Sobre meninos e lobos

Lobo em pele de cordeiro

Por Fred Figueiroa*

Nas noites que antecederam o meu aniversário de 6 anos, lembro da minha tia debruçada sobre a mesa da sala, desenhando e pintando um circuito de Fórmula 1. Lembro que todos lá em casa entraram pela madrugada fazendo as caixinhas com os nomes das equipes e dos pilotos. A minha caixinha foi a da Brabham de Nelson Piquet.

Fórmula 1 foi o tema da festa do meu aniversário de 6 anos e lembrei disso hoje ao ler a repercussão sobre a confissão de Nelsinho Piquet – ironicamente o filho de um dos grandes ídolos da minha infância – que assumiu ter provocado um acidente no GP de Cingapura de 2008, atendendo a um pedido da sua equipe (Renault) dentro de um acordo que lhe garantiria a renovação de contrato para mais uma temporada.

É até desnecessário comentar a atitude de Nelsinho no GP de Cingapura. O que me fez voltar 24 anos no tempo e me sentar em frente ao computador para escrever este texto aqui não foi a revolta com a falta de ética do jovem piloto brasileiro, nem mesmo a constatação de que, moralmente, a Fórmula 1 ruiu.

Acho que qualquer pessoa que acompanha a F-1 com um certo distanciamento (como é o meu caso) já está meio que anestesiado a armações do tipo.

Mas o que definitivamente me causou um sentimento de indignação foi a reação de grande parte das pessoas à confissão de Nelsinho. A começar pela entrevista de Rubens Barrichello. Com que cara Barrichello vem a público falar que o outro deveria sair da F-1? Como é que Rubinho tenta se posicionar como um defensor da moralidade do esporte se foi o próprio que desmoralizou a F-1 ao fazer aquela inesquecível cena na reta final do GP de Áustria de 2002, praticamente parando o seu carro para que o “companheiro” Schumacher passasse e vencesse a corrida.

Naquela manhã, eu estava diante da TV, já em pé, nervoso, torcendo, esperando o azarado Rubinho passar logo pela linha de chegada. Lembro de Cléber Machado narrando: “Hoje não! Hoje não! Hoje sim?…”. Desliguei a TV e prometi pra mim mesmo que nunca mais acordaria cedo para ver uma corrida de F-1. Não cumpri a promessa. Mas entendi o recado implícito (ou seria explícito?) de Barrichello: Ao reduzir a velocidade da sua Ferrari nos últimos metros da corrida ele mostrava ao mundo que a F-1 não era regida pelos princípios esportivos. Que a ética de um piloto era limitada pelo interesse da sua equipe ou até mesmo do seu adversário.

A história recente da categoria é repleta de comportamentos que, na essência, são iguais ao de Nelsinho. Qual a real diferença entre uma batidinha com riscos calculados só para deixar o carro atravessado na pista e frear o carro na reta de chegada?

Para mim, nenhuma. Principalmente, porque na questão ética, o erro é o mesmo. Ambos feriram a alma do esporte em detrimento próprio para servir aos interesses da equipe, de um adversário e – claro – da sua renovaçãozinha de contrato no final da temporada.

Sinceramente, também não consigo ver tanta diferença assim entre a batida proposital de Nelsinho Piquet e as já lendárias batidas também intencionais de Senna, Prost e Schumacher – que valeram títulos mundiais para os próprios. Esses três “gênios” da F-1 abusaram do recurso de provocar acidentes para interferir no que seria o resultado natural das corridas…

E eis que, de repente, todos parecem se contagiar por um surto de moralidade ou de hipocrisia e se mostram chocados com o fato de um piloto provocar intencionalmente um acidente.

Os motivos são diferentes? Na essência, não. O objetivo em todos esses casos era o mesmo: interferir no curso natural da corrida. Não importa se em benefício próprio ou atendendo aos interesses da equipe. Não existe “ética” pela metade.

