Buenos Aires – Um campeonato inteiro na TV sem custo algum para o telespectador. Já pensou? Atualmente, é uma realidade muito distante da nossa. Não na Argentina.
No Brasil, a Série A é transmitida de três formas. São dois jogos em sinal aberto por semana, caso tenha rodada na quarta-feira, e mais três na TV por assinatura, seguindo a mesma lógica de datas. As demais partidas são exibidas exclusivamente pelo sistema pay-per-view – um serviço para quem já tem a TV à cabo, diga-se.
Na Argentina, todos os 380 jogos da atual temporada (com os torneios Apertura-2010 e Clausura-2011) vão passar em sinal aberto para todo o país vizinho.
A TV Publica, como o nome deixa bem claro, pertence ao governo federal da Argentina. A emissora “estatizou” os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Argentino da 1ª divisão, em 8 de agosto do ano passado, em uma decisão unânime dos clubes, que rescindiram com o Grupo Clarín, antigo detentor dos direitos desde 1991.
O governo pagou 600 milhões de pesos (hoje, cerca de R$ 256 milhões) para comprar os direitos. O Clarín havia pago 230 milhões de pesos…
Assim como no Brasil, a competição conta com 20 clubes, ou 10 jogos por rodada. Para que todos os jogos fossem exibidos, sem regionalização alguma, a AFA elaborou uma tabela que congrega 10 horários distintos.
É uma verdadeira overdose. Daí, o bar Locos por el Fútbol – veja AQUI.
No fim de semana em que estive na capital argentina, a sequência foi a seguinte:
Sexta-feira
19h10 – San Lorenzo 2 x 0 Tigre
21h20 – Quilmes 0 x 2 Vélez Sarsfield
Sábado
14h10 – Gimnasia y Esgrima 2 x 3 Arsenal
16h20 – All Boys 3 x 1 Independiente
18h30 – Colón 1 x 1 Estudiantes
20h30 – Banfield 0 x 0 Newell’s Old Boys
Domingo
14h00 – Olimpo 1 x 0 Lanús
16h00 – Boca Juniors 2 x 0 Huracán
18h10 – Racing 2 x 1 Argentinos Juniors
20h20 – Godoy Cruz 2 x 2 River Plate
Fora os descontos, foram 900 minutos de bola rolando.
A mudança nos direitos de transmissão foi batizada de “Fútbol para todos”. Para quem gosta de futebol, é fantástico. Para quem não gosta, é melhor pedir asilo político.
Com uma verba de R$ 1,4 bilhão por três anos do Brasileirão – e já em curso a negociação de mais três -, tal medida não deverá ser implantada no Brasil tão cedo.
Curiosidade: apesar de parecer uma “antena”, a escultura acima chama-se Floralis Generica (veja AQUI), na Recoleta. A antena da TV Publica está justamente atrás.