A mudança na distribuição de vagas na Taça Libertadores da América, “penalizando” o país do atual campeão, levantou uma polêmica grande no Brasil. É justo?
O post abaixo se propõe a mostrar alguns dados que apontam, na minha opinião, que a decisão não foi justa. Confira a nova distribuição das 38 vagas na Libertadores.
5 vagas – Brasil e Argentina.
3 vagas – Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador, Venezuela e México.
1 vaga – Copa Sul-americana.
Brasileiros e argentinos têm duas vagas a mais que os demais, ok.
Mas, comparando de forma mais crua, esse número de clubes é irrisório.
Em termos econômicos, o futebol brasileiro está muito acima dos outros 10 países (incluindo o México). Contratos de patrocínio ultrapassam a marca de R$ 30 milhões por ano a alguns times e acordos com a TV superam R$ 1,4 bilhão por três anos.
Tamanha pujança – considerando a América do Sul – é pontuada pelo aquecido produto interno bruto (PIB) do país, de aproximadamente 2 trilhões de dólares.
A nossa população já passa dos 192 milhões de habitantes. A população do Uruguai, por exemplo, é de 3,4 milhões. Número inferior ao Grande Recife.
Mas é possível argumentar que a seleção uruguaia chegou à semifinal da Copa do Mundo de 2010. De fato, a Celeste ficou em 4º lugar após 40 anos. Um lampejo.
Os clubes uruguaios, porém, pararam no tempo. O último título da Libertadores foi em 1988. Depois, o pentacampeão Peñarol chegou a ser eliminado na Pré-Libertadores.
O maiores salários em Montevidéu não passam dos 20 mil dólares (R$ 34 mil). Um patamar bem abaixo do padrão verde e amarelo. Mesmo o futebol da Série B, diga-se. É bom lembrar que o Sport paga R$ 100 mil mensais a Marcelinho Paraíba.
E o que dizer de Ronaldo, que ganha mais de R$ 1 milhão? Ronaldo. Só essa palavra já deixa claro a diferença em cifras. Essa comparação Brasil/Uruguai foi apenas um exemplo do abismo econômico – e futebolístico – que existe além das fronteiras do país.
Mesmo com um sistema forte, os principais clubes do Brasil gastam forturnas para chegar à Libertadores, tentando uma das quatro vagas na Série A ou na Copa do Brasil.
O esforço vale o status continental, mesmo que alguns adversários apresentem níveis baixíssimos, tanto em técnica quanto em estrutura. E até com um receita menor.
Eventualmente, os brasileiros, favoritos, conquistam a Libertadores.
Como prêmio, a vaga no Mundial de Clubes. Ao país, uma vaga extra na edição seguinte. Mas a Conmebol acabou com o “benefício” (veja AQUI).
A partir de agora, o país do campeão da Libertadores terá que abrir mão da última vaga. No nosso caso, o título do Internacional “tirou” a vaga do 4º lugar do Brasileirão.
Acredite, esse será o preço da vitória.
Ricardo Teixeira promete reagir, como já publicou a CBF (veja AQUI).
A CBF, que articulou até a Copa do Mundo de 2014, precisa reverter logo isso.
A briga vale uma nomenclatura já popular na Série A: G4. A mudança para “G3” vai implicar em perdas consideráveis no principal produto do nosso futebol. Reduzir o entusiasmo pela classificação continental limita ainda mais a disputa no Brasileirão.
Tudo por causa do sucesso local na Libertadores. Paradoxal e injusto.
Pingback: Tweets that mention Vale a nomenclatura | Blog de Esportes -- Topsy.com
Em termos técnicos, você pode até ter razão, mas em termos econômicos você se equivocou. O campeonato mexicano é um dos mais fortes economicamente do mundo, certamente os times mexicanos grandes tem mais poderio que os times brasileiros e só agora isso está se equilibrando, num processo que demandará tempo. No mais, o texto está bem bom, como o usual.
Cássio, esta ação da Conmebol é normal vinda de dirigentes sul-americanos, no Brasil não é diferente, veja como a FPF produz as tabelas para beneficiar alguns times menos competitivos acima de outros mais fortes. A Conmebol está agindo igual em relação aos times brasileiros, atualmente nem os times argentinos não estão no mesmo nível e então acharam uma maneira de barrar o futebol brasileiro em detrimento de outros países com clubes que não tem o mesmo poder econômica ou qualidade no futebol, é a filosofia de “quem faz mais, deve ter menos” para igualar as coisas, nem que seja por baixo. É assim que funciona a cabeça destas pessoas a frente de federações e confederações, até porque na cabeça delas não existe massa encefálica, mas outro material bem descartável.
Quem depende mais de quem ? Os clubes brasileiros da Libertadores ou a Libertadores dos clubes brasileiros ? Boicote já!