O roteiro da violência a cada clássico e a culpa invisível

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico. Crédito: Diario de Pernambuco

Em todos os clássicos, o mesmo cenário caótico do início ao fim. E sem culpados…

Horas antes da partida, aproximadamente três mil integrantes da maior torcida uniformizada do clube visitante são escoltados pelo Batalhão de Choque da PM.

Ensandecidos ainda nas redes sociais, eles vão gritando palavras de ordem sem temor algum das autoridades presentes. Após a caminhada, o acesso ao estádio. Não importa o endereço, Ilha do Retiro, Aflitos ou Arruda. O momento é de tensão.

Vários deles, incluindo adolescentes, pulam as catracas, forçando a entrada. Outros tantos quebram as catracas…

Sem contar aqueles que ficam no entorno, procurando sempre o confronto com a camisa rival, sendo ela integrante ou não de uma organizada adversária.

A Cavalaria entra em ação para tentar apaziguar os incidentes. Neste momento, aquele torcedor sem nada a ver com aquele contexto, acompanhado da família, acaba empurrado, agredido, furtado etc. Correr para onde?

Por um segundo bate a vontade de voltar para a casa e de nunca mais fazer parte daquilo. A paixão pelo clube acaba o levando para arquibancada, apesar da indignação.

Lá dentro, por mais que o roteiro da violência seja conhecido, batidíssimo, a polícia demora demais a agir nas arquibancadas. Quando entra em ação, com rigor, o quebra-quebra nos banheiros, bares e portões já está consumado.

Duranteo jogo, aleluia, a festa acontece de fato. Por alguns minutos, foco no futebol.

Apesar disso, na divisa entre as torcidas é comum o arremesso de objetos. Alvo indefinido. Jogam qualquer coisa próxima à mão. De pedra a chinelo, passando por pilha…

As ambulâncias costumam ter bastante trabalho nos clássicos. É raríssimo não exnergar uma delas com algum torcedor sendo socorrido na beira do gramado.

A incredulidade geral vai cedendo espaço ao sentimento de que aquilo “faz parte” do espetáculo. Não, não faz. Jamais fez.

Termina a partida. Independentemente do resultado, a confusão é certa. Mesmo que uma torcida saia 15 minutos depois por questão de segurança, o encontro acaba ocorrendo nas principais avenidas, nas paradas de ônibus. Arrastões e mais arrastões.

Coletivos depredados, na ida e na volta. Pior. Mortes acabam ocorrendo, ainda que indiretamente. Uma estatística que só faz aumentar. A PM segue o trabalho até tarde da noite. Infelizmente, parece não conter o vandalismo, ainda que os estádios não estejam lotados e que os autores sejam os mesmos. Cadê o cadastro? Uma prioridade relegada.

No dia seguinte, os órgãos públicos se apressam nas medidas. Respostas à população.

“As torcidas uniformizadas estão vetadas para os próximos jogos.”

“A culpa dessa violência é do consumo de cerveja.”

“A violência nas ruas não estava relacionada ao jogo.”

E assim a culpa vai sendo repassada sabe-se lá para quem. Inclusive, começam as sugestões, como a ideia batida de clássico como apenas uma torcida. O que seria, na verdade, um atestado de incompetência geral do estado, da federação e dos clubes.

Mas a culpa, torcedor, talvez seja sua… Que naquele segundo não quis voltar para casa.

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico.

11 Replies to “O roteiro da violência a cada clássico e a culpa invisível”

  1. Ou o Estado acaba com as organizadas, ou eles vão acabar com o nosso futebol. pela volta das familias oas estádios.
     

  2. EDUARDO…
    AORA EXPLICA, O QUE TEM ISSO TUDO DO RIO DE JANEIRO E GLOBO COM A VIOLENCIA DAQUI?

  3. O problema é da educação desde o berço. No momento em q a educação for de qualidade, as famílias voltarem a ter um norte, os culpados realmente serem punidos isso terá uma diminuição drástica.
    De nada adianta proibir a cerveja e as TOs dentro do estádio. Fato é q isso nunca coibiu q os vândalos infiltrados nas TOs brigassem entre si.
    O Brasil tem q ter a mesma energia q a Inglaterra teve p/ combater os hooligans, com educação e mão de ferro.

