Há precisamente 200 anos, em 6 de março de 1817, eclodiu no Recife um movimento libertário. A revolução que deu aos brasileiros uma república, um governo próprio, constituição, exército, marinha, polícia e embaixador no exterior, tudo pela primeira vez, como destaca a reportagem do Diario de Pernambuco sobre o bicentenário. Durante 74 dias, Pernambuco foi, literalmente, um país. A revolução foi controlada após a chegada de tropas do Rio de Janeiro e de Portugal, mas o sangue daqueles revolucionários sedimentou a base da independência nacional definitiva, cinco anos depois.
“A correspondência diplomática internacional, a cobertura da imprensa e a própria consciência das elites na América portuguesa revelam que a Revolução de 1817 fez o Brasil, pela primeira vez, partícipe do movimento libertador que inflamava o resto do continente”, relata o professor de história Aníbal Monteiro, em artigo enviado ao blog (íntegra na caixa de comentários).
A discussão sobre o presente, caso a revolução pernambucana tivesse resistido, seguiria para a economia (qual seria o grau de dependência na relação com o ‘outro’ Brasil?) e política (liberal, nacionalista etc), mas aqui agora vamos traçar um paralelo “lógico”, com o futebol. As regras da modalidade só seriam criadas 46 anos depois, na Inglaterra. O próprio Campeonato Pernambuco só começaria no século seguinte, em 1915. De toda forma, em algum momento o esporte faria parte da vida pernambucana. Massiva do mesmo jeito.
Antes do texto, vamos partir de alguns princípios…
1) O Brasil continuaria existindo, mas com 25 unidades federativas (Alagoas também foi incorporada no início da Revolução, o período considerado aqui)
2) No viés continental, Pernambuco teria o porte (para fins de rankings e vagas) de Paraguai, Bolívia, Equador etc. Com um país a mais, considerei que todas copas internacionais foram “ampliadas”
3) Ainda que o Pernambucano (o “Nacional”) provavelmente tivesse uma história distinta, pois as saídas e chegadas de jogadores de outros estados (outro país) seriam diferentes, vamos manter a lista histórica de resultados
Pois bem, neste “e se”, os clubes locais teriam tido 183 hipotéticas campanhas internacionais, contra 10 campanhas reais (ou 5,4% da simulação).
Seriam 129 incursões na Taça Libertadores, 8 na extinta Copa Conmebol e 46 na Sul-Americana. E olhe que esse número não considera título algum, o que renderia vagas extras. O Náutico do hexa teria chegado até onde? E o Santa de 75? O Sport da década de 1990… A presença numa copa internacional seria absolutamente corriqueira. Para se ter uma ideia, o Leão estaria presente, de forma consecutiva, desde 1990. Mesmo com apenas três títulos desde 1989, o Náutico só teria ficado ausente pela última vez em 1998. O Santa, em 2009. Ao todo, 19 (dezenove!) clubes teriam participado ao menos uma vez de torneios da Conmebol. Os rivais de Caruaru já teriam disputado onze copas, cada (abaixo, o quadro completo). Antônio Inácio recebendo o River Plate? Acredite.
Focando a disputa local, o próprio Campeonato Pernambucano seria diferente (nada de segundo plano). Tecnicamente, é difícil prever, mas em termos de organização a competição teria, provavelmente, bem mais de 12 clubes. Em vez de 9,2 milhões de habitantes, o “país” teria mais de 13 milhões. Com isso, até três divisões de 16/18 clubes, fora os torneios semiamadores. Na capital, creio, veríamos algo semelhante a Montevidéu, Buenos Aires e Santiago, com mais de uma dezena de times em cada metrópole. Afinal, com 4 milhões de habitantes, o Grande Recife teria uma demanda maior por “futebol nacional”. Clubes como Santo Amaro, Ferroviário, Torre e Tramways ainda existiriam – e não seriam andarilhos, mas com torcidas respeitáveis e estádios de 5 mil lugares no subúrbio. Com o estado-nação integrado (incluindo até Alagoas, embora a existência de CRB, CSA e ASA, atrelada a Pernambuco, pudesse ser diferente), o interior caminharia para uma representatividade forte, até mesmo pelas várias vagas internacionais distribuídas (8 por ano), pelo calendário completo e pela torcida menos sintonizada em Flamengo e Corinthians (que só chegariam via sinal internacional de tevê). Provavelmente a queixa interiorana seria sobre a exposição do Recife.
Em vez do hexagonal atual, com o campeão jogando apenas 14 partidas, o certame duraria de 8 a 9 meses. Resta saber se a história da competição principal seria próxima ao futebol brasileiro, com décadas de regulamentos distintos, quase sempre com fases de grupos e mata-mata, ou com dois torneios por ano, recorrente na Argentina, Uruguai e Chile. Fico com a primeira opção, lembrando o modelo dos Estaduais dos anos 1980, com até 47 partidas para levantar a taça (como em 1983). Com a influência brasileira (que trato aqui como grande), poderia seguir existindo torneios estaduais/regionais, à parte do nacional pernambucano, com disputas paralelas no Grande Recife, Alagoas, Agreste, Sertão e Sertão do São Francisco, cujo rio cortaria todo o sul do país.
