Teresópolis – A Granja Comary de 2014 é a nova Weggis? Eis uma questão corriqueira no dia a dia da Seleção Brasileira.
A paralisação de um treino no campo principal para a entrada do apresentador Luciano Huck, a presença de um comediante do programa Esquenta na restrita sala de musculação da equipe, entrevistas em programas de variedades todos os dias, convidados de patrocinadores, amigos de jogadores, cantores… Clima de oba-oba, sem dúvida.
Tudo na primeira semana de preparação da Canarinha para a Copa do Mundo.
Surpreende sobretudo pelos nomes que encabeçam a Seleção: Luiz Felipe Scolari, campeão em 2002 e conhecido pelos limites impostos, e Carlos Alberto Parreira, campeão em 1994 e que reconheceu a falha em 2006, na sua segunda passagem.
Na ocasião, a CBF escolheu – após um bom acordo financeiro, como de praxe – a pacata cidadezinha suíça de Weegis, de apenas quatro mil moradores.
Durante a preparação para o Mundial da Alemanha, a zorra tomou conta dos treinos do Brasil, com venda de ingressos, samba e seguidas invasões de campo, com mulheres atrás de Ronaldinho. Fora as noitadas dos jogadores no vilarejo, com relatos sobre a volta aos alojamentos às 5h da manhã.
A cobertura na época também foi grande, com 900 profissionais – são 1,6 mil agora. Diante de todo mundo, já tendo a internet como forte vetor, o circo foi armado.
Agora, de fato, ainda não chega a tanto. Contudo, há a volta da liberdade a um determinado segmento da mídia – sobretudo à emissora que pagou bem caro pelos direitos e quer expor o “produto” Seleção em toda a sua grade. O que não aconteceu na clausura na África, há quatro anos.
Controlar essa superexposição é a missão da comissão técnica, desde já. Manter o foco da equipe, dosar o clima amplamente otimista… A lição já existe.