Hugo era o personagem da semana na Ilha do Retiro.
Ao declarar que seu rendimento em campo estava sendo comprometido por causa da indefinição sobre o seu futuro no Sport, acabou gerando uma carga de pressão sobre si mesmo.
Afinal, o talentoso meia rubro-negro tem disparado o maior salário do clube, cerca de R$ 200 mil segundo informações de bastidores. Com cinco meses pela frente, tem a garantia de R$ 1 milhão em salários até o fim deste contrato.
A lenta articulação da diretoria sobre a renovação acabou incomodando o jogador, infeliz em seu desabafo.
Na noite desta quarta, os olhos da torcida, com 19.646 pessoas, estariam sobre o jogador na partida contra o Fortaleza.
Bastaram cinco minutos em um escanteio na medida cobrado por Cicinho. Como na última Série A, mostrou força no jogo aéreo e cabeceou para as redes.
Na comemoração, preferiu a provocação ao reconhecimento. Camisa 80 à parte, o Leão fez a sua melhor partida na Copa do Nordeste até o momento.
Após três atuações irregulares, enfim um rendimento consistente, dominando o adversário. Aos 25, em mais um escanteio cobrado por Cicinho, desta vez pelo lado esquerdo, Marcos Aurélio pegou de primeira de fora da área. Golaço.
O time cearense, que evitou a derrota no domingo, desta vez acusou o golpe, goleado por 3 x 0 no placar. Sim, no finzinho Felipe Azevedo completou.
O time de Vadão agora precisa de uma simples vitória para avançar às quartas de final. Resta saber como ficará a novela sobre a renovação de Hugo até lá. O próprio já avisou sobre os efeitos colaterais desta indefinição…
A 3ª rodada da Copa do Nordeste 2013 teve 14 gols nos jogos deste fim de semana, com média de 1,7 tento por partida. Com direito a estádio de Copa do Mundo.
Entre os pernambucanos, uma vitória (coral), um empate (leonino) e uma derrota (salgueirense). Dos três, Santa e Sport terminaram o turno no G2, em segundo lugar.
A quarta rodada dos locais começará na terça-feira, com Salgueiro x América-RN (21h15). Na quarta, Sport x Fortaleza (21h15) e Feirense x Santa Cruz (21h15).
Fortaleza – O primeiro ato na inauguração da moderníssima Arena Castelão, um minuto de silêncio. A tragédia em Santa Maria, com 245 mortos em um incêndio em uma boate, comoveu o público nordestino, com a presença de cearenses, pernambucanos e baianos no maior estádio da região. Até Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, se disse consternado com o episódio. Respeitado o minuto, ou quase isso, por causa dos integrantes da Torcida Jovem, a bola rolou.
Todos os lances seriam históricos. Desde o primeiro passo no campo, que coube a Magrão, ao primeiro chute, primeira trave etc. Nos primeiros minutos, todos os jogadores em campo pareciam nervosos com o novo palco, imponente. Como se houvesse a responsabilidade de proporcionar um grande jogo. Talvez houvesse mesmo, sobretudo o histórico “primeiro gol”. Essa pressão atrapalhou Forteleza e Sport, ambos em um estádio de primeiro mundo pela primeira vez.
Durante 20 minutos, um jogo fraquíssimo. Com mais calma, tocando a bola em um gramado onde isso era uma exigência, a partida melhorou. O primeiro levante da arquibancada, um tanto esvaziada, diga-se, foi em um chute cruzado de Jailson, do time da “casa”. A partir daí, bons ataques. Roger aos 34, novamente Jailson aos 36 e, por fim, um lance inacreditável com Cicinho. A no máximo dois metros do gol, acertou a trave após cruzamento de Felipe Azevedo. O ala custou a acreditar.
A essa altura, o volume de jogo já era do Sport. No começo do segundo tempo, Roger e Marcos Aurélio perderem boas chances antes dos cinco minutos. Depois da saída de Hugo, o Sport perdeu o domínio de bola e passoua ser pressionado pelo Fortaleza, na base da empolgação. Rafinha, livre, perdeu a melhor chance do Fortaleza no jogo. Nos descontos, o Sport continuou abusando dos erros, perdendo duas chances incríveis, na frente de sua torcida, em bom número no domingo histórico. O Sport até entrou para a história pelo primeiro jogo. Faltou pouco para ir bem além. O primeiro gol foi adiado.
Fortaleza – O complexo do Castelão tem nada menos que 25 hectares. Não tem como circular na nova arena multiuso sem gastar uma tarde pelo menos…
O blog conferiu o estádio nesta sexta, do início da tarde até o anoitecer. Acessibilidade, assentos, gramado, corredores, bares, catracas, cobertura, iluminação etc.
