Os discos de Rozenblit para os campeões mundiais de 1958

Fábrica de discos de José Rosenblit. Foto: divulgação

Por Carolina Santos*

Entre as décadas de 1950 e 1980 Pernambuco podia se orgulhar de ser a sede de uma das mais importantes gravadoras nacionais. Fundada no começo dos anos 1950 por José Rozenblit, a gravadora que levava seu sobrenome também era uma fabrica de discos e teve filiais no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Em plena Copa de 1958, com a expectativa do Brasil ser campeão mundial, o futebol entrou definitivamente na história da Rozenblit. Naquela época, o complexo fonográfico contava com 190 funcionários – o que dava uma agilidade maior no lançamento dos discos. Mas nada como o que aconteceu naquela Copa.

Duas composições foram criadas para comemorar a vitória do Brasil, caso a seleção saísse vitoriosa no confronto contra a Suécia. Eram Escola de Feola (Luís Queiroga), interpretada pelo grupo os 3 Boêmios, e Brasil campeão do mundo (Nelson Ferreira e Aldemar Paiva), com a Orquestra e Coro Mocambo.

Rozenblit determinou que, se o Brasil ganhasse, todos os funcionários deveriam estar na fábrica meia hora após o jogo. Com todo mundo trabalhando, às 16h daquele mesmo 29 de junho de 1958 as duas composições já estavam tocando nas rádios do Recife.

Em uma boa jogada de marketing, a Rozenblit ainda ofereceu um mimo aos jogadores: prensou compactos personalizados com a foto de cada um dos heróis daquela seleção. Os disquinhos foram entregues aos jogadores e à comissão técnica em um almoço no Clube Português do Recife, na primeira parada da seleção no Brasil após a Europa.

* Carolina Santos é repórter da editoria Viver, do Diario de Pernambuco

Copa do Mundo 1958, final: Brasil 5 x 2 Suécia. Foto: Fifa/divulgação

O torcedor já não engole mais o futebolzinho anti-Série A

Pernambucano 2012, semifinal: Sport 0x0 Náutico. Foto: Brenno Costa/Diario de Pernambuco

Sport e Náutico já se enfrentaram quatro vezes nesta temporada. De um empolgante primeiro jogo sob o olhar da Fifa a uma melancólica semifinal…

Enfrentar o arquirrival foi a única experiência de cada um contra um adversário da elite nacional em 2012. Teoricamente, deveriam ter sido jogos emocionantes.

Pois qual seria a explicação mais razoável para compreender o fato de os dois clássicos na primeira fase terem levado mais gente às arquibancadas que o mata-mata?

Nesta postagem, imagens da semifinal, lá e lô. Arquibancadas sem lotação máxima, o que não condiz com o Clássico dos Clássicos neste contexto decisivo.

A vitória rubro-negra por 4 x 3 na Ilha e o insosso empate sem gols nos Aflitos no turno classificatório registraram 42.176 torcedores, enquanto as semifinais, com triunfo leonino em Rosa e Silva por 2 x 1 e o empate em 0 x 0 na Ilha, contabilizaram 31.720.

Uma redução de 24,7% justamente em uma fase decisiva. Ingressos caríssimos? A mudança não foi drástica. Os bilhetes subiram de R$ 40 e R$ 20 para R$ 50 e R$ 25. Vale ressaltar que os quatro jogos, transmitidos na TV aberta, ocorreram no domingo.

Pesou mesmo o nível técnico, muito baixo. A torcida já não engole mais esse futebolzinho onipresente visto nos gramados locais este ano. Jogadas ensaiadas? Piada.

Times sem padrão de jogo, atletas (caros) de potencial duvidoso e lampejos de boas atuações. Nada que impressione mais. O encanto do acesso acabou.

O Leão e o Timbu estão a apenas 20 dias da estreia na Série A. Que os dirigentes dos rivais centenários enxerguem de uma vez por todas as deficiências dos seus elencos.

Pois se continuar desse jeito, os públicos dos dois clássicos no Brasileirão poderão ser ainda menores, corroborando com a tese apresentada na semifinal do Estadual…

Pernambucano 2012, semifinal: Náutico 1x2 Sport. Foto: Alexandre Barbosa/Diario de Pernambuco

As maiores finais estaduais da temporada

Os maiores campeões estaduais no Brasil, entre 1902 e 2011

Até hoje, 62 clubes brasileiros ganharam pelo menos dez títulos estaduais, considerando as 27 unidades da federação e todos os torneios realizados entre 1902 a 2011.

