Campeã olímpica em 2016, a seleção brasileira masculina de vôlei agendou dois amistosos em estádios de futebol. As quadras foram montadas bem no meio dos gramados, com adesão massiva da torcida. As duas apresentações, em Curitiba e Brasília, foram vistas por 75 mil pessoas. Levaram um pouco do conceito multiuso à Arena da Baixada, está já com uma edição do UFC neste ano, e ao Mané Garrincha. Especificamente sobre o vôlei, não foi a primeira vez.
Em 1983, no velho Maracanã, quase cem mil pessoas encararam a chuva para assistir à vitória da seleção, então vice mundial, sobre os soviéticos, campeões mundiais e olímpicos. A curiosidade é que o “Grande Desafio” foi marcado para 17 de julho por ser um período sem chuvas no Rio. Porém, choveu tanto que o jogo foi adiado por nove dias. E teve água do mesmo jeito, com os jogadores enxugando a quadra em alguns momentos. Ainda assim, a melhor assistência da modalidade foi estabelecida. Idem com o futsal no Mané Garrincha.
Abaixo, relembre algumas adaptações em estádios brasileiros, todas em arenas pós-Copa 2014. No fim, o recorde nos Estados Unidos, com o hóquei sobre o gelo num estádio de futebol americano. Apesar do clima, com neve e termômetro na casa de -10ºC, o “Winter Classic” foi um sucesso absoluto.
No cenário local, a Arena Pernambuco ainda não recebeu seleções brasileiras de modalidades distintas. No máximo, abriu espaço ao futebol americano, com 7.056 espectadores em Recife Mariners 12 x 38 João Pessoa Espectros
Qual esporte, à parte do futebol, você gostaria de ver num estádio do Recife?
Vôlei
95.887 (Maracanã 1983, Brasil 3 x 1 União Soviética). Recorde mundial
40 mil (Mané Garrincha 2016, Brasil 3 x 1 Portugal)
35 mil (Arena da Baixada 2016, Brasil 3 x 0 Portugal)
Futsal
56.483 (Mané Garrincha 2014, Brasil 4 x 1 Argentina). Recorde mundial
11.444 (Castelão 2015, Brasil 2 x 1 Portugal)
MMA
45.207 (Arena da Baixada 2016, UFC 198)
Hóquei sobre o gelo
105.491 (Michigan, em 2014: Toronto Maple Leafs 3 x 2 Detroit Red Wings)
O primeiro dia do ano já começou com recorde no esporte. Nada menos que o maior público da história de uma partida de hóquei sobre o gelo.
A modalidade é geralmente disputado em ginásios. No entanto, a NHL abriu uma exceção anual. O jogo entre Detroit Red Wings e Toronto Maple Leafs foi levado para um enorme estádio em Michigan.
O palco, usado para o futebol americano, foi adaptado, naturalmente.
Numa tarde com bastante neve e temperatura de -10ºC, o “Winter Classic” foi assistido por 105.491 pessoas. Todas elas sentadas, sem divisão de torcida.
Mais difícil que suportar o frio foi ver o puck, o disco preto usado nas partidas.
E olhe que saíram cinco gols, com vitória do Toronto por 3 x 2…
Los Angeles – O puck é pequeno e como as jogadas no hóquei sobre o gelo são muitos rápidas, só com bastante atenção para acompanhar o desenvolvimento frenético de uma partida da poderosa liga NHL, com times americanos e canadenses.
Admito que assistir a um jogo nas quadras geladas não estava nos meus planos para os “próximos anos”, mas a oportunidade apareceu e foi divertido demais. Entretenimento no nível da NBA, com uma estrutura audiovisual parecida, diga-se (“make some noise”).
Sábado marcante no Staples Center, com um surreal clássico de hóquei sobre o gelo em plena Califórnia, mas conhecida pelas praias banhadas pelo Oceano Pacífico. O Los Angeles Kings recebeu o Anaheim Ducks, sediado a apenas 56 de quilômetros e que já foi tema de filme infantil (veja AQUI).
