Redesenho dos escudos de Santa, Sport, América e Íbis. Releitura ou tradição?

Evolução dos escudos da Juventus de Turim

A mudança radical no escudo da Juventus, agora restrito à letra “J” em duas grafias, é o resultado de dois anos de criação, com diversos modelos e objetivos de mercado imaginados. Por fim, o presidente do clube italiano, Andrea Agnelli, justificou a escolha como uma evolução da linguagem para atingir novos públicos. Na Inglaterra, Manchester City e West Ham também apresentaram redesenhos de seus escudos. Considerando a evolução dos escudos da Juve (acima), será que a ideia funciona junto à base tradicional da torcida?

A discussão é grande e se estende até o Recife. Não faz muito tempo, os três grandes clubes tiveram projetos em suas mesas para a releitura dos distintivos. Entre 2007 e 2011, a Módulo Design criou modelos para Náutico, Santa e Sport. Começou no alvirrubro, uma vez que um dos criadores, Roberto Varela, também era vice-presidente de marketing do clube. Ao lado de Daniel Dobbin, o trabalho resultou no atual modelo usado pelo clube, com a explicação no livro Construindo Marcas, uma compilação de 25 anos de trabalho da empresa.

“O redesenho do escudo de clube é algo muito completo porque o torcedor geralmente é muito passional. Mexer com isso sempre requer muita pesquisa. Começamos por retirar Náutico de dentro do escudo, pois a palavra só tinha sido usada na última versão. Tiramos partido das listrar flamulantes da bandeira e criamos um campo na parte de baixo, onde inserimos 1901, ano da fundação do clube. Ainda deixamos as seis estrelas relativas ao Hexa, pois sabíamos de sua importância para muitos torcedores” 

Após a aprovação pelo conselho deliberativo timbu, no fim de 2008, a criação focou rivais e em clubes periféricos da capital. A seguir, outro trecho.

“Após o redesign do escudo do Náutico em 2008, graças ao nosso bom relacionamento com os demais clubes do estados, fizemos primeiro uma proposta para o Santa Cruz, que iria completar 100 anos e também tinha problemas em seu escudo, e depois para o Sport, que também term dificuldades de reprodução. Em ambos os casos, os dirigentes não tiveram como implantar, pois aprovar esses redesenhos junto aos conselheiros é sempre muito complicado. Já os redesenhos do Íbis e do América foram feitos para uma empresa de marketing esportivo que depois se desligou dos dois clubes e não teve mais como implantá-los.” 

No tricolor, houve uma mudança, mas sem relação com a Módulo Design, com a retirada das oito estrelas (tri-super e pentacampeonato). Já no rubro-negro, o assunto chegou a ser discutido internamente em 2011, na gestão de Gustavo Dubeux. A versão atual data de 2008, após a conquista da Copa do Brasil, com a inclusão da segunda estrela dourada e a redução da prateada.

Confira a evolução dos escudos do Trio de Ferro clicando aqui.

Abaixo, todas versões criadas pela Módulo Design e apresentadas a Santa Cruz, Sport, América e Íbis. Gostou de alguma?

Obs. O blog já entrou em contato para ter as versões do Náutico, de 2007.

Santa – Variações do modelo atual, incluindo ondulações, e mudanças na fonte e na cor do acrônimo SCFC. Sobre o amarelo, era tradição nos anos 70 e 80.

Projetos para um redesenho do distintivo do Santa Cruz. Crédito: livro "Construindo Marcas", de Marcos Daniel Dobbin e Roberto Varela

Sport – O leão se mantém no escudo, mas com várias mudanças no número de listras. Das sete atuais, o número cairia para até 2. A sigla SCR também poderia sair das mãos do leão (aliás, havia dois modelos de leões).

Projetos para um redesenho do distintivo do Sport. Crédito: livro "Construindo Marcas", de Marcos Daniel Dobbin e Roberto Varela

América – Uma modernização sobre um escudo que não era modificado há décadas. Dos traços simples para uma leitura mais arrojada. A versão com o 1914 embaixo do AFC acabou usada no ano do centenário, em 2014.

Projetos para um redesenho do distintivo do América. Crédito: livro "Construindo Marcas", de Marcos Daniel Dobbin e Roberto Varela

Íbis – O pássaro preto seguiria quase sem retoques, com mais presença da cor preta. Em dois casos, até mesmo a inclusão do branco.

Projetos para um redesenho do distintivo do Íbis. Crédito: livro "Construindo Marcas", de Marcos Daniel Dobbin e Roberto Varela

6 Replies to “Redesenho dos escudos de Santa, Sport, América e Íbis. Releitura ou tradição?”

  1. que esse crime não seja cometido com o escudo do sport! O atual é bem mais bonito que qualquer desses modelos apresentados!!

  2. Sim, Rafael. Mas o vermelho e preto foi adotado pelo REMO do flamengo. O flamengo só veio ter time de futebol a partir de 1911. E, mesmo assim, o time de REMO não deixava os jogadores de futebol usarem o vermelho e preto. Eles usaram o coral, tal qual o santa, só que antes do santa existir. Reafirmo: O primeiro clube de FUTEBOL brasileiro, pelo que já pesquisei, foi o Vitória em 1899.

  3. Acho que a mudança mais significativa seria remover a terceira estrela. Também gosto de algo como o Liverpool faz, deixa somente o pássaro no kit, mas o escudo do clube permanece intocável (no caso do sport, somente o Leão).

  4. O vermelho e o preto se tornou padrão no Fla em 1896 e foram escolhidos cores do clube por conta da bandeira do Jockey Clube Brasileiro, que também tinha essas tonalidades.

  5. O flamengo foi fundado como clube de regatas e tinha por cores o azul e amarelo, depois o vermelho e preto. Mas só em 1911 que o flamengo iniciou o seu departamento de futebol. O primeiro clube de futebol rubro-negro do Brasil foi o Vitória da Bahia, fundado em 1899.

  6. Cássio, quem foi o primeiro a usar o vermelho e o preto em suas camisas, Sport ou Flamengo? Quando?

    Nota do blog

    Tiago, o Sport já foi fundado (1905) com o padrão usado até hoje, vermelho e preto, com listras horizontais. O Flamengo variou um pouco. Começou com azul e amarelo, mas não sei precisar o ano em que adotou o padrão rubro-negro (não demorou). Porém, o clube carioca também usou o uniforme “cobra coral” na década de 1910, que era, na verdade, semelhante ao do Santa Cruz. Abraço

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