Amadores e profissionais em Pernambuco

Praia de Boa Viagem, década de 1930. Foto: Mascate, Skyscrapercity/divulgação

Nas duas fotos desse post, a praia de Boa Viagem. Em 1930 e 2010.

Duas eras completamente distintas… Sobretudo no futebol.

Segundo o Futebol Finance, o português Cristiano Ronaldo tem o maior salário no futebol em 2011, com R$ 2,3 milhões mensais! Segundo a mesma publicação:

“O futebol deixou de ser apenas um jogo, transformando-se numa indústria global que envolve pessoas e empresas das mais variadas áreas de negócio”.

Agora, volte 75 anos no tempo. A uma época sem internet, de comunicação rasa, infraestrutura praticamente inexistente, comportamento bem diferente etc.

Nessa sociedade vista em registros em preto e branco, os jogadores pagavam para jogar. Isso mesmo. Na era do amadorismo, base de toda a paixão que o futebol desperta até hoje. O football era restrito aos sócios.

Aos poucos, esse tempo vai ficando apenas nos livros. As lembranças estão partindo. A morte de Haroldo Praça, há uma semana, aos 95 anos, deixou isso claro.

O rubro-negro jogou justamente no período da transição no futebol do estado, que se profissionalizou em 1937. Antes, nos velhos campos murados, só quitando a mensalidade de 10 mil réis. Muitos compravam os próprios uniformes. Como não aceitou a profissionalização, Haroldo abandonou os gramados. Muitos seguiram o caminho.

Naquele ano, a Federação Pernambucaa de Futebol registrou o primeiro contrato profissional de um atleta no estado. O clube pioneiro não foi do Recife, mas sim de Caruaru. O Central foi buscar no Atlético-MG o zagueiro central Zago.

Aquele ato marcou para sempre o nosso futebol, que já vivia uma amadorismo camuflado, pois vários atletas atuavam em troca de empregos em empresas no Recife. Clubes como América, Sport e Tramways já haviam flertado com o profissionalismo.

No caso do Sport, o primeiro episódio foi ainda em 1916, com o zagueiro Paulino, do América do Rio de Janeiro. Legalmente, não havia problema algum. Mas, para evitar arestas com os rivais, a diretoria leonina publicou um telegrama do jornal carioca Correio da Manhã, no qual Paulino exercia a função de linotipista.

Em todo o país, o processo transcorreu durante toda a década de 1930. Em vários estados, como Rio e São Paulo, ligas paralelas (amadoras e profissionais) realizaram campeonatos estaduais oficiais. Na contramão – ainda bem -, Pernambuco conseguiu evitar o desmembramento do certame.

Aquele afinco dos pioneiros, hoje presente nas torcidas, só vai evoluir com gestões responsáveis, atentas às constantes mudanças do futebol. E não são poucas…

Abaixo, os campeões estaduais nas duas eras. Entre parênteses, o último título.

Amador – De 1915 a 1936, com 22 edições.
7 – Sport (1928)
5 – América (1927)
4 – Santa Cruz (1935)
3 – Torre (1930)
1 – Flamengo (1915)
1 – Náutico (1934)
1 – Tramways (1936)

Profissional – De 1937 de 2011, com 75 edições.
32 – Sport (2010)
21 – Santa Cruz (2011)
20 – Náutico (2004)
1 – Tramways (1937)
1 – América (1944)

Confira a lista completa de campeões pernambucanos AQUI.

Praia de Boa Viagem, década de 2010.

5 Replies to “Amadores e profissionais em Pernambuco”

  1. caramba cara,  q foto linda da praia.
    Essa sim é que é vida, sol mulher bonita,
    gente hospitaleira ,teu brog  tá de parabens.
    me segue  no meu brog  cara. valeu.
     

  2. Pingback: Estadual: Amadores e profissionais em Pernambuco

  3. Cassio, muito interessante!
    O curioso é que o meu América na época amadora utilizava jogadores do futebol do eixo RJ/SP e até mesmo do Pará (na época com um futebol bem mais ‘evoluido’ que o nosso), meio que um pré-profisisonalismo, conquistando desta forma cinco titulos e brigando com o Sport com a hegemonia do estado. Quando o futebol pernambucano de fato se profissionalizou e parecia que iria beneficiar o América com toda a sua aristocracia daqueles tempos, entrou numa crise e só conquistou um titulo e seis vices.
    O mesmo se deve ao Nautico, que na epoca defendia a continuidade do Amadorismo, mesmo sem ter relevancia nenhuma, conquistando apenas um titulo na fase amadora.

  4. Cassio, muito interessante!
    O curioso é que o meu América na época amadora utilizava jogadores do futebol do eixo RJ/SP e até mesmo do Pará (na época com um futebol bem mais ‘evoluido’ que o nosso), meio que um pré-profisisonalismo, conquistando desta forma cinco titulos e brigando com o Sport com a hegemonia do estado. Quando o futebol pernambucano de fato se profissionalizou e parecia que iria beneficiar o América com toda a sua aristocracia daqueles tempos, entrou numa crise e só conquistou um titulo e seis vices.
    O mesmo se deve ao Nautico, que na epoca defendia a continuidade do Amadorismo, mesmo sem ter relevancia nenhuma, conquistando apenas um titulo na fase amadora.

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