Com o alto escalão investigado por corrupção, CBF anuncia curso de gestão

Curso de Gestão de Futebol. Crédito: reprodução

“O Curso de Gestão de Futebol é uma iniciativa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), visando contribuir de forma relevante na capacitação dos gestores esportivos envolvidos com o futebol. Como estes profissionais têm papel fundamental no processo de planejamento e operação de suas instituições, é de suma importância estar informados e atualizados sobre os processos mais eficientes, inovadores e mudanças ocorridas na área nos últimos anos. A CBF tem grande preocupação com a capacitação dos gestores esportivos devido a relevância e impacto de suas atuações no mundo do futebol, seja em seu fomento e desenvolvimento ou na alta performance.”

Esta é a descrição oficial do Curso de Gestão de Futebol elaborado pela CBF. No campo teórico, uma ideia louvável, com oito módulos de estudo nas áreas de estrutura e governança, planejamento estratégico, gestão de competições, marketing esportivo, direito esportivo, gestão técnica e comunicação. Aulas dentro da sede da confederação, no Rio de Janeiro.

No entanto, anunciar a criação de um curso (R$ 6.600 por pessoa) numa semana na qual o ex-presidente José Maria Marin foi o preso por corrupção, o ex-presidente Ricardo Teixeira tornou-se alvo de investigação e o atual, Marco Polo Del Nero, está ameaçado no cargo é de um contrassenso impressionante.

Faltou timing na CBF. Aliás, está faltando muita coisa por lá.

Por mais que os convidados para ministrar o curso tenham capacidade reconhecida, a ligação direta com a entidade neste momento tão conturbado não pareceu o melhor planejamento estratégico e nem um sinal de governança…

Joseph Blatter sucumbe à pressão e a Fifa enfim terá o seu 9º presidente

Lista dos presidentes da Fifa de 1904 a 2015

Com mais de um século de história, a Fifa teve apenas oito presidentes. O que assusta ainda mais nesta estatística é o tempo que uma mesma linha de administração ficou no poder. Durante 41 longos anos, os aliados Havelange e Blatter comandaram a poderosa entidade, com um sistema agora conhecido, poluído por negociatas e acordos escusos. E o suíço já estava pronto para um quinto mandato, até 2019, após uma votação no meio da crise imposta pela investigação do FBI, com a prisão de novo dirigentes do alto escalão.

A base de uma nova (e conturbada) gestão não durou sequer uma semana. Blatter parece ter sucumbido à pressão (semelhante à saída de Ricardo Teixeira da CBF, em 2012), colocando o seu cargo à disposição. Discurso direto.

”Vou continuar a exercer minha função como presidente até um novo presidente ser escolhido. O próximo congresso demoraria muito. Esse procedimento será de acordo com os estatutos. E com tempo suficiente para encontrar os novos candidatos e que possam fazer suas candidaturas”.

Com uma expectativa baseada numa certa ingenuidade, que essa renúncia seja realmente um sinônimo de reforma na estrutura com sede na Suíça, faturamento anual de US$ 2 bilhões e influência em todos os continentes. A isso, vale até a revisão da escolha (viciada) de torneios até 2022. Aqui no Brasil, contudo, a saída de Teixeira trouxe ninguém menos que José Maria Marin. Pois é. A eleição extraordinária ocorrerá entre dezembro de 2015 e março de 2016.

1º) Robert Guérin (França) – 1904-1906
2º) Daniel Burley Woofall (Inglaterra) – 1906-1918
3º) Jules Rimet (França) – 1921-1954
4º) Rodolphe Seeldrayers (Bélgica) – 1954-1955
5º) Arthur Drewy (Inglaterra) – 1955-1961
6º) Stanley Rous (Inglaterra) – 1961-1974
7º) João Havelange (Brasil) – 1974-1998
8º) Joseph Blatter (Suíça) – 1998-2015
Após a morte de Woofall em 1918, aos 66 anos, o então secretário-geral holandês Carl Anton Hirschman assumiu interinamente.

Fifa pedindo arrego e CBF na corda bamba. Se descer mais um pouco…

O FBI abalou a estrutura do futebol e tornou verdade a antiga desconfiança

FBI

O mundo do futebol acordou com a sensação de alma lavada.