Assim, nesta triste história de corrupção moral e financeira, me parece ainda mais condenável a hipocrisia de Barrichello e tantos outros. Isto sim ainda parece capaz de chocar até os mais anestesiados pela falta de princípios esportivos da F-1.

*Fred Figueiroa é editor-assistente do Diaro, blogueiro, e colaborador deste blog

Números do maior das pistas

Michael Schumacher

O alemão Michael Schumacher anunciou nesta quarta que voltará a correr na Fórmula 1, substituindo o brasileiro Felipe Massa, que ainda se recupera do acidente na Hungria.

Aos 40 anos, o heptacampeão será um “piloto-tampão” na Ferrari. Mas a volta do mito será, na verdade, um fato para sacudir toda a categoria. Pilotos, escuderias, fãs… A volta será no Grande Prêmio da Europa, que será disputado em Valência, na Espanha, no próximo 23 de agosto.

Um hiato de 2 anos e 10 meses longe das pistas da F-1. A sua última corrida foi justamente no Brasil, quando teve uma atuação de gala no domingo do dia 22 de outubro de 2006. Depois de largar apenas em 10º no grid, Schumacher – que já havia anunciado que aquela seria a sua despedida – foi costurando os adversários um a um.

Fez a volta mais rápida, deu show e acabou em 4º lugar, roubando a cena de Fernando Alonso, que garantiu o bicampeonato naquela tarde. Abaixo, alguns números (recordes e mais recordes) do piloto, apontado por muitos como o maior da história. Veja também um vídeo-tributo ao rei das pistas.

15 temporadas (1991/2006)
7 títulos mundiais (1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004) 😈
250 GPs disputados
91 vitórias (36,4% das corridas)
13 vitórias numa mesma temporada (2004)
154 pódios (61,6% das corridas)
19 pódios seguidos (2001/2002)
1.369 pontos
148 pontos numa mesma temporada (2004)
68 poles (27,2% das corridas)
76 voltas mais rápidas (30,4% das corridas)
77 pontos, a maior vantagem de um campeão sobre o vice (2002)
121 pontos, a maior pontuação de um vice-campeão (2006)
22, o número de vezes que fez a pole, a volta mais rápida e venceu o GP

Primeiro GP: Bélgica, em 25 de agosto de 1991 (22 anos)
Último GP: Brasil, em 22 de outubro de 2006 (37 anos)
Próximo GP: Europa (Valência), em 23 de agosto (40 anos)

Obs. É claro que o internauta pode discordar sobre quem foi o maior na Fórmula 1. Lembrando que isso aqui é um blog. Portanto, é apenas a opinião do blogueiro… 😎 Concorda ou discorda? Opine!

O perigo de voar baixo

Ainda bem que o piloto Felipe Massa está se recuperando e deverá sair em breve da UTI. Foi mais um grande susto na Fórmula 1, que viveu dias de pânico com acidentes gravíssimos ao longo dos anos. O último fatal aconteceu em 1994, com Ayrton Senna. Abaixo, um vídeo com uma reportagem sobre grandes acidentes da história da F-1, que cada vez mais preza pela segurança de quem voa baixo, a 300 km/h. 😕

Cara ou coroa?

Manu Ginóbili, no draft da NBA de 1999Reconhece esse magro aí do lado? Aos 21 anos, o argentino Emanuel David Ginóbili surpreendia ao ser escolhido pelo San Antonio Spurs no draft de 10 anos atrás. Em 30 de junho de 1999.

O time norte-americano estava com dúvida entre 2 hermanos. O outro era Lucas Victoriano.

Como foi a decisão…? Na base do cara ou cora, literalmente! 😯

Sem vídeos nem informações sobre os jogadores, essa foi “solução” do dirigente do time, que – pelo sistema de escolha – foi o penúltimo a selecionar um novo jogador para a temporada 1999/2000.

Sorte do primeiro, que eternizou o seu nome na liga: Manu Ginóbili, que já foi MVP da NBA em 2001 e 2002.

