O atacante Betinho acertou a trave três vezes contra o Salgueiro, no sábado. Nunca havia passado por isso na carreira, mas teve que se conformar com a atuação no Arruda. Entretanto, mesmo contestado pelo povão, foi mantido como titular pelo técnico Ricardinho. Veio a quarta-feira. No clássico encarado de frente, o esforçado jogador vinha tendo uma atuação apagada contra o ex-time, batendo cabeça o tempo todo com Waldison, sua dupla no ataque. Sua única finalização, na marca do pênalti, acabou desviada pelo próprio companheiro, o zagueiro Danny Moraes.
E assim o empate permanecia até os minutos finais de um esvaziado Clássico das Emoções, quando Renatinho escapou pelo lado esquerdo, cruzou rasteiro e Betinho mandou para as redes. Nada de bola na trave, chute mascado, desviado ou impedimento. A eficiência tardou, mas chegou. O se primeiro gol na temporada foi decisivo para a vitória do Santa Cruz por 2 x 1 e ressuscitou o clube no hexagonal do Estadual. Como na Série B 2005, tão lembrada antes da partida, os corais subiram na classificação usando o Náutico como escada. Enfim, entrou no G4, que vinha ficando mais distante a cada rodada.
O resultado diminui e muito a pressão no Tricolor, cujo treinador encaminhava para seus últimos momentos no comando. Um resultado a se comemorar, por mais que o futebol ainda esteja bem aquém ideal. O clássico foi ruim, com lampejos de uma boa disputa, na base da vontade, no início – num volume bem maior do Santa, com 55% de posse – , e um sem fim de jogadas infundadas na segunda etapa, com as duas equipes já desobedecendo aos padrões táticos mais conhecidos dos técnicos Moacir Júnior, cuja recomposição foi o ponto fraco, e Ricardinho, sem um ataque produtivo até então.
A saída do meia Biteco aos 22 minutos da etapa complementar fez um arco com a rodada passada, no supracitado tropeço tricolor no Mundão. O time caiu sem a presença dele, pois novamente era o mais lúcido. A suada vitória dá crédito ao técnico, claro, mas a mudança não surtiu tanto efeito mais uma vez. Não para a coletividade. Porém, esse debate fica para depois, na comemoração dos torcedores. E quase todos les viram o jogo pela televisão, pois no estádio apenas 4.626 corajosos encararam uma Arena Pernambuco às 22h, sem metrô na volta. Emoção é isso.