Achava que ele como representante maior da entidade não poderia deixar de presenciar o título pessoalmente.
O Flamengo venceu o Campeonato Brasileiro e conquistou o seu Tetracampeonato derrotando o Internacional por 1×0 no Maracanã, com um gol de Bebeto o Rubro-Negro da Gávea levou a taça. O Inter tinha um grande time com Tafarell e cia, mas o elenco do Flamengo era constituído de Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo, Andrade, Ailton, Zico, Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Dos onze titulares apenas o meia Aílton jamais fora convocado para a Seleção Brasileira.
Foi uma época em que a grande maioria de nossos craques ainda estavam jogando no Brasil, mas só haviam casas lotadas em dias de clássico ou em jogos decisivos. Até então os grandes clubes do futebol brasileiro tinham as emissoras como inimigas Nº 1, pois a renda era sua maior arrecadação e eles temiam que as transmissões ao vivo fossem capazes de provocar a evasão dos torcedores nos estádios. Pela primeira vez, haveria um Campeonato Brasileiro com a tabela pronta e organizada de tal maneira que todos os clubes se confrontassem antes da próxima fase com os jogos começando pontualmente com dia e horário determinado.
O Campeonato Brasileiro de 1987, (também intitulado de Copa União) organizado pelo Clube dos 13 foi sucesso de público, recorde de audiência e exemplo de organização. Derrubou o mito de que a TV afastaria os torcedores dos estádios. O que ocorreu foi justamente o inesperado: de forma surpreendente, mais torcedores passaram a frequentar os estádios. Sendo exibido em horário nobre teve recorde de audiência média de 43 milhões de telespectadores e teve público médio de 20.877 pagantes nos estádios, o segundo maior da história do campeonato nacional.
Não por acaso, no mesmo dia acontecia a final do “Módulo Amarelo” organizado pela CBF entre Sport e Guarani-SP que após um empate na prorrogação e outro empate em 11 x 11 nos pênaltis os dirigentes dos dois clubes decidem dividir o título através de um acordo. Ironicamente, o regulamento imposto pela CBF que previa o quadrangular se tornou irrealizável já que não ficou definido quem era o vice-campeão deste módulo.
Após o fim do campeonato a CBF volta a falar em mudança do regulamento. Alegando que o regulamento foi alterado à revelia do Clube dos 13, Flamengo e Internacional-RS se recusaram a disputar o cruzamento imposto pela CBF com o apoio do Clube dos 13 e de Carlos Miguel Aidar, na época presidente do São Paulo F.C. e também do Clube dos 13, que tinha como cúmplice e comparsa o atual presidente do time do Morumbi Juvenal Juvêncio. Jogar um quadrangular decisivo não foi uma simples escolha de Flamengo e Internacional, mas o cumprimento de uma determinação do Clube dos 13 e do regulamento da Copa União que fora criado pela mesma entidade. Logo, quaisquer dos clubes que chegassem à finalíssima deveriam fazer o mesmo
O Internacional que se sagrou vice-campeão poderia se aproveitar da situação disputando outra final só para ter uma nova chance de ser reconhecido como campeão nacional daquele ano pela CBF, porém preferiu manter o acordo que já havia firmado com os demais clubes, reconhecendo o título em favor do Flamengo e demonstrando extremo exemplo de compromisso e dignidade com a entidade da qual fazia parte.
No ano seguinte, o Conselho Arbitral é convocado e julga o caso em favor do Flamengo. Dos 15 participantes do próprio “Módulo Amarelo”, todos reconheceram o título do Flamengo como legítimo, com exceção apenas de Náutico, Sport e Guarani. As federações não tinham autonomia para dar a última palavra em questões jurídicas, em 1988 ainda vigorava a Lei 6251/1985 que firmava o CND (Conselho Nacional dos Desportos) como máxima instância esportiva da época (portanto, superior à CBF). O CND (atual STJD) votou em reunião extraordinária através de seu relator Álvaro Melo Filho e sobre a presidência do vascaíno Profº Manoel Tubino (já falecido) com decisão unânime, que o Flamengo era campeão, legitimando assim o Flamengo como campeão do Campeonato Brasileiro de 87.
