De Leônidas de Rodes a Michael Phelps, o último recorde olímpico. De 2.168 anos

Lêonidas de Rodes, recordista nas Olimpíadas da Antiguidade. Foto: Museu Britânico

A Olimpíada foi criada na Grécia em 776 antes de Cristo. De quatro em quatro anos, com corrida, luta, salto, arremesso de disco, pentatlo, corrida de bigas, entre outras provas exóticas. O campeão ganhava uma guirlanda e a honra de virar estátua na mítica cidade de Olímpia, numa tradição que superou mil anos. Nos Jogos da Antiguidade, o maior vencedor foi Leônidas de Rodes. Em provas individuais, ganhou 12 coroas de louros. Dos 24 aos 36 anos, ele foi imbatível em três tipos de corridas. No estádio, contra vinte competidores, ganhou as provas de uma e duas voltas. Ainda havia uma sui generis, a hoplitódromo, tendo que correr com um elmo e segurando um escudo de ferro.

Antes dele, o recorde era de três coroas em uma prova, o stadion, a primeira e mais importante corrida, com Chionis de Sparta (664 a.C., 660 a.C., 656 a.C.), Astyalus de Crotone (488 a.C., 484 a.C. e 480 a.C.) e Crisson de Himera (448 a.C., 444 a.C. e 440 a.C.). A Era Antiga dos Jogos acabou em 393, por decisão do imperador romano Teodósio I, convertido ao cristianismo. Seguiu assim até 1896, quando a Era Moderna foi iniciada, outra vez na Grécia. Nada de guirlandas, mas medalhas douradas aos campeões das tantas modalidades formuladas desde então. Com o homem desafiando o seu limite, recordes foram caindo. Exceto o de Leônidas. Essa marca, levantada pelo olympstats.com e publicada pelo jornal The Washington Post, já durava 2.168 anos.

Tão veloz quanto, mas na água, Michael Phelps agigantou a sua lenda ao registrar 1 minuto, 54 segundos e 66 centésimos nos 200 metros medley. Num mar de medalhas, com 26 ao todo, sendo 22 de ouro, esta foi a sua 13ª vitória individual. No um contra um, como havia sido com Lêonidas, tetracampeão nos primórdios descritos como contos, Phelps tornou-se o primeiro nadador com quatro ouros numa prova individual. Ao vivo para o mundo inteiro, o americano unificou as eras Antiga e Moderna em torno de uma verdade: é o maior.

Lêonidas de Rodes (corredor grego, 12 guirlandas individuais)
164 a.C. – stadion (180 metros), diaulos (360 metros) e hoplitodromos
160 a.C. – stadion (180 metros), diaulos (360 metros) e hoplitodromos
156 a.C. – stadion (180 metros), diaulos (360 metros) e hoplitodromos
152 a.C. – stadion (180 metros), diaulos (360 metros) e hoplitodromos

Michael Phelps (nadador norte-americano, 13 ouros individuais)
2004 – 400m medley, 100m borboleta, 200m borboleta, 200m medley
2008 – 400m medley, 200m livre, 100m e 200m borboleta, 200m medley
2012 – 200m medley, 100m borboleta
2016 – 200m borboleta, 200m medley

Michael Phelps. Foto: Rio 2016/reprodução

De 72 horas a 4 mil horas, a evolução da transmissão na TV dos Jogos Olímpicos

Mosaico de transmissão da Olimpíada 2016. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Com a transmissão de todas as competições nas 42 modalidades, o Sportv anunciou a “maior cobertura da história da Olimpíada” no Rio de Janeiro. Com 56 canais, sendo 16 na tevê a cabo e 40 na internet, a emissora agendou 100% do evento. Para dar conta, escalou 35 narradores e 110 comentaristas. A oferta ao vivo foi tão intensa que acabou sendo difícil para o telespectador se concentrar em um canal, com “queixas” nas redes sociais. A cobrança deu certo, tanto que, no 6º dia, o Sportv passou disponibilizar um mosaico com 16 canais – até então, os mosaicos contavam com no máximo quatro telas, durante o Campeonato Brasileiro de futebol. Essa macro transmissão contrasta frontalmente com a primeira Olimpíada exibida ao vivo na televisão, há 80 anos.

Em Berlim, no evento-propaganda de Hitler, as principais provas passaram num circuito fechado do governo e em 25 auditórios públicos, com telões especiais. Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), 162.228 pessoas assistiram à transmissão, espalhada em três cidades. Além da capital, Potsdam (a 35 km) e Leipzig (a 189 km) também receberam as imagens, via cabo. A equipe técnica usou 21 câmeras, com tecnologia bem distinta – uma delas tinha 1,82 cm. Na primeira Olimpíada após a Segunda Guerra Mundial, em Londres, em 1948, a transmissão começou efetivamente para as casas. Eram 60 mil aparelhos num raio de 80 quilômetros da cidade-sede. Da abertura ao encerramento foram quase quatro horas diárias, sempre ao vivo em Wembley (não havia videotape), o dobro do planejado pela British Broadcasting Corporation, a BBC.

