Telégrafo salvou a Copa

A Copa do Mundo de 2010 promete ser um espetáculo visual à parte, mesmo para quem vai acompanhar pela televisão, longe da África do Sul. Os jogos serão transmitidos em HD, como um verdadeiro home theater.

Até mesmo no aparelho celular será possível assistir ao Mundial, já que uma câmera será exclusiva para essa mídia (veja AQUI). Nos cinemas, alguns sortudos ainda vão poder acompanhar algumas partidas em 3D! Quase dentro do estádio.

Ok. Agora, vamos voltar um pouco no tempo… Vamos voltar para um outro 27 de maio, mas imaginado apenas em “preto e branco”. Em 1934.

Até a Praça da Independência, no Centro. Mais conhecida como Pracinha do Diario. Um apelido justo, pois o Diario de Pernambuco funcionou no imponente prédio durante 101 anos, entre 1903 e 2004.

A antiga sede no Recife foi palco de episódios marcantes na capital, desde discursos até protestos, passando por notícias em primeira mão anunciadas em potentes alto falantes na varanda. Notícias que chegavam através do telégrafo.

Conhece? Sem telefone ou rádio de longo alcance, o telégrafo era o meio mais eficiente para receber mensagens do exterior. No caso daquela Copa do Mundo, realizada em 1934, esta seria a única opção. Os principais jornais do país contavam com o aparelho. Vários deles divulgam as notícias nas sacadas.

Foi o que aconteceu no Diario, em 27 de maio de 1934. Estreia da Seleção Brasileira no Mundial, contra a Espanha.

Há exatamente 76 anos, o Recife parou diante do antigo prédio para acompanhar a Copa pela primeira vez, pois em 1930 isso não ocorreu na capital pernambucana.

Na edição do jornal no dia da partida, um domingo: “O Diario de Pernambuco, em conexão com os Diarios Associados, contratou com a Radio-Guanabara, do Rio de Janeiro, a irradiação das notícias referentes à importante pugna”.

Faltando mais de 30 minutos para a estreia, uma multidão já se concentrava na praça. As mensagens de texto, que chegavam de 15 em 15 minutos, foram retransmitidas pela Rádio Clube. No fim das contas, perdemos. Espanha 3 x 1, pelas oitavas de final.

Em 1938, a sede do Diario novamente foi a “Casa da Copa” de Pernambuco. Mais uma vez com alto falantes na varanda. Mas dessa vez com o rádio! O telégrafo deu vez à voz do locutor Gagliano Netto, da Radio Club Brasil. O sinal também foi retransmitido pela Rádio Clube de Pernambuco. Na estreia, Brasil 6 x 5 Polônia.