Portanto, chegou a hora de renovar essa longa lista. Confira as finais dos dez principais campeonatos estaduas do Brasil em 2012, de acordo com a CBF:

1º) São Paulo – Santos x Guarani
2º) Rio de Janeiro – Fluminense x Botafogo
3º) Rio Grande do Sul – Caxias x Internacional
4º) Minas Gerais – Atlético-MG x América/MG
5º) Paraná – Atlético-PR x Coritiba
6º) Pernambuco – Sport x Santa Cruz ou Salgueiro
7º) Bahia – Vitória x Bahia
8º) Goiás – Atlético-GO x Goiás
9º) Santa Catarina – Avaí x Figueirense
10º) Ceará – Ceará x Fortaleza

Confira o ranking oficial da CBF, de clubes e federações, clicando aqui.

Todas as decisões serão disputadas em duas partidas, nos dois próximos fins de semana. Qual é a sua lista de favoritos para essas competições? Comente!

Os 20 dias mais importantes do Náutico para seguir na elite

Pernambucano 2012, semifinal: Sport 0x0 Náutico. Foto: Helder Tavares/Diario de Pernambuco

“Vamos trazer quantos reforços precisarem. A gente não vai medir esforços. Pior do que não trazer é cair. E o Náutico não vai ser rebaixado.”

Declaração do presidente do Náutico, Paulo Wanderley, logo após a eliminação do clube no Estadual desta temporada, que manteve o jejum de taças desde 2004. Mas foi rápido ao projetar o decorrer do ano para o Timbu.

O fim da participação alvirrubra no certame local vem com um “bônus”.

O Timbu, agora com Gallo, terá exatamente 20 dias de descanso até a estreia na Série A, torneio que realmente interessa neste neste ano. Até a estreia contra o Figueirense.

Mais do que uma intertemporada, o Náutico precisa se qualificar. Remontar o elenco.

Vale lembrar que foram 15 contratações para o Campeonato Pernambucano. A grande maioria, que não foi indicada pelo técnico Waldemar Lemos, desagradou. Faxina.

Todo o planejamento da diretoria foi fundamentado para investir no Brasileirão. Pois bem, chegou a hora de utilizar o maior orçamento da história de Rosa e Silva.

Conforme divulgado, o Náutico poderia chegar a um faturamento de até R$ 40 milhões em 2012. Contudo, faltam alguns pontos importantes.

O clube saiu do Estadual sem um patrocinador-master no uniforme. Isso é inadmissível.

A diretoria segue esperando por uma marca de impacto no Nacional, mas acabou abrindo mão de uma receita vital durante quatro meses. Fará falta?

Sobre o contestado time, não há mais tempo para garimpar reforços. O momento é de anunciar as contratações. A dupla de zaga, o goleiro Gideão e algumas peças no meio-campo se salvam. Lá na frente, a situação é crítica…

Lutará para formar um time competitivo, para ficar no mínimo em 16º lugar. Até mesmo para retomar a confiança da torcida, ponto alto do time a partir de agora.

Pernambucano 2012, semifinal: Sport 0x0 Náutico. Foto: Brenno Costa/Diario de Pernambuco

Sport despacha o Náutico de novo e luta pelo 40º estadual

Pernambucano 2012, semifinal: Sport 0x0 Náutico. Foto: Helder Tavares/Diario de Pernambuco

Pelo terceiro ano consecutivo, o Sport eliminou o Náutico do Estadual. Em jogo sem muitas emoções, um empate em 0 x 0 neste domingo, na Ilha do Retiro.

O hexa não veio, mas o sonho do 40º título estadual segue vivo. Uma marca importante, pois apenas oito clubes do país chegaram a esta quantidade de taças (veja aqui).

O Rubro-negro, finalista em todas as edições do atual formato do Pernambucano, chega na decisão sem agradar ao seu torcedor. Nesta tarde, apenas 19.026 pessoas.

O troféu de campeão pode salvar o início de ano pouco promissor do Sport, que terá em maio a arrancada de sua principal missão em 2012, o Brasileirão.

Ao contrário dos anos anteriores, o Alvirrubro encarou esta semifinal em baixa. Chegou ao cúmulo de estrear um técnico nesta fase. Chegou ao seu limite técnico.

Como já havia ocorrido na partida anterior, porém, o Náutico foi melhor em campo no primeiro tempo e exigiu boas defesas do goleiro Magrão, apesar do ataque inoperante.

Com o meia Ramón solto, o Timbu procurou agredir. No Sport, um time precavido demais, utilizando a vantagem obtida nos Aflitos. Com três zagueiros e três volantes…

Com a retranca armada, o Leão praticamente abdicou do ataque, com Marcelinho muito isolado. Chance mesmo, apenas uma, com Jheimy. Acabou irritando a torcida.

Somente no primeiro tempo foram sete escanteios para os alvirrubros e nenhum para os rubro-negros, num indicativo sobre a disparidade no clássico até ali.

