Fan Fest do Cais da Alfândega em penúltimo lugar no Mundial

Fan Fest do Recife para o jogo Brasil 3x1 Croácia. Foto: Renato Barro (twitter.com/renatorbarros)

Inicialmente, a Fan Fest no Recife receberia um investimento de R$ 20 milhões, num grande evento no Marco Zero. Como a Prefeitura do Recife voltou atrás na decisão de organizá-la, uma grande discussão junto a Fifa durou meses.

Nesse tempo, o centro de entretenimento foi recalculado para R$ 11 milhões e, posteriormente, R$ 6 milhões. Quanto mais barato, menor a estrutura, claro. Acabou mesmo sendo realizado sem dinheiro da prefeitura.

Mesmo acanhada, a fan fest na capital pernambucana, no Cais da Alfândega, recebeu grandes públicos na Copa do Mundo de 2014, mostrando o erro de visão da PCR. A lotação máxima, bem além da conta, foi de 8 mil torcedores. Pouco se comparada à versão de Copacabana, com até 30 mil pessoas.

Com uma estrutura modesta, não tinha mesmop como ser diferente a má situação no ranking de espectadores, num dado apresentado só agora pela Fifa.

O Recife foi a penúltimo lugar no quesito…

1º) Rio de Janeiro – 937.330
2º) São Paulo – 806.226
3º) Fortaleza – 781.602
4º) Manaus – 504.108
5º) Porto Alegre – 497.893
6º) Brasília – 369.480
7º) Cuiabá – 306.896
8º) Belo Horizonte – 255.403
9º) Salvador – 255.040
10º) Natal – 195.062
11º) Recife – 132.510
12º) Curitiba – 112.836

As 12 fan fests tiveram 748 apresentações ao vivo (menos no Recife) e 760 horas de música. Ao todo, o evento reuniu 5.154.386 pessoas.

Pernambuco representou 2,5%.

Histórias da Copa do Mundo

O trabalho foi intenso, desde já inesquecível. Durante 15 dias, a dedicação foi integral ao Diario de Pernambuco, direto do Rio de Janeiro, como um dos quatro correspondentes do jornal no Mundial – os outros foram João Andrade em São Paulo, Brenno Costa em Salvador e Celso Ishigami em Fortaleza.

Foram 114 textos publicados no Superesportes, dia e noite. Faltou tempo para atualizar o blog. O corpo, a mente e o foco profissional, tudo encaminhado para as edições do DP. Aqui, então, algumas das matérias à parte da cobertura regular de treinos, coletivas e jogos. Até porque a Copa do Mundo é muito mais do que isso, com inúmeras histórias passando na sua frente… de torcedores, de um ambiente transformado, de uma experiência que jamais será esquecida.

Abaixo, resumos de 14 histórias. No hiperlink, os textos completos.

A emoção do jornalista costa-riquenho Leonel Sandí, assistindo na Arena Pernambuco à classificação inédita de sua seleção às quartas de final da Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

29/06 – Emoção de jornalista costa-riquenho contagia tribuna da Arena

As palavras iam sendo escritas com lágrimas no teclado, em uma cena real, humana. Foi preciso enxugá-las, pois seria uma atitude mais fácil do que conter a emoção. O jornalista costa-riquenho Leonel Sandí, de 24 anos, cobria a sua primeira Copa do Mundo com a missão de escrever sobre o maior momento futebolístico de seu país. Diante de seus olhos, viu uma aguerrida e carismática seleção superar a Grécia nos pênaltis, na Arena Pernambuco, se classificando pela primeira vez às quartas de final do Mundial. A sua emoção contagiou a todos na tribuna de imprensa. E a imagem acabou vista por 1,2 milhão de pessoas.

