Rochedos PE

Aqui PEAbaixo, a seleção dos craques da última rodada do Pernambucano (os “Rochedos”), de acordo com a bem humorada equipe da editoria de esportes do jornal Aqui PE. Texto na edição desta terça-feira. Confira!

Goleiro – Mondragon (Sete de Setembro) – O cara fechou o gol contra o Salgueiro e garantiu a vitória por 1×0. Agora, só um conselho: muda o teu nome. Que nome feio arretado!

Lateral-direito – Paulinho Potiguar (Serrano) – Você bem que tentou, fez dois gols… pena que o time não ajuda, né? Quebra um galho aí na lateral direita.

Zagueiro – Thiago Matias (Santa Cruz) – Ele jura que foi empurrado dentro da área por César. Mas não vai entrar por isso, e sim porque fez uma boa partida. Agora não precisa chorar não.

Zagueiro – Sandro (Santa Cruz) – O vovô parecia um menino (se é que ele lembra desse tempo). E ainda cobrou o escanteio que originou o gol de empate. Existe isso?

Volante – Hamilton (Sport) – Não é uma coisa que se diga: “Minha nossa, que grande jogador!”. Mas, foi o melhorzinho do meio de campo rubro-negro.

Volante – Márcio (Central) – Nem se anime. Era só porque tinha que ter um do Central e estava faltando um volante. Para não colocar César Baiano, você foi escalado.

Meia – Douglas (Petrolina) – O cara que faz um gol daquele contra o Náutico não podia ficar de fora. Mesmo que, depois disso, não tenha feito mais nada.

Meia – Fábio Silva (Central) – Dizem que, depois de fazer dois gols em uma partida, ele vai ficar seis meses sem marcar. Eita povinho maldoso!

Atacante – Pedro Henrique (Santa Cruz) – Ou você é o maior enganador da face da terra ou está sofrendo a maior injustiça da história humana, sendo reserva de Márcio Barros.

Atacante – Ciro (Sport) – É o goleador sentimental. Quando faz gol, chora. Quando é sacado do time, também. Mas o moleque também sabe fazer gol! Buáááá…

Técnico – Márcio Bittencourt (Santa Cruz) – É um milagreiro. Conseguiu fazer esse time do Santa Cruz jogar bola. Agora, se não botar Pedro Henrique como titular, vai para os Perronhas na próxima semana.

Destaque – Lateral-esquerdo – Adilson (Santa Cruz) – Que fanho que nada! Vofê calou os críticos, vogou muito e fez um golafo! A gente fempre acreditou em vofê!

Craque da Comunidade – Michel Souza

Segue neste post a 3ª matéria da série “Craque da Comunidade”, do jornal Aqui PE. Dessa vez, quem assina a reportagem é Rodolfo Bourbon. O craque, que já atuou como profissional, domina as partidas nos campos de Roda de Fogo.

Michel, que já jogou contra Nildo. Bons temposCaneleiro, não

Jogando como volante, posição pouco valorizada, Michel, o craque da comunidade de Roda de Fogo, sonha com o Flamengo

Futebol, para o estudante Michel Souza Lacerda, 25 anos, ultrapassa a barreira do mero lazer. Como atleta, já chegou a atuar nos clubes Ferroviário de Serra Talhada, Catende e Corinthians de Caicó. Duelou contra ícones como Souza, ex-meia do São Paulo, e Nildo, antigo ídolo do Sport Recife – time de coração do jovem. Hoje, sucumbe ao anonimato como peladeiro da Roda de Fogo, comunidade situada no bairro dos Torrões, Zona Oeste do Recife. Conserva humildade. Apesar de, após o par ou ímpar, quase sempre, ser o primeiro a compor um dos times.

Craque da simplicidade, Michel arranca olhares entusiasmados do público com marcações cerradas e jogadas de efeito. As observações no campinho de várzea, no entanto, jamais partiram de olheiros ou empresários. “A nossa comunidade está cheia de bons jogadores. Mas falta investimento. Não se pode jogar à noite, por causa dos refletores queimados há mais de três anos. Não tem espaço para acomodar a torcida. Quem vai ficar se sujeitando a essas condições?”, questiona. As reivindicações não param por aí. “Sem rede nas laterais, a bola acaba batendo nos pedestres. Com a falta de vestiários, ficam todos ‘peladões’ na frente de mulheres e crianças”, critica.

Enquanto não arruma contrato com um clube, Michel mantém a forma com partidas amadoras e corridas diárias. “Estou tentando ir jogar em alguma equipe de Fortaleza. Não desisto. Penso em, um dia, entrar no Maracanã lotado, vestindo a camisa do Flamengo”, sonha o jovem, entusiasmado ao falar da paixão pelo esporte. “Quando dei meus primeiros passos, já comecei a chutar uma bola”, brinca.

No campo da Roda de Fogo, o jogo é 11 contra 11. “É na base dos dez minutos ou um gol. Aqui, o ‘couro come’! Apanha, levanta, dá lapada”, resume o bom de bola e volante, posição pouco aclamada pela torcida. “Caneleiro” é um título que o jogador diz não sustentar. “Gosto de armar jogadas, partir no mano-a-mano, com velocidade e habilidade. E, se bobear, belisco e mando a pelota para o fundo das redes”, explica. Inserido no padrão de medidas oficiais, com terra batida e relativamente plana, o espaço tem condições de sediar a formação de craques como Michel. Basta mais zelo.

Foto: Cecília de Sá Pereira

007 do Janga

Abaixo, a segunda matéria da série de reportagens “Craque da Comunidade”, produzida pelo repórter Lucas Fitipaldi, publicada na edição do dia 6 de outubro no Aqui PE.