Confira a galeria com 28 imagens da Arena Castelão, faltando menos de dois dias para a sua inauguração de fato, com a rodada dupla do Nordestão, no domingo.
O estádio cearense foi o primeiro da Copa do Mundo de 2014 a ficar pronto. Quase isso.
A 2ª rodada da Copa do Nordeste 2013 teve 23 gols nos jogos no meio de semana, com média de 2,8 tentos por partida. Além disso, um rápido apagão, em Campina Grande.
Entre os pernambucanos, duas duras derrotas na quarta com oito gols nas redes de salgueirenses e santa-cruzenses. Na quinta o Leão também dava vexame, mas virou.
A terceira rodada dos locais começa no sábado, com Santa Cruz x Feirense (16h) e América-RN x Salgueiro (18h30). No domingo, Fortaleza x Sport (16h).
Torneio Pentagonal dos Campeões do Norte-Nordeste, Torneio dos Campeões do Norte e Copa dos Campeões do Norte. A nomenclatura é dúbia pois os jornas variaram bastante a referência. No entanto, o torneio, histórico, é exatamente o mesmo.
Em 1966, os cinco vencedores da fase Norte-Nordeste da extinta Taça Brasil, curiosamente apenas nordestinos, disputaram um pentagonal em jogos de ida e volta.
Bahia (59, 61 e 63), Fortaleza (60), Sport (62), Ceará (64) e Náutico (65).
Foi realizado de janeiro a abril nas três maiores cidades nordestinas, Salvador (Fonte Nova), Recife (Aflitos e Ilha do Retiro) e Fortaleza (Presidente Vargas).
Após oito rodadas, o título ficou com o Náutico. Então tricampeão pernambucano, o Timbu empatou sem gols com o rival rubro-negro e garantiu a conquista regional.
Uma vitória leonina teria forçado um triangular extra envolvendo Náutico, Sport e Ceará.
O torneio consta no levantamento do blog sobre os campeonato nordestinos (veja aqui).
Esta postagem, contudo, visa tentar tirar uma dúvida sobre a chancela da competição. Foi organizada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), precursora da CBF?
A pergunta se refere à polêmica sobre os títulos oficiais do Náutico fora do estado.
Mergulhando no acervo histórico do Diario de Pernambuco, as notícias relatam a organização por parte dos próprios times, sem uma relação direta com a CBD.
Com as maiores forças envolvidas, a tabela foi elaborada por Abdias Veras, diretor de futebol do Fortaleza. À frente de toda a articulação, o folclórico presidente do Bahia, Osório Villas-Boas, que viajou várias vezes às capitais alencarina e pernambucana.
Os últimos times a assinar o contrato de participação foram justamente os pernambucanos. Na apresentação, um trecho do texto original do Diario de Pernambuco:
“Realizando-se no próximo ano, em caráter experimental, o torneio poderá se transformar no futuro, dependendo o seu resultado financeiro, transformando-se num certame de alto gabarito.”
Confira a reportagem do Diario de Pernambuco em uma versão ampliada aqui.
Independentemente da chancela, a conquista alvirrubra, em sua fase dourada, foi relevante, ainda mais considerando que teve como adversários os vencedores da “Copa Norte”, como era chamada fase Norte-Nordeste da Taça Brasil, criada em 1959.
Analisar o título como uma “Copa do Nordeste” também não faz sentido, pois o critério de classificação e a própria nomenclatura foram bem distintas, chancela à parte.
Contudo, não há como não enxergar o triunfo do Náutico como um título regional relevante. Ainda mais com o precedente aberto pela CBF em 2010, unificando os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao Brasileiro, quarenta anos depois.
Até o momento, a entidade não se posicionou sobre o passado do Nordestão pré-1994.
Nessa dúvida histórica, há espaço para uma confusão interna. Com as numerosas nomenclaturas do supracitado torneio de 1966, o Timbu citou duas vezes a competição em sua lista de títulos. Ao Náutico, falta mesmo é atitude pelo reconhecimento…
A primeira rodada da Copa do Nordeste 2013 teve 20 gols nos jogos realizados no fim de semana, com média de 2,5 tentos por partida. Qual foi a sua primeira impressão?
Entre os pernambucanos, vitórias salgueirense e santa-cruzense, ambas no estado. O Leão tropeçou na terra dos dinossauros. Não por acaso apenas o Sport não teria vaga assegurada às quartas de final, pois divide a segunda colocação com o Sousa.
A segunda rodada dos locais começa na quarta-feira, com Vitória x Salgueiro (19h15) e Campinense x Santa Cruz (21h15). Na quinta, Sport x Confiança (21h15).