O centroavante Jael, já visado pelos leoninos pelo suposto excesso extracampo, foi para o jogo no lugar de Jheimy. No seu primeiro lance, um chute de fora da área, aos 38 segundos da etapa complementar. Gideão espalmou.

Teria sido a primeira mudança drástica no domínio em campo? Sim. Mesmo com o jogo amarrado, o Sport cresceu de produção, buscando mais o jogo.

Com a bola passeando mais no campo timbu, o Sport manteve a sua vantagem intacta.

Intacta sim, mas poderia ter sido vazada uma vez, a dez minutos do fim, caso o auxiliar Jossemar Diniz não tivesse assinalado impedimento no gol de Souza…

Na Ilha, uma comemoração contida. A finalíssima também será lá… Festa maior?

Pernambucano 2012, semifinal: Sport 0x0 Náutico. Foto: Helder Tavares/Diario de Pernambuco

Isenção do IPTU para os clubes de futebol, de novo

IPTU

IPTU, o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana. Sempre foi um problema para os grandes clubes do Recife, com dívidas milionárias nas mais distintas épocas.

Pressionados pela alta taxa calculada no imposto devido às enormes áreas das agremiações, e atacados por gestões sem compasso algum com o mercado, alvirrubros, rubro-negros e tricolores já deixaram de pagar o imposto. Há décadas é assim.

Agora, o presidente do Sport, Gustavo Dubeux, antecipou que o prefeito do Recife, João da Costa, irá assinar a isenção da taxa para os clubes de futebol (veja aqui).

Somente os municípios têm competência para aplicar o IPTU. Cidades como Curitiba e Campinas já contam com isenção total. Em Fortaleza, o índice chega a 80%.

Em 2008, o então prefeito da capital pernambucana, João Paulo, sancionou duas leis para clubes sociais e esportivos criando incentivos através do IPTU. A verdade é que esta taxa sofre de uma séria “crise de identidade” em relação aos clubes.

Esta não será a primeira vez que Náutico, Sport e Santa Cruz ganharão o benefício da isenção absoluta.  Na gestão do prefeito Geraldo Magalhães, em 1970, os clubes conquistaram a benesse após muita negociação.

O ato, no entanto, foi revogado no mandato seguinte. Apesar disso, parte das dívidas foram perdoadas algumas vezes depois, como em 1995. Em todos os casos sempre houve uma contrapartida dos times. A mesma deverá constar na pauta agora.

Em 2012, a Prefeitura do Recife distribuiu 304.664 carnês com o imposto…

Você acha que os clubes deveriam ter isenção total de IPTU? Comente.

Náutico – 41 mil metros quadrados

Santa Cruz – 57 mil metros quadrados

Sport – 141 mil metros quadrados

Torcidas uniformizadas com apoio local. Falta a segurança

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Em seis meses, a mesma enquete para a torcida pernambucana, aberta durante uma semana. Nas duas situações, o questionamento sobre a presença das torcidas organizadas nas arquibancadas de Arruda, Aflitos e Ilha do Retiro, logo após incidentes protagonizados por integrantes das maiores facções do estado.

Nas duas enquetes realizadas pelo blog, uma votação maciça a favor das uniformizadas. Em todos os cenários nas duas pesquisas (clubes e geral), o “sim” ficou à frente. A única mudança mais visível foi a redução do percentual absoluto, que caiu de 64%, em novembro do ano passado, para 59% em abril desta temporada.

A festa nos estádios ainda é o diferencial na opinião do público. Cabe à polícia tentar controlar de uma vez por todas a baderna criada por marginais disfarços de torcedores.

Você é a favor da presença das torcidas organizadas nos estádios pernambucanos? Dados de 2012 (abril) e 2011 (novembro)

SportSport – 629 votos / 563 votos
Sim – 57,39%, 361 votos / 61,28%, 345 votos
Não – 42,61%, 268 votos / 38,72%, 218 votos

Santa CruzSanta Cruz – 287 votos / 397 votos
Sim – 64,11%, 184 votos / 69,77%, 277 votos
Não – 35,89%, 103 votos / 30,23%, 120 votos

NáuticoNáutico – 182 votos / 340 votos
Sim – 57,69%, 105 votos / 64,41%, 219 votos
Não – 42,31%, 77 votos / 35,59%, 121 votos

Bandeira de PernambucoTotal – 1.098 votos / 1.300 votos
Sim – 59,20%, 650 votos / 64,69%, 841 votos
Não – 40,80%, 448 votos / 35,31%, 459 votos

Nem só de lóbi vive uma arena

Lóbi

Foi enorme o lóbi político para encaixar a Arena Pernambuco na Copa das Confederações de 2013. Conversas com o alto escalão em Brasília e no Rio de Janeiro. Em 20 de outubro do ano passado, quando o estádio foi escolhido pela Fifa de forma condicionada para o torneio, o tom do governo do estado foi de comemoração, mesmo com o papel de coadjuvante na Copa do Mundo, cuja estrutura da tabela foi divulgada no mesmo dia.