Carro colombiano de 1983 atravessa o continente até o Maracanã, visandl o Mundial de 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/06 – Com 31 anos de estrada, carango colombiano brilha no Maracanã

Longe dos atuais padrões de design, o carrinho está cansado. Já rodou dezenas de milhares de quilômetros em todos os tipos de estrada no continente e já teve inúmeros proprietários. Os atuais não fazem nem ideia da quilometragem total, mas garantem: dá pra confiar no motor. Todo paramentado para o Mundial do Brasil, o Renault 4, fabricado em 1983, chegou ao Rio numa viagem desde Chiquinquirá, no norte colombiano. A bordo, os amigos Daniel Rincón, 29 anos, Jeni Avendaño e Roger Zambiano, ambos de 24. Durante o caminho, colecionaram histórias, com a ajuda de desconhecidos, tudo pela Copa.

Telão do Maracanã transmitindo o jogo Brasil x Chile, no Mineirão, pelas oitavas de final da Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/06 – A apreensão do Mineirão sentida pelos brasileiros no Maracanã

A atenção no Maracanã começou dividida no primeiro dia das oitavas de final. Em campo, o jogo seria Uruguai x Colômbia. Até a bola rolar no gramado, olhos para o alto, em direção a um dos quatro telões do estádio. Imagens em alta de definição em 98 metros quadrados, tendo como programação o jogo Brasil x Chile. Eram poucos torcedores no estádio carioca, mas já vibrando com a abertura do mata-ma. Pela primeira vez nesta Copa, a Fifa havia liberado a transmissão de outro jogo no estádio. E a torcida foi no embalo – o objetivo era evitar que o público demorasse a entrar no Maracanã porque estava assistindo ao jogo do Mineirão. Todo o sofrimento em Belo Horizonte acabou sentido “in loco” no Maraca, com direito à secação dos uruguaios.

Sem filhos, Nino vai criando a sua própria família à medida em que a 'hinchada' uruguaia vai chegando nas canchas. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/08 – O uruguaio colecionador de ingressos, fora das arquibancadas

Há cinco décadas o comportamento pouco usual no futebol é o mesmo. O jogo é resumido na ida ao estádio, ficando sempre próximo ao portão, mas do lado de fora. Não há motivo algum para sofrer nas arquibancadas assistindo à partida, pois é muito mais prazeroso curtir só o “pré-jogo”, colecionando os ingressos (“relíquias”) de tais apresentações. Essa é a vida de Nino Ledesma, um uruguaio de 58 anos, residente na “República Oriental do Uruguai”, como faz questão de dizer, citando o nome completo de seu país. A sua fantasia é uma grande colagem de ingressos de jogos de futebol, que não para de crescer.

Ao comemorarem gols, muçulmanos argelinos fazem reverência a Allah. Foto:  Quinn Rooney/Getty Images

23/06 – A real influência do Ramadã na Copa

O Ramadã é o período de reflexão espiritual dos muçulmanos, no qual praticam o seu jejum ritual. O nono mês do calendário islâmico, no qual acredita-se que Maomé recebeu os primeiros versos do Alcorão, começará em 28 de junho, seguindo por 30 dias. Ou seja, seria iniciado paralelamente às oitavas de final da Copa do Mundo de 2014. A relação é direta e precisou ser estudada pela Fifa, com possíveis reflexos na competição. Foram feitos estudos e consultas a seleções com muitos muçulmanos, com Argélia e Costa do Marfim. O tema é polêmico há tempos.

Dupla de sósias aproveita para faturar durante a realização da Copa do Mundo. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

20/06 – Sósias de Maradona e Valderrama ganham espaço de Pelé 

Tradicionalmente, um sósia de Pelé ganha uns trocados na frente do Maracanã em dia de jogo. Sumido nos últimos dias, viu a concorrência crescer. Não bastasse o eterno concorrente ao posto de melhor do mundo no futebol, Maradona, há também um Valderrama na parada, no embalo da seleção colombiana, já classificada às oitavas da Copa. Dividindo o espaço na frente da entrada principal do estádio, onde fica a estátua de Bellini, os dois sósias (pra lá de genéricos) cobram pequenas quantias por uma foto. Tamanha a quantidade de torcedores estrangeiros no entorno do Maraca desde que começou o torneio, a clientela tem sido até razoável.

