A dois jogos da Série C

Série D 2011: Coruripe 0 x 0 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Para qualquer clube tradicional no Brasil, um título como o desta postagem significa o abismo cada vez mais próximo, decadente.

Sim, a dois jogos da Terceirona, do inferno, distante dos 40 melhores times do país.

Para o Santa Cruz, tão achincalhado nos últimos anos, isso seria a redenção. O primeiro passo dela, na verdade. Um desejo maior, numa longa marcha. Que precisa começar…

Para chegar pertinho do primeiro acesso nacional, foi preciso superar um confronto de 180 minutos contra os alagoanos do Coruripe.

No Arruda, vitória magra por 1 x 0. Futebol fraco, diante de 44 mil pessoas, mas com uma vantagem importante. Seria uma semana inteira de preparação para a decisão.

E aquela vantagem acabou se tornando vital para a campanha coral…

Em Coruripe, a 343 quilômetros do Recife, com a presença de dois mil fiéis tricolores no acanhado estádio Gerson Amaral, um empate em 0 x 0.

Foi o resultado esperado pelo campeão pernambucano. Necessário.

A partida teve cara de várzea, digna de uma divisão tão abissal. Um cartão vermelho para cada lado, muitos passes errados e poucas chances de gol.

Apesar disso, o clima foi tenso durante toda a partida. Esse sensação vem dos anos no limbo, com o tricolor quase acostumado ao que há de pior em torcer: sempre sofrer.

Enfim, o Tricolor está classificado às quartas de final da famigerada Série D, o pré-sal do futebol brasileiro, onde não cabe mais o Santa Cruz. Nunca coube.

Faltam apenas dois jogos. Um deles, no Mundão. Recorde de público à vista.

A Série C está perto. Nunca uma multidão ficou tão feliz e ansiosa por isso…

Série D 2011: Coruripe 0 x 0 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Caravanas do destino

Excursão do Sport. Foto: Sport/divulgação

Rodovia federal, BR-101.

Partindo do Marco Zero, no Recife, 287 quilômetros para o norte e 343 para o sul.

São as duas caravanas das multidões, em um sábado marcado por futebol na estrada.

Mais de cinco mil pessoas vão encarar o desafio. Haja esperança longe de casa.

Metade formada por rubro-negros e metade tricolor. Torcidas separadas por 630 quilômetros de asfalto duplicado, triplicado, em reforma, esburacado…

Os leoninos tem um trajeto levemente mais curto, de aproximadamente 3h45min.

O objetivo é ocupar o módulo 3 do estádio Frasqueirão, em Natal, às 16h20. Trata-se de um setor inteiro do estádio, atrás de uma das metas. O Leão não irá jogar sozinho…

Tampouco a Cobra-Coral, no acanhado estádio Gerson Amaral, em Coruripe. Lá, os tricolores devem ocupar mais de 40% do espaço.

Para chegar até o pacato município alagoano, já perto de Sergipe, será necessário suportar 4h20min de expectativa dentro de ônibus ou carros. Jogo? Só à noite, às 20h.

O Sport precisa de um resultado positivo para se manter firme na briga pelo G4 da Série B. O Santa, em situação delicada, joga a sua vida para seguir em frente na Série D.

Que o domingo guarde um retorno positivo para as duas massas…

Excursão do Santa Cruz. Foto: Blog do Santinha/divulgação

Alçapão do Hulk

Estádio Gerson Amaral, em Coruripe. Foto: Henrique Silva/Flickr

Acanhado, o estádio Gerson Amaral, em Coruripe, foi inaugurado em 1993, mas somente dez anos depois foi construída a arquibancada principal.

São apenas seis mil lugares, no formato alçapão. Na estrutura, dez cabines de rádio.

As fotos deste post são de 29 de janeiro deste ano, produzidas por Henrique Silva, torcedor do CRB, durante o campeonato alagoano.

Campo modesto, mas bem cuidado, a 343 quilômetros do Recife. Lá, pela primeira vez nesta Série D, o Santa Cruz irá entrar em campo diante de uma torcida “rival”.