Campeão da NBA em 2003, 2005 e 2007. E mais… Campeão olímpico com a Argentina em 2004, batendo o Dream Team.

Leia uma matéria especial do diário argentino Olé sobre a entrada do craque na terra dos maiores do basquete AQUI.

Congestionamento na Fórmula 1

Grid lotado na Fórmula 1

Nada de Fórmula 1 dividida. Já tinha gente dizendo que em 2010 teríamos os Módulos Verde e Amarelo na maior categoria do automobilismo mundial, como no Brasileirão de futebol de 1987.

Mas os dirigentes, sabe-se lá como, chegaram a um acordo, que evitou o racha na F-1.

E confirmaram, ainda, a entrada de mais 3 escuderias na nova temporda. Foram três, mas apenas porque a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) limitou o aumento, já que nada menos que 15 equipes quiseram entrar! 😯

Agora, o grid ficará com 13 equipes, e 26 carros…

Os novos integrantes – que usarão o mesmo motor (Cosworth) – são os seguintes:

Campos Racing, nova equipe da Fórmula 1 em 2010Campos – Você lembra do piloto espanhol Adrián Campos? Eu também não… 😐 Pois a fera esteve no cockpit da Minardi em 1987 e 1988. Ele participou de 16 GPs naquela equipe que virou sinônimo de escuderia pequena no circo da Fórmula 1.

Campos criou a sua equipe em 1997, e já participou de algumas categorias europeias, e também da GP-2, uma espécie de “Série B” da F-1. Os chassis da Campos Racing serão da Dallara.

US F1, nova equipe da Fórmula 1 em 2010US F1 – Como o nome já sugere, essa será uma equipe 100% norte-americana, sediada na cidade de Charlotte.

O chefe será Peter Windsor, com experiência nas categorias mais populares nos EUA (Nascar e Fórmula Indy). No entanto, Windsor já foi diretor-técnico da extinta Ligier, da F-1. Os testes da nova US F1 vão começar em novembro.

Manor Motorsport, nova equipe da Fórmula 1, em 2010Manor – Foi a 3ª equipe a ser confirmada pela FIA. Fundada em 1990 pelo ex-piloto John Booth, a escuderia já participou da F-3 e da Fórmula Renault.

Em 2010, o time terá a presença de Nick Wirth, ex-projetista da Benetton. Os campeões da F-1 Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton já fizeram parte da Manor Motorsport em categorias menores.

Velocitá!

Para aqueles que curtem velocidade, vale a pena relembrar o carro mais rápido do mundo. Um carro que parece um jato, conhecido como SSC (Super Sonic Car). Em 1997, o carro quebrou o recorde atingindo 1.149 km/h, no dia 25 de setembro.

No mesmo ano, em 15 de outubro, o carro/jato chegou a 1.228 km/h! 😯 O veículo foi pilotado pelo britânico Andy Green, da Real Força Aérea da Inglaterra…

A máquina abaixo tem apenas 500.000 cavalos de potência…

Obs. Clique no link que entenda o título “velocitá“. 😎

Até o horizonte ajuda em Mônaco

GP de Mônaco de Fórmula 1

A Fórmula 1 terá a sua prova mais tradicional da temporada neste domingo, com a disputa do GP de Mônaco.

Fórmula 1Por que se fala tanto que essa corrida é a mais “charmosa” do automobilismo mundial? As fotos do post explicam um pouco… 😎

O Principado de Mônaco é um dos seis microestados da Europa, com uma área inferior a 2 km², banhada pelo Mar Mediterrâneo, no sul da França.

Apesar do território reduzido, trata-se do lugar com a mais alta densidade populacional do mundo (16.620 hab./km²).

O turismo é o carro-chefe oficial do país, que recebe cerca de 225 mil turistas por ano (beldades pra todo lado). Mas o que faz sucesso lá há anos – além do visual espetacular do lugar – é a fama de “paraíso fiscal”, pois os investidores não são ameaçados pelo imposto de renda… 😯

A renda per capita do país é de US$ 30 mil!