Apesar da Justiça Desportiva oficializar o título do Flamengo. A CBF descumpriu o feito desacatando a deliberação do seu órgão supremo, sobretudo através de seu vice-presidente Nabi Abi Chedid (inimigo político de Márcio Braga que era presidente do Flamengo na época) e insistiu na imposição de mudar o regulamento anunciando a tabela do tal quadrangular para janeiro de 1988. Sabendo que não haveria jogo algum, a CBF mantém o tal cruzamento, mas inverte os mandos de campo definindo que as partidas sejam realizadas simultaneamente em Recife e Campinas. Ao mesmo tempo as Federações pediam o “Impeachment” de Octávio e Nabi sob a acusação de negligência e de usar indevidamente o dinheiro da CBF, configurando-se a malversação de verbas.
A CBF de forma desonesta e equivocada considerou o Sport como vencedor do campeonato após o Sport derrotar o Guarani em Recife e se tornar vencedor do suposto cruzamento sem vices que ocorreu sem a participação de Flamengo e Internacional, gerando dessa forma uma polêmica que persiste até hoje. Em seguida o Sport leva o caso a Justiça Comum, o Flamengo não dá a menor importância ao processo, pois, todavia (ainda que a diretoria da CBF tenha caído em contradição), tanto a própria CBF quanto a FIFA condenam os clubes que recorrem a Justiça Comum. A FIFA não interfere julgando ou determinando os títulos de qualquer clube de qualquer país que seja, mas ela também não considera que a Justiça Comum seja um órgão competente em julgar causas esportivas e costuma punir os clubes que acionam a ela.
Apesar do desmando da CBF ao órgão do qual ela era subordinada, o título já havia sido legitimado em última instância esportiva em favor do Flamengo, dessa forma, sendo o Flamengo campeão de fato e de direito do Campeonato Brasileiro de 1987.
No ano seguinte, a CBF entra em acordo com o Clube dos 13 e retoma a responsabilidade de organizar a competição. O Campeonato Brasileiro novamente viria a ser chamando de Copa União, mantendo assim, o mesmo nome do campeonato que foi realizado pelo Clube dos 13.
Em 2000, o Clube dos 13 novamente realizaria o Campeonato Brasileiro de Futebol que foi chamado de Copa João Havelange, pois a CBF estava impedida pela Justiça. Ironicamente no mesmo campeonato havia um enunciado da tabela com um cruzamento entre clubes da primeira com a segunda divisão, porém seria uma situação bem contrária daquela que aconteceu em 1987, o cruzamento desta vez não seria imposto, já estava previsto no regulamento e plenamente acordado entre os clubes participantes desde o princípio.
Apesar de continuar com o mesmo nome, o Clube dos 13 conta atualmente com 20 membros associados. Estão hoje filiados pela entidade:
Parabéns ao Sport!
Apesar de defendê-lo neste caso, sou torcedor do alvirrubro hexacampeão pernambucano.
Lamentável o Sport ter votado contra o ingresso do Náutico no c13.
Enquanto os pernambucanos não forem unidos, continuaremos provincianos.
É preciso unir forças Náutico, Santa Cruz e Sport!
A Liga do Nordeste será essencial neste processo de fortalecimento regional.
Paulo, aí que tá. O Flamengo não correu. Foi uma decisão do CB-13, que o São Paulo faz parte e, hipocritamente, vai receber a tal Taça de Bolinhas!
Acho que a única coisa que o Sport fez de certo foi ser espetalhão frente aos desmandos e incompetência da CBF do Nadid, e conseguiu ser “campeão” no tapetão. Para um clube que nunca seria, nem será um campeão Brasileiro em campo, só restava essa alternativa. Parabéns!
A CBF entregou a taça ao Sport após o campeonato de 1987 e lá está desde então. São 23 anos.
Talvez você não estivesse aqui naquele ano quando os jogos Sport x Flamengo e Guarani x Internacional foram marcados e as equipes do c-13 não compareceram.
Lembro que o Sport entrou em campo pronto para o jogo e a ausência flamenguista durante o tempo regulamentar fez o juiz decretar a vitória da equipe pernambucana por WO que eliminou os cariocas, o mesmo acontecendo em Campinas com os gaúchos.
Guarani 1×1 Sport e Sport 1×0 Guarani foram os jogos finais no tapetão do Brinco de Ouro e da Ilha.
O Sport não nega o título da Copa União conquistado pelo Flamengo, justo e legítimo! Que bela equipe aquela do Flamengo de Zico, Bebeto, Renato Gaúcho, Jorginho e outros.
Portanto:
Sport foi campeão brasileiro de 1987.
