O apertado calendário do futebol brasileiro, com todas as datas preenchidas aos domingos e quartas, provocou uma situação inusitada no Recife. Nada menos que três clássicos entre Náutico e Sport em apenas 19 dias.
23/01 – Sport 0 x 1 Náutico (Ilha do Retiro, Nordestão)
02/02 – Náutico 0x 3 Sport (Arena Pernambuco, Nordestão)
10/02 – Náutico x Sport (Arena Pernambuco, Estadual)
Nenhum jogo foi agendado no horário nobre do futebol, na tarde de domingo.
As três partidas foram marcadas à noite e somente uma no domingo.
Nas duas primeiras edições do Clássico dos Clássicos, os públicos registrados foram de 16.001 e 13.062 torcedores, respectivamente.
Um clássico é um jogo de grande apelo, desde que não seja banalizado.
A denúncia do blog sobre os valores distintos nos ingressos na Arena Pernambuco entre as torcidas mandante e visitante, ao contrário do que diz o Regulamento Geral de Competições da CBF, rendeu uma resposta oficial do consórcio.
Eis a íntegra da nota:
“A Itaipava Arena Pernambuco esclarece que toda setorização e tabela de preços praticados no estádio, ambos definidos em acordo com a Diretoria do Náutico, seguem a legislação e as demais normas aplicáveis. O artigo 84, parágrafo segundo, do Regulamento Geral das Competições da CBF, estabelece que o mesmo valor deve ser aplicado para as torcidas localizadas em um mesmo setor ou equivalente. Na primeira setorização divulgada, os setores de mandantes e visitantes eram diferentes, sem equivalência (Anel Inferior e Anel Superior). Já na setorização final, aplicada no jogo do dia 02/02/14, a área equivalente à torcida visitante estava reservada ao programa Todos com a Nota, cujos ingressos não são comercializados.”
(as partidas em questão foram Náutico x Guarany, Náutico x Botafogo e Náutico x Sport, todas pela Copa do Nordeste de 2014)
Agora, vamos à ressalva do blog…
Primeiramente, a lembrança do artigo regulador.
Capítulo VII – Disposições financeiras
Artigo 84/2º “Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou equivalente”
Causa discordância de interpretação, entre o blog e o consórcio, a palavra “equivalente” no texto. Ao não encontrar (ou produzir) um setor equivalente na arena, os organizadores da partida acabam penalizando a torcida visitante, com bilhetes mais caros.
Porém, a explicação se torna rasa ao analisar os clássicos no Arruda, na Ilha do Retiro e nos Aflitos – este também, claro, sob o comando do Náutico.
Em todos os palcos, as torcidas visitantes ficaram atrás dos gols. Contudo, pagaram os menores valores de ingressos “inteiros” aplicados no dia – curiosamente, os mandantes ficaram em setores diferentes nos três estádios, nas arquibancadas frontais.
E assim, no estado, apenas a Arena segue aplicando valores diferentes.
A renda líquida acumulada nos três jogos do Santa Cruz em Caruaru, pela primeira fase da Copa do Nordeste de 2014, foi R$ 295.893 a menos que o lucro obtido nas partidas no Arruda no regional passado. A análise foi feita após a divulgação do borderô oficial de todas as apresentações do Tricolor, via CBF, sem levar em conta o enorme peso que o centenário poderia ter este ano.
Além da distância, 130 quilômetros, foi determinante a ausência coral do programa Todos com a Nota. Em 2013 os bilhetes subsidiados pelo estado representaram 47% da renda bruta, R$ 326.050 de R$ 692.995. Na ocasião, foram 32.605 entradas do TCN. Nenhum este ano.
Já em relação à despesa é preciso explicar o quesito “aluguel de campo”, presente nos seis borderôs. Ao todo, o aluguel do Luiz Lacerda custou R$ 45.332, com valores distintos a cada jogo.
Esse custo é calculado de acordo com o público presente. Por esta mesma questão logística – luz, limpeza, funcionários etc -, o Santa Cruz “cobra” aluguel a si mesmo no estádio José do Rego Maciel – no regional, por exemplo, a despesa acumulada foi de 51.151 reais.
Vale lembrar que a mudança no mando de campo ocorreu devido à pena do STJD após a baderna de integrantes de uma uniformizada coral, no último Nordestão.