Ah, com o calendário sem Brasileiro (38 rodadas) e Copa do Brasil (até 14 jogos), haveria espaço para a “Copa Pernambuco”, descontinuada em 2011 e disputada pelos times alternativos do Trio de Ferro. Neste contexto, teria um peso maior, como torneio de primeira linha. Final em jogo único na Arena Pernambuco? Só se o Palácio do Campo das Princesas bancasse o estádio com outra finalidade. Afinal, a terrinha jamais teria recebido a Copa do Mundo. Nem em 1950 nem em 2014. Por outro lado, o empreendimento poderia ser o marco de uma Copa América no estado. Como o torneio continental foi criado em 1916, Pernambuco teria passado 51 anos se articulando para receber uma edição, até 1967. Em 75, 79 e 83, não houve sede fixa – com o Arruda escolhido nos jogos locais a cada mata-mata. Porém, há trinta anos foi formulado um rodízio de sedes. Neste formato, ao menos uma edição já teria sido realizada aqui (no máximo até 2011). Em 89, no Brasil, o Mundão recebeu dois jogos.
Com Pernambuco sendo o 11º filiado à Conmebol e com a liga local existente desde 1915 (e profissionalizada em 1937), o estado-nação teria uma presença regular na Copa América, já com 45 edições. Uma participação caseira seria determinante para o título, vide Peru em 1939 e Bolívia, em 1963. Vale lembrar que a seleção pernambucana representou o Brasil, de fato, no Sul-Americano de 1959. Ficou num honroso 3º lugar. A partir disso, imaginar uma estrela acima no distintivo da federação (ou confederação?) pernambucana não seria utopia (!).
Em relação à Copa do Mundo, o país revolucionário teria disputado todas as Eliminatórias – portanto, teria mudado todos os qualificatórios. Teria sido pioneiro no Mundial de 1930, no Uruguai, que originalmente teve apenas 13 países. Naquela época, o futebol já era consolidado no Recife e as seleções sul-americanas neste contexto foram convidadas pela Fifa. Possivelmente, pelo mesmo motivo, ocorreria isso em 1950, também com 13 seleções.
Um ponto importante para a composição da Cacareco – o apelido tradicional da seleção pernambucana – é a naturalização de jogadores de destaque no Náutico, Santa e Sport. Considerando os ‘nascidos no Brasil’ (e seriam muitos nomes), o caminho fica bem amplo. Neste modelo, aliás, a Cacareco já enfrentou a Seleção Brasileira em quatro oportunidades: 1934, 1956, 1969 e 1978, com três derrotas e um empate sem gols no último jogo. Porém, Pernambuco também fez um amistoso com a Alemanha Ocidental, em 1965. Venceu por 2 x 0 na Ilha do Retiro. Aquele time foi escalado num 4-2-4: Dudinha (Sport); Gena (Náutico), Alemão (Sport), Baixa (Sport) e Jório (Santa Cruz); Gojoba (Sport) e Ivan (Náutico); Nado (Náutico), Bita (Náutico), Pelezinho (Sport) e Lala (Náutico). E olhe que os germânicos seriam vice-campeões mundiais no ano seguinte (na polêmica final da bola que não entrou).
Numa convocação restrita aos naturais de Pernambuco, a missão seria bem trabalhosa, embora também mudasse bastante a formação da Canarinha, que não teria Ademir Menezes (artilheiro de 1950), Vavá (bicampeão em 58/ 62, marcando gols nas finais) e Rivaldo (melhor do mundo em 99 e campeão em 2002, com 8 gols em Copas).
Considerando os Mundiais nos últimos vinte anos, o time mais forte seria, na visão do blog, o de 2002 (compare no fim do post). Arrisco dizer que chegar nas quartas ou mesmo numa semifinal não seria exagero, ainda mais ao lembrarmos que Turquia e Coreia de Sul ficaram entre os quatro melhores. Dependeria sobretudo do rendimento do meio-campo, formado por Rivaldo e Juninho Pernambucano, ambos de grande fase na época. Num 4-4-2, o time seria o seguinte: Bosco (Cruzeiro); Russo (Vasco), Sandro (Botafogo), Nem (Atlético-PR) e Marquinhos (Goiás): Josué (Goiás), Cléber Santana (Sport), Juninho Pernambucano (Lyon) e Rivaldo (Barcelona); Catanha (Celta) e Araújo (Goiás). Técnico? O olindense Givanildo Oliveira, claro. No banco, nomes como Nildo (Sport,), Iranildo (Fla) e Carlinhos Bala (Beira-Mar). Levando em conta que a Revolução contou com a comarca de Alagoas e chegou a ter apoio da Paraíba, Rio Grande do Norte e até de parte do Ceará, delimitando uma região que hoje teria 20 milhões de habitantes, a ” seleção nacional” teria sido sido ainda mais qualificada. Em 2006, uma linha ofensiva mortal. A Taça Fifa estaria bem ali…
Esse devaneio todo por causa de 74 dias históricos? Mais que suficiente.
