Cerca de 2 mil torcedores do Náutico viram o jogo na Ilha do Retiro, na curva entre a arquibancada frontal e a geral do placar. Após o primeiro gol do Timbu (marcado por Gilmar), uma bomba foi lançada da geral do placar – onde estavam os torcedores do Sport – para o setor alvirrubro.
Paralelamente a esse fato, integrantes da organizada Fanáutico foram até divisa das torcidas para provocar, mas foram contidos pelos PMs. Os policiais, porém, usaram spray de pimenta para dispersar, causando correria. Durante o episódio, mais uma bomba foi arremessada, mas dessa vez no sentido inverso.
Houve um confronto generalizado entre policiais militares e torcedores, e o saldo, como não poderia deixar de ser, foi de vários feridos, muitos deles sem absolutamente nada a ver com a confusão.
Vários torcedores do Náutico foram atendidos na beira do campo (alguns com sagramentos, outros vítimas de desmaios), nas ambulâncias que estavam no estádio.
No final, cinco “torcedores” (3 do Sport e 2 do Náutico) foram detidos. Cinco policiais também saíram feridos e foram encaminhados ao IML, para fazer exame de corpo de delito. Revoltados, os torcedores alvirrubros começaram a chamar a PM de “pior polícia do Brasil”.
Uma confusão que manchou o clássico, infelizmente.
VIOLÊNCIA E BANALIDADE
Há muito tempo, os clássicos de futebol em Pernambuco deixaram de ser uma mera partida de futebol, onde prevalecia entre os torcedores a rivalidade (gozações e insultos) apenas dentro do campo, com a explosão à flor da pele no grito do gol. Hoje, a violência dentro e, principalmente, fora dos estádios transformou-se numa rotina. Uma partida de futebol entre Náutico, Sport ou Santa Cruz é sinônimo de vandalismo, arruaça e pânico. Os bairros circunvizinhos aos estádios desses clubes em tela ficam à mercê dos baderneiros, delinqüentes e marginais. A omissão e impunidade campeiam. Tanto a Polícia Militar como o Ministério Público se justificam em demasia com promessas e paliativos. O Estatuto do Torcedor continua sendo afrontado e desrespeitado, uma vez que no Capítulo IV, Art. 14, diz que a responsabilidade pela segurança do torcedor em evento esportivo é da entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo e de seus dirigentes. Responsabilidade de quem? As cartolas de nosso futebol assistem aos jogos em camarotes cercado de seguranças e mordomia. Nem estão aí! O que se viu no domingo passado foi a demonstração de que os clássicos em Pernambuco deixaram de ser jogos de futebol e se transformaram em guerra entre as gangues. A lei do mais forte fala mais alto. Nas avenidas Agamenon Magalhães, Conde da Boa Vista, praça do Derby, rua do Espinheiro, avenidas Rosa e Silva, João de Barros e Beberibe, praças da Encruzilhada e Tamarineira, são os locais onde a violência explode como um vulcão. Até quando?