Se nos duelos da NBA não existe torcida visitante, na NHL a partida tem um cara de “futebol”, com a torcida adversária marcando presença. Gritaria dos dois lados e com algo bem característico, o scarf oficial dos times. Traduzindo: cachecol.
Após o 1 x 1 no tempo regular (60 minutos), a morte súbita só durou 1min32s. Em um rápido ataque, Corey Perry marcou o gol da vitória dos Ducks por 2 x 1, logo na frente do setor com a torcida dos Super Patos.
Fim de jogo e em 5 minutos o ginásio já estava vazio, tamanha rapidez nas saídas. Mesmo com o clima tenso da partida, as duas torcidas saíram juntas, conversando e bebendo cerveja. E olhe que o hóquei é considerado o esporte mais violento do país. Com tanta civilidade assim é até possível desconfiar disso. Ainda bem.
Saiba mais sobre a história do hockey clicando AQUI.
Abaixo, um vídeo de Cartman, personagem do desenho South Park, tirando uma onda com o mascote do Ducks no telão do ginásio. Nesta noite, o vídeo foi exibido de novo. Só que o pato deu o troco e ficou com a coroa.
Los Angeles – Na prática, esta postagem é mais ilustrada do que formada por palavras. As três fotos representam a transição da quadra do espetacular ginásio Staples Center.
A agenda do sábado, 19 de março, marcava dois jogos de grande porte. Com um detalhe: um de basquete e outro de hóquei sobre o gelo.
Primeiro com o Clippers, na NBA, às 12h30. Depois com o Kings, na NHL, às 19h30.
Antes das primeiras explicações dos executivos da AEG Facilities, a operadora do ginásio e futura parceira da Odebrecht na Arena Pernambuco, a minha maior dúvida era mesmo como montar uma quadra de gelo em tão pouco tempo.
O blog e outros três jornalistas acompanharam o passo a passo da transformação. Acredite: não existe montagem. O gelo está eternamente lá, embaixo da quadra de madeira. Devido a um componente químico congelante chamado Glycol, o gelo permanece compactado.
Assim, além de alguns ajustes, é preciso apenas retirar a quadra, dividida em centenas de módulos retangulares. Dos 4.100 assentos removíveis, 700 são tirados para o hóquei, cuja quadra oficial é bem maior. O post não acabou!
A ação dura pouco menos de três horas e conta com a participação de 65 funcionários, coordenados por Sam Kropp, vice-presidente de operações do Staples Center.
Segundo ele, já foram feitas cinco mudanças deste tipo em 2011. O interessante é que também existe a troca de quadras de basquete para basquete, pois os pisos têm os nomes dos times. No caso, Lakers e Clippers.
O recorde local de transição do ginásio do basquete para o hóquei foi estabelecido em 2004, com 2 horas e 12 minutos.
A marca da mudança inversa, do hóquei para o basquete, costuma ser 30 minutos mais demorada. A explicação, segundo Kropp:
“É muito mais fácil retirar todas as placas da quadra de basquete, apenas com o desencaixe, do que colocá-las, tendo que ver uma a uma se ficou certo.Todos são bem treinados e sempre tentamos alcançar o recorde. Vamos quebrá-lo.”
Um casal canadense de missionários menonitas (evangélicos) chegou ao Recife no final da década de 70 com o objetivo de trabalhar em obras de assistência social. Em Pernambuco, eles tiveram um filho, Robyn Regehr, nascido em 19 de abril de 1980. Ainda criança (4 anos), ele foi levado pela família, que ainda morou na Indonésia antes de voltar ao Canadá (na Ásia nasceu o irmão mais novo de Robyn).