Como estaria o seu time em caso de um estado independente?
Ouça também o podcast 45 minutos sobre o tema:
Total de participações internacionais* (19 clubes)
46 – Náutico
45 – Sport
40 – Santa Cruz
11 – Porto e Central
7 – Salgueiro
4 – Ypiranga
3 – Serra Talhada
2 – Recife, AGA, Itacuruba, Serrano e Petrolina
1 – Vera Cruz, Cabense, Belo Jardim, Pesqueira, América e Atlético
* Só com os resultados do Campeonato Pernambucano, à parte do Alagoano
Nº de clubes pernambucanos em torneios internacionais
1960-1965: 1 vaga
1966-1991: 2 vagas
1992-2001: 3 vagas
2002-2009: 5 vagas
2010-2011: 6 vagas
2012-2016: 7 vagas
2017: 8 vagas
Simulando as participações pernambucanas na LIBERTADORES
129 campanhas
Número de vagas de Pernambuco*
1960-1965: 1 vaga (campeão)
1966-1999: 2 vagas (campeão e vice)
2000-2016: 3 vagas (campeão, vice e 3º)
2017: 4 vagas (campeão, vice, 3º e 4º)
*Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
Sport – 43 participações
Como campeão: 23 vezes
Como vice: 15 vezes
Como 3º lugar: 5 vezes
Década 1951-1960: nenhuma
Década 1961-1970: 62, 63, 66, 67, 68, 69 e 70 (7 vezes)
Década 1971-1980: 72, 73, 74, 76 e 78 (5 vezes)
Década 1981-1990: 81, 82, 83, 87, 88 e 89 (6 vezes)
Década 1991-2000: 91, 92, 93, 95, 97, 98, 99 e 00 (8 vezes)
Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10 (10 vezes)
Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17 (7 vezes)
Maior sequência de participações: de 1997 a 2017 (21 anos)
Náutico – 41 participações
Como campeão: 14 vezes
Como vice: 21 vezes
Como 3º lugar: 6 vezes
Década 1951-1960: nenhuma
Década 1961-1970: 61, 64, 65, 66, 67, 68 e 69 (7 vezes)
Década 1971-1980: 71, 75, 76, 77, 78, 79 e 80 (7 vezes)
Década 1981-1990: 82, 83, 84, 85, 86, 89 e 90 (7 vezes)
Década 1991-2000: 92, 93, 94, 95, 96 e 00 (6 vezes)
Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 08, 09 e 10 (9 vezes)
Década 2011-2020: 11, 12, 14, 15 e 17 (5 vezes)
Maior sequência de participações: de 2000 a 2006 (7 anos)
Santa Cruz – 36 participações
Como Campeão: 21 vezes
Como vice: 13 vezes
Como 3º lugar: 2 vezes
Década 1951-1960: 60 (1 vez)
Década 1961-1970: 70 (1 vez)
Década 1971-1980: 71, 72, 73, 74, 75, 77, 79 e 80 (8 vezes)
Década 1981-1990: 81, 84, 85, 86, 87, 88 e 90 (7 vezes)
Década 1991-2000: 91, 94, 96, 97 e 00 (5 vezes)
Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07 e 10 (8 vezes)
Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 16 e 17 (6 vezes)
Maior sequência de participações: de 2000 a 2007 (8 anos)
Salgueiro – 4 participações
Como vice: 1 vez
Como 3º lugar: 2 vezes
Como 4º lugar: 1 vez
Década 2011-2010: 13, 15, 16 e 17 (4 vezes)
Maior sequência de participações: de 2015 a 2017 (3 anos)
Porto – 2 participações
Como vice: 2 vezes
Década 1991-2000: 98 e 99 (2 vezes)
Central – 2 participações
Como vice: 1 vez
Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 08 e 09 (2 vezes)
Ypiranga – 1 participação
Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 07
Simulando as participações pernambucanas na COPA CONMEBOL
8 campanhas
Número de vagas de Pernambuco*
1992-1999: 1 vaga (3º lugar)
*Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil, Argentina e Uruguai
3 participações – Santa Cruz (92, 93 e 95)
2 participações – Sport (94 e 96)
2 participações – Náutico (97 e 99)
1 participação – Recife (98)
Simulando as participações pernambucanas na COPA SUL-AMERICANA
46 campanhas
Número de vagas de Pernambuco*
2002-2009: 2 vagas (4º e 5º)
2010-2011: 3 vagas (4º, 6º e 6º)
2012-2016: 4 vagas (4º, 5º, 6º e 7º)
2017: 4 vagas (5º, 6º, 7º e 8º)
*Seguindo a ordem das vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
9 participações – Porto (07, 08, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16)
9 participações – Central (02, 03, 04, 10, 11, 12, 15, 16 e 17)
