O Náutico vive uma séria instabilidade política. Embora seja salutar a alternância no comando, há três gestões os palanques não são desmontados. Atualmente, o executivo é comando por um grupo e o conselho deliberativo por outro outro, com seguidas divergências na aprovação e execução de projetos ($). Inclusive no balanço financeiro, divulgado sem alarde no site oficial. O documento (íntegra abaixo) traz nas cinco páginas o seguinte alerta na cor vermelha: “sujeito a ajustes após conclusão de auditoria/aprovação do conselho fiscal”. Logo, a publicação sobre a operação em 2016 pode ter sido protocolar, para cumprir a lei federal, mas com os dados sob análise interna.
Em campo, o alvirrubro viveu a 12ª temporada sem títulos. No fim do ano, com o técnico Givanildo Oliveira, reagiu e quase voltou à Série A. Perdeu o acesso num duro revés em plena arena, para o quase rebaixado Oeste. Com isso, a (triste) certeza de que o desidratado patamar financeiro seguirá em 2017. No último exercício, o clube teve cerca de R$ 1,3 milhão/mês. Dinheiro para bancar o futebol (profissional e base), para quitar débitos (despesas de gestão e dívidas antigas), para a manutenção do CT etc. Quase inviável numa disputa com os rivais tendo R$ 3 mi (Santa) e R$ 10 mi (Sport) mensais.
Ao todo, o clube faturou R$ 16,7 milhões, com 38% através das cotas de televisão da Série B, do Estadual e da Copa do Brasil (R$ 6,5 mi). Em 2017 a receita do Brasileiro será de R$ 5,8 milhões, num aumento de R$ 600 mil – por sinal, o executivo tentou adiantar uma parte para sanar salários atrasados, mas o conselho vetou. No ano passado, a situação só não foi pior por causa do patrocínio firmado com a Caixa Econômica Federal, de R$ 1,2 milhão, valor superior ao patrocinador-master do tricolor, uma divisão acima.
Mesmo com as certidões negativas atualizadas, após anos tentando, o clube de Rosa e Silva segue se endividando. O blog publica os balanços do Trio de Ferro desde 2011, e em todos o Náutico registrou déficit. Não por acaso, viu o seu passivo subir pela 4ª vez seguida, chegando a R$ 155 milhões, o maior do futebol pernambucano. É quase dez vezes a receita! Bronca. Ao menos o patrimônio, mesmo com o estádio dos Aflitos inviabilizado, segue inalterado, com R$ 134 milhões, valor não atualizado pelo mal detalhado balanço.
Receita operacional
2011 – R$ 19.236.142
2012 – R$ 41.089.423 (+113%)
2013 – R$ 48.105.068 (+17%)
2014 – R$ 15.956.176 (-66%)
2015 – R$ 18.363.286 (+15%)
2016 – R$ 16.723.513 (-8%)
Passivo
2011 – R$ 62.442.207
2012 – R$ 71.979.517 (+15%)
2013 – R$ 87.916.127 (+22%)
2014 – R$ 137.364.572 (+56%)
2015 – R$ 149.267.447 (+8%)
2016 – R$ 155.639.544 (+4%)
Superávit/déficit
2011 (-1.643.179)
2012 (-392.993)
2013 (-721.320)
2014 (-13.346.684)
2015 (-10.839.793)
2016 (-4.608.166)
Confira a postagem sobre o balanço anterior do alvirrubro aqui.