Presença da tradição ameaçada em 2014

Sorteio da Fifa. Foto: Fifa/divulgação

Finalmente, o primeiro evento brasileiro com o selo Fifa.

Sorteio das Eliminatórias da Copa do Mundo.

No sorteio, com uma divulgação nota 6,0 do Brasil, o que impressionou mesmo foi a composição do grupo I na Europa, com Espanha e França, campeõs mundiais em 1998 e 2010, respectivamente.

Tirando a América do Sul com os bicampeões argentinos e uruguaios, cujo sistema foi o “todos contra todos”, esse duelo europeu foi o único com ex-campeões, dando peso a uma chave na qual só o primeiro avançará. O segundo brigará pela repescagem.

Portanto, a repercussão imediata nos dois países…

Marca (Espanha)
“Não houve sorte e a França caiu no grupo da Espanha nas Eliminatórias.”

AS (Espanha)
“A seleção espanhola, número 1 do mundo, está no grupo da morte, o único com dois campeões mundiais.”

L’Equipe (França)
“Os Azuis enfrentam a Espanha!”

France Football (França)
“Entre a França e a Espanha!”

Esse confronto levantou uma dúvida no blog…

Você gostaria de contar com os oito campeões mundiais em 2014 ou prefere “secar” desde já futuros adversários do Brasil na próxima Copa do Mundo?

Análise da otimista pesquisa da Fifa sobre 2014

Mapa do Brasil

Confira alguns números da pesquisa encomendada pela Fifa sobre a Copa do Mundo de 2014, divulgada nesta quinta-feira pelo Comitê Organizador Local (COL), no Rio.

87% dos brasileiros esperam com ansiedade pela estreia da Seleção no Mundial.

Provavelmente no dia 13 de junho, em São Paulo, um dia após a cerimônia de abertura.

75% dos torcedores acreditam que o Brasil conquistaram o hexa na próxima copa.

Em 2010, na África do Sul, uma pesquisa do Datafolha apontou um índice de 64%.

86% população está certa de que a competição irá consolidar a imagem do Brasil no mundo como a de país emergente e em desenvolvimento.

Independentemente da Copa do Mundo, o Brasil está consolidando essa imagem. O perigo, na opinião do blog, é justamente o contrário, o de mostrar um país sem tanta organização.

79% dos brasileiros estão orgulhosos pelo fato do país voltar a ser o anfitrião da Copa do Mundo.

De fato, o Brasil será apenas o 5º país a receber a maior competição da Fifa pela segunda vez. Antes, México (1970/1986), Itália (1934/1990), França (1938/1998) e Alemanha (1974/2006). Brasil repete o feito de 1950, mas com o maior gasto da história, acima dos R$ 40 bilhões…

Em relação ao conhecimento dos próximos grandes eventos esportivos, veja a opinião.

84% sabem da Copa do Mundo de 2014.

Na verdade, esse número é surpreendentemente baixo, pois o dado negatio (16%) corresponde a 30,7 milhões de habitantes!

52% estão por dentro das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Ainda há tempo para elevar esse número. Em condições iguais às da Copa, essa pergunta teria que ser feita em 2013.

16% tem conhecimento dos Jogoa Olímpicos de 2012, em Londres.

Como a maior emissora do país não irá exibir a competição – depois de muito tempo -, essa Olimpíada, sem tantas notícias na rede, está quase virando um evento secreto…

Brasil. Foto: Fifa/divulgaç]ao

Passeio completo

Convite para o sorteio da Copa do Mundo de 2014

Os olhos do mundo do futebol começam a mirar o Brasil devido à Copa do Mundo. Neste sábado, o país vai promover o sorteio preliminar das eliminatórias do Mundial de 2014, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. O Brasil mostra a sua cara pela primeira vez.

Será um evento com estrelas do futebol mundial – jogadores e técnicos -, dirigentes das principais federações e confederações. No foco das atividades está o objetivo de trilhar os caminhos das seleções rumo à próxima Copa.

O Comitê Organizador Local (COL) gastou R$ 30 milhões para a bancar a festa…

Esse é só o primeiro evento “Padrão Fifa”…

Será um passeio completo nos próximos anos. Farra das grandes.