3 participações – Salgueiro (09, 10 e 12)
3 participações – Ypiranga (09, 13 e 14)
3 participações – Náutico (07, 13 e 16)
3 participações – Serra Talhada (15, 16 e 17)
2 participações – AGA (03 e 04)
2 participações – Itacuruba (05 e 06)
2 participações – Serrano (05 e 06)
2 participações – Petrolina (12 e 13)
1 participação – Recife (02)
1 participação – Vera Cruz (08)
1 participação – Cabense (11)
1 participação – Belo Jardim (14)
1 participação – Pesqueira (14)
1 participação – Santa Cruz (15)
1 participação – América (17)
1 participação – Atlético (17)
Cacareco na Copa do Mundo (jogadores nascidos em Pernambuco)
2002 (Coreia do Sul/Japão)
Bosco (Cruzeiro, 28 anos); Russo (Vasco, 26), Sandro (Botafogo, 29), Nem (Atlético-PR, 29) e Marquinhos (Goiás, 25): Josué (Goiás, 23), Cléber Santana (Sport, 21), Juninho Pernambucano (Lyon, 27) e Rivaldo* (Barcelona, 30); Catanha (Celta, 30) e Araújo (Goiás, 25)
2006 (Alemanha)
Bosco (São Paulo, 32 anos); Tamandaré (Sport, 25), Nem (Braga, 33), Valença (Santa Cruz, 24) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano* (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Araújo (Cruzeiro, 29)e Carlinhos Bala (Santa Cruz, 27)
2010 (África do Sul)
Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Édson Henrique (Figueirense, 23), Rovérsio (Osasuna, 26) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); Josué* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Juninho Pernambucano (Al-Gharafa, 35); Ciro (Sport, 21) e Araújo (Al-Gharafa, 33)
2014 (Brasil)
Rodolpho (Chapecoense, 32 anos); Mariano (Bordeaux, 27), Édson Silva (São Paulo, 27), Kaká (La Coruña, 32) e Diego Renan (Criciúma, 24); Josué (Atlético-MG, 34), João Victor (Mallorca, 25), Cléber Santana (Flamengo, 32) e Hernanes* (Lazio, 28); Walter (Goiás, 24) e Bobô (Kayserispor, 28)
Seleção da Revolução (PE-AL-PB-RN)
2006 (Alemanha)
Bosco (São Paulo, 32 anos); Russo (Sport, 30), Pepe (Porto, 23), Durval (Sport, 26) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Marcelinho Paraíba (Hertha Berlin, 31) e Aloísio (São Paulo, 31)
2010 (África do Sul)
Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Durval (Santos, 29), Pepe* (Real Madrid, 27) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); José* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Marcelinho PB (Sport, 35). Hulk (Porto, 24) e Denis Marques (Flamengo, 29)
2014 (Brasil)
Rodolpho (Chapecoense, 32 anos); Mariano (Bordeaux, 27), Pepe* (Real Madrid, 31), Durval (Sport, 33) e Douglas Santos (Atlético-MG, 20); Josué (Atlético-MG, 34), Cleiton Xavier (Palmeiras, 31), Cléber Santana (Flamengo, 32) e Hernanes* (Lazio, 28); Firmino (Hoffenheim, 23) e Hulk* (Zenit, 28)
* Jogadores que disputaram as respectivas Copas no ‘mundo real’
meu deus isso é o tipo de coisa que eu penso, cassio vc e foda
Nota do blog
Vale aí, Victor. hehe
Permitem-me sair do foco futebol e registrar uma opinião particular após ler o Complemento do post (1).Acredito que o competente professor poderá me esclarecer.Porque Pernambuco lutou contra o Império,punido por defender um governo republicano perde parte do seu território. Logo após surge em outras regiões do país movimentos pró República que finalmente é proclamada.Pernambuco foi injustiçado, lutou por algo foi punido. República estabelecida mas Pernambuco continuou sem bônus.
Porque será?Deodoro e Floriano alagoanos(Provincia de Alagoas fazia parte de Pernambuco) temia a reintegração etc…?
Eu sempre tive mts ideias sobre isso.. Mas olha um site q Comprime bem nomes de jogadores
http://selecoesestaduais.blogspot.com.br/2016/12/selecoesestaduais-da-regiao-nordeste-do_5.html?m=1
O goleiro 2014 poderia ser Anderson, ex-Santa Cruz, atual Bahia, e o zagueiro Aderlan, que está no Valencia. Abraço!
