Torcedor-símbolo. Pelo amor, dedicação e representatividade de um clube, alguns apaixonados das arquibancadas entraram na história das instituições. Impossível esquecer a elegância de Dona Lia e a greia de Zequinha no Náutico, a onipresença de Bacalhau no Santa Cruz, o frevo de Dona Maria e o barulho de Zé do Rádio no Sport. Alguns dos nomes realmente populares, sem forçar.
A provocação, sadia, sempre existiu. Sem desrespeito. Daí, a consternação pelo falecimento do folclórico torcedor rubro-negro, que um dia foi o “mais chato do Brasil”, nas palavras do técnico Zagallo em 1999, irritado com a altura do som do arcaico rádio General Eletric, de 1961, durante uma peleja na Ilha do Retiro.
O apelido de Ivaldo Firmino dos Santos rapidamente se popularizou, chegando ao Guinness Book, em 2006, como o torcedor “mais chato do mundo”. Chato? Nem tanto, pois a sua presença significava a entrada da orquestra Treme-Terra.
Além disso, a sua história também foi marcada pelo transplante de coração – o doador, ironia do destino, foi um alvirrubro. A partir daí, levantou uma das bandeiras mais importantes da nossa sociedade, a doação de órgãos.
Enquanto a saúde deixou, Zé amou o Sport. Infelizmente, o seu rádio de oito faixas silenciou, mas fica a lembrança de um dos maiores personagens dos estádios pernambucanos. Na Ilha, no Arruda, nos Aflitos ou na Arena Pernambuco, gente do tipo faz com que o futebol não seja chato…
ZÉ, com o seu MEGARÁDIO, agora não vai mais perturbar LUXA, nem ZAGALO. Quem vai pagar o LEÃO, pardon, o PATO é SÃO PEDRO. Para ouvir a MÁQUINA jogar, diretamente do PARAÍSO, o ZÉ DO RÁDIO colocará no último volume o seu FALANTE. Já ciente disso, O DONO DAS CHAVES CELESTIAIS encomendou dúzias de protetor de ouvidos. A boquete, digo, boca miúda, fuzila-se que PEDRITO está supimpamente inclinado a torcer unicamente pelo REI LEÃO. Puuuut! PELO REI E ÚNICO CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987 (o framedo ficou com a TAÇA DAS BOLINHAS DE ISOPOR) TUDO!!!
Saudades de Zé do Rádio!!!
Vai com Deus!!!
Já se vão 24 anos acompanhando o Sport Club do Recife diretamente da Ilha do Retiro. Quando comecei, meu pai me levava em suas costas. Hoje faço o mesmo com meu filho.
Passei por grandes emoções, vários títulos, algumas decepções.
Certamente um dos momentos mais hilários foi ver a PM tomar o rádio do Zé Do Rádio a pedido de Wanderlei luxemburgo porque este estava ensandecido com o barulho e havia passado todo o primeiro tempo discutindo com nosso torcedor símbolo.
Como bom rubro-negro, chato até o último fio de cabelo, identifiquei-me instantaneamente. Aquele “senhorzinho” que conseguia tirar do sério um dos maiores técnicos do país.
Hoje, no dia de sua morte, deixo registrado meu respeito a família. Domingo, contra o Coritiba, proponho substituirmos o minuto de silêncio por um minuto de barulho ensurdecedor. Um Cazá Cazá enfurecido em homenagem ao querido Zé do Rádio.