Metrô do Rio de Janeiro, customizado para a Cop 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

19/06 – Narração no metrô carioca colocando a torcida no clima da Copa

“Levanta a torcida que ele está chegando. Lá vem o maior do mundo, o Maraca. É queridão, é queridaço. Prepara para sair pela meia esquerda. Levanta na área, vai chegando, vai chegando, olha lá, olha lá. Levantou, chegoooou… Maracanã. É ele, o mais querido, o palco da finalíssima. Next stop, Maracanã.” Eis a narração na voz de Luiz Penido, locutor da Rádio Globo, especialmente gravada para anunciar a parada na estação de metrô mais próxima ao maior estádio da Copa do Mundo de 2014. E assim, o sistema metroviário do Rio se preparou especialmente para a grande demanda de torcedores no principal acesso ao estádio.

Casal russo no Rio de Janeiro para assistir à Copa do Mundo, mas sem o conhecimento de um segundo idioma. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

19/06 – De Moscou ao Maracanã, a barreira linguística

Um simpático casal de meia idade caminhava na calçada da Avenida Pausa Sousa apressando o passo. A chuva onipresente no Rio não estava prevista para os dois. Nas sacolas plásticas, água mineral e alguns biscoitos. Queriam passar o dia na região, próxima ao Maracanã. A chuva atrapalhou, mas complicado mesmo estava conseguir uma informação. Oleg e Olga Fedorenko são russos. Vieram, claro, por causa da Copa do Mundo, mas sem o conhecimento de um segundo idioma. A estrutura do Mundial de 2014 é feita a partir de três idiomas: português, espanhol e inglês. Não era o caso para os dois turistas, os primeiros de uma leva. Na base dos gestos, o prenúncio de uma dificuldade que muitos brasileiros deverão ter em 2018, na Copa da Rússia.

Misterchip trabalhando na cobertura de Chile 2 x 0 Espanha na Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Da paixão pela Espanha, um banco de dados para 1 milhão de pessoas

O seu perfil no twitter tem quase um milhão de seguidores. Eram 983.902 até a publicação da reportagem. Um número exato para perfilar alguém que só vive através dos dados esportivos. Alexis Martín-Tamayo, jornalista espanhol de 40 anos, começou a ficar famoso na rede social há quatro anos, através do @2010MisterChip. Durante a campanha da Espanha no Mundial da África do Sul, ele usou o microblog para derramar estatísticas sobre o torneio. Dos mais variados tipos. Algumas situações eram extremas, como “há quanto tempo não se marcava um gol de perna esquerda dentro da área faltando 15 minutos”. A descrição do twitter é clara, com “os segredos e a magia do futebol revelados”.

Casal, ela chilena e ele espanhol, no jogo Chile 2x0 Espanha, pelo Mundial 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Chilena e espanhol, casados há dez anos, realizam sonho na Copa

Catherine Hidalgo e Diego Alonso se conheceram há dez anos em Valparaíso, na beira do Oceano Pacífico. Ela, chilena, torcedora do Wanderers e moradora da cidade litorânea. Ele, espanhol, estudando na região e fanático pelo Celta. Clubes sem tanta tradição em seus países, mas longe de mudar a paixão dos dois pelo futebol. Uma década depois, casados, vão à sua primeira Copa do Mundo, no Brasil. Após o sorteio, tentaram (e conseguiram) ingressos para o jogo entre as seleções de cada um, Chile e Espanha. Já planejam um filho, certamente com histórias para contar aqui do Brasil.