Fantástico! pesquisa fantástica! Viajei de fato, fiquei imaginando nossa ‘cacareco’ metendo 6×0 Na Argentina (Se a Bolívia pode, Pernambuco também pode), nosso escrete disputando a copa de 82 como o Peru, e se os craques brasileiros que nunca disputaram uma copa passassem para o nosso lado? E os craques paulistas/cariocas/mineiros e gaúchos, mas cujos pais eram pernambucanos -dupla cidadania? A Bolívia e o Equador têm a altitude? nós temos um calor infernal! O Peru conseguiu disputar copa do Mundo? que dirá nós! Lembrem que em 2002 Kuki teria se naturalizado, em 2010 teríamos Acosta! e por ai vai…
Em princípio parabenizar por ser o “diferente” em meio a pobre imprensa esportiva de Pernambuco, seus post são sempre inovadores e instigantes.
Mas devemos lembrar da Paraíba também, Cidades como João pessoa, Itabaiana e Areia participaram e propagaram a Revolução, não obstante os grandes do estado(Treze, Campinense e Botafogo) teriam boas participações nos “nacionais” e dariam ótimos valores para a “Seleção”. Até mesmo times do interior como o Nacional de Patos de 2007( que tinha Carlinhos Paraíba) e o Sousa de 2009 teriam participações importantes.
Nota do blog
Maroja, obrigado. Quanto ao verdadeiro “país”, em sua versão final, antes da retomada da Coroa, teríamos a Paraíba e o Rio Grande do Norte, além do sul cearense (a região do Cariri). Sem dúvida alguma, o incremento técnico seria gigantesco. Em temos de clubes, por exemplo: Náutico, Santa Cruz, Sport; ASA, CRB, CSA; Botafogo-PB, Campinense, Treze; ABC, América-RN; Icasa (Juazeiro do Norte). Na formação da seleção, então, o time brigaria forte, sempre, nas Eliminatórias. E estaria na Rússia 2018. hehe Abraço!
Interessante. O contexto seria outro, certamente o interior teria mais desenvolvimento e, conseqüentemente, estádios maiores. Muito boa postagem, especialmente a aula de História do professor. Poderia ter sido muito bom economicamente, até mesmo porque Pernambuco não teria vivenciado a turbulência e a instabilidade política do Brasil.
E qual seria a seleção Pernambucana hj, Cássio?
Nota do blog
Essa está mais difícil de montar, Evaristo… Alguma ideia?
Pensei que seguiremos um modelo europeu pois profissionalismo da década de 1930 provavelmente seguiramos um formato mais próximo do europeu,que tinha ligas mais definidas e organizadas do que as ligas brasileiras da época, se seguimos um modelo econômico próximo da Argentina,Uruguai e Chile,teríamos uma ambição para seguir um modelo europeu
adriano gabiru, aloisio chulapa, cleiton xavier, vitor (lateral do santa), denis marques,elber (cruzeiro), gilberto ( são paulo), saulo ( goleiro),alexandre guimarães(técnico costa rica), hamilton volante, zé carlos (centroavante), souza meia ex são paulo, jadilson lateral esquerdo ex goiás, são paulo e flu, renato lateral direito, luan meia do galo, morais meia ex vasco, marinho ex vitoria e náutico, pepe real madrid, roberto firmino, william josé, ALÉM DE MARTA MEIA DA SELEÇÃO, são todos alagoanos recentes futebolistas que poderiam aparecer nessas seleções,
excelente post, um grande abraço
Nota do blog
Trajano, na verdade não foi esquecimento… Considerei só o 1º momento da Revolução. Nas seleções de fato poderia ter colocado alagoanos (e teria feito enorme diferença no ataque recente!), mas como a “Cacareco” era uma marca local, resolvi seguir (embora tenha a ressalva lá.). Abraço
Interessante a hipótese, Cássio, mas difícil fazer a projeção sem considerar Alagoas. CSA CRB e até o ASA seriam forças consideráveis nesse campeonato nacional pernambucano, e seguramente teriam vagas e títulos.
Teria que fazer uma pesquisa maior, mas de cabeça aqui consigo imaginar dois reforços pesadíssimos para a seleção dos anos 50 com Ademir: Dida e Zagallo, por exemplo, nasceram em
Alagoas.
Nota do blog
Marcus, a representatividade do trio alagoano seria seria considerável… Só “desconsiderei” porque não teria como listar as classificações Às copas internacionais sem o histórico titulos/vices no “Nacional” (que usei como base o Campeonato Pernambucano). Na seleção, então… Ajudaria bastante em 2018 (Marinho, por exemplo). Saudações!
Post muito show!