Nos quatro jogos como visitante na 1ª fase, três ocorreram em João Pessoa, nos quais os adversários tiveram o objetivo de arrecadar mais com a “colaboração” do povão.

O outro duelo foi em Belo Jardim, contra o Porto, com maioria absoluta de tricolores. Agora, não teve jeito. O Gerson Amaral terá um visual de “clássico” neste sábado…

Na teoria, seriam 600 ingressos para os corais neste jogo de volta das oitavas de final do Brasileiro, ou 10%. Porém, serão 2.500, o que corresponde a 41%.

De fato, os dirigentes locais confiam numa invasão do Santa, mas, é bom lembrar, o restante do estádio será mesmo ocupado pela barulhenta torcida do “Hulk”…

Estádio Gerson Amaral, em Coruripe. Foto: Henrique Silva/Flickr

Na Copa Pernambuco, só a partir de 1988

Disco de vinil

No futebol, a categoria mais abstrata é a Sub 23.

Antes dela, existem três categorias de base: infantil (15), juvenil (17) e júnior (20).

Nos juniores, já é quase de praxe a profissionalização dos atletas, num processo de transição para o elenco principal do clube.

Depois disso, em caso de insucesso, os jogadores costumam ser desligados, abrindo caminho para a carreira em outras equipes.

Porém, voltando à primeira linha da postagem, ainda existe o Sub 23.

O caso mais conhecido é o do torneio olímpico de futebol, com jogadores com esse limite de idade e mais um “bônus” de três atletas sem qualquer limite. No entanto, isso só acontece há duas décadas por causa das divergências entre Fifa e COI.

No Brasil, pouquíssimos torneios atendem a essa faixa etária.

Em Pernambuco, pela primeira vez, uma edição assim será testada. A Copa Pernambuco, em eterno processo de reformulação, será “Sub 23” em outubro de 2011 (veja aqui).

Semiamadora, como nos últimos anos, mas, desta vez, com limite de idade. Para muitos jogadores, pode ser a última chance de se tornar, de fato, um profissional.

Enquanto não vem a vaga da Copa do Brasil para a copinha, que ela sirva como passo derradeiro para a nova boleirada e não para o disco repetido dos veteranos…

Enquete: Extinção da Série D?

Inferno

Nos bastidores da CBF, o Campeonato Brasileiro já está sendo repensado.

Há quem defenda a volta do mata-mata após a realização das 38 rodadas, mas boa parte dos dirigentes quer mesmo é enxugar a estrutura, hoje com 4 divisões.

Séries A, B e C, cada uma delas 20 clubes.

Série D = 40 times, com 36 vagas através dos Estaduais.

Pois tem gente articulando o fim da Série D, o inferno em forma de campeonato. Será?

O argumento dos cartolas seria o fortalecimento da Terceirona. Discordo, pois uma Série C numerosa, como era até 2008, nunca foi muito eficiente…

De qualquer forma, eis a nova enquete do blog, separada por torcida.

Você é a favor da extinção da Série D do Brasileiro?

  • Sport - Não (37%, 513 Votes)
  • Santa Cruz - Sim (20%, 285 Votes)
  • Santa Cruz - Não (14%, 189 Votes)
  • Sport - Sim (12%, 173 Votes)
  • Náutico - Não (10%, 140 Votes)
  • Náutico - Sim (7%, 96 Votes)

Total Voters: 1.393

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Arquibancada maximizada, placar minimizado

Série D 2011: Santa Cruz 1 x 0 Coruripe. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Na arquibancada do Arruda, o novo recorde de público na Série D.

A marca anterior, do próprio do Santa Cruz, era de 42.584 pessoas. Neste domingo, o borderô foi superado, com 44.642 torcedores e uma renda de 450 mil reais.

No campo, o time lutou muito para corresponder a uma presença desse porte.

Na abertura das oitavas de final do Brasileiro, vitória sobre o Coruripe.