Estudantes do curso de Turismo entrevistam torcedores estrangeiros. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Estudantes aproveitam a Copa para a traçar um perfil dos estrangeiros

A quantidade de torcedores estrangeiros no Maracanã nos jogos da Copa do Mundo de 2014 passa de 30 mil, numa projeção por baixo. Aproveitando este nicho, o curso de turismo da Universidade Federal Fluminense criou uma pesquisa para traçar o perfil desses torcedores (e turistas). Trajados com um colete azul com as palavras “survey” e “encuesta”, ou pesquisa em inglês e espanhol, os alunos do 7º período vão fazendo 30 perguntas aos torcedores. A principal queixa, segundo os dados preliminares, é o preço de produtos e serviços cobrados nos bares, restaurantes e hotéis.

Deficiente visual, Thiago Campos foi à Fan Fest acompanhar o jogo da Seleção com o calor do público. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

17/06 – A atmosfera do futebol na areia apenas pelo som

“Vem com a gente, Thiago. Assiste lá. Vai perder uma dessa?” Os amigos nem precisaram insistir muito. O fato de ter futebol e multidão na jogada já era suficiente para convencer o rapaz de 21 anos, que diz gostar de fazer loucura por futebol. Apesar da autodescrição, a estreia no Mundial tinha sido em casa, na companhia da famíla, sem aperreio. Na segunda partida da Seleção, encarou a areia e o sol forte de Copacabana para torcer pelo time. No aperto. Entre os mais de 25 mil torcedores presentes na Fan Fest, numa gama de culturas e línguas tão distintas, ao menos um não fixou o olhar para o enorme telão de LED no palco principal. Não precisava. O comportamento da massa e a intensidade da narração bastavam para a tarde valer a pena. Thiago Campos não enxerga há dez anos. E que nem por isso deixou de frequentar o Maraca.

Torcedores argentinos acampados na Avenida Atlântica, a principal de Copacabana. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

16/06 – Copacabana Camping dos argentinos

A orla de Copacabana é um dos cartões postais mais conhecidos do mundo. A presença de turistas estrangeiros nem de longe é novidade. O mar de uniformes de seleções, sim, mudou a cara do lugar. Mas era até esperado, ainda mais com a enorme Fan Fest armada na praia. O que não se imaginava, e agora vem tirando sono das autoridades, é a quantidade sem fim de veículos acampados (literalmente) na Avenida Atlântica. Placas de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Rosário, entre outras. Vans, trailers, carros. Todos percorrendo 2,5 mil quilômetros. Esse comboio involuntário de argentinos, que trouxe mais de 40 mil torcedores ao Rio, ainda não se dissipou. Cozinhando macarrão em pleno calçadão, argentinos que sequer viram o gol de Messi no Maraca.

CT da Inglaterra na Urca, no Rio de Janeiro. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

16/06 – Bunker inglês na urca com estrutura top bancada pela FA

A Football Association (FA), a federação inglesa de futebol, é uma das mais ricas do mundo. Para dar plenas condições de trabalho às suas seleções, os britânicos não costumam economizar. Os valores não foram revelados (em “libras esterlinas”), mas é difícil achar que saiu barato o quartel-general montado no bairro da Urca. Assim como Alemanha (sul da Bahia) e Holanda (estádio da Gávea), a Inglaterra criou seu próprio bunker no país. Utilizando a Escola de Educação Física do Exército, liberado especialmente para o Mundial, o English Team se sentiu em casa – apesar do clima quente. Montado em tempo recorde, o CT foi totalmente adaptado para receber a seleção inglesa.

Os dois lados da Fan Fest e a complicada festa bancada com apenas um telão

Fan Fest do Recife para o jogo México 1x0 Camarões. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

A realização da Fan Fest no Recife foi cercada de polêmica.

Indo de encontro ao acordo assinado há tempos, a prefeitura do Recife decidiu não investir no projeto, intimamente atrelado ao Mundial.

Em vez de shows programados, como nos palcos das outras subsedes, ficou apenas a exibição das 64 partidas da Copa do Mundo de 2014.