Complemento do post (2)
A ordem dos classificados por torneio, a cada ano
Taça Libertadores da América
1960 – Santa Cruz
1961 – Náutico
1962 – Sport
1963 – Sport
1964 – Náutico
1965 – Náutico
1966 – Náutico e Sport
1967 – Náutico e Sport
1968 – Náutico e Sport
1969 – Náutico e Sport
1970 – Santa Cruz e Sport
1971 – Santa Cruz e Náutico
1972 – Santa Cruz e Sport
1973 – Santa Cruz e Sport
1974 – Santa Cruz e Sport
1975 – Náutico e Santa Cruz
1976 – Sport e Náutico
1977 – Santa Cruz e Náutico
1978 – Sport e Náutico
1979 – Santa Cruz e Náutico
1980 – Santa Cruz e Náutico
1981 – Sport e Santa Cruz
1982 – Sport e Náutico
1983 – Sport e Náutico
1984 – Santa Cruz e Náutico
1985 – Náutico e Santa Cruz
1986 – Náutico e Santa Cruz
1987 – Santa Cruz e Sport
1988 – Santa Cruz e Sport
1989 – Sport e Náutico
1990 – Náutico e Santa Cruz
1991 – Santa Cruz e Sport
1992 – Sport e Náutico
1993 – Sport e Náutico
1994 – Santa Cruz e Náutico
1995 – Sport e Náutico
1996 – Santa Cruz e Náutico
1997 – Sport e Santa Cruz
1998 – Sport e Porto
1999 – Sport e Porto
2000 – Sport, Santa Cruz e Náutico
2001 – Sport, Santa Cruz e Náutico
2002 – Náutico, Santa Cruz e Sport
2003 – Náutico, Santa Cruz e Sport
2004 – Sport, Santa Cruz e Náutico
2005 – Náutico, Santa Cruz e Sport
2006 – Santa Cruz, Náutico e Sport
2007 – Sport, Santa Cruz e Ypiranga
2008 – Sport, Central e Náutico
2009 – Sport, Náutico e Central
2010 – Sport, Náutico e Santa Cruz
2011 – Sport, Náutico e Santa Cruz
2012 – Santa Cruz, Sport e Náutico
2013 – Santa Cruz, Sport e Salgueiro
2014 – Santa Cruz, Sport e Náutico
2015 – Sport, Náutico e Salgueiro
2016 – Santa Cruz, Salgueiro e Sport
2017 – Santa Cruz, Sport, Náutico e Salgueiro
Copa Conmebol
1992 – Santa Cruz
1993 – Santa Cruz
1994 – Sport
1995 – Santa Cruz
1996 – Sport
1997 – Náutico
1998 – Recife
1999 – Náutico
Copa Sul-Americana
2002 – Central e Recife
2003 – Central e AGA
2004 – AGA e Central
2005 – Itacuruba e Serrano
2006 – Serrano e Itacuruba
2007 – Náutico e Porto
2008 – Porto e Vera Cruz
2009 – Salgueiro e Ypiranga
2010 – Salgueiro, Porto e Central
2011 – Central, Cabense e Porto
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Complemento do post (1)
Pernambuco do norte, e Pernambuco do sul? O que nós fomos? E quem nós somos? A Revolução Pernambucana de 1817
Por Aníbal Monteiro, professor de história
A palavra “pernambucanidade” pode ser considerada uma palavra atípica, pois só quem é de Pernambuco, ou escolheu Pernambuco para viver, consegue compreender o que isso significa. Esse sentimento bairrista que é identificado em poucos locais, no Brasil, por exemplo, apenas no Rio Grande do Sul, muito por conta da revolução farroupilha, que durou 10 anos (1835-1845). No caso de Pernambuco o sentimento nacionalista aflorou por conta das três revoltas nativistas que houve no século XIX: Revolução Pernambucana- 1817, Confederação do Equador-1824, Revolução Praieira -1848. E aqui vai um adendo, e impossível falar da história do Brasil sem citar Pernambuco, Fomo à capitania que deu certo, ao lado de são Vicente, teve o Brasil Holandês, sob a batuta do Conde João Mauricio de Nassau Siegen, bem como as revoltas sociais do século XIX, e daí que veio o carinhoso apelido de “Leão do Norte”. Isso também causa uma certa “Inveja” em torno dos 8 estados vizinhos, e olhe que nem irei enfatizar a questão futebolística, mas o que poucos sabem, e que por um período mesmo que curto de tempo, a Província de Pernambuco, não era o que é hoje, ela fora maior.
1. Gente simples, o povo.
As camadas populares, em muitos casos, tidas como um possível perigo à manutenção da ordem. Como fica evidenciado no documento apócrifo Memórias históricas da Revolução de Pernambuco, havia uma visão de que as camadas modestas eram “um ramo indisposto contra o trono e que necessita de uma cautela aguda e vigilantíssima”, se entusiasmando facilmente com a palavra liberdade . Ou seja, o povo era comparado a uma fera acuada que a qualquer momento poderia se rebelar. Foi diante dessa iminente insurreição que o governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, debelou uma tentativa de rebelião dos negros da província, em 1814. Em maio deste mesmo ano chegaram rumores aos ouvidos do dito governador dizendo que os escravos iriam se insurgir no domingo do Espírito Santo, Corpus Christi, 29 de maio.
