O apertado calendário do futebol brasileiro, com todas as datas preenchidas aos domingos e quartas, provocou uma situação inusitada no Recife. Nada menos que três clássicos entre Náutico e Sport em apenas 19 dias.
23/01 – Sport 0 x 1 Náutico (Ilha do Retiro, Nordestão)
02/02 – Náutico 0x 3 Sport (Arena Pernambuco, Nordestão)
10/02 – Náutico x Sport (Arena Pernambuco, Estadual)
Nenhum jogo foi agendado no horário nobre do futebol, na tarde de domingo.
As três partidas foram marcadas à noite e somente uma no domingo.
Nas duas primeiras edições do Clássico dos Clássicos, os públicos registrados foram de 16.001 e 13.062 torcedores, respectivamente.
Um clássico é um jogo de grande apelo, desde que não seja banalizado.
A renda líquida acumulada nos três jogos do Santa Cruz em Caruaru, pela primeira fase da Copa do Nordeste de 2014, foi R$ 295.893 a menos que o lucro obtido nas partidas no Arruda no regional passado. A análise foi feita após a divulgação do borderô oficial de todas as apresentações do Tricolor, via CBF, sem levar em conta o enorme peso que o centenário poderia ter este ano.
Além da distância, 130 quilômetros, foi determinante a ausência coral do programa Todos com a Nota. Em 2013 os bilhetes subsidiados pelo estado representaram 47% da renda bruta, R$ 326.050 de R$ 692.995. Na ocasião, foram 32.605 entradas do TCN. Nenhum este ano.
Já em relação à despesa é preciso explicar o quesito “aluguel de campo”, presente nos seis borderôs. Ao todo, o aluguel do Luiz Lacerda custou R$ 45.332, com valores distintos a cada jogo.
Esse custo é calculado de acordo com o público presente. Por esta mesma questão logística – luz, limpeza, funcionários etc -, o Santa Cruz “cobra” aluguel a si mesmo no estádio José do Rego Maciel – no regional, por exemplo, a despesa acumulada foi de 51.151 reais.
Vale lembrar que a mudança no mando de campo ocorreu devido à pena do STJD após a baderna de integrantes de uma uniformizada coral, no último Nordestão.
Nordestão 2013
20/01 – Santa Cruz 1 x 0 CRB
24.287 pessoas, R$ 281.210
Renda líquida: R$ 197.961
26/01 – Santa Cruz 2 x 0 Feirense
17.355 pessoas, R$ 187.170
Renda líquida: R$ 133.706
02/02 – Santa Cruz 2 x 0 Campinense
20.029 pessoas, R$ 224.615
Renda líquida: R$ 162.335
Público total: 61.671 torcedores (média de 20.557)
Renda bruta: R$ 692.995 (média de R$ 230.998)
Renda líquida: R$ 494.002 (média de R$ 164.667)
Nordestão 2014
18/01 – Santa Cruz 3 x 2 Vitória da Conquista
3.673 pessoas, R$ 113.745
Renda líquida: 70.785
25/01 – Santa Cruz 0 x 1 CSA
3.325 pessoas, R$ 88.320
Renda líquida: 53.393
02/03 – Santa Cruz 2 x 1 Bahia
7.390 pessoas, R$ 120.070
Renda: líquida: 73.931
Público total: 14.388 torcedores (média de 4.796)
Renda bruta: R$ 322.135 (média de R$ 107.378)
Renda líquida: R$ 198.109 (média de R$ 66.036)
Em tempo: a verba jogada no ralo não foi cobrada a ninguém.
No estádio, no rádio, na televisão, na internet ou mesmo só em pensamento.
Comemorando ou sofreno com o Tricolor, chorando de alegria ou tristeza pela Cobra Coral. Dezenas? Centenas? Dificilmente alguém lembrará da conta.
Até mesmo pela quantidade de vezes que o Mais Querido pisou no gramado.
Nada menos que 4.730 vezes, segundo os dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro. Somente nos clássicos contra os dois tradicionais rivais foram 1.035.
Curiosamente, pela falta de registros no passado mais remoto, 21 partidas seguem até hoje com resultados indefinidos.
4.730 jogos
2.399 vitórias
1.088 empates
1.222 derrotas
9.239 gols marcados
5.500 gols sofridos
Eis o retrospecto geral no Clássico das Emoções e no Clássico das Multidões.