Nordestão 2013
20/01 – Santa Cruz 1 x 0 CRB
24.287 pessoas, R$ 281.210
Renda líquida: R$ 197.961
26/01 – Santa Cruz 2 x 0 Feirense
17.355 pessoas, R$ 187.170
Renda líquida: R$ 133.706
02/02 – Santa Cruz 2 x 0 Campinense
20.029 pessoas, R$ 224.615
Renda líquida: R$ 162.335
Público total: 61.671 torcedores (média de 20.557)
Renda bruta: R$ 692.995 (média de R$ 230.998)
Renda líquida: R$ 494.002 (média de R$ 164.667)
Nordestão 2014
18/01 – Santa Cruz 3 x 2 Vitória da Conquista
3.673 pessoas, R$ 113.745
Renda líquida: 70.785
25/01 – Santa Cruz 0 x 1 CSA
3.325 pessoas, R$ 88.320
Renda líquida: 53.393
02/03 – Santa Cruz 2 x 1 Bahia
7.390 pessoas, R$ 120.070
Renda: líquida: 73.931
Público total: 14.388 torcedores (média de 4.796)
Renda bruta: R$ 322.135 (média de R$ 107.378)
Renda líquida: R$ 198.109 (média de R$ 66.036)
Em tempo: a verba jogada no ralo não foi cobrada a ninguém.
O aniversário de 100 anos do Santa Cruz foi reconhecido pelos maiores rivais.
Futebol à parte, entrou em campo a desportividade.
Em suas redes sociais, compostas por milhares de torcedores, Náutico e Sport mandaram mensagens oficiais de parabéns ao Tricolor.
No twitter, o Timbu celebrou os 100 anos de existência da Cobra Coral, com uma centena de compartilhamentos.
No instagram, o Leão lançou uma bela imagem com dois garotos na comunidade do Caranguejo, cada um com o seu uniforme e que nem por isso deixaram de ser amigos.
“Adversários sempre, inimigos jamais”.
Louvável a atitude de alvirrubros e rubro-negros.
O que parece ser um pequeno gesto pode repercutir de forma imensurável.
No estádio, no rádio, na televisão, na internet ou mesmo só em pensamento.
Comemorando ou sofreno com o Tricolor, chorando de alegria ou tristeza pela Cobra Coral. Dezenas? Centenas? Dificilmente alguém lembrará da conta.
Até mesmo pela quantidade de vezes que o Mais Querido pisou no gramado.
Nada menos que 4.730 vezes, segundo os dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro. Somente nos clássicos contra os dois tradicionais rivais foram 1.035.
Curiosamente, pela falta de registros no passado mais remoto, 21 partidas seguem até hoje com resultados indefinidos.
4.730 jogos
2.399 vitórias
1.088 empates
1.222 derrotas
9.239 gols marcados
5.500 gols sofridos
Eis o retrospecto geral no Clássico das Emoções e no Clássico das Multidões.
Torcedor tricolor, relembre os seus jogos favoritos…
Da pioneira apresentação, em 8 de março de 1914, com Santa Cruz 7 x 0 Rio Negro, no Campo do Derby, ao último jogo no primeiro século de vida, em 2 de fevereiro de 2014, Santa Cruz 2 x 1 Bahia, em Caruaru.
A torcida rubro-negra estava impaciente neste início de temporada, que marca a volta à elite. O ataque não funcionava, as vitórias não surgiam…
Ao perder em Sobral, em sua quarta apresentação no Nordestão, o time deixou o Junco praticamente fora da disputa. Nenhum cálculo de classificação de eliminação foi elaborado, mas menos de 99% seria até otimismo.
Incrivelmente, o resultados alheios vieram. Nesta tarde, por exemplo, a vitória do Botafogo sobre o Guarany deixou o Clássico dos Clássicos instigadíssimo.
O lado vencedor daria um grande passo na classificação. O Timbu e a provavável vaga ou o Leão, até então morto, vivíssimo. Na superação de um time merecidamente criticado, o Sport bem foi além e goleou por 3 x 0.
Em uma arena sem tanta gente, o Alvirrubro teve mais posse de bola, mas assustou pouco. A sua principal chance foi logo a primeira da noite, aos 13 minutos, com a bola passando rente à linha de Magrão, após falha enorme de Renê – a surpresa no 3-5-2 do interino Eduardo Batista.