Porém, com a vantagem mínima, 1 x 0.

A pressão inicial, envolvendo o adversário, não resultou num placar elástico na primeira etapa, marcada pelo gol de Thiago Cunha, após boa jogada de Weslley.

No começo do 2º tempo, o zagueiro Leandro Souza precisou ser expulso para evitar o pior. Com dez jogadores em campo, o time de Zé Teodoro foi pressionado demais.

Lindoval, da equipe alagoana, cansou de articular jogadas ofensivas.

A torcida coral demonstrava impaciência no Arruda, consciente de que o Santa não fazia uma boa apresentação. Nos minutos finais, o cenário mudou, com amplo apoio.

Com uma zaga refeita, sem os “Thiagos”, o Tricolor foi pura raça para garantir a (importante) vantagem do empate no confronto de volta, no sábado.

Aquele mesmo 1 x 0 havia se tornado em um bom resultado, ainda mais com o formato da competição, a la “Copa do Brasil”, priorizando o gol como visitante.

Dentro de uma semana não vai haver uma multidão. Pelo contrário, pois o alçapão do Coruripe pode receber apenas 6 mil pessoas. Ali sim será uma verdadeira Série D…

Série D 2011: Santa Cruz 1 x 0 Coruripe. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

No calor da torcida virtual

Mapa de calor do mundo

Torcidas espalhadas em um mapa de calor?

O portal IG criou uma interessante ferramenta com a torcida virtual, cadastrando torcedores de diversas formas, via Twitter, Facebook, Gmail etc.

Ao se cadastrar, o torcedor informa, além do seu clube, o seu CEP, montando um mapa com torcedores virtuais em todo o país.

É possível encontrar amigos, vizinhos, rivais…

Veja o gráfico de calor de Sport, Santa Cruz e Náutico.

É possível comparar os dados de clubes rivais por determinadas regiões…

Até a publicação deste post, as posições eram as seguintes: Leão em 9º, Cobral-Coral em 21º e Timbu em 38º. A tendência é que o cadastro se consolide nos próximos meses.

Será que haverá alguma grande mudança até lá?

Até o momento, 82 clubes já foram marcados pelos torcedores de um total de 96 times cadastrados pelo IG no torcida virtual.

Discutindo a química pernambucana de 2012

A Federação Pernambucana de Futebol publicou o edital de convocação para o conselho técnico do Estadual de 2012. Hora de discutir as mudanças na fórmula (relembre aqui).

O dia 6 de outubro deverá ratificar as duas próximas temporadas do futebol local.

Edital de convocação para o conselho técnico do PE2012

Acesso no menor estádio do mundo

Estádio

Regulamento da Série D do Campeonato Brasileiro de 2011.

Capítulo VI – Das disposições finais (veja aqui)

Art. 24 – As partidas do campeonato somente poderão ser jogadas em estádios que obedeçam à capacidade de público conforme se segue:

a) Sem capacidade mínimas nas três primeiras fases do campeonato.

b) Para a quarta e quinta fases (semifinais e finais) os estádios deverão ter capacidade mínima de 10.000 espectadores em lugares sentados e sistema de iluminação adequado para partidas noturnas.

Pois é. Assim, o jogo Coruripe x Santa Cruz só será transferido para o estádio Rei Pelé, em Maceió, se o clube alagoano quiser. Se ocorrer, será 100% pelo lado financeiro.

De qualquer forma, é interessante notar que um confronto valendo o acesso, nas quartas de final (3ª fase), pode ser realizado num estádio “sem capacidade mínima”.

Em tese, bastaria conseguir os laudos técnicos de um centro de treinamento bem equipado, atendendo à Lei 10.671/03 do Decreto 6.795/09, da Presidência da República, segundo o regulamento geral de competições da CBF (veja aqui).

Além disso, seria preciso bancar as taxas regulares dos jogos, como arbitragem…

Disputa pela vaga na Série C num CT?!

Isso deixa bem claro o nível da Série D… Várzea pura.

Saia dela de uma vez, Santinha!