Desde então, foi reforçado o discurso local sobre a participação nos dois eventos da Fifa. Paralelamente, foi crescendo o temor de não terminar o estádio a tempo. Para tentar vencer esta desconfiança, inúmeros planos foram elaborados.

O número de operários é um bom indicativo para ilustrar as variações que tentam evitar um vexame. Quando o projeto foi lançado, em 15 de janeiro de 2009, o número estimado era de 1.200 funcionários no pico. Há dois meses, esse númeo já estava em três mil.

Agora, o ultimato: cinco mil trabalhadores. Um custo maior no embalo (veja aqui).

Paralelamente ao aumento do trabalho, grandes veículos de comunicação divulgam notas sobre uma parada já decidida, contrária ao pleito pernambucano.

A revista Veja, através do colunista Lauro Jardim, divulgou uma nota em seu site na qual o “Recife está com um pé fora”. Uma saída honrosa já estaria sendo articulada para preservar a imagem política do governador Eduardo Campos, alvo deste revés.

Indagado sobre o assunto, o secretário extraordinário da Copa no estado, Ricardo Leitão, comentou a postagem do jornalista de forma bem humorada.

“O que preparamos aqui é uma ‘entrada honrosa’. Não vi o texto, mas já estou discordando. E digo que o senhor Lauro Jardim já está convidado para assistir ao primeiro jogo da Copa das Confederações aqui”.

O fato é que o megaprojeto pernambucano alcançou 40% das obras executadas, mas segue em último entre as seis arenas indicadas para a Copa das Confederações. Também escolhida de forma condicionada, a Fonte Nova já está em 59%.

Não existe saída honrosa neste caso, simplesmente porque o estado lutou, e muito, para conseguir se tornar subsede do vestibular do Mundial. Daí, tanto esforço agora para não municiar durante um bom tempo as bases da oposição.

A Copa do Mundo sempre caminhou ao lado da política, mas não adianta só o lóbi…

Análise do Aqui PE sobre a semifinal clássica do Estadual

Capa do Aqui PE do dia 28 de abril de 2012

Antecipando aqui no blog, a capa do jornal Aqui PE deste domingo, focando o jogo de volta da tensa semifinal entre rubro-negros e alvirrubros no campeonato estadual.

Na imagem, Papai Noel, Saci Pererê e Coelhinho da Páscoa. Pegaram pesado…

“Pra cima alvirrubros, nós sabemos o que é ser desacreditado. Vamos meter um chocolate no gatinho manso na casa dele”

O Náutico precisa ganhar do Sport por dois gols de diferença para avançar à decisão. A última vitória timbu na Ilha do Recife aconteceu em 2004, por 3 x 1 (veja aqui).

Vale uma ressalva sobre a primeira página do periódico…

No ano passado, o Aqui PE também convocou o Bom Velhinho, mas a “greia” na Série B do Brasileiro acabou sendo ao contrário (veja aqui).

A conta secreta dos aditivos da Arena Pernambuco

Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

Os sucessivos aumentos nas projeções sobre o número de operários no canteiro de obras do estádio em São Lourenço da Mata acabaram levantando a dúvida sobre até que ponto a construtora Odebrecht arcaria com todos os custos do empreendimento…

De acordo com o contrato, através de uma parceria público-privada (PPP), cabe ao consórcio, liderado pela construtora, bancar toda a obra até o início da operação.

Com o estádio oficialmente aberto, porém, seria possível reajustar as bases financeiras…

Atualmente, a contrapartida do governo estadual está estipulada em R$ 4,3 milhões. Trata-se de um valor já retificado, pois no momento da assinatura do contrato, em 12 de maio de 2010, o valor seria de R$ 3,9 mi. Saiba mais esse tema aqui.

Caso o valor do obra ultrapasse os limites gerais do contrato, não revelados, o governo de Pernambuco teria que completar o gasto na contrapartida anual à construtora, a partir do ano que vem. E serão 30 anos, diga-se.

Perguntado sobre este aditivo, o secretário extraordinário da Copa no estado, Ricardo Leitão, deu a seguinte resposta ao blog:

“Se o Sport assinar, a conta desse possível aumento já estaria paga.”

Atualmente, só o Náutico tem contrato assinado para jogar no estádio do Mundial. Só os jogos do Timbu por lá proporcionariam uma receita de R$ 60 milhões por ano (veja aqui)

Inicialmente, o custo da Arena Pernambuco seria de R$ 532 milhões. Somente.