Futebol e rock, uma simbiose puramente inglesa. Destrinchar os Beatles neste assunto resulta em uma trilha de inúmeras notas e interpretações…
O ponto de partida é a apresentação de Paul McCartney no Recife neste fim de semana, cinco meses após o show de Ringo Starr. Astros da maior banda de todos os tempos.
Considerando o quarteto, com John Lennon e George Harrison, qual é seria a relação dos meninos de Liverpool com o futebol? O show business deixou espaço para isso?
Até hoje, a resposta é cercada de incertezas, mesmo com a cidade natal da turma do ié-ié-ié sendo uma das mais tradicionais no esporte em toda a Inglaterra.
Entre 1960 e 1970, período do Fab Four, os dois clubes da cidade, Liverpool e Everton, conquistaram quatro títulos nacionais, numa época de domínio esportivo e cultural.
De acordo com o Liverpool Daily Post, Paul McCartney sempre se mostrou bem reservado sobre o assunto, mas teria sido “flagrado” em 1968 na multidão do Everton no estádio de Wembley, em plena final da tradicional Copa da Inglaterra.
O time azul acabou derrotado pelo West Bromwich Albion por 1 x 0. Há pouco tempo, Sir Paul revelou, admitindo ir contra as “regras” das arquibancadas, que gostava tanto do Everton, por causa dos seus pais, quanto do Liverpool, devido ao tom vermelho…
Também é curiosa a linha futebolística de Ringo, que torce pelo londrino Arsenal por causa do padrasto, natural da capital inglesa. Apesar disso, ele também tem simpatia pelo Liverpool. Os seus filhos sempre vão a todos os jogos dos Reds.
Já George e John não eram muito ligados em futebol. O filho de George Harrison, falecido em 2001, é fã do Liverpool, na única dica sobre o pai famoso.
Lennon e o futebol seguem como um mistério, tudo por causa de um desenho do gênio, aos 11 anos. A imagem foi utilizada em 1974 no álbum solo do cantor, Walls and Bridges.
Era um retrato de Arsenal x Newcastle, sobre a final da Copa da Inglaterra de 1952. O desenho foi feito um mês após a partida, vencida pelo Newcastle por 1 x 0.
O tal jogador com a camisa alvinegra de número 9 – o número preferido de Lennon – é Jackie Milburn, autor de 177 gols pelo Newcastle entre 1943 e 1957. Lennon jamais falou sobre a preferência, entre Arsenal ou Newcastle, apesar da obviedade da pintura…
Os supostos uniformes beatlemaníacos: Liverpool, Everton, Newcastle e Arsenal.
Apesar da rivalidade entre os quatro times acima, o mesmo não ocorria nos Beatles, em relação ao esporte bretão. O forte, em todos os aspectos, era mesmo a música.
Falando nisso, o grupo estava no auge, em 1966, quando tentou visitar um tal de Pelé na concentração da Seleção, então bicampeã, no Mundial da Inglaterra.
E não é que os relatos dão conta de que o chefe da delegação brasileira vetou os Beatles? Teria dito ao empresário da banda: “Isso aqui é futebol, não uma festa”.
No mesmo ano, o futebol “quase” fez o quarteto aumentar. No caso, o não menos carismático George Best, craque do Manchester United, também numa era de sucesso.
A cada passo do boêmio, a mesma histeria coletiva. A imprensa inglesa, agitada desde sempre, acabou dando o apelido de “O Quinto Beatle” ao norte-irlandês, após os três gols marcados no 5 x 1 sobre o Benfica, na Copa dos Campeões. Haja popularidade.
Por mais que os Beatles tenham uma relação discreta com o football, fica claro o convite à banda para um show a cada arquibancada lotada. Não só em Liverpool…