Historicamente, a Copa do Nordeste sempre foi um torneio intermitente no calendário do futebol brasileiro. Porém, o revigorado torneio regional inicia nesta temporada uma sequência de pelo menos dez competições consecutivas, até 2022.
O Nordestão de 2013 está sendo tratado no material de divulgação da competição como a 10ª edição, contando a partir de 1994. Até hoje, apenas quatro clubes ergueram a taça de campeão. No entanto, outras torcidas da região contestam os dados e apontam mais competições de âmbito regional, ou até mesmo interregional.
De fato, a gama de campeonatos deste porte seria bem mais ampla, algumas delas até com a chancela da CBD, precursora da Confederação Brasileira de Futebol. O blog listou os principais torneios que em algum momento foram apontados como “Copa Nordeste”. Seriam trinta! Entre parênteses, o número de participantes de cada um. Confira.
No Nordeste:
Copa Cidade de Natal – 1946
O torneio foi realizado para celebrar a instalação do sistema de iluminação do estádio Juvenal Lamartine, em Natal, que abrigou todas as partidas.
1946 Fortaleza (4)
Torneio dos Campeões do Nordeste – 1948
Foi o primeiro torneio com representantes de cinco estados. Todos os jogos ocorreram no Recife. O Santa Cruz , campeão pernambucano no ano anterior, estreou na semifinal.
1948 Bahia (6)
Torneio José Américo de Almeida Filho – 1975/1976
A competição foi organizada em homenagem ao estádio homônimo, o Almeidão, em João Pessoa, inaugurado no mesmo ano. Na temporada seguinte, o torneio foi ampliado, com direito à curiosa participação do Volta Redonda, do Rio de Janeiro.
1975 CRB (6)
1976 Vitória (12)
Copa do Nordeste – 1994/2010 Em 1994, a FPF firmou uma parceria com o governo de Alagoas para organizar a “1ª Copa do Nordeste”, como a competição foi lançada. Com o sucesso, acabou ganhando a chancela da CBF, que passou tomar conta do regional em seu período mais duradouro.
Torneio dos Campeões do Norte-Nordeste – 1952 A premissa do torneio era uma ampliação da competição realizada na capital pernambucana em 1948. Quatro anos depois, o Norte foi incorporado. Campeão estadual em 1951, o Timbu entrou na semifinal do torneio, novamente realizado apenas no Recife.
1952 Náutico (8)
Copa dos Campeões do Norte – 1966
Apesar do nome, a copa reuniu os vencedores da fase Norte-Nordeste da Taça Brasil. Até 1966, apenas clubes nordestinos haviam vencido. Todos os participantes se enfrentaram em jogos ida e volta na Fonte Nova, PV, Aflitos e Ilha do Retiro.
1966 Náutico (5)
Torneio Hexagonal Norte-Nordeste – 1967
Apesar das duas regiões envolvidas, foram incluídos apenas três estados, com dois pernambucanos, dois cearenses e dois paraenses em jogos de ida e volta.
1967 Santa Cruz (6)
Taça Almir de Albuquerque – 1973
A competição foi, na verdade, a primeira fase do Brasileirão. Na ocasião, foi criado um troféu ao melhor time em homenagem ao atacante Almir Pernambuquinho, revelado pelo Sport em 1956 e que faleceu justamente em 1973. A taça foi instituída a pedido da FPF.
1973 América-RN (16)
Copa Norte – A fase Norte-Nordeste da Taça Brasil – 1959/1968
Agora unificada ao Brasileirão, a pioneira Taça Brasil surgiu em 1959 como a competição que indicaria o representante do país à Taça Libertadores do ano seguinte. Com a precária estrutura de deslocamento de um país continental, o torneio de mata-mata foi regionalizado. Na fase Norte, que compreendia o Norte-Nordeste, o campeão tinha direito a vaga na semi ou na final nacional – sem definição prévia. Os vencedores do zonal celebravam as conquistas regionais, ainda que não fossem um torneio à parte.
Torneio Norte-Nordeste – 1968/1970
Paralelamente ao Torneio Roberto Gomes Pedrosa, agora unificado ao Brasileirão, a CBD organizou o interregional para movimentar os clubes, uma vez que não havia sistema de divisão, ou mesmo de classificação, pois a participação no Robertão era via convite.
1968 Sport (23)
1969 Ceará (26)
1970 Fortaleza (36)
Considerando os títulos regionais e interregionais oficiais: Vitória (4), Sport (3), Bahia (2), Ceará (1), Fortaleza (1) e América-RN (1).
Somando todos os campeões do Nordestão e do Norte-Nordeste, oficiais ou não (até o momento): Bahia (6), Náutico (5), Vitória (5), Fortaleza (4), Sport (4), Ceará (2), América-RN (2), Santa Cruz (1) e CRB (1). Boa discussão…