Os três pontos de PC na cabine

Série B 2011: Paraná x Sport. Foto: Sport/divulgação

No Durival de Britto, o técnico Paulo César Gusmão ocupou com certa tranquilidade um dos camarotes do acanhado estádio em Curitiba.

PC havia acabado de chegar na cidade, depois de embarcar no Aeroporto Internacional dos Guararapes, com contrato fechado às pressas com o Sport.

A expectativa da torcida era de que ele fosse assumir o clube logo contra o Paraná, neste sábado. Não foi o que aconteceu. O treinador carioca não quis passar por cima do trabalho feito por Mazola Júnior para a partida, mesmo com a situação surreal.

Sim, Mazola Júnior. O técnico interino que foi efetivado e, em seguida, rebaixado à interino mais uma vez. Sem apoio algum da torcida. Seguia na área técnica.

Na despedida da função, Mazola e o grupo acertaram um pacto de “atitude” em campo. Nada muito diferente do que já havia ocorrido em outras partidas.

Mas o apelo era por uma vitória fora da Ilha do Retiro, na maior lacuna leonina nesta Série B. O adversário, é bom lembrar, integra o G4. Não seria uma presa fácil.

E não foi! O time pernambucano lutou demais na fria cidade do Sul. Com desfalques importantes, como o meia Marcelinho Paraíba, a formação teve Thiaguinho na criação, para se ter ideia. Tentou acertar a marcação e encaixar contragolpes.

Tudo diante de PC Gusmão, atento, na cabine. Sem perceber, já gesticulava. Orientava.

Série B 2011: Paraná x Sport. Foto: Sport/divulgação

Modificado, mas impondo velocidade, o Sport abriu o placar aos 21 minutos, quando Thiaguinho lançou a bola para Williams, que girou de forma inteligente sobre o zagueiro e ficou livre de marcação, deslocando o goleiro.

O time criou oportunidades para ampliar, mas os erros de finalização – algo gritante nesta campanha – impediram uma vantagem maior no intervalo, para receio da torcida.

O receio era justificado devido à mudança de postura do Sport sob o comando de Mazola, que por vários vezes não enxergou a variação do jogo adversário.

Aos 19, o receio virou realidade, com o gol de empate. Após cobrança de escanteio, Garroni subiu sozinho e cabeceou sem chances para Magrão. Eram oito rubro-negros na área. Oito. Falha absurda de atenção, injustificada.

Mais uma chance perdida de somar três pontos longe da Ilha? PC só observava…

Já estava consciente do enorme trabalho que terá para tentar levar o Leão ao acesso ainda nesta temporada. Aos 31 minutos, já na reta final, a dose de surpresa.

Até ali, Júnior Viçosa era o jogador mais apagado em campo. Mas não é que o atacante ganhou uma jogada na força (apesar do físico esguio) e mandou para as redes?

Paraná 1 x 2 Sport. Sem deixar a cabine, PC “ganhou” seus primeiros pontos e a chance matemática de colocar o Sport no G4 já na próxima rodada, na Ilha.

Até que a coisa não está tão feia assim, PC. Vamos ver agora, na beira do gramado.

Série B 2011: Paraná 1x2 Sport. Foto: Paraná/divulgação

De engenheiro para engenheiro

Engenheiro Civil

Conversa franca, antes de definir o o futuro do Leão neste ano, pela terceira vez.

“Você fez um bom trabalho no Vasco, armando o time. Também foi bem no Ceará, conquistando o acesso no Brasileiro, e no Atlético Goianiense, da mesma forma (na Série C). Você é um engenheiro nisso e quero que faça isso no Sport.”

Trata-se da declaração do engenheiro civil Gustavo Dubeux, formado na Universidade Federal de Pernambuco, para Paulo César Gusmão, com licenciatura em Educação Física na Universidade Castelo Branco, no Rio de Janeiro, sem ligação alguma com a engenheria, seja ela qual for. Pesca, Minas, Civil, Eletrotécnica etc.

Porém, facilitando o assunto…

O papo foi do presidente do Sport para o técnico de futebol, cuja frase acima selou o acordo com novo treinador rubro-negro.

Recado dado. Haja engenheria para remontar um time sem confiança e padrão de jogo.

Fica PC! Fica PC!

Série A 2007: Sport 4 x 1 Náutico. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Paulo César Gusmão, o terceiro técnico do Sport nesta Série B.

A competição não chegou sequer à metade…

PC chega na Ilha do Retiro para tentar produzir uma reviravolta no clube cujo investimento mensal com o futebol é de R$ 1,3 milhão. Terá bastante trabalho.

O respaldo na sua carreira é o acesso conquistado com o Ceará, na Série B, em 2009.

Essa será a segunda passagem do técnico de 49 anos no futebol pernambucano. Em 2007, ele comandou o Náutico no início do Campeonato Brasileiro.

Uma era distante…

Os rivais centenários ainda disputavam a elite nacional. Na noite do dia 28 de junho, na Ilha do Retiro, o Clássico dos Clássicos pela Série A.

Com gols de Carlinhos Bala (2), Durval e Washington, o Sport goleou por 4 x 1.

A torcida leonina não perdoou e passou boa parte do segundo tempo gritando:

“Fica PC! Fica PC! Fica PC!”

A ironia apontava a má fase alvirrubra até ali. O técnico acabou mesmo demitido.