Fórmula 1Mônaco se tornou membro da ONU apenas em 1993.

No mesmo ano, o brasileiro Ayrton Senna se tornou maior vencedor do circuito monegasco em todos os tempos. Mesmo com a “Era Schumacher” o recorde continua até hoje.

São 6 vitórias, incluindo um penta entre 1989 e 1993. O outro triunfo foi em 1987.

E com o título de “Mister Mônaco”, Senna chegou a dar banho de champanhe na família real durante a comemoração…

Boa sorte na corrida de domingo (9h, no horário recifense) aos brasileiros Felipe Massa, Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet… Como se precisassem… Eles já estão ! 😀

Abaixo, o vídeo do hexacampeonato de Senna em Mônaco, em 1993.

Benjamin Button

Jenson Button, o líder do campeonato mundial de Fórmula 1 em 2009

Até o início de 2009, o inglês Jenson Button era um piloto sem grandes resultados no circo da Fórmula 1. Mediano, e olhe lá.

Em 155 GPs disputados desde 2000, quando estreou na categoria aos 20 anos, Button só havia vencido uma corrida.

A 1ª vitória aconteceu em 6 de agosto de 2006, no Grande Prêmio da Hungria, guiando uma Honda. O companheiro de equipe? O mesmo Rubens Barrichello, com quem divide as atenções da Brawan GP em 2009.

Outras escuderias na carreira: Williams (primeira), Benetton, Renault e BAR.

Até a primeira corrida de 2009, os números de Jenson Button na F1 eram os seguintes:

O Curioso Caso de Benjamin Button155 GPs
1 vitória
19 pódios
3 pole position
Nenhuma volta mais rápida numa corrida

Em 2009, guiando a surpreendete Brawn GP, Button lidera o Mundial com 41 pontos. Neste domingo, ele venceu a corrida na Espanha. Os dados são assombrosos: 😯

5 GPs
4 vitórias
1 pódio
3 pole positions
1 volta mais rápida numa corrida

O título do post foi uma brincadeira da imprensa britânica, fazendo uma comparação com o filme O Curioso Caso de Benjamin Button, no qual o personagem de Brad Pitt nasce velho e vai ficando mais novo… Leia mais sobre o filme AQUI.

Mudou o domingo

Ayrton Senna

Uma transição do Janga, em Paulista, para Bairro Novo, em Olinda. Dos 7 aos 13 anos de idade. Um período com um costume familiar em quase todas as manhãs de domingo (eu, meus pais e meu irmão mais novo). Almoço na casa da avó? Só depois… Antes, era mesmo ver Fórmula 1. Naquela época, o futebol já era a paixão nacional, mas a F-1 era o orgulho nacional… 😕

Com nome e sobrenome: Ayrton Senna. Campeão mundial em 1988, 1990 e 1991.

Ele disputou o 162° Grande Prêmio no dia 1° de maio de 1994, em San Marino. Até ali, eram 41 vitórias… 80 pódios… 65 pole positions…19 voltas mais rápidas nas corridas… 2.987 voltas na liderança… 37.934 quilômetros percorridos… 13 poles em uma só temporada (duas vezes, em 1988 e 1989)…

Com aquele capacete amarelo com uma listra azul e outra verde, ele pilotou os carros da Toleman, Lotus, McLaren e Williams. Tão tradicional quanto o capacete era ver Senna no alto do pódio, abrindo um champanhe.

Mas se o orgulho nacional tinha nome e sobrenome, a tristeza também teve.

Tamburello. A curva fatal de Ímola. Onde Senna não conseguiu fazer parar o carro. Ainda chegou a reduzir de 300 km/h para 200 km/h. Insuficiente para evitar o pior.

Ainda assisto a Fórmula 1 pela televisão, aos domingos, mas com menos intensidade… E já não é mais um programa da família. Virou algo comum. Há 15 anos. 🙁