Torcedor tricolor, relembre os seus jogos favoritos…
Da pioneira apresentação, em 8 de março de 1914, com Santa Cruz 7 x 0 Rio Negro, no Campo do Derby, ao último jogo no primeiro século de vida, em 2 de fevereiro de 2014, Santa Cruz 2 x 1 Bahia, em Caruaru.
A torcida rubro-negra estava impaciente neste início de temporada, que marca a volta à elite. O ataque não funcionava, as vitórias não surgiam…
Ao perder em Sobral, em sua quarta apresentação no Nordestão, o time deixou o Junco praticamente fora da disputa. Nenhum cálculo de classificação de eliminação foi elaborado, mas menos de 99% seria até otimismo.
Incrivelmente, o resultados alheios vieram. Nesta tarde, por exemplo, a vitória do Botafogo sobre o Guarany deixou o Clássico dos Clássicos instigadíssimo.
O lado vencedor daria um grande passo na classificação. O Timbu e a provavável vaga ou o Leão, até então morto, vivíssimo. Na superação de um time merecidamente criticado, o Sport bem foi além e goleou por 3 x 0.
Em uma arena sem tanta gente, o Alvirrubro teve mais posse de bola, mas assustou pouco. A sua principal chance foi logo a primeira da noite, aos 13 minutos, com a bola passando rente à linha de Magrão, após falha enorme de Renê – a surpresa no 3-5-2 do interino Eduardo Batista.
No minuto seguinte, o primeiro gol de uma partida cirúrgica dos visitantes. Cruzamento de Ailton e cabeçada de Ananias, apesar da notória estatuta.
Tecnicamente, o jogo foi fraco, mas o Rubro-negro se mostrava mais produtivo, girando mais. Com a bola – mais tempo -, o Timbu esteve desorganizado.
O grande pecado da noite foi na parte disciplinar da arbitragem, com as duas equipes reclamando bastante de Emerson Sobral.
Voltando ao futebol, o meia Ailton, apagado nas rodadas anteriores, conduziu bem o Sport, se aproveitando do mau futebol da equipe de Lisca – aplicada como no primeiro clássico, mas nada além disso.
Colabora para a análise a pegada do Leão. Segundo o Footstats, somente no primeiro tempo, o time desarmou 17 bolas, contra apenas 4 do Náutico.
E assim, roubando bolas, os leoninos praticamente definiram o jogo no início do segundo tempo. Aos 2 minutos, João Ananias saiu mal, Neto Baiano recuperou e arriscou de longe. Gideão bateu roupa e Érico Júnior concluiu, ampliando.
A partir daí, o Sport passou a controlar o jogo, saindo apenas na “boa”. Mesmo assim, perdeu duas ótimas chances. No finzinho, ainda teve um pênalti a favor.
Neto Baiano, numa seca duradoura neste ano, encheu o pé mais uma vez, mas desta vez acertou as redes. Definiu a goleada.
O resultado na Arena Pernambuco criou uma situação até então improvável, com os dois pernambucanos com boas chances de classificação às quartas.
Na véspera do centésimo aniversário, neste domingo, o sorriso tricolor foi aberto com apenas 33 segundos de bola rolando em Caruaru.
Sob sol forte, o Santa arrancou de maneira fulminante pra cima do Bahia. A jogada foi iniciada por Caça-Rato pela direita e concluída por Luciano Sorriso.
A vantagem tornou-se ainda mais clara com a expulsão do volante adversário, Fahel, antes dos dez minutos. O time do Bahia estava visivelmente nervoso.
Apesa da desvantagem, o tricolor da Boa Terra reagiu e passou a assustar. No primeiro lance, só não empatou por causa da bisonha finalização de Talisca.
A investida adversária deixou o povão com um certo receio, consciente de que o tricampeão pernambucano estava falhando na marcação.
O receio até diminuiu no início da etapa final, quando o meia Raul ampliou. Aos 4, numa boa trama, o meia chutou cruzado, enganando o goleiro Lomba.
Placar definido? Não. Valente e ainda envolvente, o Bahia mandou para as redes com Rhayner, numa saída de jogo equivocada de Everton Sena.
A partir daí, sufoco puro. Era tarde de decisão. Na prática, valia uma “vaga” nas quartas de final da Copa do Nordeste. Brilhou então o idolo coral, Tiago Cardoso, com três defesas espetaculares, uma delas aos 44 minutos do segundo tempo.