  4. se fosse só a cerveja,seria isolado.mas não tiro a razão.o problema é mais amplo.e está dentro DAS PROPRIAS torcidas.alem disso(q pra variar poucos falaram),a nossa imprensa recifense É UMA DAS CULPADAS!pois formenta essa violencia dessas torcidas e mais grave,passando por esses”tecnobregueiros de MERDA”(MC Sheldon,Kitara,Metal e Cego etc),pelos pagodeiros-Swingueiros.esses,aliado as”redes sociais”.(a maior quantidade de Vagabundos reunidos por metro quadrado do Brasil),são os q mais formentam essa violencia q assistimos.se nos tivessesmos uma imprensa(e não só eles)feita de homens e mulheres de VERDADE,isso já teria sido sanado.ou reduzido.enquanto isso,vamos”sobrevivendo”!

  5. Cassio , 

    Já que você tocou no assunto da diferença das cotas entre os 4 grandes no campeonato carioca , lá vai com detalhes a distribuição dos valores da Globo :

    1. Flamengo e Vasco. Cada um recebe sim R$ 600 mil por jogo mas apenas para as 15 partidas garantidas ( leia-se as fases de classificação da Taça GB e Rio ). Com isso , cada um faz jus a uma cota anual de R$ 9 milhões ;

    2. Fluminense e Botafogo recebem cada um cerca de R$ 430 mil por jogo , ou seja , R$ 6.4 milhões para cada ;

    FASES DE SEMI E FINAL DE TURNO

    Cada um dos 4 semifinalistas de turno recebe um extra de R$ 100 mil cada da Rede Globo pelos direitos de transmissão. Quem passa para a final e decide o turno , recebe outros R$ 150 mil.

    Na Taça Guanabara , Fluminense e Vasco receberam um extra de R$ 250 mil enquanto Botafogo e Flamengo , R$ 100 mil cada.

    O campeão do turno recebe um premio da FERJ de R$ 100 mil.

    O Fluminense recebeu um extra total de R$ 350 mil na Taça GB.

    Na Taça Rio , os valores envolvidos são os mesmos.

    Para transmitir a decisão , a Globo paga R$ 350 mil para cada um dos envolvidos pelas duas partidas. Além disso , o campeão recebe um premio de R$ 700 mil da FERJ e o vice , R$ 300 mil.

    O Fluminense , além dos R$ 350 mil da Taça GB , já tem outros R$ 650 mil garantidos pela sua participação na final. Se for campeão , recebe outros R$ 400 mil.

    Ou seja , finalista , o Fluminense já garantiu R$ 7.4 milhões de cota e pode chegar a R$ 7.8 milhões em caso de titulo.

    O Vasco , que já fez um extra de R$ 250 mil na Taça GB , pode receber outros R$ 350 mil em caso de titulo da Taça Rio e mais R$ 1.4 milhão em caso de titulo carioca. Nesse caso , o clube terá recebido um total de R$ 10.7 milhões em cotas no carioca 2012.

  6. Pingback: A recomendação do MPPE sobre as torcidas organizadas | Blog de Esportes

  7. A Solução é simples, acaba com as torcidas organizadas e mais educação para o povo.

  8. São eles sendo escoltados para o estádio e nós voltando sem escolta pra casa sofrendo a violência que eles praticam. Escolta é pra autoridade ou pra bandido indo pra cadeia.

  9. Oh as autoridades tomam uma medida pra valer,tentando coibir a violência ou é melhor ter uma torcida só nos clássicos,infelizmente será o jeito.
     

  10. Putz! É isso mesmo, é de bater o desespero. Este mundo está cada vez mais chato e difícil de viver. Uma coisa legal como o futebol está sendo jogado na latrina. Assistir jogo sem confusão hoje, só no Playstation.

  11. E tem violência, é? Os grandes sabios não haviam descoberto que a violência era causada pela bebida vendida dentro dos estádios??
    Só fizeram tirar dinheiro dos clubes, esses incompetetentes e ladrões!

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