Com um cenário tão adverso em São Paulo, a impressão na sede do Sport é de que a queda para a Série B já parecia consumada, antes mesmo do 2 x 2. Pontos tradicionais no clube completamente vazios, como o bar do tênis. No início da temporada, mais de 100 pessoas acompanhavam aos jogos fora de casa pela TV do bar. Na noite desta quarta, mesas vazias. Cadeiras ocupadas apenas pelas bolsas dos tenistas.
Mas teve gente que acreditou até o 50º minuto do segundo tempo da partida contra o Palmeiras. A única televisão ligada no clube estava na pequena sala de hóquei, embaixo da arquibancada frontal da Ilha. Uma TV de apenas 14 polegadas, mas bastante disputada pelos únicos fiéis que teimavam em não aceitar o rebaixamento.
Torcedores e funcionários do clube. Humildes, apaixonados, rubro-negros.
Na foto acima, registrada por Ricardo Fernandes, do Diario, os personagens deste post, da esquerda para a direita: Pitomba, Diego, João Luís e Banana.
O preparador físico do time de hóquei João Luís, de 30 anos, apostou uma grade de cerveja que o Sport não perderia. Isso mesmo, em pleno Palestra Itália.
“Eu só vou cair quando a matemática disser isso. Até lá, vou acreditar sempre no meu Sport. Eu posso cair, mais vou tirar o título do Palmeiras”, disse João, durante o jogo, com o Sport em vantagem no placar.
Roupeiro do clube há 29 anos, Nivaldo Dias, o “Banana”, de 54 anos, mal conseguia falar durante a partida.
“Com esse Sport, eu acredito até em campeonato de cuspe”, brincou o folclórico Banana, sem esconder a tristeza com o empate cedido nos minutos finais.
Aos 14 anos, Diego Santos via o jogo já preocupado com o horário do treinamento. Excepcionalmente nesta quarta, o treino começaria com alguns minutos de atraso, por causa do jogo, é claro.
“O pessoal todo já está chegando, e o Sport inventa de fazer dois gols. Assim, vou ficar vendo”, afirmou Diego, que acabou não vendo o 2º tempo. Pegou os patins e se mandou para a quadra.
O dono da TV, Reginaldo Dias, o “Pitomba”, de 42 anos, não escondia a satisfação de ver o jogo ao lado dos amigos de tantos anos no clube. O resultado já não importava mais, apesar do excesso de confiança.
“Palestra Itália? Minha segunda casa. Lá, o Sport não perde”, comentou Reginaldo, antes de ser repreendido pelo baixinho Banana, que queria se concentrar no jogo.
No fim, porém, esses mesmos torcedores ainda tiveram que presenciar um foguetório de tricolores na frente da Ilha do Retiro.
É o futebol. 😕