No apito final, com o 2 x 1 conquistado na raça, veio a voz da massa, com o “parabéns para você’ direto do tobogã do Lacerdão…
O primeiro presente do centenário Santa Cruz já chegou…
“Comemoraremos nosso aniversário em grande estilo. Aguarde.”
A mensagem foi publicada pela Penalty em seus perfis nas redes sociais.
Associada ao escudo do Santa Cruz, com a frase “100 anos de amor e luta”, a fabricante de material esportivo indica que algum produto especial para o centenário está encaminhado.
O Tricolor chegará aos 100 anos no dia 3 de fevereiro. O uniforme oficial desta temporada será lançado quatro dias depois.
Antes, pelo visto, já há uma movimentação por parte da própria empresa, que tem contrato assinado com o clube coral até dezembro.
Recentemente, a Penalty lançou a linha do Ceará, outro clube patrocinado pela marca e que também completará um século em 2014.
Portanto, resta aguardar o centésimo aniversário coral. Com surpresas…
O padrão tradicional da Seleção Brasileira, com camisa amarela e detalhes verdes, calção azul e meias brancas, foi instituído em 1954.
Antes, o Brasil atuava nos gramados de branco, dos pés à cabeça. No máximo, alguns detalhes azuis na gola. O Maracanazo sepultou o uniforme. Desde então, a Canarinha ainda atuou algumas partidas com um segundo uniforme, azul.
Nos tempos atuais, com inúmeros padrões lançados por ano, para alavancar as vendas, é comum a utilização de um terceiro uniforme nos clubes – alguns contam com até quatro, cinco modelos, completamente alternativos.
Agora, uma versão extra na Seleção. Primeira primeira vez, a Nike – fornecedora da CBF desde 1996 – lançou uma versão completa do terceiro padrão. Anteriormente, já havia sido criada uma camisa preta. Agora é a vez do tom verde escuro, incluindo calção e meias, e um distintivo que brilha no escuro.
A operação comercial da Arena Pernambuco completará um ano em junho de 2014. Embora esteja no início de um longo contrato – de 33 anos -, o grupo gestor peca em alguns conceitos básicos na organização de um jogo de futebol.
Um deles, uma queixa recorrente dos alvirrubros – torcedores do único clube de contrato assinado com o estádio -, é o preço dos ingressos, bem acima dos que eram praticados nos Aflitos. Um aumento seria natural, claro, devido à maior estrutura proporcionada e ao custo do empreendimento. Porém, a brusca mudança – associada aos gastos extras, como estacionamento – e a falta de vantagens aos sócios fomentaram as reclamações.
Caro para os mandantes e ainda mais para os visitantes. Teoricamente, ilegal.
Artigo 84/2º “Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou equivalente”
Não é possível que a direção do consórcio não saiba. Mesmo assim, a Arena Pernambuco vem cobrando ingressos com preços diferenciados entre os clubes, em uma setorização que nitidamente precisa de ajustes.
Tomando por base os três primeiros jogos do Náutico no ano, pelo Nordestão – contra Guarany de Sobral, Botafogo de João Pessoa e Sport -, os visitantes pagaram R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia).
O local reservado para a torcida cearense foi no anel inferior, bem atrás da barra. Do outro lado, estava o setor do Todos com a Nota. Se for considerado o ingresso mais barato para o Timbu, os valores seriam de R$ 50 e R$ 25.
Já paraibanos e rubro-negros foram para o anel superior, atrás de uma barra. Tendo como mesmo setor oposto e proporcional os ingressos subsidiados pelo estado. Enquanto isso, os bilhetes mais baratos para o Timbu foram estipulados em R$ 40 e R$ 20, no anel inferior, também atrás de um dos gols.
É preciso ressalvar que no clássico Sport x Náutico na Ilha, também em 2014, os alvirrubros ficaram na geral, setor contrário ao TCN leonino. O bilhete cobrado ao alvirrubro foi o mais barato no dia, o de arquibancada (R$ 40).
Uma última curiosidade. Os ingressos do Todos com a Nota na Arena, no setor oposto ao dos visitantes, custam R$ 25 ao governo do estado – nos demais estádios os valores também são distintos. Onde está a lógica?