Flamengo foi campeão da Copa União de 1987.
Você leu o regulamento da competição?
Acredito que o Sport tenha entrado na justiça para lhe assegurar um direito que já havia sido reconhecido pela CBF.
É preciso estar fundamentado para questionar uma decisão transitada em julgado da Justiça Federal brasileira.
BRASIL VIVE UM NOVO MOMENTO
Essa ata capitaneada pelo Kléber Leite, chantageando o Sport, apenas demonstra que o time da Gávea sabia que estava errado, e isso ficou claro porque o Supremo Tribunal Federal da 5ª Região deu o veredito transitado em julgado, ou seja, não há mais espaço pra recurso. E a decisão é que o título de 1987 pertence ao SPORT CLUBE DO RECIFE. Portanto, não há como “eles” recorrerem.É decisão legal, não de “pilantras”, que usam “do poder” que possuem para chantagear, pressionar para alcançar seus objetivos obscuros.
A questão é que tem gente no Brasil que faz uso da falta de informação do povão pra fazê-lo de massa de manobra. Foi isso o que fizeram os dirigentes dos urubus até hoje e alguns grupos de comunicação do Rio, sobretudo, a Rede Globo, que diz na tela defender a lei e agiu de má-fé nesse caso até ontem, quando anunciou a verdade, após a CBF ratificar o que já estava em seu site há muito tempo: Sport, campeão de 1987. Isso a nação do Sport sabia faz tempo, pois não fugimos de campo, ao contrário do Flamengo capitaneado pelo Márcio Braga, esse sim, o grande culpado por toda a humilhação por que está passando a torcida dos urubus. Custava ter respeitado o regulamento e enfrentado o Sport e Guarani? Se eram tão superiores tecnicamente, fossem a campo e mostrassem isso. Como FUGIRAM, estão pagando esse preço até hoje. ISSO É BOM PARA O BRASIL. Mostra que vivemos uma nova realidade, onde o “jeitinho da malandragem, do poder dos corruptos, donos do poder” está cedendo espaço para a LEI, o direito comum a todos. Aqui, em Pernambuco, temos história nesse sentido. Sempre lutamos de forma limpa pelo nosso direito, respeitando o do outro. Daí termos ido à Justiça, pois os que se dizem donos do mundo sabem jogar sujo. E a Justiça reconheceu nosso direito. E, agora, a CBF, do benemérito flamenguista Ricardo Teixeira, também, graças a posição da presidenta do time da Gávea, que votou contrária a ele e à Globo e agora recebeu o troco. Essa é a prova que tanto o Ricardo quanto a Globo Rio estavam jogando sujo contra todos os torcedores brasileiros escondendo uma VERDADE reconhecida pela Lei. Isso ia ocorrer agora ou mais tarde, pois a diretoria do Sport após toda a sacanagem dos dois (CBF e Globo) tá com mais uma ação na Justiça pra que a Globo ressarça o Sport pelos danos que causou agindo de má-fé.
Parabéns, SPORT. Parabéns, Pernambuco guerreiro. O título de 1987 é nosso, pra sempre.
Enquete Lancenet, em 15/04/2010
A CBF acertou ao legitimar o Sport como campeão brasileiro de 1987?
Sim, o Sport é o autêntico campeão 16890 votos – 65,98%
Não, o campeão de verdade foi o Flamengo 8708 votos – 34,02%
Total:
25598 votos
Daniel,
A ata relata todos os acontecimentos da reunião, e contou com a assinatura de todos os presentes (inclusive a de Luciano Bivar).
Mas aA decisão do Clube dos 13 vale uma interpretação por um simples motivo: o Sport não fazia parte do C-13 até aquele momento. Nem Goiás nem Coritiba. Eram apenas os 13 fundadores.
Essa unanimidade corrobora com qual situação, 13 ou 16? Acredito que seja com os 13 primeiros, pois está claro que o Sport não poderia concordar sem uma reunião prévia dos demais diretores e conselheiros do clube.
Se o Inter cogitou participar, por quê isso nunca veio a público? Será msm verdade?
Ah, Cassio, e na ata, se vc olhar direitinho, fala q foi decisão unânime a declaração de ambos, Sport e Flamengo, como campeões e Inter e Guarani como vice.
Se o Sport tivesse discordado – como, inclusive, não aceitou os termos da discussão inicial do Kleber Leite – isso teria saído em ata, né?