A exibição dos Jogos deu um grande salto em 1968, na Cidade do México, após a utilização de satélites, quebrando todas as fronteiras. Foram 600 milhões de telespectadores, naquele ano, com alguns países recebendo imagens coloridas. O Brasil só entraria no circuito na edição seguinte, quando a Rede Globo adquiriu os direitos, com Léo Batista lendo os boletins no fim da noite. Em Munique sugiram inovações como slow motion e câmeras debaixo d´água, tendo como astro o norte-americano Mark Spitz, com sete ouros nas piscinas. Após a disputa política nos Jogos de 1980 (boicote capitalista) e 1984 (boicote comunista), os valores dos direitos de transmissão subiram bastante, com vendas separadas, sendo o mercado norte-americano sempre o mais caro. 

A partir de 2001, mesmo com a negociação retalhada, a Olympic Broadcasting Services (OBS) passou a ser a única produtora de imagens. Ligada ao COI, a empresa tornou-se responsável por toda a cobertura oficial dos eventos, descontando entrevistas em zonas mistas. Nesse período, as inovações foram marcadas pela reproduções de imagens (ao vivo) em alta definição, três dimensões e via mobile. Por sinal, a transmissão na internet (celulares, tablets e computadores) passou de 628 milhões de “video streams” em Beijing para 1,5 bilhão em Londres, que recebeu o evento pela terceira vez. 

Evolução até o Rio, num alcance olímpico como nunca se viu…

Evolução da transmissão olímpica na TV
1904 – Primeira gravação, com frames do estádio de Saint Louis no cinema
1936 – Primeira transmissão ao vivo, em circuito fechado para três cidades
1948 – Primeira transmissão ao vivo na tv aberta, para Londres
1956 – Primeira transmissão internacional, com filmes (Europa e EUA)
1960 – Primeira transmissão internacional ao vivo, para 18 países
1964 – Primeira transmissão internacional via satélite (chegou aos EUA)
1968 – Primeira transmissão em cores
1972 – Primeira transmissão para o Brasil
1976 – Primeira transmissão com “cameraman” nas provas
1992 – Primeira vez com pay-pew-view, nos EUA
2004 – Primeira transmissão em alta definição (HD)
2008 – Primeira transmissão em plataformas mobile
2012 – Primeira transmissão ao vivo em 3D
2016 – Primeira transmissão 100% de um canal*
* Através do sinal produzido pela Olympic Broadcasting Services (OBS)

Tempo de exibição (horas acumuladas por canal)
1936 – 72 horas, governo alemão
1948 – 64 horas, BBC (Inglaterra)
1984 – 184 horas, ABC (Estados Unidos)
2000 – 400 horas, NBC (Estados Unidos)
2016 – 4.000 horas, Sportv (Brasil)

Audiência global
1936 – 162 mil
1948 – 500 mil
1968 – 600 milhões
1984 – 2,5 bilhões
1992 – 3,5 bilhões
2000 – 3,6 bilhões
2004 – 3,9 bilhões
2008 – 3,6 bilhões
2012 – 3,6 bilhões

Direitos de transmissão (da maior emissora)
1948 – £ 1.000 (BBC, Inglaterra)
1960 – US$ 394 mil (CBS, Estados Unidos, por videotapes)
1980 – US$ 87 milhões (USSR State TV, União Soviética)
1984 – US$ 225 milhões (ABC, Estados Unidos)
1988 – US$ 398 milhões (NBC, Estados Unidos)
2004 – US$ 793 milhões (NBC, Estados Unidos)

2024-2032 – US$ 7,65 bilhões (NBC, Estados Unidos)

Náutico, Santa e Sport na Olimpíada 2016

Entre os milhares de torcedores assistindo in loco aos Jogos Olímpicos de 2016, a referência pernambucana vem sendo encontrada facilmente. Nas incontáveis transmissões na tevê, é bem comum ver bandeiras e/ou camisas de Náutico, Santa e Sport nos ginásios e estádios, não só no Rio de Janeiro. Como os torneios de futebol (masculino e feminino) são descentralizados, os registros também vem ocorrendo em praças como Salvador e Manaus.

A bandeira de Pernambuco, como não poderia deixar de ser, também é artigo de viagem – quase um imã para encontros no Parque Olímpico. Aqui, algumas fotos, compartilhados pelos próprios torcedores e também pelos clubes, num engajamento importante com o maior evento esportivo da temporada.

Cleber Lima
Local: Fonte Nova (futebol masculino), 11/08

Torcedor do Náutico na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foto: Náutico/twitter (@nauticope)

Vinícius Medeiros (Santa Cruz)
Local: Arena da Amazônia (futebol feminino), 09/08

Torcedor do Santa Cruz na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foto: Santa Cruz/twitter (@santacruzfc)

Marcelo Marinheiro e Guilherme Lima (Sport)
Local: Parque Deodoro (Rugby), 10/08

Torcedores do Sport na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foto: Marcelo Marinheiro/twitter (@marinheiro87)

Renato Carneiro (Náutico)
Local: Maracanãzinho (vôlei feminino), 09/08

Torcedor do Náutico na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foto: Náutico/twitter (@nauticope)

Jorge Neves e Fabiana Neves (Santa Cruz)
Local: Parque Aquático (natação), 10/08

Torcedores do Santa Cruz na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foto: Ana Paula Santos/DP

Nara Vieira (Sport
Local: Engenhão (futebol feminino), 06/08

Torcedores do Sport na Olimpíada do Rio de Janeiro