Na abertura, um bom público compareceu no Cais da Alfândega para o jogo entre brasileiros e croatas. Por si só, a Seleção é uma atração.

No dia seguinte, na partida entre Camarões e México, um público irrisório.

Alguns mexicanos – dos milhares esperados na cidade – e um camaronês.

Transformar um telão na única atração da Fan fest não será tarefa fácil…

Fan Fest do Recife para o jogo Brasil 3x1 Croácia. Foto: Renato Barro (twitter.com/renatorbarros)

Cais da Alfândega, o novo local da Fan Fest da Copa, segundo a Fifa

Festa do Quanta Ladeira no palco Rec-Beat, no carnaval 2013. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Mudança de última hora na Fan Fest do Recife para a Copa do Mundo…

Como se sabe, a Prefeitura do Recife abriu mão da realização do evento oficial do Mundial de 2014, alegando o alto custo da estrutura. Após intensa negociação, caiu de R$ 20 milhões para R$ 6 milhões. Ainda assim, a fan fest só teria o aval da prefeitura se o investimento for plenamente privado.

O impasse segue (seguia?), mas nesta quinta-feira, a Fifa divulgou a localização das doze fan fests (veja aqui).

Localização dos palcos da Fifa Fan Fest. crédito: FifaEm Pernambuco, uma surpresa.

A festa se mantém, segundo a entidade. Mas não no plano original.

A estrutura segue programada para o Recife Antigo, mas no Cais da Alfândega em vez do Marco Zero.

No carnaval, o Marco Zero costuma receber o palco principal, enquanto no Cais da Alfândega é montada a estrutura do festival Rec-Beat.

A capacidade de público é menor, o que deve explicar a diminuição das despesas, algo necessário para a realização do evento na capital pernambucana.

Ao que parece, a Fifa antecipou o acordo com a PCR. Oficialmente, no entanto, a gestão da cidade segue sem uma confirmação…

Fan Fest no Recife é recalculada para R$ 6 milhões. Se sair, só com dinheiro privado

Projetos oficiais das Fifa Fan Fests de Porto Alegre (2014), Cuiabá (2014), Curitiva (2014) e Rio de Janeiro (2010). Crédito: arte de Cassio Zirpoli/DP/D.A Press sobre imagens de divulgação

Inicialmente, a Fan Fest da Fifa no Recife foi avaliada em R$ 20 milhões.

O valor do investimento assustou o prefeito Geraldo Júlio, cuja gestão começou em 2013, por mais que o acordo local com a Fifa vigorasse desde 30 de maio de 2009. De acordo com o o secretário de Esportes e Copa do Mundo da capital, George Braga, o prazo está correto, mas a entidade teria colocado a Fan Fest como obrigação de uma subsede num documento simples. Depois, num detalhamento maior, o caderno de encargos saltou para 90 folhas.

Como se sabe, a Prefeitura do Recife já anunciou que não pretende bancar os custos do projeto no Recife Antigo – tendo como resposta, ameaça de processo por parte da Fifa. Após algumas negociações e mudanças na concepção original, a despesa caiu para R$ 11 milhões. Não adiantou.

Agora, após três meses de idas e vindas de gestores recifenses e diretores da Fifa, foram firmados (e recalculados) três modelos definitivos: completo, médio e básico. Este último, o mais barato, claro, sairia por R$ 6 milhões. Nada muito diferente do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Cuiabá.

Martelo batido? Ainda não. Geraldo Júlio mantém a posição de não injetar dinheiro público. O básico só sairá dos croquis se a verba for 100% privado.

A grande diferença é que a Fifa autorizou a prefeitura a buscar novos patrocinadores, à parte dos oficiais (Coca-Cola, Ambev, Itaú, OI, Hyundai/KIA, Sony, Jonhson & Jonhson). Como as empresas ainda não se propuseram a assumir a conta, o Recife pode prospectar outras marcas. Só há uma ressalva: os produtos não podem chocar com os listados. Ou seja, sem refrigerantes, bancos, automóveis, equipamentos eletrônicos e produtos para saúde.