Obelisco de Montevidéu

Copa América 2011: Torcida do Uruguai festeja título no Obelisco, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Foram aproximadamente 30 mil uruguaios no estádio Monumental de Nuñez, na final da Copa América, neste domingo. Depois da festa de praxe na cancha do River Plate, onde comemorar uma conquista assim em plena capital argentina?

No mesmo local onde os argentinos costumam festejar, é claro…

E, assim, uma multidão de charrúas tomou conta do Obelisco, cartão postal de Buenos Aires entre as avenidas 9 de Julio e Corrientes, bem no centro da metrópole…

O trabalho foi grande lá na decisão (post do jogo), mas ao chegar no hotel e ver tantas bandeiras indo naquela direção, acabei indo também. Valeu o registro.

A polícia ficou no entorno, para evitar qualquer tipo de confusão, até porque as garrafas de cerveja e vinho estavam indo embora rapidinho…

Curioso mesmo (civilidade?) foi a reação dos argentinos, tranquilos, sem provocação. Quem dera fosse sempre assim, em qualquer competição, em qualquer lugar.

Volta olímpica particular

Jogos Olímpicos de 1924: Uruguai 3 x 0 Suíça

Buenos Aires – O estádio do River Plate já estava vazio. Após a saída da massa em uma final contundente para os uruguaios, restava escrever textos para o Diario de Pernambuco e para o blog, além da edição de fotos e vídeos…

Eis que os jogadores da seleção celeste surpreenderam e voltaram para o campo, para iniciar uma volta olímpica, de uniforme e taça nas mãos, passando por todo mundo.

Comemoração particular do grupo? Nunca tinha visto nada parecido…

Vale lembrar que a volta olímpica foi criada pelo próprio time do Uruguai, após vencer o torneio olímpico de futebol em 1924, em Paris, no estádio Colombes. Na ocasião, os jogadores passaram a dar uma volta no gramado agradecendo o apoio da torcida após uma vitória sobre a Suíça. A Celeste se tornava “Celeste Olímpica”.

O placar foi mesmo nas duas finais separadas por 87 anos: 3 x 0.

Voltaram, como na primeira vez

Buenos Aires – Música que embalou o 15º título do Uruguai na Copa América.

“Volveremos, volveremos
volveremos otra vez
volveremos a ser campeones
como la primeira vez”

“Voltaremos, voltaremos
voltaremos outra vez
voltaremos a ser campeões
como na primeira vez”

A torcida celeste não parou de cantar nas arquibancadas do Monumental de Nuñez, em uma referência direta ao título da seleção na primeira Copa América, em 1916, quando empatou em 0 a 0 com a anfitriã Argentina e ergueu a taça em Buenos Aires, como agora. Já são três títulos da Celeste na capital argentina: 1916, 1987 e 2011.

Forlán estabelece recordes e reafirma a sua técnica

Copa América 2011: Uruguai 3x0 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – Com os seis jogos disputados na Copa América, Diego Forlán se tornou o jogador com o maior número de partidas pela seleção uruguaia, com 82 atuações. Passou o goleiro Rodolfo Rodríguez, que jogou no Santos na década de 1980.

Mais. Com os dois gols na decisão deste domingo, o camisa 10 e melhor jogador do Mundial de 2010 chegou a 31 tentos pela seleção e se tornou o maior goleador da seleção, empatando com Héctor Scarone, que entre 1917 e 1930 também fez 31 gols, ganhando ainda a primeira Copa do Mundo, realizada em Montevidéu.

Como se não bastasse números tão expressivos com uma camisa pesada como essa da Celeste, Forlán ainda retorna com a taça de campeão das Américas. Pela 15ª vez.

Desde Enzo Francéscoli o Uruguai não tinha um camisa 10 com tanto potencial, conduzindo o time e dando qualidade ao passe, além do poder de fogo na finalização.

Em 2014, o meia-atacante Diego Forlán chegará na Copa do Mundo no Brasil com 35 anos. Ainda é possível esperar um bom rendimento do craque até lá? Não é bom duvidar.

América 26 – Os charrúas ganharam a guerra

Copa América 2011: Uruguai 3x0 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – O povo charrúa dominava os flancos abaixo do território brasileiro até cinco séculos atrás. Os primeiros registros ocidentais desses ameríndios datam de 1535. A partir daí, o mesmo extermínio que marcaria todo o Novo Mundo.