Uma suposta data que não deve ter sido escolhida arbitrariamente. Haja vista que, aos domingos, a vigilância sobre os negros, de certa forma, se abrandava. Era um dia “bom para a mobilização dos escravos, dia de folga, quando estariam mais livres para circular, até para sumir durante algumas horas sem serem notados”. Soma-se a isso o fato de ser também uma data festiva. Deste então o governador ficou em alerta, pois havia muito medo que no Brasil ocorresse a chamada “Haitização”, onde os escravos em 1791 tomaram o poder em Porto Príncipe. Há de se destacar que rebelião escrava não necessariamente equivale a revolta do povo. Isso porque os escravizados eram juridicamente um bem. Podendo ser vendido, trocado, emprestado, alugado e até legado em testamento. Não era, pois, uma persona. A coisificação imputada aos escravizados fazia com que eles não se inserissem na categoria povo.
Carlos Guilherme Mota afirma que a escravaria permaneceu apartada da categoria povo. o “povo era, isto sim, constituído pelos „lojistas‟, „caixeiros de botequim‟, „marchantes‟, „camponeses que viviam de caça‟, a „soldadesca‟, os „rendeiros‟, pequenos negociantes e até cirurgiões. O termo “povo” tem variações no decorrer do tempo e do espaço, se analisarmos, o que mudou foi que a noção de povo não se mistura com a ideia de elite, sendo uma o contraste da outra. Jean Jaques Rousseau em seu contrato social vai dizer que: “Os povos, tal como os homens, só são dóceis na sua infância, com a idade tornam-se incorrigíveis. (…) as vezes, na existência do Estado, há épocas violentas em que as revoluções têm sobre os povos o mesmo efeito que certas crises têm sobre os indivíduos, (…) Há para as nações como para os homens, um tempo de maturidade que é preciso esperar antes de submeter a leis; (…) Um povo é disciplinável logo na sua origem, um outro pode não o ser ainda ao fim de dez séculos.”
O “povo” é o oposto de elite e que ele carrega consigo uma inquietude que o torna o dínamo, a força motriz da sociedade, que não deixa o social ficar estático. Sendo o povo, como afirmou Nelson Werneck Sodré, uma abstração, aqui tomaremos o povo como sinônimo de gentes simples. Estas gentes que, na forma de motim, revolta, insurgência e rebelião, se manifestaram. Questionaram as formas sociais e políticas vigentes e/ou as que estavam sendo construídas. Busca-se com isso afirmar que as gentes do povo não foram apenas espectadores dos processos da Independência. Quer-se dizer que as classes populares também foram agentes no desenrolar da construção do Estado- Nação brasileiro.
2. Fatores e Fatos da revolução
A revolução que conceberia a república pernambucana ocorreu em 06 de março de 1817. A insatisfação com a coroa portuguesa já era antiga, desde que D. João VI trouxe a corte para o Brasil em 1808, com medo de Napoleão, porque ter quebrado o Bloquei continental. Logo ao instalar-se no Rio de Janeiro, ele precisou de modificações, pois era uma corte que chegara na cidade, e com isso seus luxos deveriam e foram mantidos, e a forma de isso ocorrer era simplesmente aumentando os tributos, esfaqueando a população. As lojas maçônicas, que pipocavam no Recife, serviam como local de discussão das ideias liberais e de reuniões que planejavam complôs contra a Coroa. Em 1816 funcionavam em Pernambuco mais três lojas: “Restauração”, “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente”, Estas lojas eram apresentadas ao público como academias de intelectuais, pois os membros de sociedades secretas eram sujeitos a condenação por crime de lesa-majestade. Os maçons passaram a fazer reuniões sigilosas e discutir diversos assuntos, entre os quais estavam as "infames ideias francesas" e a elaboração de planos para uma revolução.
Entre eles destacavam-se os padres, comerciantes, militares, juízes e proprietários de terras e de escravos. Homens ricos, instruídos e poderosos, que buscavam alternativas variando de ideias conservadoras como uma Constituição que limitasse os poderes da família real portuguesa ao radicalismo de uma república independente com reforma tributária, baseada nas ideias de liberdade, igualdade e federação, que lhes permitisse manter os direitos e privilégios que possuíam na ordem colonial. Entre os líderes e participantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam diversos maçons comprovados: padre João Ribeiro de Pessoa de Mello Montenegro, Domingos José Martins e capitão Domingos Theotônio Jorge Martins Pessoa, os três eleitos membros da Junta Governista; padre Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre Miguelinho), eleito Secretário de Estado do governo provisório; o capitão José de Barros Lima (Leão Coroado), capitão Pedro da Silva Pedroso e o tenente José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, responsáveis pelo início do levante no quartel de Artilharia e o comerciante Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá), Diante do clima de conspiração, em 6 de março de 1817, o governante da província, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, mandou prender diversos suspeitos de querer implantar uma república em Pernambuco. Mas o tiro saiu pela culatra.
