“Dario bateu o recorde nacional de gols numa única partida, ao assinalar 10 tentos na goleada do Esporte sobre o Santa Amaro, ontem à noite, na Ilha do Retiro, pelo campeonato pernambucano. Com os tentos assinalados, Dario reassumiu a artilharia do certame, tendo agora um total de 22 gols, contra 14 de Volnei, o vice-líder.”
Assim começou a reportagem sobre o jogo Sport 14 x 0 Santo Amaro, pelo Estadual, em 6 de abril de 1976. No dia seguinte, o Diario de Pernambuco já destacava o feito, superando a marca que já era local, de Tará, com nove gols na goleada do Náutico sobre o Flamengo do Recife por 21 x 3, em 1945.
Há exatamente 40 anos, o Peito de Aço entrava para a história. Maior reforço leonino na época, o atacante revelou que bastou esperar o cansaço do frágil adversário para fazer a festa. Tanto que marcou duas vezes no primeiro tempo e oito na segunda etapa. Por sinal, dos 4 aos 18 foram cinco gols! O centroavante encerrou a conta aos 44 minutos. Àquela altura, todo o time rubro-negro seguia no ataque justamente para que Dadá alcançasse o recorde brasileiro, ainda em vigor, mas presenciado por apenas 2.921 torcedores.
Não há vídeo do jogo, mas é possível conferir a descrição dos gols no DP:
1º tempo
25 – Escorou um cruzamento de Amilton, pela direita (2 x 0)
27 – Pegou um rebote do goleiro (3 x 0)
2º tempo
4 – Finalizou após troca de passes com Cláudio, Peres e Djalma (4 x 0)
11 – Ao receber o passe de Aranha, Dadá tocou na saída do goleiro (6 x 0)
13 – Peres cruzou e Dario marcou de primeira (7 x 0)
15 – Miltão lançou Dario, que ganhou do zagueiro na corrida e definiu (8 x 0)
18 – Cobrou uma penalidade (9 x 0)
24 – Dario escorou cruzamento de Lino (10 x 0)
31 – Outro passe de Lino para Dario, pela esquerda (11 x 0)
44 – Lino driblou três e tocou para Dario, cara a cara com o goleiro (14 x 0)
“Sinceramente, jamais pensava em marcar dez tentos. Pensei em fazer no máximo cinco. Mas, quando cheguei no sétimo, senti que dava para fazer dez”.
A afirmação foi publicada na edição o dia 8, na repercussão do jogo, em uma coletiva improvisada em sua casa na Imbiribeira, lotada de repórteres. Dadá, que costuma falar em terceira pessoa e não é conhecido pela modéstia, comentou até sobre o goleiro adversário, abatido após a noite inglória na Ilha.
“No final sabia que havia feito dez tentos, mas jamais imaginei que estava 14 x 0. Quando o jogo foi encerrado, fui consolar o goleiro Odair. Ele disse: ‘este jogo não queria acabar mais, rapaz?’. Sei que ele não teve culpa pelos tentos que sofreu porque se não fosse ele o negócio era para mais.”
Dadá sagrou-se artilheiro do Pernambucano em 1975 (32 gols) e 1976 (30 gols).