Nesse novo cenário, portanto, é possível acertar as pontas para uma Fan Fest no Recife, a menos de 70 dias da Copa do Mundo? A articulação continua.

Recife abre mão da Fan Fest da Copa e descumpre acordo de cinco anos

Marco Zero

A Fan Fest da Copa do Mundo de 2014 foi cancelada no Recife.

O palco oficial da Fifa seria armado no Marco Zero e contaria com um telão de 144 metros quadrados para a exibição de todas as partidas.

A expectativa era de um público diário acima de 35 mil pessoas na ilha, com entrada franca, durante 35 dias, conforme a previsão inicial.

Alegando o custo do evento, de R$ 20 milhões – excluindo os equipamentos eletrônicos, fornecidos pela entidade -, a Prefeitura do Recife cancelou o projeto, faltando quatro meses para o Mundial.

Após ler a repercussão nas redes sociais sobre o assunto, sei que provavelmente estarei entre a minoria nessa discussão…

Na minha opinião, porém, foi um erro da prefeitura da capital pernambucana. O município não cumpriu com a palavra, dada há um bom tempo.

Pernambuco foi eleito com uma das doze subsedes em 30 de maio de 2009.

Desde então, como as outras localidades selecionadas, se dispôs a cumprir uma enorme matriz de responsabilidades. Cara, com prazos apertados.

Estádio de última geração, obras de mobilidade, reforma do aeroporto, construção de terminal portuário e ações de turismo. No caso pernambucano, a previsão de gasto chegou a R$ 2,9 bilhões, em investimentos federal, estadual, municipal e privado.

No quesito relacionado ao turismo, além do número de leitos nos hotéis, sistema de transporte e placas de sinalização, haveria um item presente no torneio desde 2006. As fan fests se tornaram uma parte importante da Copa do Mundo.

Reúnem multidões – população local e turistas – em eventos de longa duração, com shows, ações de marketing etc. Uma atração popular à parte da arena, com a lotação esgotada.

E esse ônus seria da Prefeitura, fato. Há cinco anos se sabe disso. Não só o Recife, mas Natal, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre…

Politicamente – e talvez seja este o ponto com o qual discordei dos comentários que li nas redes sociais -, é algo positivo economizar 20 milhões de reais para gastar em outros equipamentos (necessários) para a cidade.

Contudo, esta verba já era matéria vencida, comprometida, como o carnaval de 2014, já pago, por exemplo.

Na suposta parceria governo/prefeitura para o evento, Geraldo Júlio contradiz com o veto à fan fest as atitudes do governador Eduardo Campos, até pouquíssimo tempo o maior entusiasta da participação pernambucana.

Entre as explicações a favor da decisão vem o fato de a “Fifa explorar o Brasil de todas as formas na organização da Copa do Mundo”.

De fato, a dona Fifa é exigente demais e já fez pedidos além do razoável.

Independentemente de a fan fest ser ou não “razoável” – e eu considero que seja, pois é mais um vetor para movimentar a cidade massivamente -, o projeto estava no contrato original, assinado.

Como a Radial da Copa, a duplicação da BR-408, obras que ficarão para a população, obviamente, mas com o mesmo peso burocrático do compromisso.

Durante o Mundial, o Recife Antigo, até então na expectativa de se tornar um imenso polo de animação, poderá passar no limbo, caso os patrocinadores do evento – com aportes em outras direções – não banquem a conta inesperada.

Ou mesmo o governo do estado…

Enquanto isso, as outras onze cidades seguem com o formato completo de entretenimento de uma subsede, garantindo estádio e fan fest.

E assim deverá continuar ocorrendo nas próximas edições da Copa do Mundo.

Até que mais algum gestor descumpra o acordo…