No Canadá, onde chegou em 1992, ele cresceu na cidade de Rosthern. E não aprendeu uma palavra sequer na língua portuguesa (por sinal, ele estaria lascado agora com a correção ortográfica 😯 ). A sua ligação com o Recife foi cortada há quase 25 anos. Mesmo assim, Robyn entrou para a história do esporte brasileiro. E logo na terra do gelo…
Ele é o único jogador nascido no país no tradicional campeonato norte-americano de hóquei sobre o gelo, a National Hockey League (NHL) – veja o site oficial de Regehr clicando AQUI. O pernambucano (que se naturalizou canadense) atua como defensor na NHL desde a temporada 1999/2000, após ter sido o 19° escolhido no Draft (recrutamento) da liga. Ele foi selecionado pelo tradicional Colorado Avalanche, que o negociou no mesmo dia.
Ou seja, desde o primeiro ano, Regehr vem jogando Calgary Flames, de Alberta, Canadá (pois é, na NHL um time canadense pode jogar contra equipes dos EUA). E ele é considerado um líder da equipe e um dos ídolos da torcida. Até mesmo porque já está em sua 9ª temporada no hóquei. Ao todo, disputou 667 jogos, marcando 141 pontos (veja as estatísticas completas do pernambucano clicando AQUI).
Bastante popular nos EUA, o hóquei reúne alguns dos maiores salários do esporte. Na temporada 2007/2008, por exemplo, Daniel Briere ganhou US$ 10 milhões para defender o Philadelphia Flyers. Mas o recifense está bem na fita. Ele assinou um contrato de 5 anos (que começou a valer na atual temporada), no valor de US$ 20 milhões (R$ 46 milhões). 😀 Bastante comum no futebol, as “luvas” para assinar um contrato também existem no hóquei. E somente por isso, R$ 2,3 milhões entraram na conta de Robyn. Tanto dinheiro é justificado pelas atuações de Regehr, que em 2004 venceu a Copa do Mundo de Hóquei. Pelo Canadá, naturalmente.
O começo de sua carreira, porém, foi trágico. Em 4 de julho de 1999, ele fraturou as duas tíbias em um acidente automobilístico perto de sua casa, que vitimou duas pessoas que estavam no outro carro. Por conta própria, Robyn entrou em uma clínica de reabilitação. Ainda assim, atuou 57 vezes no campeonato (acreditem, é um número baixo para os padrões da NHL). Mas em 2003/04 ele foi um dos destaques dos Flames, com 18 pontos em 82 jogos (eu avisei…), ajudando a equipe a conquistar a Conferência Oeste. Na final da Copa Stanley (o “Superbowl” da NFL), o Flames ficou com o vice.
Leia uma entrevista de Regehr (traduzida), clicando AQUI.
O time Robyn Regehr joga na Pengrowth Arena, que tem capacidade para 19.289 pessoas (veja abaixo). O Calgary Flames entrou na liga em 1972, e venceu a Copa Stanley uma vez, em 1988/89. A temporada 08/09 vem sendo excelente para a equipe, que ocupa o 3° lugar na Conferência (que tem 15 times), com 22 vitórias em 37 jogos, até o dia 2 de janeiro. Veja a classificação AQUI. Ainda faltam 45 jogos para acabar a temporada regular e dar início aos playoffs.
Antes do recifense, apenas outro brasileiro conseguiu ingressar na maior liga de hóquei sobre o gelo. O pioneiro foi o Mike Greenlay, nascido em Vitória/ES, em 1968. Ele atuou apenas 2 vezes, no campeonato de 89/90. Curiosamente, Greenlay cresceu em Alberta, sede do Calgary Flames. Depois de encerrar a carreira (ele ainda perambulou em clubes de ligas menores), Mike virou comentarista esportivo de uma rede de TV.
Robyn Regehr na NHL
9 temporadas
667 jogos
28 gols
113 assistências
141 pontos (soma dos gols e assistências)
Obs. A atual temporada só não foi a 10ª na carreira de Regehr por causa do Acordo Coletivo de Trabalho em 2004/2005, que resultou em uma greve que inviabilizou toda a temporada na NHL.
Veja abaixo um vídeo com os melhores momentos de Robyn Regehr na NHL. Como ele é um defensor, entenda isso como muita pancada…