O craque do Janga – Jame

Jame é figurinha carimbada nas peladas do JangaJammerson Moraes, o Jame, é figurinha carimbada nos campos de pelada do Janga. Como ele mesmo gosta de dizer, “não tem uma pessoa que não me conheça nos campinhos da área”. Aos 29 anos, é o exemplo do peladeiro fiel. Joga bola praticamente todos os dias, com exeção da segunda-feira.

É reconhecido como craque, disputado praticamente à tapa em dias de jogos. Uma rotina que sempre fez parte da sua vida. “O futebol é tudo pra mim. Sou daqueles que fico meio pra baixo, triste, quando preciso parar por algum motivo”, confessa.

Nem as responsabilidades de um pai de família consegue afastar Jame da rotina de boleiro. Seu nome sempre esteve associado ao futebol. Está no sangue. Uma paixão de família. “Essa coisa de peladeiro vem de muito tempo. Meu avô era muito bom e meu tio manteve a tradição.” Desde muito novo, o talento do garoto era visível. Aos 12 anos, Jame já jogava entre os adultos, com a camisa do Sporting, um time de várzea fundado pelo tio citado.

Jame diz curtir a fama de craque no seu bairro“Lembro que eu entrava para jogar com um medo danado. Mas quando a bola rolava eu ia pro pau.. Ali foi uma escola pra mim”, conta. Apesar de toda técnica, sua função dentro de campo não é fazer gols. “Gosto de marcar quem é bom”, diz.

A maior satisfação, no entanto, é se sentir prestigiado. Ter moral nas peladas faz bem ao craque. “O que eu gosto é chegar no campo e ser disputado. É passar quatro meses sem aparecer e quando voltar todo mundo me querer no time”. Comerciante, dono de uma loja de cosmédicos, Jame terá sempre a alma de boleiro.

Perfil do craque
Nome: Jamesson Moraes
Apelido: Jame
Idade: 29 anos
Posição: volante
Pé: direito
Qualidades: Muita pegada e técnica
Jogada favorita: Chute de longa distância
Com a bola ele lembra: Josué
Altura: 1,72 m
Peso: 74 quilos
Ídolos: Roberto Carlos e Ronaldo
Recado: “Não tem uma pessoa que não me conheça nos campos aqui da área”
Estilo: autoconfiante e tranqüilo

Craque da Comunidade – Júnior Beleza

Reproduzo abaixo a primeira matéria da série de reportagens “Craque da comunidade”, do repórter Lucas Fitipaldi, do Aqui PE (do grupo Diários Associados, do qual faz parte o Diario de Pernambuco). Trata-se de uma ótima idéia com o objetivo de “apresentar” os craques suburbanos do Grande Recife, conhecidos em seus bairros como grandes jogadores durante um bom tempo, mas que por inúmeros motivos acabaram não conseguindo se profissionalizar. Em breve, mais “craques” aqui no blog. Confira o primeiro, cuja matéria foi publicada em 29 de setembro.

Craque da Comunidade – Júnior Beleza

Júnior Beleza é o ídolo da meninada da Ilha do JoaneiroEle é o craque do pedaço. Na comunidade da Ilha do Joaneiro não tem pra ninguém. Ednaldo Lopes Júnior, o Beleza, é o grande nome quando o assunto é bola no pé. Baixinho e franzino, o garoto de riso fácil e olhar tímido é o rei entre os peladeiros da localidade. “Ele é o cara, é famoso aqui nas favelas. As pedaladas de Beleza são as melhores. Além disso, chuta forte com as duas pernas. Sem falar que não cansa”, elogia o colega Vladimir Maciel.

Aos 20 anos, Beleza não tem mais tanta esperança em se tornar jogador profissional. Pai do pequeno Lucas Rian, de um ano, ele trabalha como artesão para tirar o sustento da família. Nada que impessa os seus shows particulares nos campinhos da área. “Hoje em dia não é mais como antigamente. Quando era mais novo, eu jogava de manhã, de tarde e à noite. Agora só praticamente nos fins de semana, mas sempre que posso bato uma bolinha”, afirma.

A concorrência entre os times da região é grande. Freqüentemente, Beleza é alvo de disputa nas peladas. O amigo Ricardo revela o assédio. “A turma vem direto buscar ele de carro para ir jogar por aí. Beleza sempre foi assim, desde pequeno ele arrebenta”. Algumas vezes, porém, a habilidade traz prejuízos ao craque. Os caneleiros de plantão costumam pegar pesado. “Teve uma vez que ele driblou tanto um cara ali no campo do 15, que acabou tomando uma cotovelada na cara. Ficou todo melado de sangue e quase desmaiado”, conta Ricardo.

Habilidade e faro de gols... Esse é o Júnior Beleza!Hoje em dia, Beleza joga por vários times da região. Na Ilha do Joaneiro, veste as camisas do Nacional, Santa Cecília, SPA, entre outros. Isso sem falar nas equipes das comunidades vizinhas. A fama de craque se espalhou. “Às vezes vem gente falar comigo que eu nem conheço”, diz ele. Mais um talento brotado do fértil solo que é o futebol brasileiro.

Perfil do craque
Nome: Ednaldo Lopes Júnior
Posição: meia-atacante
Pé:direito
Qualidades: habilidade e velocidade
Jogada favorita: pedalada
Com a bola no pé ele lembra: Messi
Altura: 1,64 m
Peso: 62 quilos
Idade: 20 anos
Ídolos: Romário e Ronaldo
Recado: “Gosto de botar pra cima. Meu negócio é driblar e fazer gol”
Estilo: Sossegado, humilde
Gol inesquecível: Um de bicicleta, na época em que ainda era mirim no futsal