O rei Reginaldo Rossi se foi e levou embora boa parte do brega.
O artista pernambucano cantou o amor em todas as suas formas, sem qualquer amarra com o puritanismo.
Até mesmo no futebol esse perfil encontrava espaço, gostando de todos, admitindo, como um bêbado em uma mais uma rodada no bar, a infidelidade clubística…
Soube cativar as torcidas nos Aflitos, no Arruda e na Ilha do Retiro, sem arestas, por mais que a casaca fosse virada e remexida.
O boêmio nunca escondeu isso de ninguém.
“Quando o Sport viveu aquela fase boa, aí eu era Sport lá em São Paulo. Aí o Santa Cruz teve uma fase que o Nunes atacava, gol. Aí eu era Santa Cruz. Agora sou Náutico desde criancinha.”
A cada gol, a cada novo sorriso, a camisa mudava de cor.
“Já fui são-paulino por causa do Raí, que ganhava todas, e Fluminense, por causa do Rivelino. Agora sou Sport, Náutico e Santa.”
Nota-se que não havia amor não correspondido. Havia era amor por demais, Rossi.
Sem meias palavras, o próprio rei resumiu a sua relação com a bola…
“Sou uma prostituta do futebol.”
Aos 69 anos e ainda um infiel incorrigível, o cantor deixou as três grandes torcidas do estado viúvas.