A nebulosa administração da Fifa começou a ruir com as prisões anunciadas pela procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch.

Uma investigação conjunta do FBI, da receita federal americana e da polícia suíça no melhor estilo CSI, com direito a microfone escondido em chaveiro de dirigente, apurou o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que funciona há pelo menos 24 anos. Entre 14 primeiros nomes revelados em Nova York, o do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. O decano, que empresta o nome à sede da confederação brasileira, foi indiciado junto a outros oito dirigentes da entidade que comanda o esporte e cinco agentes de marketing.

Sem surpresa, Fifa e CBF defenderam a investigação, atestaram a própria lisura e demonstraram interesse em colaborar com o trabalho incessante do Federal Bureau of Investigation. Posicionamento esperado, mas inócuo.

O escândalo de US$ 150 milhões pode (ou deve) ser o prenúncio de uma mudança profunda. Das suspeitas de propina para viabilizar negociações de direitos de transmissão, da seleção viciada de sedes de torneios mundo afora (realizados ou não), de comissões escusas em transferências de atletas e até, na base do processo, sobre a manipulação de resultados.

A princípio, a apuração foi específica, mas as autoridades norte-americanas confirmaram a investigação de outras pessoas (fácil imaginar quem seriam). Sem um controle rigoroso, o futebol envolve dinheiro demais em todas as esferas. Oficialmente, o faturamento da Fifa em 2014 foi de US$ 2,096 bilhões. No mesmo período, a CBF arrecadou R$ 519 milhões. Entranhados nisso tudo, o paternalismo na estrutura organizacional e a longevidade dos mandatos suscitam um interesse além da conta pelo poder.

Que este 27 de maio de 2015 seja mesmo um marco no futebol.

Até porque os agentes do FBI ainda deverão ter muito trabalho. A polícia federal e a receita federal do Brasil, ainda sem ação, também teriam…

A volta de Dunga à Seleção era algo inacreditável. Mas a notícia era, sim, real

Apresentação de Dunga como novo técnico da Seleção Brasileira em 2014. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

De tão inacreditável, a informação da Placar de que Dunga seria o novo técnico da Seleção parecia mais uma “barriga”, o jargão jornalístico antagônico ao “furo”.

A notícia saiu há seis dias, no site da revista. Desde então, a informação não parou de ganhar força em outras mídias, sempre gerando dúvidas (“Dunga? Por que?”). Faltando um dia para o anúncio da CBF, os grandes portais do país já davam como fato consumado o retorno do capitão do tetra. A confirmação ocorreu nesta terça. Contrato até a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

A volta é inesperada e não condiz de forma alguma com a necessidade de mudanças na Canarinha. Francamente, como havia de ser diferente com José Maria Marin como presidente e Marco Polo Del Nero como futuro presidente da entidade? Uma fórmula arcaica de gestão, paternalista.

Uma transformação ainda mais necessária passaria justamente no comando organizacional da entidade, na figura desta dupla. Assim, o anúncio só mostra o teor político da escolha, à parte das questões táticas e técnicas.

Ainda assim, é preciso ser justo com o trabalho de Dunga, aquele executado de 2006 a 2010 – o primeiro de sua vida como treinador. Foram 42 vitórias, 12 empates e 6 derrotas, a última delas nas quartas de final do Mundial da África do Sul, com a falha do goleiro Júlio César e a expulsão bizarra de Felipe Melo.

No futebol, Dunga sempre foi um vencedor, apesar do complexo de perseguição no contato com a imprensa. Que Dunga tenha aprendido com os erros para 2018 – o principal deles, a proteção a jogadores sem qualidade como parte de uma “lealdade” por resultados mínimos.

À torcida, o maior recado é que o futebol brasileiro seguirá o mesmo, buscando resultados pelo seu enorme talento, pela falta de lógica no esporte e não por sua estrutura. Não parece ser do interesse da turma de cima esse modelo.

Por que? Eis a resposta a ser procurada a partir de agora…

Apresentação de Dunga como novo técnico da Seleção Brasileira em 2014. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Blog do Marin

Uma mudança clara na linha editorial da CBF nesta nova gestão é a quase onipresença do presidente da entidade nas notícias do site oficial.