No minuto seguinte, o primeiro gol de uma partida cirúrgica dos visitantes. Cruzamento de Ailton e cabeçada de Ananias, apesar da notória estatuta.
Tecnicamente, o jogo foi fraco, mas o Rubro-negro se mostrava mais produtivo, girando mais. Com a bola – mais tempo -, o Timbu esteve desorganizado.
O grande pecado da noite foi na parte disciplinar da arbitragem, com as duas equipes reclamando bastante de Emerson Sobral.
Voltando ao futebol, o meia Ailton, apagado nas rodadas anteriores, conduziu bem o Sport, se aproveitando do mau futebol da equipe de Lisca – aplicada como no primeiro clássico, mas nada além disso.
Colabora para a análise a pegada do Leão. Segundo o Footstats, somente no primeiro tempo, o time desarmou 17 bolas, contra apenas 4 do Náutico.
E assim, roubando bolas, os leoninos praticamente definiram o jogo no início do segundo tempo. Aos 2 minutos, João Ananias saiu mal, Neto Baiano recuperou e arriscou de longe. Gideão bateu roupa e Érico Júnior concluiu, ampliando.
A partir daí, o Sport passou a controlar o jogo, saindo apenas na “boa”. Mesmo assim, perdeu duas ótimas chances. No finzinho, ainda teve um pênalti a favor.
Neto Baiano, numa seca duradoura neste ano, encheu o pé mais uma vez, mas desta vez acertou as redes. Definiu a goleada.
O resultado na Arena Pernambuco criou uma situação até então improvável, com os dois pernambucanos com boas chances de classificação às quartas.
Na véspera do centésimo aniversário, neste domingo, o sorriso tricolor foi aberto com apenas 33 segundos de bola rolando em Caruaru.
Sob sol forte, o Santa arrancou de maneira fulminante pra cima do Bahia. A jogada foi iniciada por Caça-Rato pela direita e concluída por Luciano Sorriso.
A vantagem tornou-se ainda mais clara com a expulsão do volante adversário, Fahel, antes dos dez minutos. O time do Bahia estava visivelmente nervoso.
Apesa da desvantagem, o tricolor da Boa Terra reagiu e passou a assustar. No primeiro lance, só não empatou por causa da bisonha finalização de Talisca.
A investida adversária deixou o povão com um certo receio, consciente de que o tricampeão pernambucano estava falhando na marcação.
O receio até diminuiu no início da etapa final, quando o meia Raul ampliou. Aos 4, numa boa trama, o meia chutou cruzado, enganando o goleiro Lomba.
Placar definido? Não. Valente e ainda envolvente, o Bahia mandou para as redes com Rhayner, numa saída de jogo equivocada de Everton Sena.
A partir daí, sufoco puro. Era tarde de decisão. Na prática, valia uma “vaga” nas quartas de final da Copa do Nordeste. Brilhou então o idolo coral, Tiago Cardoso, com três defesas espetaculares, uma delas aos 44 minutos do segundo tempo.
No apito final, com o 2 x 1 conquistado na raça, veio a voz da massa, com o “parabéns para você’ direto do tobogã do Lacerdão…
O primeiro presente do centenário Santa Cruz já chegou…
A frase é atribuída a Phil Jackson, técnico de basquete e campeoníssimo na NBA, com seis conquistas pelo Chicago Bulls e cinco pelo Los Angeles Lakers.
Dita no basquete e compreendida em inúmeras outras modalidades.
Futebol, handebol, hóquei, polo aquático… Futebol americano.
No esporte número 1 dos Estados Unidos há até uma particularidade, com formações distintas dependendo da posse de bola. Sem a bola oval, o time, com onze atletas, pode ser inteiramente composto com peças defensivas.
Na decisão, o Super Bowl de 2014, ocorrerá um embate raro. O melhor ataque da temporada, o Denver Broncos, versus a melhor defesa, o Seattle Seahawks.
Será a apenas 5ª vez em 48 edições. Nas anteriores, os donos das melhores defesas levaram a melhor em três, dando razão a Phil Jackson.
A frase tem lá as suas verdades… Só não é uma regra escrita.