José Barros de lima, conhecido como “Leão Coroado”, matou seu oficial superior e tomou o regimento de artilharia da província, onde hoje está localizado o 7ª GAC em Ouro Preto – Olinda. Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Alagoas são anexados a província de Pernambuco. O então governador da província, que era português, se isolou no forte do Brum, sendo posteriormente expulso pelos revoltosos, esses que já tinham um molde de constituição baseados, é claro, na revolução francesa (1789). Antônio Goncalves Cruz, ou simplesmente Cruz Cabugá, teve um papel de “ Relações públicas” na revolução, ou fora um “Diplomata”. A ideia de Cruz Cabugá era libertar Napoleão da Ilha de Santa Helena, para que o movimento ganhasse força. A Revolução de 1817 era liberal, mas os grandes proprietários de terra, nem tanto. A ideia de perder toda a mão-de- obra escrava sob decreto de um novo regime afastava muitos fazendeiros do movimento e neste aspecto esta elite agrária em nada diferia do resto da elite brasileira. Os líderes rebeldes sabiam que o apoio deles era fundamental e não incluíram a abolição em suas propostas.
3. O fim da revolta, e suas consequências.
Se a Conjuração Mineira foi o primeiro movimento de caráter republicano na história brasileira que preocupou as autoridades portuguesas, foi a Conjuração Baiana, mais ampla e popular em sua composição social e proposta, a primeira revolução articulada pelas camadas populares que pretendiam uma república abolicionista, defendendo o fim da escravidão e a participação igualitária de todas as raças na administração pública. A Revolução Pernambucana tem o duplo mérito de ser o primeiro ato concreto de contestação ao domínio português em solo brasileiro, colocando em prática as ideias republicanas, e de ser a ocasião em que se inicia a diplomacia no Brasil, com correspondência partindo do solo brasileiro para outras nações, tanto por parte da Coroa Portuguesa quanto do governo republicano pernambucano. Por estes motivos, é considerada o embrião da formação política da atual nação brasileira.
A Revolução de 1817 é o marco fundador da História Diplomática do Brasil. Até o dia 6 de março daquele ano, o Brasil, não somente aos olhos dos próprios cidadãos que o habitavam, mas aos olhos do mundo, era apenas o território português na América, antes colônia, e, por aquela época, felizmente constituído em Reino Unido. Até aquele 6 de março, toda a América espanhola estava insurgida e revolucionada .O Brasil, entretanto, permanecia pacificamente português, nem um único sinal conhecia o mundo de um mais remoto desejo de independência, seja de Portugal, seja da Monarquia da dinastia de Bragança. A correspondência diplomática internacional, a cobertura da imprensa e a própria consciência das elites na América portuguesa revelam que a Revolução de 1817 fez o Brasil, pela primeira, vez partícipe do movimento libertador que inflamava o resto do continente. O Brasil surgia não mais como a colônia ou o reino unido português bragantino, mas como uma entidade nacional com vontade própria de soberania, com vontade própria de liberdade, com vontade própria de reorganização social.
Em 29 de junho de 1817, com a revolução já controlada, chega a Recife o novo governador, capitão-general Luís do Rego Barreto, acompanhado dos 4 mil homens vindos do Rio de Janeiro, que em pouco tempo receberiam o reforço das tropas vindas de Portugal, com experiência em combate contra os franceses na Península Ibérica. Militar rígido e fiel ao rei, o novo governador de Pernambuco era favorável a uma punição exemplar para os revolucionários. Seguiram-se nove meses de prisões, julgamentos e execuções. O número de executados só não foi maior porque Luís do Rego Barreto se desentendeu com as autoridades judiciárias pernambucanas, o que ocasionou a transferência de muitos prisioneiros para a Bahia.
No dia da partida de Recife para Salvador, os prisioneiros são obrigados a caminhar pelas principais ruas da cidade acorrentados nas mãos e pés. Os navios que irão levá-los estão repletos de portugueses e realistas que os insultam. Os prisioneiros são presos no pescoço com correntes que os obrigam a permanecer deitados durante a viagem, onde recebem comida propositalmente salgada e não recebem água.Entre os participantes da Revolução de 1817, treze presos foram condenados à morte. Quatro foram fuzilados em Salvador. Em Pernambuco, nove foram enforcados, tendo depois seus corpos esquartejados, com as cabeças e mãos expostas em diferentes locais públicos de Pernambuco e da Paraíba, e os troncos amarrados e arrastados por cavalos até o cemitério. Estimam aproximadamente 1600 mortos ou feridos nos combates, 800 degredados (números que se pode considerar exagerados) e 117 presos em Salvador por quatro anos, até serem anistiados em 1821.
Já fiz algumas simulações de seleções dessa no Rio. As que mais gostei foram dos anos 70 com Zico, Paulo César Caju, Roberto Dinamite, Mário Sérgio, Nelinho, Juari, Tarcísio, Gil e tantos outros e a de 1998 com Romário, Ronaldo, Edmundo, Djalminha, Leonardo e Marcelinho.
Dá horas , dias e semanas de bom papo o assunto
Abraços
Eduardo