Quase todos os dias José Maria Marin tem um nota com visitas, felicitações de dirigentes ou até mesmo anúncio de classificação de algum time do país.

Nos primeiros doze dias do mês de julho foram seis postagens. Configura uma certa vaidade do presidente da Confederação Brasileira de Futebol?

Dificilmente o dirigente de 81 anos fica ausente das chamadas principais.

No início do ano, no momento de crise do Sport, foi comum no site oficial do clube a publicação de notas oficiais e divagações do mandatário rubro-negro. A própria torcida chegou a apelidar a página nas redes sociais de “Blog do Bivar”.

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

Notícia no site da CBF. Crédito: reprodução

O misterioso perfil que vem bombardeando o presidente da CBF

Reprodução do vídeo postado pelo Justic Just no Youtube

Um perfil desconhecido na internet, criado no dia 10 de março de 2013, vem sacudindo a estrututra da Confederação Brasileira de Futebol.

O Justic just tem uma conta no Youtube cuja única informação é a origem, de “Porto Rico”. Sobre o conteúdo, o perfil já publicou dois vídeos.

Ambos com supostas gravações com o presidente da CBF, José Maria Marin, de 80 anos. São declarações contra o ministro do esporte, Aldo Rebelo, sobre esquemas de venda de ingressos, conchavos e por aí vai.

Somados, os vídeos têm nove minutos. Com a promessa de mais gravações…

No outro perfil do ainda desconhecido Justic just, na rede social Google+, a única informação é a seguinte frase: “Uma pessoa os têm nos círculos”.

Misterioso e explosivo. A repercussão vêm sendo grande. Confira aqui e aqui.

O perfil irá conseguir se manter no anonimado durante mais quanto tempo?

Nota do blog: a BWA, empresa citada no vídeo, é responsável pela confecção e venda de ingressos em jogos de futebol. No estado, opera nos Aflitos e no Arruda. Já atuou na Ilha do Retiro, que atualmente tem parceria com a Outplan.

No dia 10, já na estreia do perfil, o primeiro vídeo.

No dia 15 de março, mais um.

Antes do depoimento no STJD, no Rio de Janeiro, visita à CBF, no Rio de Janeiro

Luciano Bivar, presidente do Sport. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press

A revelação de Luciano Bivar sobre o pagamento de comissão a um lobista para facilitar a ida do volante Leomar à Seleção Brasileira entrará no campo jurídico.

No Recife, o presidente rubro-negro se mostra tranquilo, apesar da gravidade do episódio. O seu vice é um dos mais renomados advogados do Nordeste.

No entanto, ao contrário do que o dirigente poderia imaginar, o ato, caso configurado como crime, não está prescrito. Segundo o código brasileiro de justiça desportiva, o prazo é de 20 anos. A ida de Leomar à Seleção foi em 2001.

O seu depoimento já está marcado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o STJD, cuja sede está localizada no Rio de Janeiro. Será em 21 de março.

Antes, nos dias 15 e 16, outra viagem do empresário à Cidade Maravilhosa.

Mas ao coração do futebol brasileiro, até a CBF. No primeiro encontro, conversa com o diretor de competições da entidae, Virgíliso Elísio. Segundo a breve nota no site oficial do Sport, o contato “discutiu assuntos de interesse do clube”.

Em seguida, almoço com presidente da confederação, José Maria Marin.

Ambos experientes, Marin com 81 anos e Bivar com 69. Por mais que o discurso seja cortês de ambos os lados, será difícil convencer alguém que o episódio de 2001 não tenha sido o prato principal.

Até porque, conforme mostrado no Diario de Pernambuco, a história tem vários pontos soltos, como o fato de Leomar ter sido o jogador que mais atuou com Emerson Leão, enquanto este era treinador do Sport, deixando claro o quanto era desnecessário um lobista e o tal marketing esportivo.

Ou o fato de que o volante estava com salários atrasados quando foi convocado, e mais tarde deixaria o clube de graça após ação na  justiça do trabalho.

Revoltados, Leão e Antônio Lopes, integrantes da comissão técnica daquela Canarinha, articulam ações na justiça, ao contrário das primeiras declarações.

Sem terem sido citados, acharam num primeiro momento que não haveria necessidade. Depois, perceberam que indiretamente são, sim, relacionados.

Calejado, Bivar antecipa que o Sport não sofrerá punição. Por sinal, qual teria sido o benefício ao clube? O lobby veio do seu cofre? Não se sabe. Ganhou algo com a passagem de Leomar com a camisa verde e amarela?

Na verdade, posteriormente o clube teve um prejuízo de R$ 2,5 milhões devido à má gestão nos direitos do atleta.

Então, até o momento, vale ressalvar, o alvo da inevitável investigação é o próprio Bivar. Ou jogará no ventilador ou recuará no discurso, o mais provável.

A resposta já está no Rio de Janeiro.

José Maria Marin

Duro de matar 13

Série D 2011: Santa Cruz 0x0 Treze. Foto: Roberto Ramos/Diario de Pernambuco

Suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva há 28 dias, a Série C vai se tornando em um dos capítulos mais desgastantes dos últimos tempos no país.

Tema cansativo, cheio de meandros e com uma linguagem fora do futebol.

O Santa Cruz já acumula um prejuízo superior a R$ 1,2 milhão no período.

Ao todo, são 60 clubes parados. O 61º é justamente o Treze de Campina Grande, que através de liminares na Justiça Comum vem tentando se garantir na Terceirona.

Se não conseguir, não terá direito sequer a jogar a Série D, pois não conquistou a vaga para o campeonato nacional no seu torneio estadual.

Como no Caso Gama, em 2000, o embate entre Justiça Comum e Justiça Desportiva voltou a ser o grande entrave da organização futebolística do país, cheia de acordos.

O presidente da CBF, José Maria Marin, subiu o tom contra do rebelado (veja aqui).

Irritados, os dirigentes dos demais clubes poderão acionar o clube paraibano na justiça, exigindo uma indenização por perdas e danos. Mais pressão para o Treze.

Acuado e agora sendo o único com uma ação contra a CBF, o Treze poderá sofrer uma severa punição da CBF, com a suspensão de até dois anos. E o clube não cede.

Mesmo tendo encerrado a última Série D em 5º lugar, em um torneio cujo regulamento só promoveria os quatro primeiros colocados. O tal direito se sobrepõe a todos.

Se será necessário um entendimento entre CBF, STJD e Treze ou a Confederação Brasileira de Futebol deve continuar pressionando, tentando cassar a liminar?

Aguardando a continuação da saga. Que no próximo capítulo a bola volte a rolar.

Serra Talhada rouba a cena na primeira visita de Marin

José Maria Marin é recebido por dirigentes pernambucanos na sede da FPF. Foto: CBF/divulgação

Além do trio do Recife, os clubes do interior também aproveitaram a passagem no estado do novo presidente da CBF, José Maria Marin, para fazer uma visitinha…

O mandatário do Serra Talhada levou até o uniforme do clube de presente. Se deu bem, pois a camisa laranja acabou ganhando destaque no site da CBF.

O curioso é que o clube só tem um ano de existência.

O encontro de dirigentes pernambucanos com José Maria Marin já havia sido especulado no blog, no embalo da tendência da nova gestão na entidade (veja aqui).

Sobre o Serra, que em nada lembra o folclórico Barça Talhada, o ano estará ganho de vez se evitar o rebaixamento no Estadual. E para os demais engravatados acima?

Os presidentes Antônio Luiz Neto (Santa Cruz) e Paulo Wanderley (Náutico) estavam lá.

Após Teixeira/Evandro, a vez de Marin/Evandro

Evandro Carvalho (e) e José Maria Marin (c), presidentes da FPF e CBF, respectivamente. Foto: CBF/divulgação

Em viagem ao Rio de Janeiro, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, teve a sua primeira reunião a portas fechadas com o novo mandatário da CBF, José Maria Marin.

O vídeo está disponível no site oficial da CBF. Veja aqui.

Evandro era próximo a Teixeira. Também parece próximo a Marin…

Encontro à parte, a FPF registrou um lucro de R$ 898 mil em 2011. Confira o balanço.