Visual de cidade grande.
Algum bairro do Recife?
Não.
Resposta certa: Caruaru.
Cidade cuja população cresceu 20% nesta década. De 250 mil moradores em 2001, a Capital do Agreste alcançará a expressiva marca de 300 mil habitantes em 2010, segundo as estatísticas do IBGE.
Crescimento puxado pela economia da cidade e as suas feiras livres. Parece a Índia, mas cresce! Atrai investimentos e serviços. E uma demanda grande também, algo que muitas vezes não é atendida na mesma proporção.
O Produto Interno Bruto (PIB) do município era de R$ 680 milhões em 1996. Pulou para aproximadamente R$ 2 bilhões em 2007, segundo a atualização econômica mais recente divulgada pelo site do IBGE (veja AQUI). A renda per capita atual é de R$ 6.895.
Vou deixar os “reais” um pouco de lado (pois quem domina o assunto é Tatiana Nascimento, do Blog de Economia). Mas como não traçar um paralelo nessa mudança com o futebol caruaruense? Representado por Porto e Central.
Imaginar que esse desenvolvimento também pode se estender ao futebol local. Nesta década, o Porto consolidou o seu CT Ninho do Gavião. Negociar um jogar por no mínimo R$ 200 mil tornou-se algo comum no clube. Dinheiro imediatamente reinvestido em melhorias no centro de treinamento. Lei do mercado (da bola).
No Central, mais tradicional, as coisas andam de acordo com a percepção de sua torcida, a maior do interior. Tanto que em dezembro houve uma disputa nas urnas para escolher o novo presidente. Os resultados, porém, são esporádicos. Em 2007, já com 88 anos de história, a Patativa conseguiu o seu melhor resultado na 1ª divisão do Pernambucano, quando foi vice-campeã. O título ainda parecia inviável.
O regulamento da edição deste ano garante pelo menos uma vaga para um clube intermediário na semifinal. A Cabense largou de forma espetacular e não parece disposta a abrir mão do G-4.
Assim, o jeito será partir para o choque contra um dos grandes do Recife. Da capital. Economicamente mais forte, mais desenvolvida.
Mas, ao cruzar por Caruaru, como não pensar que a cidade também vem nesse avanço? Que os seus clubes podem entrar no mercado e sair da eterna imagem de coadjuvante.
Na noite desta quarta-feira, um bom público deverá comparecer ao Lacerdão – reformado, pintado e até com placar eletrônico, tudo em 2010. Antes do jogo Central x Santa Cruz, às 21h50, torcedores dos dois times vão tomar uma cervejinha nos arredores. Ou, quem sabe, fazer um lanche rápido no novo Shopping Difusora, em frente ao estádio. Quer sinal maior de desenvolvimento local do que esse?!
Em campo, o tal choque Capital x Interior. Um Interior já sem cara de interior.
Um Interior a uma vitória de entrar no G-4. Uma Capital que já não canta vitória.
Um confronto cada vez mais difícil. Na mesma escala do avanço econômico.
E não é coincidência…