Os charrúas acabaram banidos no processo de colonização espanhola na região, pontuado por diversas guerras em busca da posse daquela gama de terra no afluente norte do Rio da Prata. Conhecidos pela bravura, cuja palavra ‘desistência’ parece fora do vocabulário, eles marcaram a história, apesar de hoje a sua população ser de apenas cinco mil habitantes.

No entanto, esse espírito se estendeu ao novo povo uruguaio, que não negou o passado e adotou o “charrúa” como apelido, sobretudo à seleção, com estilo próprio desde 1916, no primeiro Sul-americano, já com o troféu máximo nas mãos.

Mesmo sendo uma nação pequena, o Uruguai se tornou uma fonte inesgotável de futebol com raça e técnica. Nem sempre agregadas. Exatamente por isso o país passou um bom tempo no ostracismo no futebol, até que uma nova geração voltasse a dominar a gênese da camisa azul, da República Oriental do Uruguai.

Copa América 2011: Uruguai 3x0 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Com Luís Suárez e Diego Forlán, a Celeste voltou a ser temida, voltou a impressionar. Voltou a ser campeã. Se os antigos charrúas lutaram para seguir a vida na fria planície, esses charrúas com as bolas nos pés foram além. Dominaram a América.

Ao Uruguai, o incontestável título da Copa América de 2011, destronando o irascível Paraguai e sua fortaleza de empates com um 3 x 0 no mais uruguaio dos domingos na capital alheia. Os bicampeões mundiais ratificaram o futebol da África do Sul, há um ano.

A então surpresa é agora uma dura realidade para os adversários mais tradicionais. Como sua torcida cansou de cantar num Monumental de Nuñez repleto, o Uruguai voltou a ser campeão, como na primeira vez. Os charrúas ganharam a guerra.

Sistema guarani para a glória

Copa América 2011: Uruguai x Paraguai. Foto: AFAqdivulgação

Buenos Aires – Análise do Paraguai para a final da Copa América de 2011.

O Paraguai vem em um processo de involução nesta Copa América. Na fase de grupos, o time dirigido por Tata Martino mostrou uma faceta inédita, ao pressionar o adversário, criando jogadas e desenvolvendo um bom futebol, com toque de bola.

Em duas partidas, ante Brasil e Venezuela, vencia até o último (2 x 1 e 3 x 2), quando cedeu o empate. Depois, nas quartas de final e na semifinal, curiosamente contra os mesmos adversários, respectivamente, atuações recheadas de críticas, sem lucidez alguma no meio-campo. Passou em branco, nos pênaltis, sem brilho.

A defesa sólida de outros tempos, com Gamarra, por exemplo, não é a verdade absoluta. Pesada, a zaga vem cedendo muito espaço aos adversários. O time vem contando, então, com a grande fase do goleiro Justo Villar.

Sem um “cérebro” para a criação, a bola chega quase sempre rifada aos atacantes Haedo Valdez e Lucas Barrios, quando chega.

Copa América 2011: Uruguai x Paraguai. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Sistema charrúa para a glória

Copa América 2011: Uurguai. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – Análise do Uruguai para a final da Copa América de 2011.

Possivelmente, o Uruguai é o time de leitura tática mais fácil de ser compreendida em toda a Copa América. Assim é a Celeste desde a estreia e, certamente, nesta decisão. Com uma boa dose de entrosamento da Copa do Mundo, cujo grupo é a base atual.

Compacto na defesa – com os gigantes Lugano, de 1,88m, e Coates, 1,96m – e com dois atacantes de muita qualidade (Forlán e Suárez), a Celeste briga bastante pelos flancos para obter faltas, transformando a bola parada em jogadas mortais, sempre a partir dos pés de seu camisa 10, que distribui a bola com qualidade.

No Monumental de Nuñez, o melhor jogador do Mundial de 2010, utilizado como atacante até aqui, poderá ser recuado caso o atacante Cavani, atleta do Nápoli-ITA, se recupere de uma lesão que o tirou de praticamente toda a Copa América. Ele entraria no lugar de Gargano, recuando Diego Forlán para o setor de criação.

Copa América 2011: Uruguai x Paraguai. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco