Um dos maiores nomes da crônica esportiva do estado é o de Luiz Cavalcanti.
O “comentarista da palavra abalizada”, alcunha surgida ainda na década de 1960, acompanhou durante muito tempo o trabalho do narrador Adilson Couto, na Rádio Jornal, compondo uma das transmissões mais populares do Recife.
Seu Lula, de 83 anos, começou a trabalhar no rádio em 28 e novembro de 1952, na cidade baiana de Ilhéus, onde nasceu. Chegou no Recife três anos depois, e até hoje permanece na cidade, com trabalhos em inúmeras rádios – atualmente na Olinda – e respeito absoluto de alvirrubros, rubro-negros e tricolores.
O vídeo de vinte minutos foi o projeto experimental em jornalismo de André Fontes e Ricardo Baroni, na Católica. Um resgate sobre o nosso futebol.
Gol no campeonato tocantinense, Zezinho do Gurupi.
Empate no Fla-Flu e mudança na classificação da Taça Guanabara.
Gol do Baraúnas na semifinal do campeonato potiguar.
São centenas de jogos de futebol a cada fim de semana, muito além da fronteira pernambucana.
Aos torcedores mais aficionados, há aquela velha mania de fazer uma leitura geral nos resultados. Faz parte do ritual futebolístico.
A internet tornou-se um caminho importante para acompanhar o lance a lance, tabelas em tempo real e redes sociais.
E assim, o desejo de saber o placar, seja lá qual for o jogo, é alcançado.
A isso, falta uma dose de emoção. Agregar à informação o peso de uma bola na rede, dando a verdadeira dimensão do gol…
Durante algumas décadas, a única forma de ficar atualizado quanto às tradicionais rodadas nas quartas-feiras e domingos foi através do plantão no rádio, nas ondas AM.
Um desses plantões está na memória de qualquer torcedor pernambucano “pé de rádio”.
“Tem gol!”
Frase firme, alta, no meio da transmissão, direto do estúdio.
“Tem gol onde, Mané?”
Respondia o locutor no estádio.
Era a senha para a entrada da voz rouca, inconfundível, de Mané Queiroz. Isso quando já não rasgava o protocolo, dependendo da notícia.
Para quem aguardava um golzinho para mudar a situação do seu time, chegava a dar um friozinho na barriga.
A informação vinha completa, com gol, autor, tempo, classificação.
E havia o tom certo para o gol certo. Afinal, um gol de honra numa goleada de 6 x 1 não pode ser dito da mesma forma que um golaço aos 44 minutos do segundo tempo em um clássico diante de 50 mil pessoas.
Mané não só sabia dessa óbvia diferença como completava as narrações.
Sobretudo na Rádio Jornal, no escrete de ouro, onde a sua voz chegou a todos os cantos do estado. Mané redefiniu o plantão esportivo.
Quem nunca ouviu Mané, provavelmente nunca ouviu rádio em Pernambuco.
Claro, veio a internet, já lembrada.
Coube a Mané, então, se reinventar. No trato com o torcedor e na ênfase da notícia.
Aos 66 anos, quase íntimo de alvirrubros, rubro-negros e tricolores ao final de cada jornada esportiva, Mané Queiroz faleceu.
Sem dúvida alguma, deixou um legado na imprensa esportiva.
Até mesmo porque nunca um ícone gráfico em site algum, por mais informação que possa conter, irá substituir o bordão da emoção…