Penso q esse caso reflete nosso 3º mundismo. Existe associação de clubes e liga de futebol na Inglaterra desde o séc. XIX. Tenho certeza q naquele pais, na Alemanha, na França e até na Itália não existem imbróglios desses.
Mas, nosso amadorismo e coronelismo permite q um modelo fajuta de campeonato prossiga, onde aventureiros e especuladores tem vantagem ao usar clubes-fantasma p/ lançar e negociar seus jogadores, enquanto clubes tradicionais, como EC Bahia, SCFC, Sampaio Correia, Clube do Remo e Paysandu penam, por conta de uma divisão de cotas de imagem injusta e administrações eternizadas.
Exato Pernambuco, é isso que estou dizendo. Ao contrário do que muitos dizem não foi o flamengo que se negou a jogar. Foi uma decisão do CB-13 que o próprio São Paulo fazia parte.
Quanto ao título em si, não vi ninguém do Flamengo negando o título do Sport. Eles se dizem campeão e pronto. Ninguém deles chega e diz : Nós somos os campeões e o Sport não. Já o Sport……………. Mas é até compreensível. Quando é que o Sport seria campeão Brasileiro se não fosse no tapetão. Por isso que digo : Deveriam divulgar a data do julgamento, o fórum ( estádio) e o juiz (árbitro) para ficar registrado o “título” .
Deu uma pena ver a cara do nosso Francisco Guerra no Jornal Nacional. Todo mundo que convive com ele sabe da sua paixão pelo Flamengo, mesmo quando em morava em Florianópolis, vivia com a camisa do Flamengo e não perdia um jogo deste time. Acho que ele torce também pelo SPORT, porém não pude deixar de notar o desconforto do Chico.
Parabéns pelo blog! Gostei muito.
EASN
O Inter cogitou disputar o quadrangular na época, mas foi impedido pelo clube dos 13 sob ameaças.
O regulamento do campeonato foi respaldado pelo clube dos 13.
Então regulamentos de competições não servem pra nada, pois qualquer um pode se auto-proclamar campeão.
Os regulamentos, as leis, as normas devem ser respeitadas e cumpridas ou o Brasil é uma terra sem-lei mesmo?
Olá Cassio ,
Homero Lacerda é verdedairamente um grande guerreiro , pois se opor à grande rede de televisão que movimenta o futebol e ao maior orgão do futebol brasileiro que é a CBF, não é facil . Realmente ele deu um xeque-mate , depois de tantos anos de luta ! É bem verdade que o titulo sempre foi nosso , mas ouvir os orgãos que movimentam o futebol é muito bom , como diria aquela musica , SPORT campeão do Brasil … Abraço !
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Daniel,
Valeu por acompanhar ao blog. Sobre o tema: quem assinou a ata foi Luciano Bivar, presidente do clube em 1997. Porém, eu li a ata toda… Achei curioso porque lá diz justamente que o Sport não concordou.
Tá claro lá que que o presidente leonino se mostrou surpreso com a proposta e não poderia fazer nada a respeito antes de consultar o conselho do clube.
Sobre o bairrismo… Infelizmente, acho que você tem razão, pois do lado de cá muitos acabam pensando do mesmo jeito… Abraço!
Olá, Cassio.
Acompanho bastante seu trabalho, acho mto bom seu blog, mas esse é assunto só p/ despertar bairrismo daqui e dos torcedores do Sport, só deles.
A própria diretoria do Sport, p/ entrar no C13, anuiu c/ a divisão do título de 87 c/ o Flamengo.
Não me assustaria se o representante do Clube não tiver sido o próprio Homero…
1) O primeiro erro está em achar que foi o Flamengo que desistiu da disputa. Isso é um factóide visto que foi o clube dos 13 ( que o Sport serve) que se negou a disputar. Até porque o Inter poderia dar uma de esperto e jogar.
2) O fato do São Paulo aceitar a ” Taça de Bolinhas” mostra como no Brasil o importante é ser canalha pois o São Paulo disputou o mesmo torneio do Flamengo em 87. Quer dizer que o São Paulo nega o torneio que disputou , e poderia ter sido campeão, a troco de passar a perna em outro clube que faz parte do mesmo CB-13.
3) Essa “decisão” da CBF não muda nada. Fica tudo como está. Inclusive só veio a tona porque Teixeirão queria eleger Kleber Leite no CB-13. Aposto que se o Leite tivesse ganho a “história” seria outra.